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PHPêgas Página 1
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
OBJETIVO DA DISCIPLINA
Apresentar os tributos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL) e sobre a receita (PIS e
COFINS), demonstrando sua aplicação prática, o controle nas atividades empresariais,
forma de cálculo e o entendimento da lógica de funcionamento, além das alternativas
viáveis de planejamento tributário para redução da carga tributária das empresas.
METODOLOGIA
As aulas serão ministradas em 5 (cinco) encontros aos sábados no horário das 8 às 17h
nos dias 17, 24 e 31/08; 14 e 21/09/2019, com aulas expositivas e práticas e
apresentação de exercícios. Na última aula será realizada a avalição.
Paulo Roberto dos Santos Mercedes é Contador com especialização na área tributária.
Trabalha há 30 anos no mercado nas áreas contábil e fiscal. Atualmente é sócio
proprietário do Escritório Contábil Valor, voltado para a consultoria e a assessoria
tributária, sediado no Rio de Janeiro e do Curso Valor, curso preparatório para concursos
voltados para a classe contábil, além de lecionar a disciplina Contabilidade Tributária em
cursos de Pós-Graduação nas seguintes instituições: Mackenzie/RJ, UFF, UCAM/RJ e SC,
UniFOA e IPEC-RJ.
SUMÁRIO DA APOSTILA
PARTE 1: CONHECIMENTOS BÁSICOS DE TRIBUTOS ...................................... Pág. 02
PARTE 2: PIS/PASEP E COFINS.................................................................... Pág. 10
PARTE 3: IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS E CSLL ..................... Pág. 18
PARTE 4: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE ......................................... Pág. 29
PARTE 5: SPED - SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL .................... Pág. 32
DEFINIÇÕES
TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (Art.3º da Lei nº 5.172/66 –
CTN).
IMPOSTO é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica, relativa aos contribuintes. É NÃO-VINCULADO.
TAXAS têm como fato gerador o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte, ou
posto à sua disposição. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao
imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. O termo poder de
polícia é utilizado no sentido do poder de limitar e disciplinar, por parte da administração
pública, atividades de interesses públicos, tais como: segurança, higiene, boa
ordem, costumes, disciplina da produção, do mercado, tranquilidade pública e respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. É UM TRIBUTO VINCULADO.
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA podem ser instituídas pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal e pelos Municípios, para fazer face ao custo de obras públicas de
que decorra valorização imobiliária para o contribuinte. Praticamente não é cobrada
nos dias atuais.
A Constituição autoriza a criação de tributos, mas eles são instituídos por lei. No caso
do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), houve a autorização da Constituição, mas
ele não foi criado por lei.
A União poderá instituir, ainda:
1. Mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
2. Na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Para alguns impostos e as taxas, que seguem as duas regras, deve ser aplicado o
prazo mais longo de entrada em vigor do aumento. A Lei Complementar n° 116,
publicada em 31 de julho de 2003, entrou em vigor em janeiro de 2004. Se tivesse
sido publicada no dia 30 de novembro do mesmo ano, seria aplicada a regra da
noventena, com o aumento na lista de serviços valendo apenas a partir do mês de
março de 2004. A tabela a seguir traz um resumo da aplicação do princípio da
anterioridade e da regra da noventena.
REGRAS PARA VALIDADE DE NORMATIVOS PROPONDO AUMENTOS EM TRIBUTOS
(SEJA POR AMPLIAÇÃO DE BASE OU AUMENTO DE ALÍQUOTAS)
ANUALIDADE E APENAS APENAS EM VIGOR
NONAGESILMAL ANUALIDADE NONAGESIMAL IMEDIATAMENTE
✓ Taxas ✓ IR ✓ IPI ✓ II e IE
✓ Contribuição de ✓ Base de ✓ CSL ✓ IOF
Melhoria Cálculo do ✓ COFINS ✓ Empréstimo
✓ ITBI e ITCD IPTU e IPVA ✓ CPMF Compulsório
✓ ICMS e ISS ✓ INSS
✓ IPTU e IPVA (exceto ✓ PIS/PASEP
B.Cálculo)
✓ ITR e IGF
✓ Contribuições, exceto
Seg.Social
Fonte: Gérson Stocco e Gustavo Damázio, sócios da Gaia, Silva, Gaede & Associados.
A medida provisória tem força de lei, desde sua publicação. A conversão em Lei deve
ser feita no prazo máximo de 120 dias, sendo 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias.
Se não houver conversão, a MP perde seus efeitos desde o início de sua publicação. Se
houver mudança substancial na conversão em lei, o prazo para fins de princípio da
anterioridade e noventena passa a ser a data da publicação da lei e não da MP.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 42/2001, a Constituição Federal passou a
prever que, ressalvados os impostos sobre comércio exterior, IPI e IOF, a medida
provisória que implique majoração de tributos só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se convertida em lei até o último dia útil do ano. Importante alertar
que essa regra vale apenas para os impostos, não sendo aplicada às demais espécies
tributárias, como as contribuições. Exemplos hipotéticos:
1. Alíquota do IR majorada na MP nº X, de 15/out/2007, convertida na Lei nº W, de
17/jan/2008. AUMENTO ENTRARÁ EM VIGOR EM JAN/2009.
2. Alíquota do IR majorada na MP nº X, de 15/out/2007, convertida na Lei nº W, de
17/dez/2007. AUMENTO ENTRARÁ EM VIGOR EM JAN/2008.
3. Alíquota da CSLL majorada na MP nº X, de 15/out/2007, convertida na Lei nº W, de
17/dez/2007. AUMENTO ENTRARÁ EM VIGOR EM FEV/2008. O mesmo ocorreria, se
a MP fosse convertida somente no dia 13/fev/2009, por exemplo, pois valeria a
data origina da medida provisória.
✓ Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; e
✓ Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
FATO GERADOR
É o que faz nascer a obrigação tributária, podendo esta obrigação ser principal ou
acessória. O Código Tributário Nacional define fato gerador, nos artigos 114 e 115:
“Artigo 114: Fato Gerador da obrigação principal é a situação definida em Lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência”.
“Artigo 115: Fato Gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal”.
Assim, a concretização do fato gerador pode fazer nascer uma obrigação principal, que
sempre será de natureza pecuniária, ou seja, pagar um tributo; ou obrigações
acessórias, que representam dever administrativo para o contribuinte, como por
exemplo, escrituração de livros fiscais, envio de declarações, etc.
No caso do IPTU, onde o locador repassa o encargo para o locatário pagar, o contribuinte
de fato e o responsável é o proprietário locador, que é o contribuinte de fato e também
o responsável perante o Fisco municipal. A relação jurídica entre o locador e o
locatário é assunto entre particulares, sem envolver o ente público, no caso o município.
BASE DE CÁLCULO
Normalmente, é o valor sobre o qual será aplicada a alíquota para apuração do valor
do tributo a pagar, devendo ser definida através de Lei Complementar. A base de
cálculo pode ser também uma unidade de medida, como acontece, por exemplo, com a
base de cálculo da COFINS no setor de bebidas, que é o litro vendido. Na Cide-
Combustíveis, por exemplo, a base de cálculo é obtida na venda de cada mil litros de
gasolina.
ALÍQUOTA
Normalmente é o percentual definido em Lei que, aplicado sobre a base de cálculo,
determina o valor do tributo que deve ser pago. As alíquotas podem ser cobradas de
duas formas:
✓ Em percentual (ad valorem), como ocorre na maioria das vezes. Exemplos:
alíquota da COFINS para empresas tributadas pelo lucro presumido, que é de 3%;
alíquota do ITBI no município do Rio de Janeiro, que é de 2%.
✓ Por valor fixo. Exemplos: A CIDE, que é cobrada na venda de gasolina sobre uma
quantidade vendida (m³), independentemente do valor da venda; e também para
alguns casos referentes ao PIS e a COFINS, como a venda de refrigerantes, que
pode ser cobrado sobre o litro vendido.
A alíquota pode ter ainda outra função importante de qualquer sistema tributário justo
que é a progressividade. No imposto de renda das pessoas jurídicas, por exemplo,
existem duas alíquotas vigentes: uma alíquota básica, aplicada a todas as empresas
(15%); e outra, que é uma alíquota adicional de 10%, cobrada apenas daquelas
empresas que apresentam base de cálculo (lucro real, presumido ou arbitrado)
superior a R$ 20 mil/mês.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Obrigação significa a relação jurídica que se estabelece entre um sujeito ativo
(Credor), que pode exigir de um sujeito passivo (Devedor) uma prestação de caráter
patrimonial (Objeto), em virtude de uma causa que pode ser a vontade da parte ou a
vontade da lei.
Quando a obrigação surge por vontade das partes, trata-se de tema relativo ao direito
privado e lá deverá ser tratado.
Já a obrigação tributária tem com causa a lei e nasce com o fato gerador, que estabelece
uma relação jurídica que vincula o sujeito ativo (ESTADO), que pode exigir do sujeito
passivo (Particular) uma prestação patrimonial (dinheiro) em virtude da vontade da lei
que instituiu o tributo.
A venda de um imóvel do contribuinte X para o contribuinte Z é uma operação entre
particulares, que deve ser tratada e regida pelo direito privado. Contudo, esta
operação poderá gerar diferentes obrigações de direito público. Por exemplo:
1. Fato Gerador do ITBI pela transferência da propriedade do imóvel. Sujeito Ativo é o
município de domicílio do imóvel e o sujeito passivo é o contribuinte Z;
2. Fato Gerador do IPTU, que na próxima cobrança será do contribuinte Z e não mais
do contribuinte X;
3. Fato Gerador do IR sobre o ganho de capital, se houver, na operação de venda do
imóvel do contribuinte X para o contribuinte Z.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O direito que o sujeito ativo (ESTADO) tem de exigir o pagamento de determinada
quantia do sujeito passivo (CONTRIBUINTE) a título de TRIBUTO tem o nome de
CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
O crédito tributário surge da ocorrência do fato gerador descrito em lei tributária ou
norma. Para que o Estado possa exigir o crédito tributário, é necessário que ocorra o
fato gerador, e que o Estado individualize e quantifique o valor a ser pago, com o
lançamento.
Para que seja possível a cobrança do crédito tributário, é necessária a comprovação de
sua existência. Teoricamente, o credor deve possuir provas da existência de seu
direito, que se faz por meio de um título ou documento.
A documentação da existência da dívida tributária é feita por um ato administrativo
denominado LANÇAMENTO.
O ato declaratório é um ato administrativo cuja prática declara a existência de uma
relação jurídica entre o ESTADO e um particular. Devido suas características específicas,
entende-se que o lançamento foi efetuado de acordo com a lei e o que
nele consta pode ser exigido pela administração pública. Mas, como todo ato
administrativo, o lançamento pode ser contestado e, conseqüentemente, alterado, por
impugnação do sujeito passivo ou recurso de ofício.
MODALIDADES DO LANÇAMENTO
O ato administrativo de lançamento pode ser efetuado sob três formas ou
modalidades:
DIREITO OU OFÍCIO – ocorre quando a administração pública inicia procedimento no
qual apura a ocorrência do fato gerador, calcula o montante do tributo e notifica o
sujeito passivo (Contribuinte ou o responsável)
POR DECLARAÇÃO – Ocorre quando o contribuinte ou responsável presta informações
para que a autoridade administrativa aplique a legislação tributária, calculando o valor
do tributo devido e notificando o contribuinte.
POR HOMOLOGAÇÃO – Quando o contribuinte realiza os procedimentos da modalidade
POR DECLARAÇÂO e a administração pública confirma o lançamento efetuado. Pode
ser de duas formas: EXPRESSA, por exemplo, quando a SRF efetua a restituição do IR
para a pessoa física; ou TÁCITA, que ocorre quando há prescrição. Por exemplo, a
homologação da declaração de IR de uma pessoa física pode ser homologada quando
completar cinco anos sem manifestação por parte da autoridade fazendária.
2. COMPENSAÇÃO
3. TRANSAÇÃO - Por exemplo, o fato da lei facultar ao sujeito passivo efetuar o
pagamento da multa com 50% de desconto, desistindo, no caso, da defesa.
4. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – Representa o perecimento do direito por não ter
sido exercitado dentro de determinado prazo.
5. CONVERSÃO DE DEPÓSITO EM RENDA
6. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO
7. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO
8. DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL
REPETIÇÃO DE INDÉBITO
Repetição do indébito é a terminologia utilizada em direito para denominar a
restituição de valor de tributo pago indevidamente ou a maior.
Etimologicamente, "indébito" é o mesmo que "não-débito", ou "crédito". "Indébito", na
verdade, é o crédito que o contribuinte possui contra o ente tributante. A terminologia
é utilizada porque, no direito tributário, a terminologia "crédito" é utilizada para designar
o "crédito tributário", que é o crédito do fisco contra o contribuinte. Dessa forma, a
utilização do termo "indébito" evita confusões terminológicas decorrentes das
polissemias do termo "crédito".
Assim, a lógica para cálculo de PIS e COFINS é a seguinte: ou se inclui o total de receitas,
excluindo posteriormente as descritas; ou então, considerar na base apenas as receitas alcançadas
por PIS e COFINS.
Importante demais, na Prova da Petrobras, fixar cada item do quadro acima, pois a banca tende a
cobrar cálculo das contribuições, incluindo receitas que entram e não entram na base.
DICA: A receita c/ ganho obtido na venda de qualquer bem do (antigo) ativo permanente:
➢ É TRIBUTADA NO IR+CSLL, seja no Lucro Real, Presumido ou Arbitrado.
➢ NÃO É TRIBUTADA POR PIS E COFINS.
RECEITAS FINANCEIRAS
O Decreto nº 8.426/15 restabeleceu a incidência de PIS/PASEP e COFINS sobre as receitas financeiras
auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa.
A Lei nº 10.865/04, que instituiu incidência do PIS+COFINS na importação, autorizou o Poder Executivo
a reduzir e restabelecer as alíquotas das mencionadas contribuições incidentes sobre as receitas financeiras
auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de não cumulatividade.
UFF – Contabilidade Tributária - Apostila Teórica – Prof. PHPêgas - 2019
Proibida utilização em outros cursos sem autorização expressa do Prof. PHPêgas Página 12
Com a mencionada autorização legal, o Decreto nº 5.164/04 reduziu a zero as alíquotas das citadas
contribuições incidentes sobre as receitas financeiras, exceto as oriundas de juros sobre capital próprio e
as decorrentes de operações de hedge. Posteriormente, o Decreto nº 5.442/05 revogou o Decreto anterior
e deu nova redação para estabelecer que a redução a zero das alíquotas destas contribuições aplicava-se
sobre receitas financeiras auferidas por pessoas jurídicas que tinham pelo menos parte de suas receitas
sujeitas ao regime de apuração não cumulativa das referidas contribuições e estabeleceu que a redução
também se aplicava às operações realizadas para fins de hedge, mantendo a tributação sobre os juros sobre
o capital próprio (9,25%). A RFB diz que a lógica da redução de alíquotas surgiu em contrapartida à
extinção da possibilidade de apuração de créditos em relação às despesas financeiras decorrentes de
empréstimos e financiamentos.
Para as empresas que apuram PIS/PASEP e COFINS sob o regime de apuração cumulativa, a Lei
nº 11.941/09 estabeleceu que a base de cálculo alcançaria apenas o faturamento (receita bruta), que
considera apenas receitas decorrentes da venda de bens e serviços.
Deste modo, explica a RFB que, para evitar abrir mão de importantes recursos para a seguridade social,
sem motivação plausível para tal renúncia e valendo-se da prerrogativa legal de restabelecer as alíquotas
citadas para as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa, concedida ao Poder
Executivo, o Decreto nº 8.426/15 estabeleceu o percentual de 4,65%, sendo 0,65% para o PIS/PASEP e
4% para a COFINS. O restabelecimento de alíquotas foi apenas parcial, já que o teto legal permite que a
elevação alcance o patamar de 9,25%, sendo 1,65% em relação ao PIS/PASEP e de 7,6% em relação à
COFINS.
Todavia, o Decreto nº 8.451/15 alterou o Decreto nº 8.426/15 e manteve alíquota zero para os seguintes
casos:
a) Variação monetária cambial decorrente de operações de exportação de bens e serviços para o exterior;
b) Variações monetárias cambiais nos empréstimos e financiamentos da empresa;
c) Receitas financeiras decorrentes de operações de cobertura (Hedge) destinadas exclusivamente a
proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas quando, cumulativamente, o objeto
do contrato negociado;
(1) estiver relacionado com as atividades operacionais da pessoa jurídica; e
(2) destinar-se à proteção de direitos ou obrigações da pessoa jurídica.
Portanto, está mantida, em essência, a tributação instituída pelo poder executivo, para as receitas
financeiras a partir de JUL/15. Contudo, as variações positivas de moeda referente dívida e vendas ao
exterior não serão objeto de cobrança de PIS e COFINS.
Assim, serão tributadas pelas alíquotas de 0,65% (PIS/PASEP) e 4% (COFINS) as seguintes receitas
financeiras (lista não exaustiva):
1. Juros e variações monetárias (por índice ou moeda) de aplicações financeiras em fundos de
investimentos e CDBs, por exemplo;
2. Juros e variações monetárias (por índice ou moeda) decorrentes de empréstimos concedidos pela
empresa e oriundas de outros ativos recebidos em atraso;
3. Descontos condicionais obtidos, normalmente por antecipação de pagamento; e
4. Juros e variações monetárias (por índice ou moeda) cobrados em atrasos de pagamentos ou de entrega
de mercadorias por parte de fornecedores.
Importante relembrar que toda explicação feita aqui é exclusivamente para as empresas tributadas pelo
lucro real e que tem a utilização, ainda que parcial, do método cumulativo para as contribuições de PIS e
COFINS. Outra lembrança importante é que, nestas empresas, o recebimento de juros sobre capital próprio
continua sendo considerado uma receita tributada normalmente, integrando a base das duas contribuições,
com alíquotas de 1,65% (PIS) e 7,6% (COFINS), totalizando 9,25%.
Existem algumas exceções, onde as empresas têm uma base de cálculo diferenciada, podendo
deduzir diversas despesas, pagando PIS e COFINS apenas sobre a diferença entre o total de suas
receitas e estas despesas. A alíquota aplicada é de 4% para a COFINS, com a alíquota do
PIS/PASEP sendo igual às alíquotas das demais empresas tributadas pelo método cumulativo,
0,65%.
Veja os casos:
a) Instituições Financeiras e Equiparadas, Seguradoras, Securitizadora de Créditos, Empresas de
Capitalização e Previdência Privada;
b) Operadoras de planos de saúde; e
c) Empresas de serviços de vigilância, segurança e transporte de valores;
Além disso, algumas atividades permanecem no método cumulativo apenas para uma parte de suas
receitas. Veja alguns casos:
a) Receitas de serviços telecomunicações;
b) Receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário,
ferroviário e aquaviário de passageiros;
c) Receitas com serviços de transporte coletivos de passageiros efetuados por empresas regulares
de linhas aéreas domésticas e as decorrentes da prestação de serviço de transporte de pessoas
por empresas de táxi aéreo;
d) Receitas decorrentes de prestação de serviços com aeronaves de uso agrícola inscritas no
Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB);
e) Receitas com serviços prestados por hospital, pronto-socorro, clínica médica, odontológica, de
fisioterapia e de fonoaudiologia, e laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises
clínicas, incluindo serviços de diálise, raios X, radiodiagnóstico e radioterapia, quimioterapia e
de banco de sangue;
f) Venda de álcool para fins carburantes;
g) Prestação de serviços postais e telegráficos prestados pela empresa brasileira de correios e
telégrafos;
h) Prestação de serviços das agências de viagem e de viagens e turismo;
i) Receitas de prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons
e imagens;
j) Receitas com vendas de jornais e periódicos;
k) Receitas decorrentes de prestação de serviços de educação infantil, ensinos fundamental e
médio e educação superior;
l) Receitas auferidas por parques temáticos;
m) Serviços de hotelaria;
n) Receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de
rodovias;
o) Serviços de organização de feiras e eventos;
p) Receitas decorrentes de prestação de serviços das empresas de call center, telemarketing,
Se a empresa for tributada pelo lucro real e tiver qualquer uma das receitas descritas acima, deverá
tributá-la separadamente das demais receitas obtidas. Por exemplo, as vendas de aparelhos, no caso
das empresas de telecomunicações, serão tributadas pelo método não cumulativo, com possibilidade
de dedução dos créditos permitidos em lei. Os créditos diretamente ligados à receita são deduzidos
diretamente, enquanto os créditos comuns a todas as receitas podem ser deduzidos na proporção das
receitas. Importante é compreender que a tributação de PIS e COFINS está diretamente associada à
tributação sobre o lucro.
Para você memorizar de forma mais tranquila essa explicação, há uma forma mais direta,
associando essa possibilidade ao nome de duas conhecidas empresas, tributadas pelo lucro real.
Receita de Serviços de Telecomunicações = Método Cumulativo, com alíquota de 3%
TIM
Demais Receitas = Método Não-Cumulativo, com alíquota de 7,6%
Receita de Serviços de Transporte de passageiros = Cumulativo, com alíquota de 3%
TAM
Demais Receitas = Método Não-Cumulativo, com alíquota de 7,6%
Além da permissão para utilização de crédito sobre diversos gastos, o legislador permitiu a apuração
de crédito presumido sobre o estoque de mercadorias e demais insumos existentes a partir do mês em
que a empresa passe a calcular PIS e COFINS pelo método não cumulativo. O crédito será calculado
pelas alíquotas utilizadas no método cumulativo (3% de COFINS e 0,65% de PIS), com a empresa
utilizando-o em doze parcelas mensais, iguais e sucessivas, sem atualização monetária.
Esta regra será sempre aplicada quando a empresa modificar sua forma de tributação, passando do lucro
presumido para o lucro real, caracterizando a mudança na tributação de PIS e COFINS do método
cumulativo para o não cumulativo.
O conceito de estoques para fins de registro do crédito presumido abrange não só os produtos acabados,
como também matéria-prima, produtos em elaboração, produtos intermediários, materiais de
manutenção, embalagens e outros itens agregados ao grupo.
O IBRACON recomenda, na Interpretação Técnica n° 01/2004, o registro deste crédito em conta de
ativo, a partir do mês em que a empresa passe a calcular as contribuições pelo método não cumulativo,
pois o direito de redução dos tributos devidos se dá quando há a mudança da forma de tributação de
lucro presumido para lucro real.
A decisão de registrar ou não este crédito nos livros contábeis é fundamental para não causar diferenças
nos resultados durante os 12 meses de utilização do crédito presumido.
As devoluções de vendas de períodos tributados pelo método cumulativo devem ter o mesmo tratamento
do crédito sobre o estoque inicial, ou seja, crédito pelas alíquotas cumulativas (0,65% e 3%) e utilização
em doze meses.
Suponha que a Cia Barca seja uma empresa comercial, tributada até o ano de 2007 pelo lucro presumido,
passando a partir de 1° de janeiro de 2008 para o lucro real. Admita que a empresa possuísse um
estoque, em dezembro de 2009, no valor de R$ 2.000.000,00. No dia 1° de janeiro de 2010, deverá
proceder ao seguinte registro contábil:
O crédito sobre estoque inicial deduzirá a COFINS a pagar em janeiro de 2010 em R$ 5.000. Ou seja,
admitindo que a base de cálculo da contribuição no mês seja de R$ 5.000.000, a Cia Barca desembolsará
R$ 375.000, sendo R$ 380.000 (7,6% sobre a base de R$ 5 milhões) menos R$ 5.000 do crédito sobre o
estoque inicial.
O assunto era um tabu, pois jamais havia sido cobrado em provas de concurso. Pois bem, a Petrobras
cobrou, logo de cara, duas questões na prova de 2010.
Todavia, foi instituído por meio de lei um modelo alternativo, denominado Regime Especial, permitindo as
empresas do setor efetuarem o pagamento das contribuições para PIS/PASEP e COFINS com base em
quantidade vendida e alíquota em R$. E a própria lei transferiu ao poder executivo realizar reduções de
alíquotas, via decreto. Veja a tabela a seguir com as alíquotas em vigor em NOV/17, conforme definidos em
lei e decretos, estes quando autorizados por lei:
TABELA 2: REGIME ESPECIAL - ALÍQUOTAS DE PIS E COFINS
MODELO ALTERNATIVO (ALÍQUOTA FIXA) - Valores em R$
PRODUTOS MEDIDOS POR METROS CÚBICOS (MIL LITROS) OU PIS COFINS
TONELADAS DEVIDO DEVIDA
Gasolina e suas correntes, menos a de aviação (m³) 141,10 651,40
Óleo Diesel e suas correntes (m³) 82,20 379,30
Querosene de aviação (m³) 12,69 52,51
GLP Derivado de Petróleo e Gás Natural (Ton.) 29,85 137,85
Biodiesel 26,41 121,59
Nafta Petroquímica destinada à produção ou formulação exclusivamente de óleo diesel 26,36 121,64
Nafta Petroquímica destinada à produção ou formulação de óleo diesel ou gasolina 46,58 215,02
Fonte: Decretos n° 5.059/04, nº 9.101/17 e n° 7.768/12. Art. 23 da Lei nº 10.865/2004 e art. 14 da Lei nº 10.336/01.
✓ Não distribuam qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de participação no
resultado ou lucro;
✓ Apliquem seus recursos integralmente no País, na manutenção de seus objetivos institucionais; e
✓ Mantenham escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão.
INCIDÊNCIA
Atendidos os princípios constitucionais tributários (estudados no tópico anterior), o
imposto de renda deve atender três critérios básicos, definidos na Constituição
Federal: os critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade.
O critério da GENERALIDADE diz que toda e qualquer forma de renda ou provento
deverá ser tributada nos limites e condições da Lei.
O critério da UNIVERSALIDADE destaca que o tributo deverá ser cobrado de todos que
auferirem renda, nos termos fixados na Lei, sem distinção de sexo, cor, profissão, etc.
Já o critério da PROGRESSIVIDADE diz que o imposto de renda deve ser graduado por
faixas, de modo que alíquotas mais elevadas recaiam sobre as faixas maiores de
renda. O objetivo da progressividade de alíquotas é aplicar a justiça tributária que diz:
cobra-se mais de quem tem mais e menos de quem tem menos.
Para as pessoas jurídicas, o que garante a aplicação deste critério é o adicional de
10%, que incide apenas sobre o lucro a partir de R$ 20 mil mensais.
O IR e a CSLL incidem sobre a renda auferida por uma entidade empresarial. Na
verdade, a incidência está intimamente ligada ao fato gerador, que em relação ao IR
tem a seguinte definição no Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66):
O fato gerador do IRPJ é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
De renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou combinação de ambos;
De proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no conceito de renda.
BASE DE CÁLCULO
É o valor sobre o qual será aplicada a alíquota para apuração do valor do tributo a
pagar, devendo ser definida através de Lei Complementar.
A base de cálculo do imposto de renda é o lucro. O legislador definiu a divisão em
LUCRO REAL, PRESUMIDO E ARBITRADO. A seguir, o que considero fundamental no
estudo do tema para uma preparação forte.
LUCRO REAL
O Lucro Real é a única forma de tributação sobre o lucro das empresas, sendo apurado
a partir do resultado registrado na contabilidade. O lucro fiscal será obtido após ajustes
que contemplam receitas e despesas que entram no resultado contábil e não são
consideradas no resultado fiscal e vice-versa.
O quadro apresenta a explicação sobre os ajustes que devem ser feitos para
transformar o resultado contábil no resultado líquido ajustado, base para IR e CSLL.
Portanto, após realizar os ajustes, chegamos ao Lucro Líquido Ajustado.
Posteriormente, a empresa poderá compensar prejuízos fiscais de períodos anteriores,
se houver.
O prejuízo fiscal apurado em determinado exercício poderá ser compensado nos
exercícios seguintes (desde que registrado adequadamente no LALUR), limitado a 30%
do valor do lucro ajustado do período. Um prejuízo de R$ 100, ocorrido no ano de
2008, poderá ser compensado com um lucro de R$ 300 no ano de 2009 até 30% do
valor deste lucro. Assim, a compensação estaria limitada em R$ 90, que representa
30% do lucro de 2009 (R$ 300). O valor de R$ 10 que deixou de ser compensado em
2009, em virtude do limite de 30%, continuará registrado no LALUR e poderá ser
compensado a partir do ano seguinte.
Não existe limitação de prazo para a compensação de prejuízos fiscais. Assim, as
empresas poderão compensar prejuízos sem prescrição. Até 1994 havia limitação de
compensação de prejuízos fiscais em quatro anos, porém sem o limite de 30% em
vigor desde 1995.
LUCRO PRESUMIDO
O Lucro Presumido é uma modalidade de tributação que estima, presume o lucro que
será objeto de tributação. Permitido, basicamente, para empresas com receitas até R$
78 milhões/ano (anterior), dispensa a escrituração contábil (razão + diário),
permitindo o uso somente do Livro-Caixa e do Livro Registro de Inventário. O lucro é
apurado a partir de percentuais definidos em lei, que devem ser aplicados sobre cada
receita obtida pela empresa. Para simplificar, observe na tabela a seguir como seria a
tributação de um Posto de Combustíveis, tributado pelo lucro real no 1º trimestre de
2009:
Não podem utilizar o lucro presumido, sendo obrigadas ao lucro real, as instituições
financeiras e equiparadas e empresas que tenham rendimentos ou lucros oriundos do
exterior, independente do valor da receita total obtida. No lucro presumido não há uso
de qualquer tipo de incentivo fiscal do IR.
O ganho de capital deve ser apurado considerando as taxas usuais de depreciação,
mesmo se a empresa calcular seus tributos pelo regime de caixa. Por exemplo, se uma
empresa tributada pelo lucro presumido utiliza o regime de caixa e compra um veículo
por R$ 1.000, vendendo-o doze meses depois, por R$ 1.100, o ganho de capital será
de R$ 300 (R$ 1.100 menos R$ 800, considerando depreciação anual de 20%).
Importante lembrar que a receita exigida, tanto no lucro presumido como na
estimativa e no lucro arbitrado é a receita bruta menos devoluções de vendas e
descontos incondicionais concedidos.
LUCRO ARBITRADO
O Lucro Arbitrado é a desconsideração dos números apresentados pela contabilidade. É
exigido normalmente quando a escrituração contábil é considerada imprestável pelo
Fisco. O arbitramento pode ser:
TOTAL, quando não há condições de apurar receitas e despesas da empresa. No caso,
somente o Fisco pode arbitrar o resultado, tendo 8 opções de arbitramento, que
incluem desde percentual do ativo até 40% do valor das compras de mercadorias. No
caso, o lucro arbitrado serve de base para IR e CSLL; ou
PARCIAL, quando o Fisco ou o próprio contribuinte pode arbitrar o lucro. Neste caso, a
receita bruta seria conhecida, com a base de cálculo do IR sendo apurada pelos
percentuais utilizados no lucro presumido, acrescidos de 20%. Por exemplo, uma
receita de revenda de gasolina no posto teria aplicação do percentual de 1,92% (1,6%
+ 0,32%) para se chegar ao lucro arbitrado da empresa. Uma empresa somente pode
se auto-arbitrar se sua receita bruta for até R$ 48 milhões de reais no ano. A base da
CSLL, no caso, seria a mesma base utilizada no lucro presumido, que é a mesma base
utilizada na estimativa do lucro real. Instituições financeiras e equiparadas teriam um
lucro arbitrado em 45% de suas receitas.
PARTE A DO LALUR
1) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda
2) (+) Adições ao Lucro Líquido
3) (-) Exclusões ao Lucro Líquido
4) Lucro Antes da Compensação de Prejuízos Fiscais (1+2-3)
5) (-) Compensação de Prejuízos Fiscais
6) Lucro Real (4-5)
Já na parte B, são registrados todos os lançamentos que podem afetar a base fiscal de
períodos posteriores. Assim, as despesas que representam adições temporárias devem
ser registradas na parte B, pois em algum período seguinte, poderá ser dedutível para
fins fiscais e, com o adequado controle na parte B do LALUR, a exclusão poderá ser
efetuada. Então, para consolidar o entendimento, são registrados na parte B do
LALUR:
a) Prejuízos Fiscais;
b) Prejuízos apurados nas atividades não operacionais1;
c) Adições e Exclusões temporárias; e
d) Excesso de Incentivo Fiscal ao PAT, que pode ser utilizado em até dois anos.
FORMAS DE PAGAMENTO
Desde 1997 que a apuração do IR e da CSLL é trimestral, seja a empresa tributada
pelo lucro real, presumido ou arbitrado (Lei nº 9.430/96, art. 1º).
No lucro real, a empresa tem 2 opções de escolha, em relação a periodicidade de
apuração e pagamento:
1. Trimestral Definitiva;
2. Anual, com antecipações mensais em bases estimadas.
1
Estes são controlados na parte B do LALUR apenas quando a empresa apresenta prejuízo fiscal e, den tro desse prejuízo há resultado
negativo com atividades não operacionais. Mais detalhes em PEGAS, cap.20.
Mas, a maior perda para as empresas que apuram seu imposto pelo lucro real
trimestral ocorre em relação à parcela do adicional mensal de R$ 20.000, que deixar
de ser recolhida em algum trimestre ao longo do ano, desde que o lucro apurado em
outro trimestre seja superior a R$ 240.000.
Vamos exemplificar:
Uma empresa apresenta um lucro de R$ 240.000 no ano de 1999. O IR devido pelo
lucro real anual é de R$ 36.000 (referente aplicação da alíquota básica de 15%. Neste
caso, a empresa não está sujeita ao adicional devido ao lucro não ter ultrapassado os
R$ 240.000 no ano). Vamos supor que este lucro de R$ 240.000 esteja distribuído nos
quatro trimestres da seguinte forma e com o respectivo IR devido:
O Imposto de renda total pelo lucro real trimestral será de R$ 38.000, ou seja, será R$
2.000 a mais do que o calculado pelo lucro real anual.
Esta diferença de R$ 2.000 é explicada devido ao lucro no ano ter atingido a parcela de
R$ 240.000, significando que não tivemos nenhum valor de adicional de IR devido.
Entretanto, quando vamos para o cálculo trimestral, em dois trimestres temos excesso
em relação à parcela trimestral do adicional (R$ 60.000). Como não podemos
compensar o excesso dos dois primeiros trimestres com o 4º trimestre, quando o lucro
ficou R$ 20.000 abaixo do limite, perdemos 10% (alíquota do adicional) sobre estes R$
20.000.
A perda máxima anual com o adicional de IR é infinita. Entretanto, perdas acima de R$
10 mil só ocorrem em casos extremos, com uma variação no resultado dos trimestres
difícil de acontecer.
Um importante lembrete é o seguinte: Na apuração trimestral, vale sempre trimestre
civil. Logo, uma empresa que começa suas atividades em fevereiro, irá apurar o IR
devido do 1° trimestre em março, com apenas dois meses de apuração, contando
março e fevereiro, não utilizando janeiro, no caso. Começa a contar, portanto, do mês
de autorização de funcionamento, mesmo que seja nos últimos dias do mês.
Já a base estimada da CSLL é praticamente igual à base da CSLL pelo lucro presumido.
Apenas o valor recebido a título de juros sobre capital próprio entra na base do lucro
presumido e não entra na base estimada. Não vejo justificativa para tal receita ficar
fora da base estimada, mas é o que diz a legislação.
EXEMPLO NUMÉRICO
A Cia. Somar é uma empresa comercial, que apresentou as seguintes receitas no mês
de janeiro de 2007:
• Receita de revenda de mercadorias R$ 200.000
• Rendas de aplicações financeiras * R$ 5.000
• Rendas de equivalência patrimonial R$ 15.000
• Ganhos de capital R$ 10.000
* IR retido na fonte de R$ 1.000.
CÁLCULO do IRPJ:
Receita Bruta 200.000
Percentual Aplicado – 8% 16.000
(+) Acréscimo à base de cálculo
– Ganhos de capital 10.000
Base de Cálculo 26.000
CÁLCULO da CSLL:
Receita Bruta 200.000
Percentual Aplicado – 12% 24.000
(+) Acréscimo à base de cálculo 15.000
– Ganhos de capital 10.000
– Aplicações financeiras 5.000
Base de Cálculo 39.000
A receita financeira não foi incluída na base estimada do imposto de renda, pois já
sofreu retenção na fonte de 20%. Entretanto, esta receita foi incluída na base da CSLL.
Este exemplo, que está no MANUAL DE CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA (pág. 431 da 5ª
edição), foi utilizado na Prova para contador do BNDES (2007) apenas trocando o
nome da empresa e os valores. Basta ver as questões 69 e 70 (Cia. Zênite).
Veja na tabela a seguir como seria o cálculo de IR e CSL durante o ano de uma
empresa.
Veja que a empresa oscilou durante todo o ano entre a antecipação pelo regime de
estimativa e o balancete de redução/suspensão e terminou o exercício com
recolhimento total de R$ 240, contra um valor devido no ano de R$ 250, restando R$
10 que será pago no último dia útil de março do ano seguinte, por ocasião do
pagamento da cota de ajuste.
ACERTO DE CONTAS
O acerto de contas com o FISCO acontece no último dia útil de março do ano seguinte.
Assim, uma empresa que tenha devido R$ 1.500 no ano de 2005 com apuração do IR
pelo lucro real, mas antecipado mensalmente apenas R$ 100 pela base estimada,
deverá pagar a diferença de R$ 300 (R$ 1.500 devido no ano menos R$ 1.200
antecipado) em 2006 da seguinte forma:
1. Se pagar em janeiro, R$ 300, sem nenhum acréscimo;
2. Se pagar em fevereiro, R$ 300, mais juros selic de 1%, mas sem multa;
3. Se pagar em março, R$ 300, mais juros selic de fevereiro, mais 1% referente aos
juros selic de março, mas sem multa;
4. Se pagar a partir de abril, além dos juros, haverá cobrança de multa.
Portanto, o acerto de contas vence em janeiro (sem juros e multa) e em março
(apenas com cobrança de juros, mas sem multa).
Veja, inicialmente, a apuração do IR pela estimativa e pelo lucro real anual, para fins
de contabilização da despesa de IR e da Provisão para IR.
BASE ESTIMADA:
Receita de Serviços R$ 1.000
Percentual Estimado - 32% R$ 320
IR Devido – 15% R$ 48
(-) IRRF (R$ 15)
IR a Recolher em 28/fev/09 R$ 33
BASE REAL:
Lucro Fiscal R$ 600
IR Devido – 15% R$ 90
(-) IRRF s/ Apl.Financeiras R$ 4
Provisão de IR R$ 86
DÉBITO: Despesa de IR R$ 90
CRÉDITO: IRRF a Compensar s/ RF R$ 4
CRÉDITO: Provisão para IR R$ 86
Com esses registros no mês de janeiro, o PASSIVO total relativo ao IR monta R$ 119,
sendo R$ 33 para recolhimento já certo em 28/fev/09. Já o valor de R$ 86 representa
o IR devido no final do ano, que seria diminuído de R$ 48, que monta a parcela
antecipada (R$ 15 da retenção na fonte mais R$ 33 recolhido em fevereiro). Assim, a
despesa de IR de R$ 90 seria reconhecida no balancete de janeiro, nos seguintes itens:
IR Retido na Fonte s/ Receitas Financeiras R$ 4
IR Retido na Fonte s/ Receitas de Serviços R$ 15
IR a Recolher em 28/fev/2009 R$ 33
IR Devido Ano (R$ 86 menos R$ 48) R$ 38
TOTAL DA DESPESA DE IR = R$ 90
INCENTIVOS FISCAIS
No programa da Petrobras, não consta o tema INCENTIVOS FISCAIS e não há histórico
de cobrança de questões sobre o assunto. Mas, o tema está inserido no estudo de IR e
CSLL. Por isso, minha recomendação é para você estudar apenas os aspectos básicos,
devido ao elevado grau de complexidade do tema.
CONCEITO GERAL
O governo federal concede, através de legislação específica, incentivos fiscais, com o
objetivo de destinar parte da arrecadação do IR para áreas e atividades que
necessitem de apoio federal para desenvolvimento.
Os principais incentivos fiscais de imposto de renda são os seguintes:
a) Fundo da Criança e do Adolescente;
b) PAT — Programa de Alimentação ao Trabalhador;
c) Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial – PDTI
d) Programa de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário – PDTA
e) Atividade Audiovisual;
f) Atividade Cultural ou Artística;
g) Atividades de Caráter Desportivo; e
h) FINAM e FINOR.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O tema consta nos programas da Petrobras já há alguns concursos. Contudo, a cobranças tem sido
rigorosa no sentido de exigir conhecimentos referentes a percentual de retenção e prazos de
recolhimento. A idéia da retenção na fonte é coibir a sonegação, obrigando o tomador do serviço a
fazer o recolhimento do imposto que será devido posteriormente pelo prestador.
CASOS ESPECÍFICOS
A Instrução Normativa SRF n° 480/2004 explica o tratamento específico dado a diferentes
pagamentos. Apresentamos alguns casos a seguir:
ART. 10 – Agências de viagem e turismo.
ARTs. 11 e 12 – Seguros.
ART. 15 – Propaganda e publicidade.
ART. 16 – Consórcio.
ART. 18 - Derivados de petróleo e álcool etílico hidratado para fins carburantes.
ART. 19 - Produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal.
ART. 20 - Máquinas, veículos, autopeças, pneus e câmaras de ar.
ART. 21 – Água, refrigerante e cerveja.
ARTs. 23 a 27 - Cooperativas e associações de profissionais ou assemelhadas.
ART. 28 – Aluguel de imóveis.
ART. 29 - Pessoa Jurídica Sediada ou Domiciliada no Exterior.
PRAZO DE RECOLHIMENTO
No caso das empresas e órgãos públicos os valores retidos devem ser recolhidos:
1. Pelos órgãos da administração federal direta, autarquias e fundações federais que efetuarem a
retenção, até o 3º dia útil da semana subseqüente àquela em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa
jurídica fornecedora dos bens ou prestadora do serviço; e
2. Pelas empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades em que a União, direta
ou indiretamente detenha a maioria do capital social sujeito a voto, e que recebam recursos do
Tesouro Nacional e estejam obrigadas a registrar sua execução orçamentária e financeira no SIAFI,
de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até o último dia útil da
semana subseqüente àquela quinzena em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa jurídica
fornecedora dos bem ou prestadora do serviço.
Existe ainda a retenção de imposto de renda com alíquota de 1% para os seguintes serviços prestados por
pessoas jurídicas:
a) Limpeza; b) Conservação; c) Segurança; d) Vigilância; e e) Locação de Mão-de-Obra.
A partir de fev./2004, a Lei nº 10.833/2003 exigiu também a retenção de 1,5% de IR por ocasião do
crédito ou pagamento dos seguintes serviços:
a) Administração de contas a pagar e a receber; e
b) Serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos.
O fato gerador da retenção no caso do IR é o crédito ou o pagamento, o que ocorrer primeiro. O crédito
será considerado como a data em que o registro contábil for efetuado.
O imposto retido deverá ser recolhido até o último dia útil do segundo decêndio do mês seguinte ao mês de
ocorrência dos fatos geradores (Lei n° 11.196, art. 70, inciso I, letra d, com alterações da Lei nº 11.933/09).
O fato gerador que era semanal, agora é mensal, com o imposto sendo recolhido até o dia 20 do mês seguinte.
Os rendimentos de fundos de investimentos, exceto fundo de ações, serão tributados semestralmente, nos
meses de maio e novembro, à alíquota de 15%. Por ocasião do resgate das quotas, será aplicada alíquota
complementar, conforme o prazo da aplicação. Na hipótese de fundos de investimentos com prazo de carência
de até 90 dias para resgate de quotas com rendimento, a incidência do IR fonte de 15% ocorrerá na data em
que se completar cada período de carência para resgate de quotas com rendimento, com o complemento no
resgate final, conforme os prazos definidos em lei e aqui apresentados.
Por exemplo, uma empresa que aplique R$ 20.000 em jan/07, com rendimento bruto de 10% de janeiro a
maio, teria uma retenção na fonte de R$ 300 neste mês, correspondendo a 15% sobre o rendimento de R$
2.000.
Admita que a empresa faça o resgate integral do fundo em novembro de 2007, sendo o rendimento de junho a
novembro também de 10%. O valor bruto resgatado seria R$ 24.200, sendo R$ 4.200 de juros. Este valor seria
tributado em 20% (entre 180 e 360 dias), representando um IR retido na fonte de R$ 840. Como a empresa já
reteve R$ 300, caberia a retenção de R$ 540 em novembro, com a empresa recebendo apenas R$ 23.360.
A IN SRF n° 487/2004, com algumas alterações da IN SRF n° 489/2005, regulamenta o assunto.
As empresas enquadradas no SIMPLES não são obrigadas a efetuar a retenção das contribuições, assim
como também não sofrerão retenção na fonte quando prestarem serviços, apesar de que para a maior
parte dos serviços listados não há permissão da opção pelo regime simplificado.
O fato gerador para a retenção das contribuições é o pagamento e não o crédito como acontece no caso do
imposto de renda. Com isso, as contribuições poderão ser retidas em períodos diferentes da retenção do IR.
Importante lembrar também que os percentuais de 0,65%, 1% e 3% serão utilizados para todos os
serviços prestados obrigados à retenção, mesmo que a empresa esteja obrigada ao cálculo da COFINS e
do PIS pelo método não-cumulativo.
A Lei 13.137/2015 modificou a Lei 10.925/04 que dispensava a retenção para pagamentos de valor igual
ou inferior a R$5.000, definindo que, no caso de mais de um pagamento no mesmo mês à mesma pessoa
jurídica, deveria ser efetuada a soma de todos os valores pagos no mês para efeito de cálculo do limite de
retenção de R$5.000, permitindo a compensação do valor retido anteriormente. Com o advento da nova
Lei, o valor de serviço sujeito à retenção é a partir de R$215, já que ao aplicar a alíquota de 4,65%, o
valor do DARF mínimo será atingido, ou seja, R$10.
OBJETIVOS
O SPED tem como objetivos, entre outros:
Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento das informações
contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais.
Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o
estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos
fiscalizadores.
Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos
processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações com o
cruzamento de dados e auditoria eletrônica.
RESUMINDO: O SPED tem como objetivo tornar mais ágil, simples e integrado o envio de informações
fiscais e contábeis eletrônicas, contribuindo no combate à sonegação
MEMBROS DO SPED
Os membros do SPED são: Banco Central do Brasil; Conselho Federal de Contabilidade; Comissão de
Valores Mobiliários; Departamento Nacional de Registro do Comércio; Secretaria da Receita Federal do
Brasil; Superintendência de seguros Privados; Secretaria de Estado da Fazenda; e Secretarias de
Finanças das Capitais.
PRAZOS
O SPED Fiscal (EFD) foi de uso obrigatório para os contribuintes do ICMS ou do IPI, a partir de 2009.
Já o SPED Contábil (ECD) foi obrigatório para as empresas tributadas pelo lucro real em 2009. O prazo
para envio da ECD é dia 30 de junho do exercício seguinte.
ATENÇÃO:
O art. 3º-A da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013 é complementar ao seu art. 3º, ou seja, há duas
regras vigentes para obrigatoriedade de entrega da ECD pelas pessoas jurídicas tributadas com base lucro
presumido a partir do ano-calendário 2016, reproduzidas abaixo:
- as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, que distribuírem, a título de lucros, sem
incidência do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela dos lucros ou dividendos superior
ao valor da base de cálculo do Imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver
sujeita (Art. 3º, II, da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013); ou
- as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido que não se utilizem da prerrogativa prevista
no parágrafo único do art. 45 da Lei nº 8.981, de 1995 (Art. 3º-A, II, da Instrução Normativa RFB nº
1.420/2013). Esse artigo trata do LIVRO CAIXA.
Portanto, se a pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido se enquadrar em, pelo menos, uma
das regras supramencionadas, está obrigada a entregar a ECD desde o ano-calendário 2016.