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Institutos Jurídicos Agrários

FACULDADE MATER DEI

Curso de Bacharelado em Direito

Disciplina de Direito Agrário

Professor Ms. WILFRIED SCHWARZ


Princípios - Paulo Torminnn Borges:
1. Função Social da Propriedade;
2. Progresso econômico do rurícola;
3. Progresso social do rurícola;
4. Fortalecimento da economia nacional, pelo aumento da produtividade;
5. Fortalecimento do espírito comunitário, mormente de família;
6. Desenvolvimento do sentimento de liberdade (pela propriedade) e de igualdade
(pela oferta de oportunidades concretas);
7. Implantação da Justiça distributiva;
8. Eliminação das injustiças sociais no campo;
9. Povoamento da zona rural, de maneira ordenada;
10. Combate ao minifúndio;
11. Combate ao latifúndio;
12. Combate a qualquer tipo de propriedade rural ociosa, sendo aproveitável e
cultivável;
13. Combate à exploração predatória ou incorreta da terra.
Correlação do Direito Agrário com
outros ramos da ciência do Direito
• Normas subsidiárias do Direito Agrário, sempre que seu campo não
possua norma de aplicabilidade imediata, ou, seja omisso no trato da
matéria;
• Eminentemente social, fundado na função social da propriedade,
ligado a outros ramos do direito e também de outras ciências afins;
• Relaciona-se: com a Técnica Agrária, a Política Agrária e a Reforma
Agrária;
• Direito Civil Calcado no direito de propriedade;
• Nele buscou conceitos para modificá-los radicalmente;
• Propriedade – bem de produção;
• Terra – função social, sem a qual o direito de propriedade
inexistente;
• Permanece como fonte subsidiária do direito agrário, prevalecendo
para solução e equacionamento dos casos omissos no Estatuto da
Terra e sua legislação complementar;
Correlação do Direito Agrário com outros ramos da ciência
do Direito Direito Comercial

•No que concerne ao conceito da empresa em geral e de


pessoa jurídica;
•Conceituação de empresa rural, inovando-o e
melhorando-o, de modo a diferenciá-lo;
•Direito Administrativo
•Matéria que cuida da desapropriação por interesse social;
•Procedimento discriminatório das terras devolutas;
•Servidões administrativas (intervenção do Estado no
domínio econômico na propriedade privada);
Correlação do Direito Agrário com outros ramos da ciência
do Direito

• Direito Penal
• Jusagrarismo - tipificação de delitos e estabelecimento de penas aos
infratores de suas normas;
• Proteção do homem que ocupa a terra;
• Proteção direta da fauna, da flora, dos recursos naturais renováveis;
• Assegurar o equilíbrio ecológico de modo geral
• Direito Processual
• Civil, Penal, Trabalhista, Administrativo;
• Solução às pendências e litígios havidos no seu campo de incidência o
meio rural;
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• 1. Imóvel Rural
• 1.1. Definição
• Estatuto da Terra, art. 4º: “I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de
área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à
exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer
através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa
privada;”
• Legislador: quis afastar discussões sobre o verdadeiro sentido de
imóvel onde são desenvolvidas atividades agrárias (primeiro
elemento objetivo no contexto agrário;
• Diferença entre imóvel rústico (fora do perímetro urbano) e
urbano;
• Desvinculação – reformulação dos critérios constitucionais a
respeito da propriedade e sua função social;
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• CTN – critério de localização para distinguir imóvel
rural e urbano (art. 29);
• Restabelecido o entendimento pelo qual o critério
seria o da destinação (Estatuto da Terra);
• Assunto não pacificado decreto hierarquicamente
inferior a lei;
• Lei 8.629/1993, regulamenta os arts. 185 e 186 da
CF/1988, redefine imóvel rural é o prédio rústico de
área contínua, qualquer que seja a sua localização, que
se destine ou possa se destinar à exploração agrícola,
pecuária, extrativa, vegetal, florestal ou agroindustrial;
• Controvérsia, Lei 9.393/1996: critério da localização.
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• 1.2. Características
• Prédio rústico, área contínua, qualquer localização e
destinação voltada para as atividades agrárias);
• Prédio rústico – propriedades territoriais rurais ou
quaisquer Outras terrenos;
• Rústico – imóvel destinado ao cultivo;
• Não é a situação do imóvel que qualifica o prédio em
rústico ou urbano, mas a finalidade natural que decorre de
seu aproveitamento (uso e ocupação do solo);
• Área contínua - terreno destinado ao uso rústico na
agricultura, devendo haver continuidade na utilização do
imóvel, ainda que haja interrupção por acidente, por força
maior, por lei da natureza ou por fato do homem;
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• 1.3. Classificação
• Estatuto da Terra: Propriedade familiar, minifúndio, latifúndio e empresa rural;
• C.F. 88 – pequena propriedade, média propriedade e propriedade produtiva;
• 2. Função Social do Imóvel Rural
• 2.1. Importância
• Centro em torno do qual gravita toda a doutrina do Direito Agrário;
• Brasil - princípio profundamente arraigado, do qual se ocupa a legislação agrária
em diversos textos – CERNE do Jusagrarismo;
• Necessidade de Reforma Agrária (comprovação) – elevado índice de concentração
de terras nas mãos de poucos, em razão de que não cumprem a função social;
• Afirmação de estudiosos - a propriedade é a função social / função social
transformou o conceito de propriedade, inserindo-se, nesse direito, como mais um
elemento estrutural;
• Inspiração ao instituto da desapropriação agrária – principal instrumento para a
realização da reforma agrária.
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• 2.2. Aspectos Históricos
• Aristóteles – aos bens se devia dar uma destinação social;
• Santo Tómas de Aquino – homem com direito natural de adquirir
bens materiais, mas não se abstém do “bem comum”;
• Código de Napoleão – direito absoluto;
• Marx – preconização da coletividade do bem;
• Duguit – direito a propriedade diverso do caráter subjetivista;
• No Brasil – princípio da função social da propriedade sobre
qualquer bem, corpóreo ou incorpóreo (art. 5º, inc. XXIII, C.F./88);
• Rosalina Pinto da Costa Rodrigues Pereira: “a preocupação com
ecologia, com o uso do solo e as técnicas agrícolas, já observadas
nas Ordenações Filipinas e Manoelinas, foram implementadas no
Brasil através das sesmarias”;
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• Alcir Gursen de Miranda: “a função social da terra, ao invés de função social da
propriedade, deve ser vista e analisada como um dos princípios abrangidos pela
concepção eminentemente social do D.a.” e ainda “a Constituição vigente enfatiza
o princípio da função social da propriedade, arrolando-o no capítulo relativo aos
direitos e deveres individuais e coletivos e, mais especificadamente, no capítulo
referente à política urbana...”
• 2.3. Conceituação Legal
• Estatuto da Terra (Lei 4.504/64)
• Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
• § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social
quando, simultaneamente:
• a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam,
assim como de suas famílias;
• b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
• c) assegura a conservação dos recursos naturais;
• d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre
os que a possuem e a cultivem.
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• C.F. 88 – Abriga o princípio da função social, com redação modificada, mas
sem alteração substancial em seu conteúdo, acrescentando a
preocupação com a preservação do meio ambiente;
• Lei n.º 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 (art. 9º), Estatuto da Terra (art.
2º, § 1º) e a Constituição Federal (art.186);
• 2.4. Requisitos legais
• Aproveitamento racional e adequado – E.T.: níveis satisfatórios de
produtividade, mensurado pelos graus de utilização (80%) e eficiência na
exploração (100% ou mais);
• Mesmos índices utilizados para configuração da “propriedade produtiva”,
incluído no Estatuto como objeto insuscetível de desapropriação;
• Adequada utilização dos recursos naturais e preservação do meio
ambiente - respeito à vocação natural da terra, com vistas à manutenção
do potencial produtivo do imóvel e das características próprias do meio
natural e da qualidade dos recursos ambientais, para o equilíbrio
ecológico da propriedade, além da saúde e qualidade de vida das
comunidades vizinhas;
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• Observância das disposições que regulam as relações de trabalho
– abrangência mais elástica, não se limitando às relações
decorrentes de contratos de trabalho, incluídos os contratos
coletivos assim como os contratos agrários;
• Bem-estar dos proprietários e trabalhadores rurais - omissão:
possuidores, que são os que exploram a terra (configuração da
efetiva exploração da terra;
• Requisitos legais necessários à configuração da função social:
• Econômica – requisitos da produtividade, aproveitamento racional
e adequado;
• Social – observância das disposições que regulam as relações de
trabalho (1) e o favorecimento do bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores rurais;
• Ecológica – cuida dos requisitos relativos a utilização dos recurso
naturais e à preservação do meio ambiente;
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• 3. Dimensionamento de Imóvel Rural
• 3.1. Módulo Rural
• “É uma medida de área, diretamente afeita à eficácia
desta, no meio rurígena, cuja finalidade precípua está
em evitar a existência de glebas cujo tamanho, em
regra, se ache suscetível de não render o suficiente
para o progresso econômico social do agricultor
brasileiro” (Vicente Gonçalves de Araújo Júnior, 2002);
• “Área de terra que trabalha direta e pessoalmente por
uma família de composição média, com o auxílio
apenas eventual de terceiros revela necessária para a
subsistência e ao mesmo tempo suficiente como
sustentáculo ao progresso social e econômico da
referida família” (Paulo Torminn Borges);
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• Fixação da área: competência – Governo Federal, através do INCRA,
que leva em consideração diversos fatores, quais sejam:
• Tipo de exploração a que se destina o imóvel;
• Qualidade da terra;
• Proximidade com o centro consumidor, etc.;
• Daí ser variável de região para região.
• Classificação do módulo rural, em face da exploração desenvolvida.
• Exploração hortigranjeira;
• Lavoura permanente;
• Lavoura temporária;
• Exploração pecuária;
• Exploração florestal.
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• Quadro analítico do módulo rural (Fernando Pereira Sodero).
• É uma medida de área;
• A área fixada para a propriedade familiar constitui o módulo rural;
• Varia de acordo com a região do país onde se situe o imóvel rural;
• Varia de acordo com o tipo de exploração;
• Implica um mínimo de renda a ser obtido, ou seja, o salário mínimo;
• A renda de proporcionar ao agricultor e sua família não apenas a
sua subsistência, mas ainda o progresso econômico e social.
• Fração Mínima do parcelamento - medida prefixada para cada
município, visando permitir a aplicação da função social;
• Módulo Fiscal - constitutivo do ITR: função precípua de fixação da
contribuição parafiscal, tendo como critério de classificação do
imóvel rural - minifúndio, propriedade familiar, empresa rural,
latifúndio por dimensão e latifúndio por exploração;
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• 3.2. A indivisibilidade
• Fracionamento - área mínima, sem tirar-lhe as
potencialidades de produção compatível com a função
social;
• Condomínios - estado anormal da propriedade, cuja
extensão se dá pela divisão, que pode provocar o
surgimento de muitas unidades ínfimas, impotentes a
propiciar o aproveitamento econômico;
• Combate ao minifúndio - pequenas áreas de terra, que
mal produzem para a subsistência da família que as
cultiva: embaraço ao desenvolvimento rural;
• Indivisibilidade do imóvel rural no Brasil - art. 65 do ET,
redução na “substância da coisa” (CCBR) que lhe retira
o fator de produção;
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• Exceções:
• Desmembramento decorrentes de desapropriação por
necessidade ou utilidade pública (art. 390, CCB e
legislação complementar);
• Desmembramentos de iniciativa particular que visem a
atender a interesse de ordem pública na zona rural;
• Lei 5.868/1979 - casos em que a alienação da área se
destine, comprovadamente, à sua anexação ao prédio
rústico confrontante, desde que o imóvel do qual se
desmembre permaneça com área igual ou superior à
fração mínima do parcelamento;
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• 4. Classificação do Imóvel Rural
• 4.1. Minifúndio (área inferior ao módulo rural) Imóvel rural
de área e possibilidades inferiores às da Propriedade
Familiar, art. 4º, inc. IV, do E.T.;
• Espécie de imóvel rural combatido e desestimulado no
ordenamento jurídico agrário – distorção dos sistema
fundiário brasileiro, porque não cumpre a função social da
terra, não gera impostos nem viabiliza a obtenção de
financiamentos bancários pelo minifundiário;
• Pequena gleba que, ainda que trabalhada por uma família,
absorvendo-lhe toda a força de trabalho, mostra-se
insuficientes para propiciar a subsistência e o progresso
econômico e social do grupo familiar;
• Causas geradoras – imposições de ordem econômica e
necessidades graves (sucessão hereditária de famílias
numerosas);
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• 4.2. Propriedade familiar (área igual ao módulo rural)
• E.T. – imóvel que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor
e sua família, lhes absorva toda a força do trabalho, garantindo lhe
a subsistência e o progresso social e econômico, com áreas
máximas fixadas para cada região e tipo de exploração, e seja
eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros;
• Importância extraordinária - processo democrático de divisão da
terra: viabilização do acesso ao imóvel rural ao maior número
possível de pessoas, no qual possam desenvolver as únicas
atividades agrárias;
• Pressupostos da propriedade familiar
• Titulação – título de domínio em nome de algum dos membros da
entidade familiar;
• Exploração direta e pessoa, pelo titular do domínio e sua família
que lhes absorva toda a força de trabalho;
• Área ideal para cada tipo de exploração, conforme a região;
• Possibilidade eventual de ajuda de terceiros.
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• 4.3. Latifúndio
• Imóvel rural que tem área igual ou superior ao módulo rural e é
mantido inexplorado ou com exploração inadequada ou
insuficiente às suas potencialidades;
• É o imóvel que, não sendo propriedade familiar (área igual ou
superior ao módulo rural), não cumpre a sua função social;
• Espécies - por extensão (tamanho do imóvel) e por exploração
(não-exploração ou exploração deficiente –mau uso do solo);
• Exceções aos parâmetros
• Imóvel rural com área - ao módulo fiscal, desde que não exceda a
600 X a ele, utilizado com adequados e racionais critérios
econômicos;
• IR com área – MF, não caracterizado como propriedade familiar,
mas adequadamente utilizado e explorado;
• IR que satisfazer os requisitos da empresa rural;
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• IR que embora não classificado como empresa
rural e situada fora da área prioritária de
Reforma Agrária, tiver aprovado pelo INCRA, e
em execução, projeto que, em prazo
determinado, o eleve àquela categoria;
• Combate ao Latifúndio – Desapropriação e
Tributação;
• Desapropriação agrária - mecanismo no
enfrentamento da concentração fundiária;
• Tributação - eficiente meio para reverter o
quadro de imobilismo de proprietários de
extensas áreas improdutivas (fins especulativos);
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• 4.4. Empresa Rural
• Empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, que explore econômica e racionalmente
imóvel rural, dentro de condições de rendimento
econômico da região em que se situe e que explore
área mínima agriculturável do imóvel, segundo
padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder
Executivo;
• Características
• Empreendimento que se consubstancia na exploração
de atividades agrárias;
•  Pressupõe um estabelecimento, comporto de um
área de imóvel rural, pertencente ou não ao
empresário;
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• Tem por finalidade o lucro;


• É de natureza civil, portanto não é comercial nem
industrial.
• Como empresa – sujeita a registro;
• Organizada como Pessoa Física – Registro no INCRA;
• Pessoa Jurídica – Registro no INCRA e atos
constitutivos arquivados no Cartório de Registro de
Pessoas Jurídicas (personalidade jdca.);

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