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IMPLEMENTAÇÃO
DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
Guilherme Corrêa
Gonçalves
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-194-5
CDU 304
Introdução
O assunto tributação gera inúmeras controvérsias, pois é por meio dela
que o Estado retira recursos para se manter e executar suas funções. Por
outro lado, para os cidadãos e as organizações, os tributos representam
um custo ou uma despesa presente na quase totalidade das suas ativi-
dades diárias. Dessa forma, os tributos ocupam lugar central nos campos
político, econômico e social.
Essa presença, na vida dos cidadãos e das organizações e como
um elemento incontornável do Estado, mobiliza interesses e reações
das mais diversas. No caso do Brasil, o sistema tributário estabelecido
pela Constituição Federal (CF), de 1988 (BRASIL, 1988), mostrou os seus
problemas e limites e começou a ser fortemente contestado, espe-
cialmente a partir da primeira metade dos anos de 1990, quando a
tributação passou a ser a principal fonte de controle da inflação e de
equilíbrio do orçamento. Contudo, os resultados da utilização da tribu-
tação como um instrumento de estruturação da economia ensejaram
pedidos e reivindicações de diferentes atores, ao mesmo tempo em
que prosseguiam com as reformas estruturais do Estado, os diferentes
184 Tributação sobre patrimônio e renda
Um cidadão tem dois empregos (um técnico que dá aulas à noite, por exemplo) e
recebe R$ 3.000,00 pelo primeiro e R$ 1.000,00 pelo segundo, supondo-se a não
existência de impostos. Já no caso de uma alíquota de imposto de renda de 20%
sobre os rendimentos iguais ou maiores do que R$ 3.000,00 mensais e de 30% sobre
os rendimentos iguais ou maiores do que R$ 4.000,00, teríamos o seguinte:
Quer dizer, o mesmo cidadão levaria para casa, R$ 2.800,00 pelos dois empregos.
Nesse caso, se não houvesse o imposto, a troca da atividade remunerada por uma
de lazer lhe custaria muito caro, já que teria de abrir mão de R$ 1.000,00 de renda. Já
com a incidência do imposto, seu lazer lhe custaria menos, pois a renda de que teria
de abrir mão seria de apenas R$ 400,00. Assim, após o imposto, haveria um incentivo
a trabalhar-se menos e adquirir mais lazer.
Fonte: Adaptado de Lima (1999).
Suponha que em um determinado município, que não cobra imposto sobre a pro-
priedade, os proprietários conseguem extrair um rendimento líquido de 10% ao
ano. Assim, um imóvel de R$ 100 mil, alugado por R$ 10 mil anuais, tem uma taxa
de retorno de 10%. O governo estabelece um tributo sobre a propriedade de 2% ao
ano (R$ 2.000,00). Se o preço não se alterasse, o retorno líquido dessa propriedade
seria de 8%. O efeito capitalização ocorreria porque o mercado equalizaria a taxa de
retorno, ao fazer o preço do imóvel cair até o ponto em que a taxa de retorno fosse
de 10%. Com a nova rentabilidade, muitos investidores preferirão adquirir imóveis
em municípios com menores alíquotas, o que diminuirá, em longo prazo, a oferta de
imóveis no município com alíquota mais alta. Além disso, a propriedade imóvel pode
ser substituída por outros ativos de investimentos. Assim, em longo prazo, cai a oferta
de imóveis (LIMA, 1999).
Figura 2. Relação entre o valor dos bens por faixa de declaração e a média patrimonial
total declarada.
Fonte: Avila e Conceição (2016).