Você está na página 1de 11

A Lei n. 4.

504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra),


define em seu art. 4º, inciso I o imóvel rural baseado na sua destinação,
independentemente de sua localização, mas de maneira contrária, a Lei n.
5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), em seu art.
29, adota o critério da localização para determinar a diferenciação entre
imóvel urbano e rural.

Veremos então o entendimento majoritária sobre a definição a


respeito da classificação do imóvel rural que atualmente corresponde a
sua destinação, independentemente de sua localização.

Mostraremos também a classificação do imóvel rural baseado tanto no


Estatuto da Terra como pela Constituição Federal de 1988. Ainda não é pacífica
qual nomenclatura ou definição é mais adequada ou qual deve ser adotada.

2 DEFINIÇÃO LEGAL

O Estatuto da Terra, em seu art. 4º, inciso I define "Imóvel rural", como
sendo "o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que
se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer
através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada."

Pelo enunciado, observa-se que o Estatuto da Terra incorporou o princípio


da função social da propriedade, quando ele utiliza o critério de destinação para
diferenciar o imóvel urbano do rústico ou rural. Antes do Estatuto da Terra, havia
uma grande discussão a respeito dessa diferenciação.

Segundo Lucas Abre Barroso (2015), alguns entendiam que imóvel rústico
seria apenas aquele situado em zona rural, distante do perímetro urbano e,
consequentemente, o imóvel urbano seria o que estivesse encravado dentro da
cidade. Com o advento do Estatuto da Terra, afastou-se diversas polêmicas
geradas em torno da definição de imóvel rural.

No mesmo sentido, a Lei n. 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 que


regulamenta os dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, em seu
art. 4º, inciso I, conceitua o imóvel rural da seguinte forma: imóvel rural - prédio
rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou
possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou
agro-industrial.De maneira contrária, a Lei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966
(Código Tributário Nacional), em seu art. 29, adota o critério da localização para
determinar a diferenciação entre imóvel urbano e rural: O imposto, de
competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como
definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.

Seguindo o mesmo entendimento do Código Tributário Nacional, a Lei


9.393, de 19 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural - ITR, enuncia que: Art. 1º O Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a
propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da
zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano (grifo nosso).

O Superior Tribunal de Justiça - STJ, em acórdão da Ministra Denise


Arruda, em primeira seção, firmou o entendimento de que a classificação do
imóvel como rural ou urbano, não depende de sua localização, mas da sua
finalidade econômica:

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - AÇÃO RESCISÓRIA -


DESAPROPRIAÇÃO PARA FIM DE REFORMA AGRÁRIA - DEFINIÇÃO DA
NATUREZA DA ÁREA DO IMÓVEL - FINALIDADE ECONÔMICA.

1. É a municipalidade que, com base no art. 30 da Constituição Federal/88,


estabelece a sua zona rural e a sua zona urbana, observado por exclusão o
conceito apresentado pelo Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) para imóvel rural
para definir os imóveis urbanos.

2. Apesar de o critério de definição da natureza do imóvel não ser a


localização, mas a sua destinação econômica, os Municípios podem,
observando a vocação econômica da área, criar zonas urbanas e rurais. Assim,
mesmo que determinado imóvel esteja em zona municipal urbana, pode ser,
dependendo da sua exploração, classificado como rural.

3. O acórdão rescindindo reformou o julgado do Tribunal de Justiça de Goiás


para considerar o imóvel desapropriado como sendo urbano e rural quando o
correto, segundo o art. 4º da Lei n. 4.504/64 (Estatuto da Terra), seria somente
rural em virtude de sua finalidade econômica.

4. A destinação dada à terra era de exploração extrativa agrícola, que não


pode ser afastada em razão de mero loteamento formalizado na Prefeitura local,
mas não implementado na prática. Ação rescisória procedente. (AR 3.971/GO,
Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2010, DJe
07/05/2010).

O Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial, firmou o


entendimento de que não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na
área urbana:

TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL.


IPTU.NÃO-INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO
REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC.

1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do
Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa,
vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966).
2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do
CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1112646/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2009, DJe 28/08/2009)

Então, de acordo com o que já foi mostrado, verificamos que a


diferenciação entre imóvel urbano e o imóvel rural ou rústico, reside na
sua destinação (urbana ou rural), independentemente de a sua localização.

Esse critério só encontra divergência no texto contido no Código Tributário


Nacional, especificamente em relação ao Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural - ITR, que tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse
de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município. Mas de
acordo com o que já foi mostrado, atualmente encontra-se consolidada a
orientação de que o critério da destinação econômica do imóvel, é essencial
para definir a sua natureza, não importando se é para fins tributários de
incidência de IPTU ou ITR.

2 CLASSIFICAÇÃO

2.1 PELO ESTATUTO DA TERRA

De acordo com a Lei 4.504 de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da


Terra, o imóvel rural é classificado em propriedade familiar, minifúndio,
latifúndio e empresa rural. A propriedade familiar vem definida no Estatuto da
Terra, em seu art. 4º, II, como sendo:

O móvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e


sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a
subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para
cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de
terceiros.

Do enunciado, observa-se que a propriedade familiar deve ser


explorada diretamente pelo proprietário e seu conjunto familiar, podendo a
ajuda de terceiros ser utilizada apenas de forma eventual, caso contrário a
sua função social não será atendida.

Leciona Lucas de Abreu Barroso (2015) que a propriedade familiar deve ter
área equivalente a um módulo rural, calculado de acordo com cada região do
país e o seu tipo de exploração. Não podendo ser mais nem menos, pois, se for
menor, caracteriza minifúndio e se for maior, poder ser latifúndio ou empresa
rural.

O minifúndio ou "parvifúndio", como é conhecido na Argentina, se


caracteriza por ser uma pequena gleba deficitária, insuficiente e desfavorável a
subsistência e ao progresso econômico e social familiar e por isso não cumpre a
sua função social.
De acordo com o Estatuto da Terra, art. 4º, IV, deve ser entendido como
"o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar." Já
o Decreto n. 55.891, de 31 de março de 1965, classifica o imóvel rural como
minifúndio, "quando tiver área agricultável inferior à do módulo fixado para a
respectiva região e tipo de exploração."

Ressalta Benedito Ferreira Marques (2015, p. 56), que:

O minifúndio é combatido e desestimulado no ordenamento jurídico


agrário, na medida em que constitui uma distorção do sistema fundiário
brasileiro, porque não cumpre a função social. Além disso não gera
impostos nem viabiliza a obtenção de financiamentos bancários pelo
minifundiário.

Conforme Oswaldo Opitz e Silvia C. B. Opitz (2014, p. 72):

se o prédio, pela sua pequenez, não garante toda a atividade do conjunto


familiar, de modo a lhe propiciar os meios de subsistência e um certo
progresso econômico, considera-se minifúndio, que deve desaparecer ou
pela venda, ou pela desapropriação, ou pela agregação a outro prédio, para
dar lugar ao prédio rústico ideal representado pelo chamado módulo rural.

Vários instrumentos são utilizados para combater ou coibir a ploriferação


do minifúndio, tais como: a desapropriação, de acordo com o art. 20, inciso I, do
Estatuto da Terra; o rembramento ou aglutinamento de áreas classificadas como
minifúndio, nos termos do art. 21 do Estatuto da Terra e a vedação ao
desmembramento ou divisão de áreas inferiores ao módulo rural ou a fração
mínima de parcelamento, de acordo com o art. 8º da Lei 5.868 de 12 de dezembro
de 1972.

O termo latifúndio vem caracterizado no art. 4º do Estatuto da Terra da


seguinte forma:

V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b,


desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas
regionais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou


superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido
inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do
meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

Já o Decreto 84.685/80 de 06 de maio de 1980, que regulamentou a


Lei 6.746/79, em seu art. 22, deu nova conceituação ao latifúndio como
sendo o imóvel que exceda a seiscentas vezes o módulo fiscal calculado
na forma do art. 5º.

De acordo com Benedito Ferreira Marques (2015, p. 62):

latifúndio é o imóvel rural que tem área igual ou superior ao módulo


rural e é mantido inexplorado ou com exploração inadequada ou insuficiente
às suas potencialidades. Em outras palavras, é o imóvel rural que, não sendo
Propriedade Familiar - porque tem área igual ou superior ao módula rural -, não
cumpre a sua função social.

[...] o conceito de latifúndio não quer dizer mais o grande domínio


privado, como era concebido na antiga Roma. Hoje, tanto faz ser o imóvel de
grande extensão como até mesmo ser do tamanho de um módulo, bastando
que não seja explorado ou o seja inadequadamente, em relação às suas
possibilidades físicas, econômicas e sociais do local onde se situa. Considera-
se propriedade improdutiva.

Então, analisando-se os dispositivos legais já citados, observamos


que existem duas classificações para o latifúndio: o latifúndio por
extensão ou dimensão, que é que vem definido na letra “a” do inciso V do
artigo 4º do Estatuto da Terra, que corresponde ao tamanho do imóvel que
é 600 vezes o módulo fiscal e, o latifúndio por exploração, mau uso da
terra ou por exploração deficiente que aquele que vem definido na letra
“b” do inciso V do artigo 4º do Estatuto da Terra.

A definição de Empresa Rural vem expressa no Estatuto da Terra, no


inciso VI, art. 4º, da seguinte forma:

é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que


explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de
rendimento econômico [...] da região em que se situe e que explore área
mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente,
pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as
pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com
benfeitorias.

O Decreto n. 84.685/80, em seu art. 22, alterou a redação do art. 4º


do Estatuto da Terra, para dar nova definição a empresa rural, da seguinte
forma:

Art. 22. [...]III – Empresa Rural, o empreendimento de pessoa física ou


jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel
rural, dentro das condições de cumprimento da função social da terra e
atendidos simultaneamente os requisitos seguintes: (a) tenha grau de utilização
da terra igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado na forma da
alínea a, do art. 8o; (b) tenha grau de eficiência na exploração, calculado na
forma do art. 10, igual ou superior a 100% (cem por cento); (c) cumpra
integralmente a legislação que rege as relações de trabalho e os contratos de
uso temporário da terra.

Então, de acordo com as definições já mencionadas, verifica-se que a


empresa rural possui as seguintes características: é um empreendimento que
visa a exploração de atividades agrárias, visa o lucro e tem natureza civil. Ela
também está sujeita a registros. Se for constituída de pessoa física deverá ser
registrada no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Caso
seja uma pessoa jurídica, será exigido além do registro no INCRA, o registrado de
seus atos constitutivos do Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, a fim de
ganhar personalidade jurídica, nos termos do art. 45 do Código Civil.

2.1 PELO ESTATUTO DA TERRA

De acordo com a Lei 4.504 de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da


Terra, o imóvel rural é classificado em propriedade familiar, minifúndio,
latifúndio e empresa rural.

A propriedade familiar vem definida no Estatuto da Terra, em seu art. 4º,


II, como sendo:

O móvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e


sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a
subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para
cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de
terceiros.

Do enunciado, observa-se que a propriedade familiar deve ser


explorada diretamente pelo proprietário e seu conjunto familiar, podendo a
ajuda de terceiros ser utilizada apenas de forma eventual, caso contrário a
sua função social não será atendida.

Leciona Lucas de Abreu Barroso (2015) que a propriedade familiar deve ter
área equivalente a um módulo rural, calculado de acordo com cada região do
país e o seu tipo de exploração. Não podendo ser mais nem menos, pois, se for
menor, caracteriza minifúndio e se for maior, poder ser latifúndio ou empresa
rural.

O minifúndio ou "parvifúndio", como é conhecido na Argentina, se


caracteriza por ser uma pequena gleba deficitária, insuficiente e desfavorável a
subsistência e ao progresso econômico e social familiar e por isso não cumpre a
sua função social.

De acordo com o Estatuto da Terra, art. 4º, IV, deve ser entendido como
"o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar." Já
o Decreto n. 55.891, de 31 de março de 1965, classifica o imóvel rural como
minifúndio, "quando tiver área agricultável inferior à do módulo fixado para a
respectiva região e tipo de exploração."
Ressalta Benedito Ferreira Marques (2015, p. 56), que:

O minifúndio é combatido e desestimulado no ordenamento


jurídico agrário, na medida em que constitui uma distorção do sistema
fundiário brasileiro, porque não cumpre a função social. Além disso não
gera impostos nem viabiliza a obtenção de financiamentos bancários
pelo minifundiário.

Conforme Oswaldo Opitz e Silvia C. B. Opitz (2014, p. 72):

se o prédio, pela sua pequenez, não garante toda a atividade do conjunto


familiar, de modo a lhe propiciar os meios de subsistência e um certo
progresso econômico, considera-se minifúndio, que deve desaparecer ou pela
venda, ou pela desapropriação, ou pela agregação a outro prédio, para dar
lugar ao prédio rústico ideal representado pelo chamado módulo rural.

Vários instrumentos são utilizados para combater ou coibir a


ploriferação do minifúndio, tais como: a desapropriação, de acordo com o
art. 20, inciso I, do Estatuto da Terra; o rembramento ou aglutinamento de
áreas classificadas como minifúndio, nos termos do art. 21 do Estatuto da
Terra e a vedação ao desmembramento ou divisão de áreas inferiores ao
módulo rural ou a fração mínima de parcelamento, de acordo com o art. 8º
da Lei 5.868 de 12 de dezembro de 1972.

O termo latifúndio vem caracterizado no art. 4º do Estatuto da Terra da


seguinte forma:V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea


b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas
regionais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual


ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido
inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio,
com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de
modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

Já o Decreto 84.685/80 de 06 de maio de 1980, que regulamentou a


Lei 6.746/79, em seu art. 22, deu nova conceituação ao latifúndio como
sendo o imóvel que exceda a seiscentas vezes o módulo fiscal calculado
na forma do art. 5º.

De acordo com Benedito Ferreira Marques (2015, p. 62):

latifúndio é o imóvel rural que tem área igual ou superior ao módulo rural e
é mantido inexplorado ou com exploração inadequada ou insuficiente às suas
potencialidades. Em outras palavras, é o imóvel rural que, não sendo Propriedade
Familiar - porque tem área igual ou superior ao módula rural -, não cumpre a sua
função social.

[...] o conceito de latifúndio não quer dizer mais o grande domínio privado,
como era concebido na antiga Roma. Hoje, tanto faz ser o imóvel de grande
extensão como até mesmo ser do tamanho de um módulo, bastando que não
seja explorado ou o seja inadequadamente, em relação às suas possibilidades
físicas, econômicas e sociais do local onde se situa. Considera-se propriedade
improdutiva.

Então, analisando-se os dispositivos legais já citados, observamos


que existem duas classificações para o latifúndio: o latifúndio por
extensão ou dimensão, que é que vem definido na letra “a” do inciso V do
artigo 4º do Estatuto da Terra, que corresponde ao tamanho do imóvel que
é 600 vezes o módulo fiscal e, o latifúndio por exploração, mau uso da
terra ou por exploração deficiente que aquele que vem definido na letra
“b” do inciso V do artigo 4º do Estatuto da Terra.

A definição de Empresa Rural vem expressa no Estatuto da Terra, no


inciso VI, art. 4º, da seguinte forma:é o empreendimento de pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural,
dentro de condição de rendimento econômico [...] da região em que se situe e
que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública
e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas
cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas
com benfeitorias.

O Decreto n. 84.685/80, em seu art. 22, alterou a redação do art. 4º


do Estatuto da Terra, para dar nova definição a empresa rural, da seguinte
forma:

Art. 22. [...]III – Empresa Rural, o empreendimento de pessoa física


ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente
imóvel rural, dentro das condições de cumprimento da função social da
terra e atendidos simultaneamente os requisitos seguintes: (a) tenha grau
de utilização da terra igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado
na forma da alínea a, do art. 8o; (b) tenha grau de eficiência na exploração,
calculado na forma do art. 10, igual ou superior a 100% (cem por cento); (c)
cumpra integralmente a legislação que rege as relações de trabalho e os
contratos de uso temporário da terra.

Então, de acordo com as definições já mencionadas, verifica-se que a


empresa rural possui as seguintes características: é um empreendimento que
visa a exploração de atividades agrárias, visa o lucro e tem natureza civil. Ela
também está sujeita a registros. Se for constituída de pessoa física deverá ser
registrada no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Caso
seja uma pessoa jurídica, será exigido além do registro no INCRA, o registrado de
seus atos constitutivos do Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, a fim de
ganhar personalidade jurídica, nos termos do art. 45 do Código Civil.

2.2 PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Com o advento da Constituição Federal de 1988, a antiga


classificação do Estatuto da Terra foi substituída por novas
terminologias: pequena propriedade, média propriedade, propriedade produtiva
(art. 185, I, II), as quais foram regulamentadas pela Lei 8.629 de 23
fevereiro de 1993. A grande propriedade e a propriedade improdutiva não
foram definidas na referida Lei, sendo a sua conceituação determinada por
dedução, conforme veremos a seguir.

A Constituição Brasileira, não definiu a pequena propriedade. Essa


definição ficou a cargo da Lei 8.629 de 25 de fevereiro de 1993, que
regulamentou o texto constitucional. Em seu art. 4º, II, a pequena propriedade é
caracterizada como sendo o imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4
(quatro) módulos fiscais.

Observamos, ainda, que a Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 5º,


Inciso XXVI, dá tratamento especial à pequena propriedade rural, defendo-a de
possíveis execuções: "a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento."

De igual modo, a média propriedade, também vem definida no art. 4º, III da
Lei 8.629/93, como sendo o imóvel rural de área superior a 4 (quatro) e até 15
(quinze) módulos fiscais.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 185, I, dá tratamento especial


a pequena e a média propriedade rural, quando determina que elas são
insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária, desde que seu
proprietário não possua outra.

A definição da propriedade produtiva, também ficou a cargo da Lei


8.629/93, da seguinte forma:

Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada


econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da
terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão
federal competente (grifo nosso).

§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste


artigo, deverá ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado
pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área
aproveitável total do imóvel;§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra
deverá ser igual ou superior a 100% (cem por cento) e será obtido de acordo
com a seguinte sistemática:

I – para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada


produto pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão
competente do Poder Executivo, para cada microrregião homogênea; II – para
exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais (UA) do
rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder
Executivo, para cada microrregião homogênea; III – a soma dos resultados
obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida pela área
efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de
eficiência na exploração.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 185, determina que:

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma


agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que


seu proprietário não possua outra;II - a propriedade produtiva.

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva


e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função
social.

Então, pelas definições dadas, observamos que a propriedade produtiva é


aquela que atinge os níveis de produção e produtividade exigidos pela Lei, além
de receber tratamento especial dada pela Constituição Federal, conforme art.
185, onde determina que ela é insuscetível de desapropriação para fins de
reforma agrária.

A Constituição Federal também não definiu a grande propriedade, e a Lei


A Lei n. 8.629/93, em seu art. 4º apenas faz referência a pequena e média
propriedade, conforme segue:

II - Pequena Propriedade - o imóvel rural:

a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;

III - Média Propriedade - o imóvel rural:

a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais

Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de


reforma agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu
proprietário não possua outra propriedade rural.

Como podemos observar, a definição da grande propriedade é omitida na


Lei 8.629/93, ela apenas anuncia a área da pequena e da média propriedade, mas
por dedução, podemos encontrar a sua conceituação que é a área superior a 15
(quinze) módulos fiscais.

Também podemos conceituar, por dedução que propriedade improdutiva, é


aquela que não atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de
eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal
competente, nos termos da Lei 8.629/93.

CONCLUSÃO

Os imóveis atualmente são classificados pelo Estatuto da Terra e


pela Constituição Federal de 1988. Ainda não é pacífica na doutrina qual
classificação deve ser adotado ou qual define melhor o imóvel rural. O
Estatuto da Terra classifica os imóveis em propriedade familiar, minifúndio,
latifúndio e empresa rural ao passo que a nossa Constituiçao os classifica
como pequena propriedade, média propriedade, propriedade produtiva.Já a
diferenciação entre imóvel urbano e o imóvel rural ou rústico, reside na sua
destinação (urbana ou rural), independentemente de a sua localização. Há
divergência no texto contido no Código Tributário Nacional, especificamente em
relação ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, que tem como fato
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza,
localizado fora da zona urbana do município. Mas, atualmente, encontra-se
consolidada a orientação de que o critério da destinação econômica do imóvel, é
essencial para definir a sua natureza, não importando se é para fins tributários.

Você também pode gostar