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UNIVERSIDADE MAURÍCIO DE NASSAU – UNINASSAU

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO


NONO (9º) PERÍODO NOTURNO

ITR - IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL: CONCEITOS


E CARACTERÍSTICAS (TRIBUTOS EM ESPÉCIE)

Palmas-TO
2024
WANDERSON DE SOUSA LUZ

Trabalho apresentado como pré requisito pra obtenção de


nota/e ou pontuação com o tema ITR - Imposto Sobre a
Propriedade Territorial Rural: Conceitos e Características, da
Disciplina Tributos em Espécie, ministrada na Universidade
Maurício de Nassau (UNINASSSAU), Campus Palmas.
Professor: Renato Goncalves Braga

Palmas-TO
2024
1 INTRODUÇÃO

O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é uma importante


modalidade de tributo federal que incide anualmente sobre as propriedades rurais. Sua
relevância se destaca não apenas pela sua natureza arrecadatória, mas também, como
explica Carvalho (2020, p. 7):

Pelo papel que desempenha na regulação e ordenamento do uso da terra


no Brasil. O ITR é devido pelo proprietário do imóvel, pelo titular do domínio
útil ou pelo possuidor a qualquer título, e sua incidência varia de acordo com
o tamanho da propriedade e seu grau de utilização.

Neste trabalho, serão apresentados alguns conceitos e características


elementares sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Exploraremos sua
definição, base legal, forma de cálculo, critérios de incidência, além de discutir sua
importância socioeconômica e seu impacto no desenvolvimento rural e na preservação
ambiental.
Ao compreendermos esses aspectos fundamentais do ITR, estaremos
capacitados a analisar sua relevância dentro do contexto tributário brasileiro e suas
implicações para os proprietários rurais, o Estado e a sociedade como um todo.

2 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PARA A INSTITUIÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A


PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR)

No ordenamento jurídico brasileiro, a competência tributária é um dos


elementos essenciais na estruturação e funcionamento do sistema de arrecadação de
tributos. No caso do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), a competência
para instituí-lo é atribuída especificamente à União Federal, conforme disposição
constitucional.

2.1 Fundamentos Constitucionais da Competência Tributária para o ITR

O embasamento jurídico para a competência tributária do ITR encontra-se no


texto da Constituição Federal de 1988. Segundo o artigo 153, inciso VI, da Carta Magna,
o ITR é um tributo de competência da União. Esse dispositivo estabelece que o imposto
incide sobre a propriedade de imóveis localizados fora das áreas urbanas dos
Municípios.
Essa atribuição de competência à União para a instituição do ITR está em
consonância com a lógica federativa brasileira, na qual são distribuídas as competências
tributárias entre os entes federativos, visando à harmonia e ao equilíbrio do sistema
tributário nacional.
A competência da União para instituir o ITR se justifica por diversos motivos,
dentre os quais destacam-se:

 Abrangência Nacional: O ITR incide sobre propriedades rurais localizadas


em todo o território nacional, o que demanda uma legislação uniforme e
centralizada para sua instituição e fiscalização.
 Proteção Ambiental: O ITR possui uma função extrafiscal importante,
incentivando a preservação ambiental e o uso sustentável dos recursos
naturais. A competência da União nesse caso permite a implementação de
políticas ambientais de âmbito nacional, alinhadas com objetivos de
desenvolvimento sustentável.
 Harmonização Tributária: A centralização da competência para instituir o
ITR pela União contribui para evitar disparidades regionais na tributação
sobre propriedades rurais, promovendo a igualdade fiscal entre os
contribuintes. (CARVALHO, 2020, p. 41, 42 e 43).

Embora a competência para instituir o ITR seja exclusiva da União, a


Constituição Federal prevê a participação dos Estados e Municípios na arrecadação
desse tributo. O artigo 158, inciso II, estabelece que parte da arrecadação do ITR deve
ser repassada aos Municípios, “como forma de compensação pela não tributação sobre
a propriedade rural localizada em sua jurisdição” (NOGUEIRA, 2015, p.52).
Além disso, a legislação infraconstitucional, em especial o Código Tributário
Nacional e a Lei nº 9.393/1996, (BRASIL, 2024) regulamentam aspectos específicos
relacionados à instituição, arrecadação e fiscalização do ITR, estabelecendo as normas
gerais aplicáveis a esse imposto.

3 INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

A regra-matriz de incidência tributária no Imposto sobre a Propriedade Territorial


Rural (ITR) é composta por elementos que definem os critérios para a cobrança deste
tributo sobre as propriedades rurais. A hipótese de incidência ocorre quando há a
propriedade de imóveis rurais fora das áreas urbanas dos Municípios (NOGUEIRA,
2015, p.19). O aspecto material abrange terras nuas, melhoradas ou não, edificações e
benfeitorias.
A incidência é sobre imóveis localizados em áreas rurais, anualmente, com
base no valor da terra nua e alíquota variável conforme a área e utilização da
propriedade. Os sujeitos passivos são o proprietário, o titular do domínio útil ou o
possuidor. Compreender essa regra-matriz é fundamental para a aplicação correta da
legislação tributária e o cumprimento das obrigações fiscais.

4 CONTRIBUINTE, ALÍQUOTA E PROGRESSIVIDADE NO IMPOSTO SOBRE A


PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR)

O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) possui características


específicas relacionadas ao contribuinte, à alíquota e à progressividade, elementos que
influenciam diretamente na forma como o imposto é calculado e pago pelos proprietários
de imóveis rurais.

4.1 Contribuinte do ITR

Os contribuintes do ITR são aqueles que possuem vínculo jurídico com a


propriedade rural, sendo considerados como sujeitos passivos do imposto. Isso inclui o
proprietário do imóvel, o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer título
(MACHADO, 2017, p.23). É importante ressaltar que, em alguns casos, o responsável
pelo pagamento do imposto pode variar de acordo com o contrato firmado entre as
partes envolvidas na posse ou exploração da terra.

4.2 Alíquota do ITR

A alíquota do ITR varia de acordo com a área da propriedade rural e seu grau
de utilização. Em linhas gerais, quanto maior a área do imóvel e mais intensiva for a
exploração de suas atividades agrícolas, maior será a alíquota aplicada sobre o valor da
terra nua (MACHADO, 2017, p.25). Essa alíquota é estabelecida pela legislação
tributária federal e pode sofrer alterações ao longo do tempo, de acordo com a política
econômica e fiscal do país.

4.3 Progressividade do ITR

A progressividade do ITR consiste na aplicação de alíquotas diferenciadas de


acordo com a área total da propriedade rural. Geralmente,” as alíquotas são mais baixas
para áreas menores e aumentam gradativamente conforme a área da propriedade
aumenta” (MACHADO, 2017, p.27). Essa progressividade tem o objetivo de promover
uma tributação mais justa e equitativa, buscando evitar a concentração de terras e
incentivar a utilização eficiente do solo rural.
5 BASE DE CÁLCULO, IMUNIDADE E ISENÇÃO NO IMPOSTO SOBRE A
PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR)

O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) possui particularidades


relacionadas à sua base de cálculo, às imunidades e às isenções, elementos que
influenciam diretamente na forma como o imposto é determinado e nas situações em
que pode haver dispensa ou não do seu pagamento.

5.1 Base de Cálculo do ITR

A base de cálculo do ITR é o valor da terra nua, ou seja, “o valor da propriedade


rural desconsiderando as benfeitorias” (AMARO, 2019, p. 9). Esse valor é determinado
com base em critérios estabelecidos pela legislação tributária e pode variar de acordo
com a localização, o tamanho da propriedade e seu grau de utilização.

5.2 Imunidade no ITR

A imunidade no ITR se refere a situações em que determinadas propriedades


rurais estão isentas do pagamento do imposto. “Geralmente, são imunes ao ITR as
terras pertencentes a entidades beneficentes de assistência social, educacional, de
saúde, entre outras,” (AMARO, 2019, p. 12), desde que atendam aos requisitos
estabelecidos pela legislação.

5.3 Isenção no ITR

As isenções no ITR são concedidas mediante determinadas condições ou


circunstâncias específicas, e implicam na dispensa do pagamento do imposto. “Por
exemplo, propriedades rurais de pequeno valor podem ser isentas do ITR” (MACHADO,
2017, p.32), assim como áreas de preservação ambiental ou terras ocupadas por
comunidades remanescentes de quilombos.

6 CONCLUSÃO

Com o presente trabalho, conclui-se que a competência tributária para a


instituição do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é atribuída à União Federal,
conforme disposição constitucional. Essa competência, embasada em fundamentos
constitucionais e em razões de ordem prática, possibilita a implementação de políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento rural sustentável e para a preservação
ambiental, além de promover a harmonização tributária em âmbito nacional.
No entanto, é importante ressaltar que a participação dos Estados e Municípios
na arrecadação do ITR contribui para a descentralização fiscal e para o fortalecimento
da autonomia dos entes federativos.
O entendimento do papel do contribuinte, das alíquotas e da progressividade no
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é essencial para uma análise
completa e adequada desse tributo. A compreensão desses elementos permite uma
avaliação mais precisa do impacto do imposto sobre os proprietários de imóveis rurais e
sua relevância para o desenvolvimento socioeconômico do meio rural.
Por fim, a compreensão da base de cálculo, das imunidades e das isenções no
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é fundamental para uma análise
abrangente desse tributo. Ao considerar esses aspectos, é possível avaliar o impacto do
imposto sobre os proprietários de imóveis rurais, identificar situações em que o
pagamento do imposto pode ser dispensado e entender a importância do ITR para o
ordenamento do uso da terra e o desenvolvimento rural sustentável.

REFERÊNCIAS

AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 28ª ed. São Paulo: Saraiva. 2019.

BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília: Congresso Nacional. Disponível em


www.planalto.gov.br. Acesso em 20 de março de 2024.

_______ Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. Assembleia Nacional


Constituinte, 05 de outubro de 1988. Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em 21
de março de 2024.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 35ª ed. São Paulo: Saraiva.
2020.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 37ª edição. São Paulo
Malheiros, 2017.

NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário. 24ª ed. São Paulo: Saraiva,
2015.

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