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DIREITO AGRÁRIO

Função social da propriedade


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FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

Quando se fala em função social da propriedade:


CF/88
• Art. 5º, caput — garante o direito à propriedade;
• Art. 5º, XXII — trata do direito à propriedade privada;
• Art. 5º, XXIII — vincula a propriedade privada à sua função social;
• Art. 170, II e III — dispõe da importância da propriedade privada para o desenvolvimento
econômico;
• Art. 184, caput — trata da função social da propriedade;
• Art. 186, caput, I a IV — estabelece quando a propriedade rural cumpre a sua função
social, que está diretamente relacionada ao desenvolvimento sustentável;
• Art. 225 — trata do meio ambiente e da necessidade de proteção do meio ambiente
natural para as presentes e futuras gerações, o que é uma forma de executar a função
social da propriedade.

As questões do desenvolvimento econômico e econômico-sustentável, a proteção ambien-


tal e a função social da propriedade estão sempre relacionadas.
Como se fala em direito agrário, não se deve confundir com o direito urbanístico. Quando
se fala em imóvel, ele é urbano ou rural. O imóvel urbano paga IPTU, já o imóvel rural paga ITR.
Para classificar um imóvel como rural ou urbano, verifica-se a sua natureza. Se o imóvel
possui natureza rural, ele é um imóvel rural; se possui natureza urbana, é um imóvel urbano.
O que seria um imóvel com natureza rural? Para responder esta pergunta, parte-se para
dois subcritérios.
O primeiro subcritério para saber se o imóvel é rural ou urbano é, basicamente, a sua loca-
lização. Se está na área rural, é imóvel rural; se está na área urbana, é imóvel urbano.
Porém, em caso de fazenda em área urbana em que se produz leite, plantio e colheita —
5m
ações de natureza rural —, o subcritério da localização acaba sendo insuficiente; por isso,
tem-se um segundo subcritério.
ANOTAÇÕES

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Subcritério 1: Localização

Hipóteses em que esse critério é adotado:


– Dto tributário — Art. 29, do CTN.

Observação STJ: fazenda em área urbana:


– Usucapião (urbano e rural) vide art. 183 e 194, do CF.

Se o imóvel for considerado um imóvel rural, pode-se ter usucapião rural para uma área
maior, seguindo-se as regras do art. 194. Se o imóvel for considerado urbano, o usucapião
deverá seguir as regras do art. 183.
Vide conceito de zona urbana ou zona rural para pagar IPTU ou ITR.
Vide plano diretor — art. 32 do CTN.

ITR — Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como
fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei
civil, localização fora da zona urbana do Município.

Quem paga ITR são os imóveis rurais que estão fora da área urbana do município. Caso
o imóvel rural seja em área urbana, não se paga o ITR, mas, sim, o IPTU, segundo o artigo
29, do CTN.

Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana


Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana
tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por
acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

Novamente, segundo o critério da localização, se o imóvel está localizado na zona urbana,


paga-se IPTU; se o imóvel está localizado fora da zona urbana, paga-se ITR, de acordo com
a lei tributária.

Subcritério 2: Destinação

Retomando o caso de fazenda em área urbana, como a sua destinação (o que se faz nela) não
tem nada a ver com as atividades urbanas, ela possui uma destinação eminentemente agrícola.
De acordo com a Lei da reforma agrária (art. 4º, Lei n. 8.269/1993), se há atividade agrária,
o imóvel é rural.

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Para se considerar atividade agrária é necessário:


1 — processo agrobiológico (toda interação do homem com a natureza na busca de pro-
dução de alimentos e matéria prima);
Para fins tributários, em zona urbana se paga IPTU e em zona rural se paga ITR.
10m
Segundo o subscritério da destinação do imóvel, se a atividade da fazenda em área urbana
continua sendo agrícola, será considerada imóvel rural. Se ela é imóvel rural, segundo o STJ,
paga-se ITR e o usucapião é rural.
Em outro aspecto, o caso de uma chácara em zona rural que faz serviço de hotel não tem
a sua atividade considerada agrícola, pois esse tipo de atividade tem que ter interação do
homem com a natureza na produção de alimentos e matéria-prima. Portanto, esse imóvel é
urbano e terá todas as consequências desse tipo de imóvel.

2 — risco correlato (risco da atividade da natureza).

DIREITO AGRÁRIO — FUNÇÃO DA PROPRIEDADE

Tratando-se do direito agrário, há três leis que são fundamentais para abordar os aspectos
relacionados à função social da propriedade:
• Estatuto da Terra:
Lei n. 4.504/1964
– Arts. 2º, parágrafo 1º, alíneas “a” a “d”;
– Arts. 12, 13 e 18;

• Lei n. 8.629/1993 — Reforma Agrária


– Art. 2º;
– Art. 6º, parágrafos 1º ao 7º;
– Art. 9º, parágrafos 2º ao 3º;
– Art. 9º, I a IV;
• Lei n. 8.171/1999 — Política agrícola
– Art. 2º, I;
– Art. 3º, IV;
– Art. 19 a 26.
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Estatuto da Terra
• Lei n. 4.504/1964

Art. 2º É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela


sua função social, na forma prevista nesta Lei.

O §1º apresenta, em forma de alíneas, os incisos presentes na Constituição Federal:

§1º A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamen-
te:
a. Favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de
duas famílias;

A função social deve ser boa para quem é dono da terra e para quem trabalha nela.

b. Mantém níveis satisfatórios de produtividade;

A função social é produzir riqueza e alimentos, portanto, deve-se produzi-los dentro de um


nível satisfatório.

15m c. Assegura a conservação dos recursos naturais;

Observa-se a preocupação com o meio ambiente.

d. Observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a pos-
suem e a cultivem.

Essas disposições legais estão presentes da Constituição e no Estatuto da Terra.

Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso é condi-
cionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.

Art. 13. O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de exploração
da terra que contrariem sua função social.
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A questão agrária, no Brasil, nunca foi tratada de forma adequada, pensando na cole-
tividade e no bem da sociedade. Por conta disso, foi preciso elaborar leis que garantam
esses direitos.
A lei de reforma agrária possui sentido de combate aos latifúndios improdutivos, entre outros.

Art. 18. À desapropriação por interesse social tem por fim:


a. Condicionar o uso da terra à sua função social;

O pressuposto para desapropriação por interesse social é que a terra não está sendo uti-
lizada de forma adequada e não está cumprindo a sua função social.
Se a terra está cumprindo com a sua função social, não pode ser, obviamente, violada pelo
Poder Público por meio da desapropriação.

Lei n. 8.629/1993

Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrá-


ria, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.

Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapro-
priação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais.
Parágrafo 1º Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.

Art. 9º A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
graus e critérios estabelecidos nesta lei, os seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de utilização da terra e


de eficiência na exploração especificados nos parágrafos 1º a 7º do art. 6º desta lei.
20m A lei estabelecerá quando há uso racional e adequado da terra.

§ 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando a exploração se


faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo da propriedade.
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Exemplo: se existe uma área de rios, pode-se incentivar a piscicultura e a pesca. Para
tanto, deve-se cuidar para que o rio continue, para que os peixes continuem etc. Não é per-
mitido produzir um tipo de alimento que consome muita água e que vá acabar com a vocação
natural daquela terra.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no que se refere à política agrí-
cola e fundiária e da reforma agrária, dispõe que
a. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imó-
vel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza-
ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis
no prazo de até dez anos, a partir do primeiro ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei.
b. Aquele que, senão sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou pelo de sua família, tendo
nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
c. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos
de domínio ou de concessão de uso, negociáveis pelo prazo de cinco anos.
d. Cabe à lei ordinária estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário,
para o processo judicial de desapropriação.

COMENTÁRIO
a) O prazo não está adequado.
c) Os benefícios da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária são inegociáveis por
dez anos.
d) A desapropriação administrativa é de competência da lei ordinária.
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GABARITO
1. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Nilton Coutinho.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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