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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA E DE EXECUÇÕES PENAIS DA


COMARCA DE CURVELO/MG

URGÊNCIA

Execução penal nº: 0008234-16.2018.8.13.0191

CHRISTOPHER RAMIS SOUSA, já qualificado nos autos em epigrafe, através


de seu Advogado, com procuração já anexada aos autos, vem, respeitosamente,
perante V. Exa., requerer a progressão de regime para o semiaberto e prisão domiciliar
como medida profilática da doença coronavírus, COVID-19, com fulcro na
Recomendação nº 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça, no art. 1º, III da
Constituição Federal, manifestar e requerer ao final:

I – DOS FATOS

O sentenciado foi processado e condenado a uma pena de 10 anos e 15 dias por


ter cometido, em tese, aos crimes do art. 157 §2º, inciso I, c/c art. 65, inciso III, “d” e art.
157, §2º, inciso I, todos do Código Penal.

Atualmente o mesmo cumpre pena no regime Fechado na penitenciária de


Curvelo/MG.

Todavia, o sentenciado, inicialmente recluso em regime fechado, já cumpriu os


requisitos para progressão para o regime semiaberto, sendo que ainda permanece em
regime fechado, mesmo após feito os pedidos de progressão e transferência de
comarca/competência.

Ocorre que devido à pandemia instalada no mundo em decorrência do Covid-19


(coronavírus), o sentenciado está no grupo de risco, visto que é consideravelmente
debilitado físico e psicologicamente, como pode ser observado com os inúmeros
psicotrópicos de caráter paliativo prescritos pelo médico, já anexado aos autos, e em
decorrência de que não haver qualquer laudo conclusivo sobre seu estado de saúde
atual, restando então debilitado e em alto risco de contrair o Covid-19.

O Conselho Nacional de Justiça editou a recomendação nº 62/2020, onde


“Recomenda aos Tribunais e magistrados a adoção de medidas preventivas à
propagação da infecção pelo novo Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e
socioeducativo”.

É uma questão de humanidade e saúde publica, pois os agentes penitenciários


estão trabalhando sem proteção alguma para prevenir a proliferação do Covid-19,
estando em risco não apenas os presidiários, mas também aos agentes e familiares, já
que estes ficam em constante trafego de entrada e saída das unidades prisionais,
aumentando o risco. Nessa esteira, é de vontade do Estado o intuito de colaborar com a
estagnação da pandemia do Covid-19 e também, salvaguardar a vida de detentos e
agentes penitenciários que correm riscos de infecção e vida.

Desse modo, conforme a recomendação nº 62/2020 do Conselho Nacional de


Justiça, a Constituição Federal e o Código de Processo Penal, fundamentamos o
presente pedido.

II – DO DIREITO

Diante da pandemia em que a população Brasileira vem sofrendo e com


expectativas catastróficas no sistema de saúde, o poder público têm adotado medidas
duras e necessárias para estagnar a propagação do covid-19, como exemplo, a
decretação de estado de calamidade pública e a quarentena.

Nessa mesma via, o Conselho Nacional de Justiça editou a recomendação nº


62/2020, onde “Recomenda aos Tribunais e magistrados a adoção de medidas
preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus – Covid-19 no âmbito dos
sistemas de justiça penal e socioeducativo”.

Portanto, considerando
[...] a declaração pública de situação de pandemia em relação ao
novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde – OMS em
11 de março de 2020, assim como a Declaração de Emergência
em Saúde Pública de Importância Internacional da Organização
Mundial da Saúde, em 30 de janeiro de 2020, da mesma OMS, a
Declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância
Nacional – ESPIN veiculada pela Portaria no 188/GM/MS, em 4 de
fevereiro de 2020, e o previsto na Lei no 13.979, de 6 de fevereiro
de 2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional
decorrente do novo coronavírus;

Conforme orientações da Organização Mundial da Saúde – OMS – e o art. 1º


recomendação nº 62/2020 do CNJ, o grupo de risco para infecção pelo novo
coronavírus – Covid-19 - compreende pessoas idosas, gestantes e pessoas com
doenças crônicas, imunossupressoras, respiratórias e outras comorbidades
preexistentes que possam conduzir a um agravamento do estado geral de saúde a partir
do contágio, com especial atenção para diabetes, tuberculose, doenças renais, HIV e
coinfecções.
O Conselho Nacional de Justiça afirmou categoricamente [...] que a manutenção
da saúde das pessoas privadas de liberdade é essencial à garantia da saúde coletiva e
que um cenário de contaminação em grande escala nos sistemas prisional e
socioeducativo produz impactos significativos para a segurança e a saúde pública de
toda a população, extrapolando os limites internos dos estabelecimentos. E ainda, que
há [...] necessidade de estabelecer procedimentos e regras para fins de prevenção à
infecção e à propagação do novo coronavírus particularmente em espaços de
confinamento, de modo a reduzir os riscos epidemiológicos de transmissão do vírus e
preservar a saúde de agentes públicos, pessoas privadas de liberdade e visitantes,
evitando-se contaminações de grande escala que possam sobrecarregar o sistema
público de saúde.

O art. 5º, III, da recomendação nº 62/2020 do CNJ prevê:

Art. 5º. Recomendar aos magistrados com competência sobre a


execução penal que, com vistas à redução dos riscos
epidemiológicos e em observância ao contexto local de
disseminação do vírus, considerem as seguintes medidas:
[...]
I – concessão de saída temporária dos regimes fechado e
semiaberto, nos termos das diretrizes fixadas pela Sumula
Vinculante no 56 do STF, sobretudo em relação as:
b) pessoas presas em estabelecimentos penais com
ocupação superior à capacidade, que não disponham de equipe de
saúde lotada no estabelecimento, sob ordem de interdição, com
medidas cautelares determinadas por órgão de sistema de
jurisdição internacional, ou que disponham de instalações que
favoreçam a propagação do novo coronavírus;
III – concessão de prisão domiciliar em relação a todos as pessoas
presas em cumprimento de pena em regime aberto e semiaberto,
mediante condições a serem definidas pelo Juiz da execução;

Outrossim, por uma questão de humanidade e com base no princípio da


dignidade da pessoa humana, princípio este previsto no art. 1º, inciso III da CF/88, deve
ser concedida a oportunidade ao sentenciado de ter condições de tratamento adequado
diante do quadro GRAVÍSSIMO da Pandemia do Covid-19, possibilitando a sua prisão
domiciliar, pois o alto índice de transmissibilidade do novo coronavírus e o agravamento
significativo do risco de contágio em estabelecimentos prisionais, tendo em vista fatores
como a aglomeração de pessoas e a insalubridade dessas unidades, haveria
dificuldades em garantir procedimentos mínimos de higiene e isolamento rápido
dos indivíduos sintomáticos, por insuficiência de equipes de saúde, entre outros,
características inerentes ao “estado de coisas inconstitucional” do sistema penitenciário
brasileiro reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal na Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental nº 347.

Corroborando os fundamentos acima exarados, o Código de Processo Penal


assevera:

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar


quando o agente for:

II - extremamente debilitado por motivo de doença grave

Uma das principais diretrizes da recomendação é no sentido de diminuir o


ingresso de pessoas no sistema prisional. As medidas têm por objetivo proteger a saúde
dos presos, dos magistrados e de todos os agentes públicos que integram o sistema de
justiça penal.

É essencial para a garantia da saúde coletiva e da segurança pública a prevenção


a pandemia, sendo necessário adotar medidas para zelar pela saúde da população, da
população carcerária e dos profissionais que atuam no sistema de justiça penal e
socioeducativo enquanto se mantém a continuidade da prestação de Justiça.

Não se pode exigir do detento que este seja colocado em uma situação gravosa
com RISCO DE CONTAMINAÇÃO e MORTE. Dito isso, em razão da debilitada
condição física do requerente, roga-se pela prisão domiciliar, diante do momento
EXCEPCIONALÍSSIMO em que vivemos.

Vejamos decisões a respeito:

AGRAVO EM EXECUÇÃO. DECRETO Nº 8.380/2014. INDULTO


HUMANITÁRIO. DOENÇA GRAVE. DESCABIMENTO.
CONCESSÃO DE PRISÃO DOMICILIAR MEDIANTE
CONDIÇÕES.

1. O apenado é portador de doença grave e permanente,


necessitando tratamento contínuo e por equipe médica
especializada, não disponibilizados na casa prisional.

2. Por questão de humanidade, entendo que o apenado deva


ser afastado da casa prisional. Entretanto, o benefício mais
adequado, é a prisão domiciliar, pois não se pode perder de vista
que a pena possui caráter preventivo e retributivo, de modo que a
simples extinção da pena pelo indulto, por certo causará no
apenado a sensação de impunidade e implica no descrédito da
execução penal. Recurso parcialmente provido.(Agravo Nº
70066382375, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos Santos, Julgado em
12/11/2015).

AGRAVO EM EXECUÇÃO. PRISÃO DOMICILIAR. DOENÇA


GRAVE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO DE SAÚDE FORA
DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL. CABIMENTO. Apenada
acometida de doença respiratória grave. Necessidade de
acompanhamento contínuo e fora do ambiente prisional.
Impossibilidade de assistência no presídio. Situação que permite,
excepcionalmente, a concessão de prisão domiciliar. Recurso
provido. (Agravo Nº 70066717133, Sétima Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos
Santos, Julgado em 12/11/2015).

Diante de todo exposto, percebe-se que a situação se enquadra na hipótese de


prisão domiciliar, tendo em vista o risco iminente do Covid-19, por ser uma questão de
humanidade a concessão da prisão domiciliar, conforme recomendação nº 62/2020 do
CNJ, o art. 1º, III da CF/88 e o art. 317, II do CPP.

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, vem o peticionante requerer a Vossa Excelência a concessão


da PRISÃO DOMICILIAR, em face da grave doença acometida e tendo em vista o
custodiado integrar o “grupo de risco” da PANDEMIA da COVID-19, sendo vulnerável e
suscetível a contaminação, com o recolhimento do detento CHRISTOPHER RAMIS
SOUSA na residência de sua genitora (comprovante de endereço em anexo), em razão
de sua limitada condição física e psicológica, aplicando, se for o caso, medidas
cautelares diversas da prisão.

Requer também que seja procedida de forma imediata, a expedição do Alvará de


Soltura em favor do requerente, de modo a garantir a autentica justiça.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 23/03/2020.

ANDRÉ FERREIRA DE OLIVEIRA

OAB/MG 198.647
De acordo com o atestado de penas o assistido fazjus à progressão de regime
fechado para o semiaberto desde o dia27/04/2019(seq.61.1). O reeducando
possui bom comportamentoconforme se comprovapelo atestado carcerário
seq.79.1.1-Recomendação nº 62 de 17 de março de 2020 do CNJO CNJ nesta data
publicou a recomendação n º62 que estabelece a adoção de medidas pelos
magistradosque visamprevenir a infecção pelo novo coronavírus, na forma COVID-
19, nos estabelecimentos prisionais e socioeducativos.Recomendação nº62 de
17/03/2020:“Art. 1o Recomendar aos Tribunais e magistrados a adoção de
medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus –Covid-19 no
âmbito dos estabelecimentos do sistema prisional e do sistema
socioeducativo.Parágrafo único. As recomendações têm como finalidades específicas:

I –a proteção da vida e da saúde das pessoas privadas de liberdade, dos magistrados, e


de todos os servidores e agentes públicos que integram o sistema de justiça penal,
prisional e socioeducativo, sobretudo daqueles que integram o grupo de risco, tais como
idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, imunossupressoras, respiratórias e
outras comorbidades preexistentes que possam conduzir a um agravamento do estado
geral de saúde a partir do contágio, com especial atenção para diabetes, tuberculose,
doenças renais, HIV e coinfecções;II –redução dos fatores de propagação do vírus, pela
adoção de medidas sanitárias, redução de aglomerações nas unidades judiciárias,
prisionais e socioeducativas, e restrição às interações físicas na realização de atos
processuais; eIII –garantia da continuidade da prestação jurisdicional, observando-se os
direitos e garantias individuais e o devido processo legal.” Grifei Não podemos olvidar
que o ambiente prisional que não tem condições adequadas de higiene, como é o
caso do Presídio de Curvelo, é local apto a rápida propagação de doenças
infecciosas. Os presos do regime semiaberto, em sua maioria, possuem trabalho
externo e podem contrair a doença enquanto laboram e transmití-la aos demais
acautelados quando se recolhem dentro do estabelecimento prisional. Devemos
ressaltar que o presídio de Curvelo atualmente sequer conta com médico para
atendimento dentro daquele estabelecimento e que está superlotado. O presídio
possui capacidade máxima de 104 vagas e conta com mais de 380 presos. Todos
estes fatores são de amplo conhecimento dos Órgãos de Execução desta
Comarca. Além do mais o Presídio de Curvelo ainda se encontra parcialmente
interditado pelo juízo de Execução Penal.De acordo com a recomendação do
CNJ, o juízo da Execução deverá conceder prisão domiciliar aos presos do
regime aberto e semiaberto a fim de reduzir os riscos de contaminação e
disseminação do vírus COVID-19:

Art. 5o Recomendar aos magistrados com competência sobre a execução penal que,
com vistas à redução dos riscos epidemiológicos e em observância ao contexto local de
disseminação do vírus, considerem as seguintes medidas:I –concessão de saída
antecipada dos regimes fechado e semiaberto, nos termos das diretrizes fixadas pela
Súmula Vinculante no 56 do Supremo Tribunal Federal, sobretudo em relação às: a)
mulheres gestantes, lactantes, mães ou pessoas responsáveis por criança de até 12
anos ou por pessoa com deficiência, assim como idosos, indígenas, pessoas com
deficiência e demais pessoas presas que se enquadrem no grupo de risco; b) pessoas
presas em estabelecimentos penais com ocupação superior à capacidade, que não
disponham de equipe de saúde lotada no estabelecimento, sob ordem de interdição,
com medidas cautelares determinadas por órgão de sistema de Poder Judiciário
Conselho Nacional de Justiça jurisdição internacional, ou que disponham de instalações
que favoreçam a propagação do novo coronavírus;II –alinhamento do cronograma de
saídas temporárias ao plano de contingência previsto no artigo 9º da presente
Recomendação, avaliando eventual necessidade de prorrogação do prazo de retorno ou
adiamento do benefício, assegurado, no último caso, o reagendamento da saída
temporária após o término do período de restrição sanitária; III –concessão de prisão
domiciliar em relação a todos as pessoas presas emcumprimento de pena em regime
aberto e semiaberto, mediante condições a serem definidas pelo Juiz da execução;IV –
colocação em prisão domiciliar de pessoa presa com diagnóstico suspeito ou confirmado
de Covid-19, mediante relatório da equipe de saúde, na ausência de espaço de
isolamento adequado no estabelecimento penal;V –suspensão temporária do dever de
apresentação regular em juízo das pessoas em cumprimento de pena no regime aberto,
prisão domiciliar, penas restritivas de direitos, suspensão da execução da pena (sursis)
e livramento condicional, pelo prazo de noventa dias; Parágrafo único.”.
Há de se esclarecer ainda, que ficarão sob a fiscalização da polícia e da
sociedade e em caso de descumprimento das condições da prisão domiciliar
poderão ser regredidos a regime mais severo. Além do mais, participarão de
audiência admonitória, onde lhe serão esclarecidas todas as condições da prisão
domiciliar.Para se evitar o contágio de uma doença grave e que atingiu patamar
de pandemia aDPMG vem requerer a concessão de prisão domiciliar aos presos
do regime semiaberto por tempo determinado até que se tenha o mínimo de
segurança em relação ao contágio do coronavírus.II–DO PEDIDODiante do
exposto, requer:1) Seja deferido a progressão de regime para o semiaberto e
prisão domiciliar por tempo determinado até que se tenha o mínimo de segurança
em relação ao contágio do coronavírus em relação ao reeducando CLAYTON
MARTINS DOS SANTOS.Que sejam observadas as prerrogativas funcionais dos
membros da Defensoria Pública, notadamente a concessão de prazo em dobro,
intimação pessoal mediante entrega dos autos e prescindibilidadede
apresentação de procuração.Pede deferimento

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