Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autor:
Eduardo Da Rocha
01 de Abril de 2023
Sumário
1 - Introdução ................................................................................................................................................. 3
Gabarito ........................................................................................................................................................... 30
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
INTRODUÇÃO
Olá, pessoal! Tudo bem?
Temos hoje um tema extremamente recente: a LC 192/2022, que define os combustíveis sobre os quais
incidirá uma única vez o ICMS.
Vamos nessa!
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
1 - Introdução
De acordo com a Constituição Federal, cabe aos Estados e ao Distrito Federal instituir o famoso ICMS,
mediante lei estadual e respeitando norma geral (lei complementar 87/96).
Apesar disso, não concedeu a Carta Magna uma carta branca ao poder de tributar, elencando em diversos
dispositivos limitações quando ao poder concedido.
Nesse contexto, retirou do campo de incidência do imposto algumas operações, dentre elas as operações
com jornais, livros e periódicos e o papel destinado à sua impressão, na chamada imunidade cultural.
Outra limitação, objeto do nosso estudo, se refere às saídas interestaduais com petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica.
É notável que, com essas alíquotas interestaduais, instituídas através das Resoluções do Senado Federal
22/89 e 13/2012, pretende-se repartir o ICMS de forma desigual, favorecendo os Estados mais fracos
economicamente.
Isso ocorre pois quanto menos se onera a saída interestadual, menos ICMS para o Estado de origem e mais
ICMS para o Estado de destino.
Imagine uma operação interestadual de mercadoria nacional para revenda cujo remetente esteja em Minas
Gerais e o destinatário em Pernambuco. O Estado mineiro absorve apenas 7% de carga tributária, enquanto
o restante (débito na futura saída menos o ICMS da entrada com direito a crédito) fica com o Estado de
Pernambuco. Repare dois exemplos e compare.
Exemplo 1 da LC 192) Contribuinte remete R$ 1.000 em mercadorias para contribuinte pernambucano, que
revenda internamente sob alíquota interna de 18% por R$ 2.000.
Débito na venda em operação interna pelo contribuinte pernambucano = R$ 18% x R$ 2.000 = R$ 360
ICMS a recolher para o Estado de Pernambuco = Débito da venda - Crédito da compra = R$ 360 - R$ 70 = R$
290.
Perceba que Pernambuco ficou com R$ 290 a título de ICMS e Minas com R$ 70.
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Exemplo 2 da LC 192) Contribuinte remete R$ 1.000 em mercadorias para contribuinte pernambucano, que
revenda internamente sob alíquota interna de 18% por R$ 2.000.
Débito na venda em operação interna pelo contribuinte pernambucano = R$ 18% x R$ 2.000 = R$ 360
ICMS a recolher para o Estado de Pernambuco = Débito da venda - Crédito da compra = R$ 360 - R$ 120 = R$
240.
Veja que Pernambuco ficou com R$ 240 a título de ICMS e Minas com R$ 120. Se comparamos com o exemplo
anterior, vemos que Pernambuco perde arrecadação.
No caso específico de saídas interestaduais com petróleo e energia elétrica, a Constituição foi além: retirou
a competência dos Estados para cobrar o ICMS na saída interestadual, deixando o Estado de origem não com
uma alíquota mais branda, mais sem qualquer ICMS, privilegiando o Estado adquirente. Vejamos:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
X - não incidirá:
Percebe-se então um tratamento diferenciado para essas mercadorias, privilegiando o Estado de destino.
Isso se deve ao fato de que pouco Estados possuem capacidade de geração de energia em grande escala e
produção de petróleo. Como se trata de bens considerados nacionais, da União, entendeu a CF/88 que os
Estados produtores não poderiam se beneficiar de suas posições geográficas em detrimento de outros
Estados não tão abastados quanto à produção dessas mercadorias.
Desta forma, uma saída de gasolina de São Paulo para ser consumida em Minas Gerais tem todo o seu ICMS
recolhido para o Estado de Minas Gerais.
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
2 – A Monofasia Constitucional
A CF/88 atribuiu à lei complementar a definição de quais combustíveis e lubrificantes terão a incidência
apenas uma vez em toda a cadeia. Vejamos:
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez,
qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso
X, b;
Diferentemente da tributação habitual do ICMS, que incide em todas as etapas da cadeia abatendo-se como
crédito o ICMS cobrado nas operações anteriores, na monofasia não há creditamento. Isso ocorre pois o
ICMS só incidirá em uma única etapa da cadeia, tornando as demais fases hipóteses de não incidência do
imposto. Por essa razão, não se aplica a não incidência específica na saída interestadual do inciso X, b. É a lei
complementar que irá definir quando ocorrerá a incidência do imposto e, consequentemente, as não
incidências.
A incidência monofásica não só facilita a fiscalização tributária, como também permitirá a contenção da
sonegação, com possível aumento da arrecadação. Temos uma simplificação tributária, que contribui para
uma maior transparência.
Em que pese a incidência e a arrecadação concentrada em apenas uma etapa da cadeia, tratou a CF/88 de
definir a distribuição do valor arrecadado, ora só para a origem, ora para o destino somente e ora repartido.
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e
lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será
repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma
proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias;
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e
combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o
imposto caberá ao Estado de origem;
A própria CF/88, como já afirmado, tratou de definir a repartição do ICMS caso fosse instituída a lei
complementar definindo a monofasia dos combustíveis e lubrificantes.
Quando o imposto for recolhido de maneira monofásica sobre lubrificantes e combustíveis derivados do
petróleo será devido ao Estado onde correr o consumo, mantendo-se a mesma distribuição anterior à
monofasia, quando tínhamos a não incidência em operações interestaduais.
Quando não se tratar de combustíveis e lubrificantes derivados do petróleo, a repartição será feita de
maneira diferente a depender se o destinatário for contribuinte ou não do ICMS. Sendo não contribuinte, o
ICMS ficará todo com o Estado de origem. Sendo contribuinte, a repartição será a mesma que para qualquer
mercadoria, com alíquota interestadual para a origem e a diferença de alíquotas para o destino.
Repare que em qualquer caso não importa em que etapa da cadeia irá incidir o ICMS; aquele que for
responsável pelo recolhimento deverá entregar o ICMS ao Estado de origem ou destino conforme determina
o art. 155, § 4º, independentemente de estar localizado em um ou em outro.
Chama atenção o fato de o inciso III, § 4º, não ter sido atualizado com a EC 87/15. Relembre que após essa
emenda não se tem mais a cobrança de alíquota interna cheia para a origem quando o destinatário for não
contribuinte, como era antigamente. Entendo ter sido um lapso do legislador, mas que deve ser respeitada
a forma como se encontra positivado, ou seja, ICMS todo para a origem quando o destinatário for não
contribuinte em operação interestadual com combustíveis e lubrificantes não derivados do petróleo.
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
III, b.
Rotineiramente, os Estados e o Distrito Federal, até a edição da LC 192/2022, definiam suas alíquotas de
ICMS a seu bel prazer. Entretanto, caso se instituísse o ICMS monofásico, a CF/88 já obrigava que as alíquotas
6
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
fossem uniformes em todo o território nacional por produto. Para que a definição seja uniforme, tínhamos
a possibilidade de instituição de alíquotas pelo Senado, pela Câmara ou pelo CONFAZ.
Caso se optasse pela Câmara, alguns Estados teriam peso maior na votação, não sendo uma votação
paritária. No Senado, teríamos uma possibilidade de todos os Estados possuírem o mesmo peso na votação,
mas a desvantagem de ser um processo mais demorado se comparado a uma reunião do CONFAZ (Conselho
Nacional de Política Fazendária), que também conta com paridade de representantes dos Estados/DF. Desta
forma, optou-se por essa última opção, obrigando que o CONFAZ defina as alíquotas do ICMS monofásico.
Importante frisar que essas alíquotas podem ser diferenciadas por produto. Assim, a alíquota da gasolina
pode ser uma e a do diesel outra, desde que seja a mesma para todos os Estados/DF.
Ainda em relação às alíquotas, a CF/88 permitiu que essas alíquotas fossem ad rem (específica) ou ad
valorem.
A alíquota ad valorem é a mais conhecida, que incide em percentual sobre a base de cálculo (exemplo: 18%).
Já a ad rem ou específica, é aquela que não varia sobre o preço em um valor percentual. A tributação se dá
por unidade de medida (exemplo: R$ 1 de ICMS por litro ou R$ 0,50 por cm3). Nesse caso o valor do
combustível por subir ou descer o quanto for, que o ICMS permanece inalterado.
Repare que a Constituição autorizou as duas formas acima. Não confunda com a decisão da LC 192/22 que
veremos adiante, que optou, usando a possibilidade atribuída pela CF, por utilizar a alíquota ad rem.
Por fim, definiu ainda a Carta Magna que a redução ou reestabelecimento da alíquota para o ICMS
monofásico pode ser feita sem necessidade de obediência ao princípio da anterioridade anual, respeitando-
se apenas o princípio da noventa, que determina que o tributo só poderá ser cobrado após o
reestabelecimento de alíquota após 90 dias.
Mesmo após longos anos de ócio sem edição da lei complementar definindo a monofasia (desde 2001), havia
quem defendesse que a lei complementar 87/96 (Lei Kandir) cumpria esse papel, instituindo o ICMS
monofásico.
Com a edição da lei 192/2022, em 11/03, esse pensamento não pode mais ser defendido, uma vez que tal
lei claramente cria o regime de monofasia para combustíveis, lei essa que passamos a estudar.
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Depois de anos de espera, em meio à guerra e crescente alta do preço de combustíveis, sancionou-se em
tempo recorde a LC 192/2022, que instituiu a monofasia para determinados combustíveis. Vejamos:
Art. 1º Esta Lei Complementar define, nos termos da alínea h do inciso XII do § 2º do art.
155 da Constituição Federal, os combustíveis sobre os quais incidirá uma única vez o
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), ainda que
as operações se iniciem no exterior.
Art. 2º Os combustíveis sobre os quais incidirá uma única vez o ICMS, qualquer que seja
sua finalidade, são os seguintes:
II - diesel e biodiesel; e
Interessante notar que embora a CF/88 possibilite a monofasia para lubrificantes e combustíveis, a LC
192/2022 não contemplou os lubrificantes.
Como dito, no momento da publicação da lei o cenário político e econômico não era dos mais favoráveis.
Preferiu-se então tenta conter o preço dos combustíveis através da monofasia, mas para acelerar o processo
de aprovação nas casas do Congresso evitou-se o aumento da discussão para a inclusão dos lubrificantes. O
que urgia era diminuir o preço dos combustíveis e os lubrificantes, assim como o Querosene de Aviação
(QAV) e outros combustíveis, ficaram de fora.
gasolina
biodiesel
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
III - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com combustíveis não incluídos no
inciso II deste caput, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino,
mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais
mercadorias;
IV - nas operações interestaduais com combustíveis não incluídos no inciso II deste caput,
destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem;
Repetindo o mandamento constitucional, a LC 192/2022 afirmou que nos casos de ICMS monofásico não
haverá a não incidência na saída interestadual. Isso porque o ICMS incidirá uma única vez em toda a cadeia
e essa incidência pode ser na saída interestadual, desde que respeitadas as regras de repartição do imposto
entre origem e destino. Tal repartição, conforme mostrado acima, é a mesma trazida pela própria CF/88 e já
apresentada nesta aula.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
a) serão uniformes em todo o território nacional e poderão ser diferenciadas por produto;
b) serão específicas (ad rem), por unidade de medida adotada, nos termos do § 4º do art.
155 da Constituição Federal; e
Uma das grandes novidades de lei 192/2022 foi a definição da utilização de alíquotas ad rem para os
combustíveis sujeitos à monofasia. Perceba que enquanto a CF/88 permitiu que as alíquotas fossem ad
valorem ou ad rem, a lei bateu o martelo para alíquotas ad rem, por unidade de medida.
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
de R$ 1,00 por litro, baixou para R$ 0,50, se os Estados quiserem voltar para R$ 1,00 não precisarão obedecer
a anterioridade anual, mas somente a noventena.
A uniformidade também evitará distorções. Analisando o eixo Rio-SP, encontrávamos um abismo entre a
alíquota interna de etanol. Enquanto em São Paulo a alíquota era de 13%, o Rio de Janeiro mantinha a
alíquota em patamar muito superior: 34%. Diante desse cenário, transparente era a possibilidade de larga
evasão fiscal, em possíveis emissões de notas em São Paulo para comercialização da mercadoria no Rio de
janeiro, trazendo consequências nocivas aos cofres públicos e consequentemente à coisa pública.
Art. 6º. § 4º Na definição das alíquotas, nos termos do inciso V do caput do art. 3º desta Lei
Complementar, deverá ser previsto um intervalo mínimo de 12 (doze) meses entre a
primeira fixação e o primeiro reajuste dessas alíquotas, e de 6 (seis) meses para os
reajustes subsequentes, observado o disposto na alínea c do inciso III do caput do art. 150
da Constituição Federal.
§ 5º Na definição das alíquotas, nos termos do inciso V do caput do art. 3º desta Lei
Complementar, os Estados e o Distrito Federal observarão as estimativas de evolução do
preço dos combustíveis de modo que não haja ampliação do peso proporcional do tributo
na formação do preço final ao consumidor.
Com o intuito de evitar sucessivas revisões das alíquotas estabelecidas pelo CONFAZ, a LC estipulou prazos
mínimos para os reajustes de alíquotas.
Em um primeiro momento, após a primeira definição da alíquota ad rem, haverá um congelamento por 12
meses. Após o primeiro reajuste, as alíquotas não podem ser alteradas antes de 6 meses da última alteração,
devendo ser observada a noventena para esses reajustes.
O § 5º, ao tentar inovar, me parece pouco útil ao exigir que as alíquotas estabelecidas no CONFAZ observem
estimativas de preços futuros dos combustíveis monofásicos com o intuito de estabelecer alíquotas que
observem a proporcionalidade na formação do preço.
Ora, a primeira crítica se refere ao uso da proporcionalidade em um tributo ad rem. Se o ICMS custa R$ 1 por
litro e o litro custa R$ 5, então o ICMS representa 20%. Quando o preço subir para R$ 10, R$ 1 de ICMS
representará 10%, mas o preço baixar para R$ 2 o litro, o ICMS de R$ 1 representará 50%! Para manter a
proporcionalidade se faz necessário adotar novamente alíquotas ad valorem.
A segunda crítica se refere à dificuldade de previsão de preços futuros, uma vez que se trata de mercadorias
totalmente voláteis.
Art. 4º São contribuintes do ICMS incidente nos termos desta Lei Complementar o
produtor e aqueles que lhe sejam equiparados e o importador dos combustíveis.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo alcança inclusive as pessoas que
produzem combustíveis de forma residual, os formuladores de combustíveis por meio de
mistura mecânica, as centrais petroquímicas e as bases das refinarias de petróleo.
10
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Art. 5º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS incidente nos termos desta Lei
Complementar no momento:
§ 1º Serão admitidas:
O produtor do combustível, ainda que de forma residual (produza outras mercadorias) foi eleito como
contribuinte do ICMS monofásico, sendo o momento da ocorrência do fato gerador a saída do seu
estabelecimento. Permite-se ainda, através do CONFAZ, que os Estados equiparem outros contribuintes a
produtores, tornando-os assim contribuintes do ICMS monofásico.
Na importação, devido às suas características, o contribuinte não pode ser o vendedor em outro país, sob
pena de extraterritorialidade. Desta forma, o importador, assim como nos casos de importações de demais
mercadorias, será contribuinte do ICMS monofásico, considerando-se o desembaraço aduaneiro o momento
da ocorrência do fato gerador.
Por último, a LC 192/2022 também permitiu que o CONFAZ atribua a contribuinte do ICMS ou a depositário
a responsabilidade pelo recolhimento do ICMS.
Art. 6º. § 2º Os incentivos fiscais sobre as operações com os combustíveis referidos no art.
2º desta Lei Complementar, inclusive aquelas não tributadas ou isentas do imposto, serão
concedidos nos termos da Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, obedecidos
os demais ditames constitucionais e legais.
Tal como qualquer concessão de qualquer benefício fiscal de ICMS, os benefícios fiscais relacionados ao ICMS
monofásico deverão obedecer ao rito da LC 24/75, ou seja, devem ser aprovados por unanimidade dos
Estados e cumprir com demais exigências previstas na referida LC.
11
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Alguns Estados perderão arrecadação e outros poderão ver sua arrecadação aumentada com o mecanismo
instituído pela LC 192/2022. Para que haja compensação de perdas e ganhos entre os Estados, será criada
pelo CONFAZ formas de compensação.
O art. 7º simplesmente definiu uma base de cálculo temporária para a ST do diesel, sendo a média móvel
dos últimos 60 meses do PMPF (preço médio praticado ao consumidor final).
12
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
A Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu art. 14, impõe uma série de medidas para a renúncia de receita,
como por exemplo a adoção de medidas de compensação.
Tais medidas devem ser ignoradas, ou seja, não precisam ser respeitadas no ano de 2022, no que tange à
redução de arrecadação decorrente da LC 192/2022 dos seguintes tributos incidentes sobre biodiesel, óleo
diesel, querosene de aviação, gás liquefeito de petróleo, derivado de petróleo e de gás natural, gasolina,
exceto de aviação, álcool, inclusive para fins carburantes, e gás natural veicular: ICMS, CIDE-combustíveis,
PIS/COFINS e PASEP.
Nesta toada, o Governo Federal reduziu a zero, até o fim de 2022, a alíquota de PIS/PASEP/COFINS nas
operações com combustíveis, ainda que importados (PIS/PASEP-importação e COFINS-importação).
13
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
dezembro de 2003, e no § 3º do art. 6º, combinado com o inciso III do caput do art. 15
dessa mesma Lei;
Art. 9º-B Até 31 de dezembro de 2022, ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas das
contribuições de que tratam o caput e o § 1º do art. 9º desta Lei Complementar incidentes
14
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Acima temos diversos dispositivos pouco relevantes para o nosso estudo, pois dizem respeito à tributação
federal, como por exemplo a concessão de créditos presumidos de PIS/COFINS.
Um abraço,
Eduardo da Rocha
15
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
QUESTÕES COMENTADAS
01. (Inédita) A lei complementar 192/2022 definiu os combustíveis sobre os quais o ICMS incide uma única
vez. Não está sob a égide da referida LC:
a) gasolina.
d) querosene de aviação.
e) biodiesel.
Comentários:
Art. 2º Os combustíveis sobre os quais incidirá uma única vez o ICMS, qualquer que seja
sua finalidade, são os seguintes:
II - diesel e biodiesel; e
Gabarito: Letra D.
02. (Inédita) A lei complementar 192/2022 definiu situações sobre as quais o ICMS incide uma única vez.
Não está sob a égide da referida LC:
16
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
a) diesel.
b) biodiesel.
c) lubrificantes.
Comentários:
É preciso memorizar esses dois itens que não estão enquadrados na LC 192/2022: lubrificantes e QAV! Vai
cair na sua prova!
Art. 2º Os combustíveis sobre os quais incidirá uma única vez o ICMS, qualquer que seja
sua finalidade, são os seguintes:
II - diesel e biodiesel; e
Gabarito: Letra C.
03. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
I. Para os combustíveis sob regime do ICMS monofásico, não haverá incidência do imposto nas saídas
interestaduais.
II. Nas operações com os combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado remetente.
III. Nas operações interestaduais, entre contribuintes, com combustíveis não derivados do petróleo, o
imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade
que ocorre nas operações com as demais mercadorias.
IV. Nas operações interestaduais com combustíveis não derivados do petróleo, destinadas a não
contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem.
a) I.
17
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
b) I e II.
c) III.
d) III e IV.
e) IV.
Comentários:
(I) Falso. Caso se aplique o ICMS monofásico, não se aplica a não incidência nas saídas interestaduais.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
(II) Falso. O imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo e não ao Estado de origem.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
(III) Verdadeiro. Quando a operação interestadual se der entre contribuintes com combustíveis não
derivados do petróleo, reparte-se o ICMS entre a origem e o destino.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
III - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com combustíveis não incluídos no
inciso II deste caput, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino,
mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais
mercadorias;
(IV) Verdadeiro.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
18
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
IV - nas operações interestaduais com combustíveis não incluídos no inciso II deste caput,
destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem;
Gabarito: Letra D.
04. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
II. As alíquotas do ICMS monofásico serão uniformes em todo o território nacional, não podendo ser
diferenciadas por produto.
a) I.
b) II.
c) III.
d) II e III.
Comentários:
(I) Falso. As alíquotas do ICMS monofásico são definidas pelo CONFAZ e não por Resolução do Senado.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
(...)
(II) Falso. De fato, as alíquotas serão uniformes em todo o Brasil, porém podem ser diferenciadas por produto.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
19
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
a) serão uniformes em todo o território nacional e poderão ser diferenciadas por produto;
(III) Falso. Segundo a CF/88, as alíquotas do ICMS monofásico podem ser ad rem (específicas) ou ad valorem.
De acordo com a LC 192/2022, as alíquotas do ICMS monofásico só poderão ser ad rem.
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
b) serão específicas (ad rem), por unidade de medida adotada, nos termos do § 4º do art.
155 da Constituição Federal; e
Gabarito: Letra E.
05. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, assinale a alternativa correta:
d) as alíquotas do ICMS podem ser reduzidas ou restabelecidas, sem necessidade de respeito aos princípios
da noventena e da anterioridade anual.
e) as alíquotas do ICMS podem ser reduzidas, mas não restabelecidas, sem necessidade de respeito aos
princípios da noventena e da anterioridade anual.
Comentários:
As alíquotas do ICMS podem ser reduzidas ou restabelecidas, devendo-se respeitar apenas o princípio da
noventena.
20
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Art. 3º Para a incidência do ICMS nos termos desta Lei Complementar, será observado o
seguinte:
Gabarito: Letra B.
==22dd0==
06. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, a alíquota de ICMS monofásico deve obedecer
a um prazo mínimo de _____ entre as alterações após o primeiro reajuste.
a) 6 meses.
b) 9 meses.
c) 12 meses.
d) 15 meses.
e) 24 meses.
Comentários:
Art. 6º. § 4º Na definição das alíquotas, nos termos do inciso V do caput do art. 3º desta Lei
Complementar, deverá ser previsto um intervalo mínimo de 12 (doze) meses entre a
primeira fixação e o primeiro reajuste dessas alíquotas, e de 6 (seis) meses para os
reajustes subsequentes, observado o disposto na alínea c do inciso III do caput do art. 150
da Constituição Federal.
Gabarito: Letra A.
07. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
21
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
I. São contribuintes do ICMS monofásico o produtor e aqueles que lhe sejam equiparados e o importador
dos combustíveis.
II. Considera-se momento da ocorrência do fato gerador a saída do produtor, quando em operação dentro
do Brasil e no desembaraço aduaneiro, quando de importação.
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
Comentários:
(I) Verdadeiro.
Art. 4º São contribuintes do ICMS incidente nos termos desta Lei Complementar o
produtor e aqueles que lhe sejam equiparados e o importador dos combustíveis.
(II) Verdadeiro.
Art. 5º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS incidente nos termos desta Lei
Complementar no momento:
(III) Falso. Tanto um contribuinte quando um depositário podem ser eleitos responsáveis pelo recolhimento
de fato gerador praticado por terceiros.
22
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
§ 1º Serão admitidas:
Gabarito: Letra C.
08. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
II. Serão instituídos mecanismos de compensação entre os entes federados, tais como câmara de
compensação ou outro instrumento mais adequado, com atribuições relativas aos recursos arrecadados
em decorrência da incidência do ICMS monofásico.
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
Comentários:
(I) Falso. Os incentivos fiscais de ICMS monofásico devem seguir o mesmo rito dos demais, ou seja, devem
ser aprovados por unanimidade no CONFAZ.
23
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Art. 6º. § 2º Os incentivos fiscais sobre as operações com os combustíveis referidos no art.
2º desta Lei Complementar, inclusive aquelas não tributadas ou isentas do imposto, serão
concedidos nos termos da Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, obedecidos
os demais ditames constitucionais e legais.
(II) Verdadeiro.
(III) Verdadeiro. Ainda que alguém não seja produtor, para fins de enquadramento como contribuinte,
permite-se a equiparação através do CONFAZ.
§ 1º Serão admitidas:
Gabarito: Letra D.
e) É contribuinte do ICMS.
24
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
Comentários:
Ainda que a empresa atue produzindo combustível por meio de mistura mecânica, será considerada
contribuinte do ICMS monofásico.
Art. 4º São contribuintes do ICMS incidente nos termos desta Lei Complementar o
produtor e aqueles que lhe sejam equiparados e o importador dos combustíveis.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo alcança inclusive as pessoas que
produzem combustíveis de forma residual, os formuladores de combustíveis por meio de
mistura mecânica, as centrais petroquímicas e as bases das refinarias de petróleo.
Gabarito: Letra E.
25
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
LISTA DE QUESTÕES
01. (Inédita) A lei complementar 192/2022 definiu os combustíveis sobre os quais o ICMS incide uma única
vez. Não está sob a égide da referida LC:
a) gasolina.
d) querosene de aviação.
e) biodiesel.
02. (Inédita) A lei complementar 192/2022 definiu situações sobre as quais o ICMS incide uma única vez.
Não está sob a égide da referida LC:
a) diesel.
b) biodiesel.
c) lubrificantes.
03. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
I. Para os combustíveis sob regime do ICMS monofásico, não haverá incidência do imposto nas saídas
interestaduais.
II. Nas operações com os combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado remetente.
III. Nas operações interestaduais, entre contribuintes, com combustíveis não derivados do petróleo, o
imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade
que ocorre nas operações com as demais mercadorias.
IV. Nas operações interestaduais com combustíveis não derivados do petróleo, destinadas a não
contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem.
26
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
a) I.
b) I e II.
c) III.
d) III e IV.
e) IV.
04. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
II. As alíquotas do ICMS monofásico serão uniformes em todo o território nacional, não podendo ser
diferenciadas por produto.
a) I.
b) II.
c) III.
d) II e III.
05. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, assinale a alternativa correta:
27
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
d) as alíquotas do ICMS podem ser reduzidas ou restabelecidas, sem necessidade de respeito aos princípios
da noventena e da anterioridade anual.
e) as alíquotas do ICMS podem ser reduzidas, mas não restabelecidas, sem necessidade de respeito aos
princípios da noventena e da anterioridade anual.
06. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, a alíquota de ICMS monofásico deve obedecer
a um prazo mínimo de _____ entre as alterações após o primeiro reajuste.
a) 6 meses.
b) 9 meses.
c) 12 meses.
d) 15 meses.
e) 24 meses.
07. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
I. São contribuintes do ICMS monofásico o produtor e aqueles que lhe sejam equiparados e o importador
dos combustíveis.
II. Considera-se momento da ocorrência do fato gerador a saída do produtor, quando em operação dentro
do Brasil e no desembaraço aduaneiro, quando de importação.
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
28
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
08. (Inédita) De acordo com a lei complementar 192/2022, julgue os itens abaixo e assinale a opção correta.
II. Serão instituídos mecanismos de compensação entre os entes federados, tais como câmara de
compensação ou outro instrumento mais adequado, com atribuições relativas aos recursos arrecadados
em decorrência da incidência do ICMS monofásico.
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
e) É contribuinte do ICMS.
29
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
GABARITO
1. D 4. E 7. C
2. C 5. B 8. D
3. D 6. A 9. E
30
SEFAZ-MT (Fiscal de Tributos Estaduais) Legislação Tributária Estadual - parte II - 2023 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br