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PHPêgas Página 1

CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA

OBJETIVO DA DISCIPLINA

Apresentar os tributos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL) e sobre a receita (PIS e
COFINS), demonstrando sua aplicação prática, o controle nas atividades empresariais,
forma de cálculo e o entendimento da lógica de funcionamento, além das alternativas
viáveis de planejamento tributário para redução da carga tributária das empresas.

METODOLOGIA

As aulas serão ministradas em 5 (cinco) encontros aos sábados no horário das 8 às 17h
nos dias 17, 24 e 31/08; 14 e 21/09/2019, com aulas expositivas e práticas e
apresentação de exercícios. Na última aula será realizada a avalição.

A BIBLIOGRAFIA básica será a apostila da disciplina. O livro principal recomendado é


o Manual de Contabilidade Tributária da Editora Freitas Bastos (9ª. Edição).

Paulo Roberto dos Santos Mercedes é Contador com especialização na área tributária.
Trabalha há 30 anos no mercado nas áreas contábil e fiscal. Atualmente é sócio
proprietário do Escritório Contábil Valor, voltado para a consultoria e a assessoria
tributária, sediado no Rio de Janeiro e do Curso Valor, curso preparatório para concursos
voltados para a classe contábil, além de lecionar a disciplina Contabilidade Tributária em
cursos de Pós-Graduação nas seguintes instituições: Mackenzie/RJ, UFF, UCAM/RJ e SC,
UniFOA e IPEC-RJ.

SUMÁRIO DA APOSTILA
PARTE 1: CONHECIMENTOS BÁSICOS DE TRIBUTOS ...................................... Pág. 02
PARTE 2: PIS/PASEP E COFINS.................................................................... Pág. 10
PARTE 3: IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS E CSLL ..................... Pág. 18
PARTE 4: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE ......................................... Pág. 29
PARTE 5: SPED - SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL .................... Pág. 32

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PARTE 1: TRIBUTOS: CONHECIMENTOS BÁSICOS

ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL


O Sistema Tributário Nacional tem sua estrutura básica definida no Código Tributário
Nacional (Lei Complementar nº 5.172/66) e suas regras ditadas de forma extensa e
rígida na Constituição Federal de 1988 que define:
1. Competência tributária de cada ente estatal (Art. 145 a 149 e 153 a 156);
2. Limitações constitucionais ao poder de tributar (Art. 150 a 152);
3. Repartição das receitas (Art. 157 a 162); e
4. Demais normas (Art. 195, Disposições Transitórias, etc.)

DEFINIÇÕES
TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (Art.3º da Lei nº 5.172/66 –
CTN).

TRIBUTOS SÃO: Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria (Definição do CTN). Os


três têm competência comum, ou seja, podem ser cobrados pela União, Estados, DF ou
Municípios.

IMPOSTO é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica, relativa aos contribuintes. É NÃO-VINCULADO.
TAXAS têm como fato gerador o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte, ou
posto à sua disposição. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao
imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. O termo poder de
polícia é utilizado no sentido do poder de limitar e disciplinar, por parte da administração
pública, atividades de interesses públicos, tais como: segurança, higiene, boa
ordem, costumes, disciplina da produção, do mercado, tranquilidade pública e respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. É UM TRIBUTO VINCULADO.
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA podem ser instituídas pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal e pelos Municípios, para fazer face ao custo de obras públicas de
que decorra valorização imobiliária para o contribuinte. Praticamente não é cobrada
nos dias atuais.

Além desses três tributos, existe a previsão da instituição de empréstimos compulsórios,


por parte da união. O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO só pode ser instituído:
1º) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de
guerra externa ou sua iminência; ou
2º) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional,

A CONSTITUIÇÃO PERMITE ainda a criação, pela união, de CONTRIBUIÇÕES:


1. SOCIAIS, que podem atender, por exemplo, a seguridade social (Saúde,
Previdência e Assistência Social), como COFINS e CSLL; e outras, como PIS e
contribuições para Sistema S.
2. DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO, como a CIDE-Combustíveis.
3. DE INTERESSE DAS CATERGORIAS ECONÔMICAS E PROFISSIONAIS, como as
contribuições ao CRC ou a OAB, ou as contribuições sindicais.

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DIVISÃO DOS IMPOSTOS


O Brasil possui uma elevada quantidade de tributos, que são cobrados por todos os
entes estatais. A Constituição de 1988 define claramente a competência para cobrança
de tributos por cada ente. Assim, os impostos permitidos na Carta Magna são os
seguintes:
UNIÃO - IR, IPI, II, IOF, ITR, IE e IGF (este ainda não regulamentado em lei).
ESTADOS - ICMS, ITCD e IPVA
MUNICÍPIOS - ISS, ITBI e IPTU

A Constituição autoriza a criação de tributos, mas eles são instituídos por lei. No caso
do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), houve a autorização da Constituição, mas
ele não foi criado por lei.
A União poderá instituir, ainda:
1. Mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
2. Na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

PARTICIPAÇÕES GOVERNAMENTAIS E COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA


Além da definição em relação à competência tributária, a Constituição Federal trouxe
profundas e importantes modificações para o sistema tributário nacional,
principalmente em relação à redistribuição dos recursos entre os entes federativos.
A repartição de recursos, através das transferências da união para os estados e
municípios e dos estados para os municípios funciona conforme a tabela a seguir:

TRIBUTO DESTINAÇÃO AUTOMÁTICA DOS RECURSOS ARRECADADOS


✓ 21,5% para o FPE (Fundo de Participação dos Estados);
✓ 3% para o FND aos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste;
IPI ✓ 24,5% para o FPM (Fundo de Participação dos Municípios); e
União ✓ 10% para o FPE (Fundo de Participação de Exportação,
pertencente aos Estados). Os Estados deverão repassar 25% deste
fundo aos Municípios.
✓ 21,5% para o FPE (Fundo de Participação dos Estados);
✓ 3% para o FND aos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste;
IR ✓ 24,5% para o FPM (Fundo de Participação dos Municípios); e
União ✓ O IR retido dos funcionários públicos estaduais e municipais não
entram no cômputo, ficando em sua totalidade p/ estados e
municípios onde os funcionários estão lotados.
ICMS 25% aos municípios, sendo 75% (18,75%) onde as operações
Estados aconteceram e 25% (6,25%) conforme lei estadual específica.
IPVA-Estados 50% para os municípios onde os veículos automotores foram
licenciados.
CIDE- 29% distribuídos para os estados, que repassam ¼ deste valor para os
Combustíveis municípios.

Outras transferências obrigatórias de tributos federais:


✓ O IOF - Ouro (ativo financeiro) será transferido no montante de 30% para o estado
de origem e 70% para o município de origem;
✓ Os municípios ficam com 50% do ITR, relativo aos imóveis neles situados;

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Os demais impostos da União (II, IE, IOF) têm destinação livre, sem vinculação
específica. O ITD é um imposto estadual também com destinação livre. Os impostos
municipais não são repartidos.
As contribuições sociais têm destinação específica. Por exemplo, a COFINS e a CSLL
são destinadas para a seguridade social (saúde, previdência social e assistência social).
A contribuição para o PIS/PASEP tem destinação para o Fundo de Amparo ao
Trabalhador, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego.
O item participações governamentais, normalmente, se direciona aos percentuais
definidos na lei do petróleo e que serão apresentados em outro tópico. Contudo, como
já houve cobrança sobre o tema em provas anteriores, não custa nada pelo menos saber
os principais percentuais de transferência.
A Desvinculação das Receitas da União, popularmente conhecida como DRU, reflete a
possibilidade do uso, pela união, de 20% da arrecadação de impostos, contribuições
sociais e de intervenção no domínio econômico, para fins diferentes dos determinados
na própria carta magna. Então, de cada R$ 100 arrecadados com o PIS, por exemplo,
R$ 20 são desvinculados, com o restante (R$ 80) sendo destinado ao Fundo de
Amparo ao Trabalhador. Na última renovação, em 2016, a DRU foi estendida para as
taxas, com aumento do percentual para 30%. A desvinculação foi também permitida aos
estados e municípios, em 30% da arrecadação dos impostos, taxas e multas.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS


Os princípios tributários definidos na Constituição prevalecem sobre todas as normas
jurídicas, sendo que as mesmas somente são válidas, se editadas em rigorosa
consonância com eles. Veja um resumo sintético dos princípios:

LEGALIDADE: Instituição ou aumento de tributo somente através de lei.


IRRETROATIVIDADE: A lei não pode aumentar tributo em período anterior à sua
publicação.
ISONOMIA: Tratamento tributário deve ser igual para contribuintes iguais. Exemplo de discussão
jurídica é a tributação diferenciada de CSLL, que instituições financeiras
pagam 15% e as demais empresas, 9%. Existe a alegação por parte dos bancos de que há
ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, embora emenda constitucional tenha
autorizado a aplicação de alíquotas diferenciadas em função da atividade econômica.
RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR: As regras básicas relativas aos tributos como
definição de fato gerador, base de cálculo e estrutura básica dos tributos somente
podem ser definidas através de lei complementar (maioria absoluta, que significa
maioria do total dos componentes da casa) e não lei ordinária (maioria simples, que
representa maioria dos presentes na sessão).
RESERVA DE LEI PARA ANISTIA: Qualquer anistia ou isenção só será concedida através
de lei.
ANTERIORIDADE: Os tributos NÃO podem ser aumentados, seja por elevação de base
ou por aumento de alíquota, no mesmo ano da publicação da lei. Assim, aumento no
dia 15/FEV ou no dia 15/d só entrará em vigor em janeiro do ano seguinte. Regra
não aplicável a todos os tributos, mas aplicada, por exemplo, para o IR.

Existe também a regra da NOVENTENA ou NONAGESIMAL, sinalizando que a lei que


aumentou tributo só entrará em vigor após completar 90 dias de sua publicação.
Assim, o aumento de alíquota da COFINS em 15/fev entrará em vigor a partir de junho
do mesmo ano, enquanto aquele aumento de 15/dez só entraria em vigor em abril do
ano seguinte. Tributos cobrados diariamente, como a extinta CPMF, entram em vigor
no dia seguinte ao dia em que completar 90 dias de prazo da publicação da lei. Um
aumento na contribuição em 15/abril/2007 entraria em vigor no dia 14/julho/2007.
As contribuições sociais (CSLL, PIS e COFINS) não seguem as regras da
ANTERIORIDADE, seguindo, no entanto, o princípio NONAGESIMAL.

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Para alguns impostos e as taxas, que seguem as duas regras, deve ser aplicado o
prazo mais longo de entrada em vigor do aumento. A Lei Complementar n° 116,
publicada em 31 de julho de 2003, entrou em vigor em janeiro de 2004. Se tivesse
sido publicada no dia 30 de novembro do mesmo ano, seria aplicada a regra da
noventena, com o aumento na lista de serviços valendo apenas a partir do mês de
março de 2004. A tabela a seguir traz um resumo da aplicação do princípio da
anterioridade e da regra da noventena.
REGRAS PARA VALIDADE DE NORMATIVOS PROPONDO AUMENTOS EM TRIBUTOS
(SEJA POR AMPLIAÇÃO DE BASE OU AUMENTO DE ALÍQUOTAS)
ANUALIDADE E APENAS APENAS EM VIGOR
NONAGESILMAL ANUALIDADE NONAGESIMAL IMEDIATAMENTE
✓ Taxas ✓ IR ✓ IPI ✓ II e IE
✓ Contribuição de ✓ Base de ✓ CSL ✓ IOF
Melhoria Cálculo do ✓ COFINS ✓ Empréstimo
✓ ITBI e ITCD IPTU e IPVA ✓ CPMF Compulsório
✓ ICMS e ISS ✓ INSS
✓ IPTU e IPVA (exceto ✓ PIS/PASEP
B.Cálculo)
✓ ITR e IGF
✓ Contribuições, exceto
Seg.Social
Fonte: Gérson Stocco e Gustavo Damázio, sócios da Gaia, Silva, Gaede & Associados.

A medida provisória tem força de lei, desde sua publicação. A conversão em Lei deve
ser feita no prazo máximo de 120 dias, sendo 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias.
Se não houver conversão, a MP perde seus efeitos desde o início de sua publicação. Se
houver mudança substancial na conversão em lei, o prazo para fins de princípio da
anterioridade e noventena passa a ser a data da publicação da lei e não da MP.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 42/2001, a Constituição Federal passou a
prever que, ressalvados os impostos sobre comércio exterior, IPI e IOF, a medida
provisória que implique majoração de tributos só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se convertida em lei até o último dia útil do ano. Importante alertar
que essa regra vale apenas para os impostos, não sendo aplicada às demais espécies
tributárias, como as contribuições. Exemplos hipotéticos:
1. Alíquota do IR majorada na MP nº X, de 15/out/2007, convertida na Lei nº W, de
17/jan/2008. AUMENTO ENTRARÁ EM VIGOR EM JAN/2009.
2. Alíquota do IR majorada na MP nº X, de 15/out/2007, convertida na Lei nº W, de
17/dez/2007. AUMENTO ENTRARÁ EM VIGOR EM JAN/2008.
3. Alíquota da CSLL majorada na MP nº X, de 15/out/2007, convertida na Lei nº W, de
17/dez/2007. AUMENTO ENTRARÁ EM VIGOR EM FEV/2008. O mesmo ocorreria, se
a MP fosse convertida somente no dia 13/fev/2009, por exemplo, pois valeria a
data origina da medida provisória.

O PRINCÍPIO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA


A Imunidade tributária também representa uma limitação constitucional ao poder de
tributar do Estado, que objetiva resguardar a independência dos entes da federação
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios), a liberdade do culto religioso, de
associação política, sindical, de educação e assistência social, de divulgação científica,
cultura, e dos fatos de interesse da sociedade. O Art. 150 (Inciso VI) da CF diz que é
proibido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos
sobre:
✓ Patrimônio, Renda ou serviços uns dos outros;
✓ Templos de qualquer culto;

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✓ Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; e
✓ Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.

Há discussão no meio jurídico em relação ao alcance da imunidade constitucional. Mas,


percebe-se, pelo texto constitucional, que a imunidade refere-se apenas à espécie
IMPOSTO e não as demais espécies do gênero Tributo (Taxas e contribuições, por
exemplo).
A Imunidade pode ser OBJETIVA, quando se refere a coisa (ex: livro), quando quem
tem a imunidade é o bem ou o serviço; ou pode ser SUBJETIVA, quando se referir a
pessoa (ex: templos religiosos e partidos políticos), quando quem tem a imunidade é a
pessoa e não o ato que ela realiza.

RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA


São Elementos fundamentais de qualquer tributo: contribuinte, fato gerador, base de
cálculo e alíquota. A relação jurídica tributária passa pelo conhecimento desses
elementos.

FATO GERADOR
É o que faz nascer a obrigação tributária, podendo esta obrigação ser principal ou
acessória. O Código Tributário Nacional define fato gerador, nos artigos 114 e 115:
“Artigo 114: Fato Gerador da obrigação principal é a situação definida em Lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência”.
“Artigo 115: Fato Gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal”.
Assim, a concretização do fato gerador pode fazer nascer uma obrigação principal, que
sempre será de natureza pecuniária, ou seja, pagar um tributo; ou obrigações
acessórias, que representam dever administrativo para o contribuinte, como por
exemplo, escrituração de livros fiscais, envio de declarações, etc.

EXEMPLOS DE FATOS GERADORES


PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE RECEBIMENTO DE SALÁRIO
CONSULTORIA TRIBUTÁRIA MENSAL (OBTENÇÃO DE RENDA)
Fato Gerador do ISS Fato Gerador do IRPF
A IMPORTAÇÃO DE UMA A CONTRATAÇÃO DE UM
MERCADORIA DO EXTERIOR FINANCIAMENTO
Fato Gerador do II Fato Gerador do IOF
A TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE A PROPRIEDADE DE UM
UM IMÓVEL AUTOMÓVEL EM 1°/JAN/2010
Fato Gerador do ITBI Fato Gerador do IPVA

CONTRIBUINTE DE FATO E CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL


O contribuinte é o sujeito passivo da obrigação tributária que possui relação direta com
o fato gerador. Por exemplo, o prestador do serviço (ISS) ou o proprietário do
automóvel (IPVA).

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Existem dois tipos de contribuintes: o contribuinte de fato, que efetivamente suporta o


ônus tributário; e o contribuinte responsável, o qual a Lei determina para responder
pela obrigação tributária. Em alguns casos, o contribuinte de fato é também o
responsável, enquanto em outros o contribuinte de fato é um e o contribuinte
responsável é outro. Veja alguns exemplos a seguir:
CONTRIBUINTE CONTRIBUINTE
TRIBUTO
DE FATO RESPONSÁVEL
INSS de empregado, descontado em
Empregado Empresa
folha de pagamento
IPI cobrado do comprador na nota
Comprador Vendedor
fiscal
IOF sobre um empréstimo bancário Pessoa Física Instituição Financeira

No caso do IPTU, onde o locador repassa o encargo para o locatário pagar, o contribuinte
de fato e o responsável é o proprietário locador, que é o contribuinte de fato e também
o responsável perante o Fisco municipal. A relação jurídica entre o locador e o
locatário é assunto entre particulares, sem envolver o ente público, no caso o município.

BASE DE CÁLCULO
Normalmente, é o valor sobre o qual será aplicada a alíquota para apuração do valor
do tributo a pagar, devendo ser definida através de Lei Complementar. A base de
cálculo pode ser também uma unidade de medida, como acontece, por exemplo, com a
base de cálculo da COFINS no setor de bebidas, que é o litro vendido. Na Cide-
Combustíveis, por exemplo, a base de cálculo é obtida na venda de cada mil litros de
gasolina.
ALÍQUOTA
Normalmente é o percentual definido em Lei que, aplicado sobre a base de cálculo,
determina o valor do tributo que deve ser pago. As alíquotas podem ser cobradas de
duas formas:
✓ Em percentual (ad valorem), como ocorre na maioria das vezes. Exemplos:
alíquota da COFINS para empresas tributadas pelo lucro presumido, que é de 3%;
alíquota do ITBI no município do Rio de Janeiro, que é de 2%.
✓ Por valor fixo. Exemplos: A CIDE, que é cobrada na venda de gasolina sobre uma
quantidade vendida (m³), independentemente do valor da venda; e também para
alguns casos referentes ao PIS e a COFINS, como a venda de refrigerantes, que
pode ser cobrado sobre o litro vendido.

A alíquota pode ter ainda outra função importante de qualquer sistema tributário justo
que é a progressividade. No imposto de renda das pessoas jurídicas, por exemplo,
existem duas alíquotas vigentes: uma alíquota básica, aplicada a todas as empresas
(15%); e outra, que é uma alíquota adicional de 10%, cobrada apenas daquelas
empresas que apresentam base de cálculo (lucro real, presumido ou arbitrado)
superior a R$ 20 mil/mês.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Obrigação significa a relação jurídica que se estabelece entre um sujeito ativo
(Credor), que pode exigir de um sujeito passivo (Devedor) uma prestação de caráter
patrimonial (Objeto), em virtude de uma causa que pode ser a vontade da parte ou a
vontade da lei.
Quando a obrigação surge por vontade das partes, trata-se de tema relativo ao direito
privado e lá deverá ser tratado.

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Já a obrigação tributária tem com causa a lei e nasce com o fato gerador, que estabelece
uma relação jurídica que vincula o sujeito ativo (ESTADO), que pode exigir do sujeito
passivo (Particular) uma prestação patrimonial (dinheiro) em virtude da vontade da lei
que instituiu o tributo.
A venda de um imóvel do contribuinte X para o contribuinte Z é uma operação entre
particulares, que deve ser tratada e regida pelo direito privado. Contudo, esta
operação poderá gerar diferentes obrigações de direito público. Por exemplo:
1. Fato Gerador do ITBI pela transferência da propriedade do imóvel. Sujeito Ativo é o
município de domicílio do imóvel e o sujeito passivo é o contribuinte Z;
2. Fato Gerador do IPTU, que na próxima cobrança será do contribuinte Z e não mais
do contribuinte X;
3. Fato Gerador do IR sobre o ganho de capital, se houver, na operação de venda do
imóvel do contribuinte X para o contribuinte Z.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O direito que o sujeito ativo (ESTADO) tem de exigir o pagamento de determinada
quantia do sujeito passivo (CONTRIBUINTE) a título de TRIBUTO tem o nome de
CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
O crédito tributário surge da ocorrência do fato gerador descrito em lei tributária ou
norma. Para que o Estado possa exigir o crédito tributário, é necessário que ocorra o
fato gerador, e que o Estado individualize e quantifique o valor a ser pago, com o
lançamento.
Para que seja possível a cobrança do crédito tributário, é necessária a comprovação de
sua existência. Teoricamente, o credor deve possuir provas da existência de seu
direito, que se faz por meio de um título ou documento.
A documentação da existência da dívida tributária é feita por um ato administrativo
denominado LANÇAMENTO.
O ato declaratório é um ato administrativo cuja prática declara a existência de uma
relação jurídica entre o ESTADO e um particular. Devido suas características específicas,
entende-se que o lançamento foi efetuado de acordo com a lei e o que
nele consta pode ser exigido pela administração pública. Mas, como todo ato
administrativo, o lançamento pode ser contestado e, conseqüentemente, alterado, por
impugnação do sujeito passivo ou recurso de ofício.

MODALIDADES DO LANÇAMENTO
O ato administrativo de lançamento pode ser efetuado sob três formas ou
modalidades:
DIREITO OU OFÍCIO – ocorre quando a administração pública inicia procedimento no
qual apura a ocorrência do fato gerador, calcula o montante do tributo e notifica o
sujeito passivo (Contribuinte ou o responsável)
POR DECLARAÇÃO – Ocorre quando o contribuinte ou responsável presta informações
para que a autoridade administrativa aplique a legislação tributária, calculando o valor
do tributo devido e notificando o contribuinte.
POR HOMOLOGAÇÃO – Quando o contribuinte realiza os procedimentos da modalidade
POR DECLARAÇÂO e a administração pública confirma o lançamento efetuado. Pode
ser de duas formas: EXPRESSA, por exemplo, quando a SRF efetua a restituição do IR
para a pessoa física; ou TÁCITA, que ocorre quando há prescrição. Por exemplo, a
homologação da declaração de IR de uma pessoa física pode ser homologada quando
completar cinco anos sem manifestação por parte da autoridade fazendária.

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


O crédito tributário pode ser extinto por meio de:
1. PAGAMENTO

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2. COMPENSAÇÃO
3. TRANSAÇÃO - Por exemplo, o fato da lei facultar ao sujeito passivo efetuar o
pagamento da multa com 50% de desconto, desistindo, no caso, da defesa.
4. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – Representa o perecimento do direito por não ter
sido exercitado dentro de determinado prazo.
5. CONVERSÃO DE DEPÓSITO EM RENDA
6. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO
7. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO
8. DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL

REPETIÇÃO DE INDÉBITO
Repetição do indébito é a terminologia utilizada em direito para denominar a
restituição de valor de tributo pago indevidamente ou a maior.
Etimologicamente, "indébito" é o mesmo que "não-débito", ou "crédito". "Indébito", na
verdade, é o crédito que o contribuinte possui contra o ente tributante. A terminologia
é utilizada porque, no direito tributário, a terminologia "crédito" é utilizada para designar
o "crédito tributário", que é o crédito do fisco contra o contribuinte. Dessa forma, a
utilização do termo "indébito" evita confusões terminológicas decorrentes das
polissemias do termo "crédito".

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PARTE 2: PIS/PASEP E COFINS

PIS E COFINS E A PETROBRAS


PIS e COFINS são contribuições federais cobradas sobre a totalidade das receitas obtidas pelas
empresas e que tem uma legislação com um elevado grau de complexidade, com formas diferentes
de cálculo, dependendo do tipo e da atividade da empresa.
Em relação à prova para Contador da PETROBRAS, o programa é abrangente e seco demais, podendo
exigir, teoricamente, tudo sobre a legislação que rege as duas contribuições. Contudo, nos últimos
concursos, o assunto constou no programa da mesma forma, mas as questões foram
centradas em base de cálculo, que é a recomendação principal para estudo. Outro aspecto que vale a
pena fixar bem é a questão da tributação concentrada ou monofásica, que é utilizada no setor de
combustíveis, onde a Petrobras está inserida. Não acredito que sejam exigidos detalhes avançados
em relação à sistemática de tributação adotada para o PIS e a COFINS. O provável é que a
exigência seja apenas sobre a base de cálculo e talvez alguma questão teórica. A parte contábil
também deve ser olhada com carinho.

COMO FUNCIONAM AS CONTRIBUIÇÕES PARA PIS E COFINS NOS DIAS ATUAIS


A forma de calcular as contribuições para PIS/PASEP e COFINS está condicionada, diretamente,
com a forma de tributação sobre o lucro. Assim, se a empresa fizer a opção pelo lucro real, será
tributada de uma forma; se optar pelo lucro presumido, a tributação será de outro jeito. Uma
explicação mais resumida, mais seca, pode ser feita da seguinte forma:
LUCRO REAL – NÃO-CUMULATIVO PRESUMIDO+ARBITRADO = CUMULATIVO
BASE = Todas as receitas (menos as
financeiras e algumas outras) menos
BASE = Apenas Receita Bruta
créditos permitidos em lei (basicamente,
compras e alguns gastos utilizados)
ALÍQUOTAS DE ALÍQUOTAS DE
7,6% de COFINS e 1,65% de PIS 3% de COFINS e 0,65% de PIS
Em ambos os métodos, são deduzidos da receita bruta os seguintes itens: vendas canceladas ou devolvidas,
descontos incondicionais concedidos e o IPI e o ICMS ST, quando registrados em receita. As Rec. Financeiras
são tributadas apenas no método não cumulativo, com alíquotas de 0,65% (PIS) e 4% na COFINS.

Algumas dicas, contudo, são importantes:


➢ EMPRESA NO LUCRO PRESUMIDO (OU ARBITRADO) SEGUE O MÉTODO
CUMULATIVO, PAGANDO 0,65% (PIS) E 3% (COFINS) SOBRE AS RECEITAS DA SUA
ATIVIDADE PRINCIPAL. É A FAMOSA RECEITA BRUTA Líquida, QUE CONSIDERA A
RECEITA BRUTA MENOS DEVOLUÇÕES E OS DESCONTOS INCONDICIONAIS. ICMS
E ISS QUE DEDUZEM A RECEITA BRUTA NÃO DIMINUEM AS BASES DE PIS E
COFINS. ESTA EXPLICAÇÃO VALE TAMBÉM PARA O MÉTODO NÃO-
CUMULATIVO. PORTANTO, CUMULATIVO REPRESENTA PAGAMENTO DE
CONTRIBUIÇÕES SEM DEDUÇÃO DE VALORES DESEMBOLSADOS ANTES NA
MESMA CADEIA PRODUTIVA.
➢ EMPRESA TRIBUTADA PELO LUCRO REAL SEGUE O MÉTODO NÃO-
CUMULATIVO, PAGANDO 1,65% (PIS) E 7,6% DE COFINS SOBRE O TOTAL DE
RECEITAS, COM DEDUÇÃO DE CRÉDITOS PERMITIDOS POR LEI. BASICAMENTE, É
POSSÍVEL AFIRMAR QUE A BASE DAS CONTRIBUIÇÕES É O VALOR DAS VENDAS
MENOS AS COMPRAS (PARA REVENDA, NO COMÉRCIO; DE MATÉRIA-
PRIMA+INSUMOS, NA INDÚSTRIA). PORTANTO, MÉTODO NÃO-CUMULATIVO
SIGNIFICA PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PELO VALOR AGREGADO PELA
EMPRESA, OU SEJA, COM POSSIBILIDADE DE DEDUZIR VALORES
DESEMBOLSADOS EM ETAPAS ANTERIORES DO PROCESSO PRODUTIVO.

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RECEITAS QUE ENTRAM (OU NÃO) NAS BASES DO PIS E DA COFINS


NÃO-
CUMULA
RECEITAS CUMU
TIVO
LATIVO
✓ Venda ou revenda de mercadorias no país. SIM SIM
✓ (-) Devolução de vendas no país (ou vendas SIM SIM
canceladas).
✓ (-) Descontos incondicionais concedidos (NF). SIM SIM
✓ (-) IPI+ICMS ST, se registrados em receita. SIM SIM
RECEITAS
✓ Venda ou revenda de mercadorias no exterior X X
DA
✓ Prestação de serviços no país. SIM SIM
ATIVIDADE
✓ Prestação de serviços no exterior - Recebido em R$. SIM SIM
✓ Prestação de serviços no exterior - em moeda
conversível X X
✓ (-) Descontos Condicionais concedidos
(financeiros) X X
✓ Receitas de aluguel X SIM
✓ Vendas de sucatas X SIM
✓ Receita de propaganda X SIM
✓ Receitas com reversão de provisões. X X
✓ Resultado positivo de participações em controladas X X
e coligadas avaliadas pelo método de equivalência
patrimonial.
DEMAIS
RECEITAS
✓ Receitas com dividendos de investimentos X X
avaliados pelo custo de aquisição
✓ Receita obtida na venda de bens do ativo X X
permanente.
✓ Receita com recuperação de créditos baixados a X X
perda.
✓ Receitas financeiras X SIM
✓ Receita com recebimento de juros s/ capital próprio X SIM
REVENDA ✓ Receitas com REVENDAS de produtos com
PRODUTOS tributação monofásica (cervejas, refrigerantes, água
COM mineral, produtos de perfumaria, autopeças, X X
TRIBUTAÇÃO automóveis novos, combustíveis e outros produtos).
MONOFÁSICA

Assim, a lógica para cálculo de PIS e COFINS é a seguinte: ou se inclui o total de receitas,
excluindo posteriormente as descritas; ou então, considerar na base apenas as receitas alcançadas
por PIS e COFINS.
Importante demais, na Prova da Petrobras, fixar cada item do quadro acima, pois a banca tende a
cobrar cálculo das contribuições, incluindo receitas que entram e não entram na base.

DICA: A receita c/ ganho obtido na venda de qualquer bem do (antigo) ativo permanente:
➢ É TRIBUTADA NO IR+CSLL, seja no Lucro Real, Presumido ou Arbitrado.
➢ NÃO É TRIBUTADA POR PIS E COFINS.
RECEITAS FINANCEIRAS
O Decreto nº 8.426/15 restabeleceu a incidência de PIS/PASEP e COFINS sobre as receitas financeiras
auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa.
A Lei nº 10.865/04, que instituiu incidência do PIS+COFINS na importação, autorizou o Poder Executivo
a reduzir e restabelecer as alíquotas das mencionadas contribuições incidentes sobre as receitas financeiras
auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de não cumulatividade.
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Com a mencionada autorização legal, o Decreto nº 5.164/04 reduziu a zero as alíquotas das citadas
contribuições incidentes sobre as receitas financeiras, exceto as oriundas de juros sobre capital próprio e
as decorrentes de operações de hedge. Posteriormente, o Decreto nº 5.442/05 revogou o Decreto anterior
e deu nova redação para estabelecer que a redução a zero das alíquotas destas contribuições aplicava-se
sobre receitas financeiras auferidas por pessoas jurídicas que tinham pelo menos parte de suas receitas
sujeitas ao regime de apuração não cumulativa das referidas contribuições e estabeleceu que a redução
também se aplicava às operações realizadas para fins de hedge, mantendo a tributação sobre os juros sobre
o capital próprio (9,25%). A RFB diz que a lógica da redução de alíquotas surgiu em contrapartida à
extinção da possibilidade de apuração de créditos em relação às despesas financeiras decorrentes de
empréstimos e financiamentos.
Para as empresas que apuram PIS/PASEP e COFINS sob o regime de apuração cumulativa, a Lei
nº 11.941/09 estabeleceu que a base de cálculo alcançaria apenas o faturamento (receita bruta), que
considera apenas receitas decorrentes da venda de bens e serviços.
Deste modo, explica a RFB que, para evitar abrir mão de importantes recursos para a seguridade social,
sem motivação plausível para tal renúncia e valendo-se da prerrogativa legal de restabelecer as alíquotas
citadas para as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa, concedida ao Poder
Executivo, o Decreto nº 8.426/15 estabeleceu o percentual de 4,65%, sendo 0,65% para o PIS/PASEP e
4% para a COFINS. O restabelecimento de alíquotas foi apenas parcial, já que o teto legal permite que a
elevação alcance o patamar de 9,25%, sendo 1,65% em relação ao PIS/PASEP e de 7,6% em relação à
COFINS.
Todavia, o Decreto nº 8.451/15 alterou o Decreto nº 8.426/15 e manteve alíquota zero para os seguintes
casos:
a) Variação monetária cambial decorrente de operações de exportação de bens e serviços para o exterior;
b) Variações monetárias cambiais nos empréstimos e financiamentos da empresa;
c) Receitas financeiras decorrentes de operações de cobertura (Hedge) destinadas exclusivamente a
proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas quando, cumulativamente, o objeto
do contrato negociado;
(1) estiver relacionado com as atividades operacionais da pessoa jurídica; e
(2) destinar-se à proteção de direitos ou obrigações da pessoa jurídica.

Portanto, está mantida, em essência, a tributação instituída pelo poder executivo, para as receitas
financeiras a partir de JUL/15. Contudo, as variações positivas de moeda referente dívida e vendas ao
exterior não serão objeto de cobrança de PIS e COFINS.
Assim, serão tributadas pelas alíquotas de 0,65% (PIS/PASEP) e 4% (COFINS) as seguintes receitas
financeiras (lista não exaustiva):
1. Juros e variações monetárias (por índice ou moeda) de aplicações financeiras em fundos de
investimentos e CDBs, por exemplo;
2. Juros e variações monetárias (por índice ou moeda) decorrentes de empréstimos concedidos pela
empresa e oriundas de outros ativos recebidos em atraso;
3. Descontos condicionais obtidos, normalmente por antecipação de pagamento; e
4. Juros e variações monetárias (por índice ou moeda) cobrados em atrasos de pagamentos ou de entrega
de mercadorias por parte de fornecedores.

Importante relembrar que toda explicação feita aqui é exclusivamente para as empresas tributadas pelo
lucro real e que tem a utilização, ainda que parcial, do método cumulativo para as contribuições de PIS e
COFINS. Outra lembrança importante é que, nestas empresas, o recebimento de juros sobre capital próprio
continua sendo considerado uma receita tributada normalmente, integrando a base das duas contribuições,
com alíquotas de 1,65% (PIS) e 7,6% (COFINS), totalizando 9,25%.

CRÉDITOS PERMITIDOS NO MÉTODO NÃO-CUMULATIVO


Já os créditos permitidos para as empresas tributadas pelo lucro real e que são submetidas ao
método não-cumulativo, pagando alíquotas de PIS e COFINS de 1,65% e 7,6%, respectivamente,
são os seguintes:

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1. Bens adquiridos para revenda nas empresas comerciais;
2. Insumos utilizados na produção de bens destinados à venda e na prestação de serviços;
3. Aluguel de prédio, máquina e equipamentos e arrendamento mercantil (todos os bens) pago a
pessoa jurídica (todo o gasto);
4. Gastos de energia elétrica (todo o gasto);
5. Despesas de frete e armazenagem (gastos com terceiros);
6. Depreciação (apenas dos bens utilizados na atividade industrial ou de prestação de serviços e
adquiridos a partir de maio de 2004). Alguns bens podem ter dedução em quatro anos e outros em
dois anos; e
7. Benfeitoria em imóveis próprios e de terceiros.

Existem algumas exceções, onde as empresas têm uma base de cálculo diferenciada, podendo
deduzir diversas despesas, pagando PIS e COFINS apenas sobre a diferença entre o total de suas
receitas e estas despesas. A alíquota aplicada é de 4% para a COFINS, com a alíquota do
PIS/PASEP sendo igual às alíquotas das demais empresas tributadas pelo método cumulativo,
0,65%.
Veja os casos:
a) Instituições Financeiras e Equiparadas, Seguradoras, Securitizadora de Créditos, Empresas de
Capitalização e Previdência Privada;
b) Operadoras de planos de saúde; e
c) Empresas de serviços de vigilância, segurança e transporte de valores;

Além disso, algumas atividades permanecem no método cumulativo apenas para uma parte de suas
receitas. Veja alguns casos:
a) Receitas de serviços telecomunicações;
b) Receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário,
ferroviário e aquaviário de passageiros;
c) Receitas com serviços de transporte coletivos de passageiros efetuados por empresas regulares
de linhas aéreas domésticas e as decorrentes da prestação de serviço de transporte de pessoas
por empresas de táxi aéreo;
d) Receitas decorrentes de prestação de serviços com aeronaves de uso agrícola inscritas no
Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB);
e) Receitas com serviços prestados por hospital, pronto-socorro, clínica médica, odontológica, de
fisioterapia e de fonoaudiologia, e laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises
clínicas, incluindo serviços de diálise, raios X, radiodiagnóstico e radioterapia, quimioterapia e
de banco de sangue;
f) Venda de álcool para fins carburantes;
g) Prestação de serviços postais e telegráficos prestados pela empresa brasileira de correios e
telégrafos;
h) Prestação de serviços das agências de viagem e de viagens e turismo;
i) Receitas de prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons
e imagens;
j) Receitas com vendas de jornais e periódicos;
k) Receitas decorrentes de prestação de serviços de educação infantil, ensinos fundamental e
médio e educação superior;
l) Receitas auferidas por parques temáticos;
m) Serviços de hotelaria;
n) Receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de
rodovias;
o) Serviços de organização de feiras e eventos;
p) Receitas decorrentes de prestação de serviços das empresas de call center, telemarketing,

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telecobrança e de tele atendimento em geral;


q) Vendas de mercadorias nas lojas localizadas nos portos ou aeroportos; e

Se a empresa for tributada pelo lucro real e tiver qualquer uma das receitas descritas acima, deverá
tributá-la separadamente das demais receitas obtidas. Por exemplo, as vendas de aparelhos, no caso
das empresas de telecomunicações, serão tributadas pelo método não cumulativo, com possibilidade
de dedução dos créditos permitidos em lei. Os créditos diretamente ligados à receita são deduzidos
diretamente, enquanto os créditos comuns a todas as receitas podem ser deduzidos na proporção das
receitas. Importante é compreender que a tributação de PIS e COFINS está diretamente associada à
tributação sobre o lucro.
Para você memorizar de forma mais tranquila essa explicação, há uma forma mais direta,
associando essa possibilidade ao nome de duas conhecidas empresas, tributadas pelo lucro real.
Receita de Serviços de Telecomunicações = Método Cumulativo, com alíquota de 3%
TIM
Demais Receitas = Método Não-Cumulativo, com alíquota de 7,6%
Receita de Serviços de Transporte de passageiros = Cumulativo, com alíquota de 3%
TAM
Demais Receitas = Método Não-Cumulativo, com alíquota de 7,6%

Além da permissão para utilização de crédito sobre diversos gastos, o legislador permitiu a apuração
de crédito presumido sobre o estoque de mercadorias e demais insumos existentes a partir do mês em
que a empresa passe a calcular PIS e COFINS pelo método não cumulativo. O crédito será calculado
pelas alíquotas utilizadas no método cumulativo (3% de COFINS e 0,65% de PIS), com a empresa
utilizando-o em doze parcelas mensais, iguais e sucessivas, sem atualização monetária.
Esta regra será sempre aplicada quando a empresa modificar sua forma de tributação, passando do lucro
presumido para o lucro real, caracterizando a mudança na tributação de PIS e COFINS do método
cumulativo para o não cumulativo.
O conceito de estoques para fins de registro do crédito presumido abrange não só os produtos acabados,
como também matéria-prima, produtos em elaboração, produtos intermediários, materiais de
manutenção, embalagens e outros itens agregados ao grupo.
O IBRACON recomenda, na Interpretação Técnica n° 01/2004, o registro deste crédito em conta de
ativo, a partir do mês em que a empresa passe a calcular as contribuições pelo método não cumulativo,
pois o direito de redução dos tributos devidos se dá quando há a mudança da forma de tributação de
lucro presumido para lucro real.
A decisão de registrar ou não este crédito nos livros contábeis é fundamental para não causar diferenças
nos resultados durante os 12 meses de utilização do crédito presumido.
As devoluções de vendas de períodos tributados pelo método cumulativo devem ter o mesmo tratamento
do crédito sobre o estoque inicial, ou seja, crédito pelas alíquotas cumulativas (0,65% e 3%) e utilização
em doze meses.
Suponha que a Cia Barca seja uma empresa comercial, tributada até o ano de 2007 pelo lucro presumido,
passando a partir de 1° de janeiro de 2008 para o lucro real. Admita que a empresa possuísse um
estoque, em dezembro de 2009, no valor de R$ 2.000.000,00. No dia 1° de janeiro de 2010, deverá
proceder ao seguinte registro contábil:

Débito: COFINS a Recuperar R$ 60.000,00 3% sobre o estoque de R$ 2.000.000,00


Débito: PIS a Recuperar R$ 13.000,00 0,65% s/ o estoque de R$ 2.000.000,00
Crédito: Estoques R$ 73.000,00 Crédito permitido ao contribuinte.

O crédito sobre estoque inicial deduzirá a COFINS a pagar em janeiro de 2010 em R$ 5.000. Ou seja,
admitindo que a base de cálculo da contribuição no mês seja de R$ 5.000.000, a Cia Barca desembolsará
R$ 375.000, sendo R$ 380.000 (7,6% sobre a base de R$ 5 milhões) menos R$ 5.000 do crédito sobre o
estoque inicial.
O assunto era um tabu, pois jamais havia sido cobrado em provas de concurso. Pois bem, a Petrobras
cobrou, logo de cara, duas questões na prova de 2010.

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TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA OU MONOFÁSICA


Após o alargamento das bases do PIS e da COFINS, ocorrido em 1999, algumas atividades passaram a
ter tratamento específico, para simplificar a fiscalização e o controle por parte do Fisco. Assim, as
contribuições são devidas em uma única etapa da cadeia produtiva, com alcance em todo o processo e
elevação da alíquota. Este modelo é conhecido como tributação monofásica ou tributação concentrada,
pois acontece uma única vez, normalmente no início do processo produtivo, isentando-se as operações
seguintes. O Modelo abrange alguns setores, como bebidas, automóveis, peças de automóveis,
medicamentos, produtos de higiene e perfumaria, além dos combustíveis.

COMBUSTÍVEIS DERIVADOS DE PETRÓLEO E ÁLCOOL


Com a Lei nº 9.718/98, as Contribuições para PIS e COFINS incidente sobre gasolina (exceto de aviação),
óleo diesel, GLP, querosene de aviação e nafta petroquímica passaram a ser calculadas aplicando-se
alíquotas diferenciadas concentradas sobre a receita bruta obtida com as vendas destes produtos, efetuadas
pelos produtores, importadores, refinarias de petróleo e distribuidores de álcool para fins carburantes. Com
isso, são reduzidas a zero as alíquotas aplicadas sobre a receita auferida com as vendas realizadas pelos
distribuidores e comerciantes varejistas (postos de combustíveis).
A Lei n° 10.865/04 modificou a tributação do PIS e da COFINS sobre combustíveis e derivados de
petróleo, com objetivo de facilitar a fiscalização e diminuir a sonegação.
Assim, o importador ou o fabricante dos combustíveis e derivados de petróleo poderá escolher entre a
tributação com alíquota percentual ou com base num valor fixo, cobrado por unidade de medida, sendo mil
litros (m³), no caso da gasolina.
Vamos entender, passo a passo, como funciona o cálculo de PIS e COFINS sobre as vendas de
combustíveis. Nas tabelas a seguir, serão apresentadas as alíquotas vigentes até o mês de fechamento desta
edição (NOV/17), além das alíquotas com valor fixo, definidas em decretos do poder executivo.
Inicialmente, veja na primeira tabela, as alíquotas máximas permitidas para os combustíveis
TABELA 1: ALÍQUOTAS MÁXIMAS DE PIS E COFINS COBRADAS DOS PRODUTORES OU
IMPORTADORES DE PETRÓLEO – EM PERCENTUAL
ALÍQUOTAS COBRADAS SOBRE A VENDA DE COFINS PIS
Gasolina e suas correntes, menos a de aviação e Nafta Petroquímica destinada à 23,44% 5,08%
formulação de gasolina ou óleo diesel
Óleo diesel e suas correntes e Nafta Petroquímica destinada à formulação 19,42% 4,21%
exclusivamente de óleo diesel
Gás liquefeito de petróleo – GLP 47,40% 10,20%
Querosene de aviação 23,20% 5,00%
Biodiesel 28,32% 6,15%
Nafta Petroquímica vendida pelo produtor às centrais petroquímicas ou 4,6% 1,0%
importada por estas.
Fonte: Art. 22 da Lei nº 10.865/2004, art. 3º da Lei nº 11.116/05, art. 2º da Lei nº 10.560/02 e art. 14 da Lei nº 10.336/01.

Todavia, foi instituído por meio de lei um modelo alternativo, denominado Regime Especial, permitindo as
empresas do setor efetuarem o pagamento das contribuições para PIS/PASEP e COFINS com base em
quantidade vendida e alíquota em R$. E a própria lei transferiu ao poder executivo realizar reduções de
alíquotas, via decreto. Veja a tabela a seguir com as alíquotas em vigor em NOV/17, conforme definidos em
lei e decretos, estes quando autorizados por lei:
TABELA 2: REGIME ESPECIAL - ALÍQUOTAS DE PIS E COFINS
MODELO ALTERNATIVO (ALÍQUOTA FIXA) - Valores em R$
PRODUTOS MEDIDOS POR METROS CÚBICOS (MIL LITROS) OU PIS COFINS
TONELADAS DEVIDO DEVIDA
Gasolina e suas correntes, menos a de aviação (m³) 141,10 651,40
Óleo Diesel e suas correntes (m³) 82,20 379,30
Querosene de aviação (m³) 12,69 52,51
GLP Derivado de Petróleo e Gás Natural (Ton.) 29,85 137,85
Biodiesel 26,41 121,59
Nafta Petroquímica destinada à produção ou formulação exclusivamente de óleo diesel 26,36 121,64
Nafta Petroquímica destinada à produção ou formulação de óleo diesel ou gasolina 46,58 215,02
Fonte: Decretos n° 5.059/04, nº 9.101/17 e n° 7.768/12. Art. 23 da Lei nº 10.865/2004 e art. 14 da Lei nº 10.336/01.

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EXEMPLO NUMÉRICO DE MÉTODO CUMULATIVO – LUCRO PRESUMIDO


Suponha que a Cia Alfa seja uma empresa comercial, tributada pelo lucro presumido e que
apresentou, em janeiro de 2011, as seguintes contas de resultado:
▪ Receita com revenda de mercadorias R$ 500.000
▪ Devolução de Vendas R$ 10.000
▪ Descontos Incondicionais Concedidos R$ 20.000
▪ Descontos Financeiros Concedidos R$ 5.000
▪ Receitas Financeiras R$ 4.000
▪ Receita com Aluguel de Espaço R$ 2.000
▪ Ganho na venda de bens do Imobilizado R$ 6.000
OBS: 20% das revendas são de produtos com tributação monofásica. As devoluções e os descontos são de
produtos tributados normalmente.

Veja no quadro a seguir, o cálculo do PIS e da COFINS da Cia Alfa:


TOTAL DE RECEITAS (Tributadas) R$ 400.000 (80% da revenda de mercadorias)
▪ (-) Devolução de Vendas (R$ 10.000)
▪ (-) Descontos Incondicionais Concedidos (R$ 20.000)
BASE DE CÁLCULO DE PIS E COFINS R$ 370.000
✓ PIS – 0,65% = R$ 2.405
✓ COFINS – 3% = R$ 11.100
O desconto financeiro é aquele que depende de certa condição, por exemplo, pagamento antes
do vencimento, não se caracterizando como uma dedução nas bases de PIS e COFINS.

COFINS DAS ENTIDADES IMUNES E ISENTAS


As entidades imunes e isentas possuem isenção de COFINS apenas para as receitas da atividade própria.
As demais receitas, que não forem incluídas nas atividades essenciais, devem ser tributadas.
Por exemplo, um clube recreativo que alugue sua sede para uma festa, deve tributar a COFINS sobre a
receita obtida com o aluguel, já que este não se enquadra nas atividades isentas. Qualquer aplicação
financeira desta empresa sofrerá tributação da COFINS.
Pelas regras vigentes, as entidades ISENTAS devem pagar COFINS sobre as demais receitas com
alíquota de 7,6% com dedução de créditos permitidos em lei, enquanto as entidades IMUNES devem
pagar a contribuição com alíquota de 3%.

PIS PAGO SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO


O Artigo 8º da Lei 10.637/02 define que as entidades imunes permanecem pagando o PIS com base na
folha de pagamento e não sobre as receitas. A lei citou apenas as entidades imunes, não citando as
entidades isentas, o que não tem sentido, uma vez que diversas empresas definidas na lei como
contribuintes do PIS por este modelo são entidades isentas. A Instrução Normativa da SRF nº 247/02
(com as alterações da IN 358/03) define as entidades que deverão permanecer pagando o PIS sobre a
folha de pagamento. São elas, dentre outras:
a) Templos de qualquer culto e Partidos políticos;
b) Instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei
no 9.532, de 10 de dezembro de 1997;
c) Instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as
condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997;
d) Sindicatos, federações e confederações e fundações de direito privado;
e) Serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei;
f) Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;
g) Condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e
h) Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) previstas na Lei nº 5.764/71.

As entidades imunes e isentas devem cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:

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✓ Não distribuam qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de participação no
resultado ou lucro;
✓ Apliquem seus recursos integralmente no País, na manutenção de seus objetivos institucionais; e
✓ Mantenham escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão.

As sociedades cooperativas também contribuirão para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de


salários em determinados casos.
O PIS, nas empresas listadas pela SRFB, será calculado pela aplicação da alíquota de 1% (um por
cento) sobre o total da folha de pagamento mensal de seus empregados. Como folha de pagamento
considera-se os rendimentos do trabalho assalariado de qualquer natureza, como salários, férias,
décimo terceiro salário, gratificações, horas extras, ajuda de custo, adicional noturno, anuênios,
biênios, etc.
As entidades sem fins lucrativos e que não tiverem empregados, não estarão obrigadas a pagar a
contribuição ao PIS.

PIS/PASEP DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO (UNIÃO,


ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS E SUAS AUTARQUIAS)
Nesta modalidade, o PIS/Pasep será calculado aplicando a alíquota de 1% sobre o valor mensal das
receitas correntes arrecadadas, das transferências correntes e de capital recebidos. Serão incluídas
nestas receitas correntes, todas as receitas tributárias, ainda que arrecadadas no todo ou em parte por
outra entidade da Administração Pública, incluindo aí as fundações públicas.
Não podem ser deduzidas as transferências orçamentárias efetuadas para empresas públicas,
sociedades de economia mista ou demais entidades estatais que explorem atividade econômica sob
regime jurídico de empresa privada.
Em resumo, a base de cálculo das pessoas jurídicas de direito público é o valor mensal das receitas
correntes arrecadadas, tributárias ou não, ainda que por outra entidade pública, mais as
transferências correntes e de capital recebidas, deduzindo-se transferências efetuadas a outras
entidades públicas.

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PARTE 3: IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS E CSLL

INCIDÊNCIA
Atendidos os princípios constitucionais tributários (estudados no tópico anterior), o
imposto de renda deve atender três critérios básicos, definidos na Constituição
Federal: os critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade.
O critério da GENERALIDADE diz que toda e qualquer forma de renda ou provento
deverá ser tributada nos limites e condições da Lei.
O critério da UNIVERSALIDADE destaca que o tributo deverá ser cobrado de todos que
auferirem renda, nos termos fixados na Lei, sem distinção de sexo, cor, profissão, etc.
Já o critério da PROGRESSIVIDADE diz que o imposto de renda deve ser graduado por
faixas, de modo que alíquotas mais elevadas recaiam sobre as faixas maiores de
renda. O objetivo da progressividade de alíquotas é aplicar a justiça tributária que diz:
cobra-se mais de quem tem mais e menos de quem tem menos.
Para as pessoas jurídicas, o que garante a aplicação deste critério é o adicional de
10%, que incide apenas sobre o lucro a partir de R$ 20 mil mensais.
O IR e a CSLL incidem sobre a renda auferida por uma entidade empresarial. Na
verdade, a incidência está intimamente ligada ao fato gerador, que em relação ao IR
tem a seguinte definição no Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66):
O fato gerador do IRPJ é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
 De renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou combinação de ambos;
 De proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no conceito de renda.

DISPONIBILIDADE ECONÔMICA representa regime de caixa para apropriação de


receitas e despesas. Já a DISPONIBILIDADE JURÍDICA pressupõe a utilização do
regime de competência, seguindo os princípios fundamentais de contabilidade. O IR
pode ser cobrado no Brasil tanto pelo regime de caixa (opção no lucro presumido,
arbitrado e no SIMPLES) como pelo regime de competência (obrigatório no lucro real e
opcional nas demais formas de tributação). Só precisa estudar isso, mais nada.

BASE DE CÁLCULO
É o valor sobre o qual será aplicada a alíquota para apuração do valor do tributo a
pagar, devendo ser definida através de Lei Complementar.
A base de cálculo do imposto de renda é o lucro. O legislador definiu a divisão em
LUCRO REAL, PRESUMIDO E ARBITRADO. A seguir, o que considero fundamental no
estudo do tema para uma preparação forte.

LUCRO REAL
O Lucro Real é a única forma de tributação sobre o lucro das empresas, sendo apurado
a partir do resultado registrado na contabilidade. O lucro fiscal será obtido após ajustes
que contemplam receitas e despesas que entram no resultado contábil e não são
consideradas no resultado fiscal e vice-versa.

LALUR CONTABILIDADE FISCO AJUSTE EXEMPLO


Receita com Participação em
SIM NÃO EXCLUSÃO
Controladas pelo MEP
RECEITA
Recebimento de vendas
NÃO SIM ADIÇÃO
realizadas para o governo
SIM NÃO ADIÇÃO Despesas de Brindes
DESPESA Depreciação acelerada
NÃO SIM EXCLUSÃO
incentivada para fins fiscais

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O quadro apresenta a explicação sobre os ajustes que devem ser feitos para
transformar o resultado contábil no resultado líquido ajustado, base para IR e CSLL.
Portanto, após realizar os ajustes, chegamos ao Lucro Líquido Ajustado.
Posteriormente, a empresa poderá compensar prejuízos fiscais de períodos anteriores,
se houver.
O prejuízo fiscal apurado em determinado exercício poderá ser compensado nos
exercícios seguintes (desde que registrado adequadamente no LALUR), limitado a 30%
do valor do lucro ajustado do período. Um prejuízo de R$ 100, ocorrido no ano de
2008, poderá ser compensado com um lucro de R$ 300 no ano de 2009 até 30% do
valor deste lucro. Assim, a compensação estaria limitada em R$ 90, que representa
30% do lucro de 2009 (R$ 300). O valor de R$ 10 que deixou de ser compensado em
2009, em virtude do limite de 30%, continuará registrado no LALUR e poderá ser
compensado a partir do ano seguinte.
Não existe limitação de prazo para a compensação de prejuízos fiscais. Assim, as
empresas poderão compensar prejuízos sem prescrição. Até 1994 havia limitação de
compensação de prejuízos fiscais em quatro anos, porém sem o limite de 30% em
vigor desde 1995.

LUCRO PRESUMIDO
O Lucro Presumido é uma modalidade de tributação que estima, presume o lucro que
será objeto de tributação. Permitido, basicamente, para empresas com receitas até R$
78 milhões/ano (anterior), dispensa a escrituração contábil (razão + diário),
permitindo o uso somente do Livro-Caixa e do Livro Registro de Inventário. O lucro é
apurado a partir de percentuais definidos em lei, que devem ser aplicados sobre cada
receita obtida pela empresa. Para simplificar, observe na tabela a seguir como seria a
tributação de um Posto de Combustíveis, tributado pelo lucro real no 1º trimestre de
2009:

CÁLCULO DO LUCRO PRESUMIDO – POSTO DE GASOLINA – em R$


POSTO GLORIOSO - CÁLCULO IMPOSTO CONTRIBUIÇÃO
RECEITA
IR+CSL – Lucro Presumido DE RENDA SOCIAL
JAN-MAR
% BASE % BASE

REVENDA COMBUSTÍVEL 2.000.000 1,6% 32.000 12% 240.000


REVENDA DE MERCADORIAS 150.000 8% 12.000 12% 18.000
SERVIÇOS DE LAVAGEM 100.000 32% 32.000 32% 32.000
APLICAÇÕES FINANCEIRAS 5.000 100% 5.000 100% 5.000
DEMAIS RECEITAS 3.000 100% 3.000 100% 3.000
LUCRO PRESUMIDO 84.000 BASE CSLL 298.000
IR DEVIDO 15.000 CSLL 9% 26.820

Não podem utilizar o lucro presumido, sendo obrigadas ao lucro real, as instituições
financeiras e equiparadas e empresas que tenham rendimentos ou lucros oriundos do
exterior, independente do valor da receita total obtida. No lucro presumido não há uso
de qualquer tipo de incentivo fiscal do IR.
O ganho de capital deve ser apurado considerando as taxas usuais de depreciação,
mesmo se a empresa calcular seus tributos pelo regime de caixa. Por exemplo, se uma
empresa tributada pelo lucro presumido utiliza o regime de caixa e compra um veículo
por R$ 1.000, vendendo-o doze meses depois, por R$ 1.100, o ganho de capital será
de R$ 300 (R$ 1.100 menos R$ 800, considerando depreciação anual de 20%).
Importante lembrar que a receita exigida, tanto no lucro presumido como na
estimativa e no lucro arbitrado é a receita bruta menos devoluções de vendas e
descontos incondicionais concedidos.

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LUCRO ARBITRADO
O Lucro Arbitrado é a desconsideração dos números apresentados pela contabilidade. É
exigido normalmente quando a escrituração contábil é considerada imprestável pelo
Fisco. O arbitramento pode ser:
TOTAL, quando não há condições de apurar receitas e despesas da empresa. No caso,
somente o Fisco pode arbitrar o resultado, tendo 8 opções de arbitramento, que
incluem desde percentual do ativo até 40% do valor das compras de mercadorias. No
caso, o lucro arbitrado serve de base para IR e CSLL; ou
PARCIAL, quando o Fisco ou o próprio contribuinte pode arbitrar o lucro. Neste caso, a
receita bruta seria conhecida, com a base de cálculo do IR sendo apurada pelos
percentuais utilizados no lucro presumido, acrescidos de 20%. Por exemplo, uma
receita de revenda de gasolina no posto teria aplicação do percentual de 1,92% (1,6%
+ 0,32%) para se chegar ao lucro arbitrado da empresa. Uma empresa somente pode
se auto-arbitrar se sua receita bruta for até R$ 48 milhões de reais no ano. A base da
CSLL, no caso, seria a mesma base utilizada no lucro presumido, que é a mesma base
utilizada na estimativa do lucro real. Instituições financeiras e equiparadas teriam um
lucro arbitrado em 45% de suas receitas.

ALÍQUOTA E ADICIONAL DO IR E DA CSLL


A alíquota do IR é de 15% mais um adicional de 10%, que é cobrado apenas sobre a
parcela que exceder a R$ 20 mil mensais. Com isso, há aplicação do critério de
progressividade, que garante tributação maior (em percentual) para empresas com
resultado mais expressivo.
A CSLL será devida pela alíquota de 9% para as empresas em geral. Instituições
financeiras e empresas equiparadas pagam 15%. Existe um bônus de adimplência
fiscal de 1% para empresas que atenderem a determinadas regras durante cinco anos,
mas que dificilmente será aplicado devido às exigências impostas pela legislação.
Apenas para informar, o bônus de 1% seria calculado sobre a base do lucro presumido
(da CSLL), mesmo para empresas no lucro real.

LALUR: FORMA DE ESCRITURAÇÃO FISCAL


O Livro de Apuração do Lucro Real é um livro eminentemente fiscal, cujo objetivo
principal é demonstrar a passagem do lucro contábil para o lucro fiscal. No concurso do
BNDES de 2005, houve a absurda referência ao RIR em uma questão discursiva.
Devido a isso, resolvemos apresentar, a seguir, o que diz o Regulamento sobre o
LALUR:
Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 8º,
inciso I):
I - lançar os ajustes do lucro líquido do período de apuração;
II - transcrever a demonstração do lucro real;
III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de
apuração subseqüentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada
incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais
valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração
futuros e não constem da escrituração comercial;
IV - manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no
cálculo das deduções nos períodos de apuração subseqüentes, dos dispêndios com
programa de alimentação ao trabalhador, vale-transporte e outros previstos neste
Decreto.
Art. 263. O LALUR poderá ser escriturado mediante a utilização de sistema eletrônico
de processamento de dados, observadas as normas baixadas pela Secretaria da
Receita Federal (Lei nº 8.218, de 1991, art. 18).

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O LALUR é dividido em duas partes: parte A e parte B. Na parte A, ocorre a transcrição


da apuração do lucro fiscal, que é feita a partir da escrituração contábil. Primeiro,
relatamos todas as despesas que serão adicionadas e as receitas que serão excluídas,
informando data e histórico explicativo, para justificar a adição ou exclusão.
Depois, demonstramos a apuração do lucro fiscal, denominado pela legislação como
lucro real. A apuração do lucro real é feita da seguinte forma:

PARTE A DO LALUR
1) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda
2) (+) Adições ao Lucro Líquido
3) (-) Exclusões ao Lucro Líquido
4) Lucro Antes da Compensação de Prejuízos Fiscais (1+2-3)
5) (-) Compensação de Prejuízos Fiscais
6) Lucro Real (4-5)

Já na parte B, são registrados todos os lançamentos que podem afetar a base fiscal de
períodos posteriores. Assim, as despesas que representam adições temporárias devem
ser registradas na parte B, pois em algum período seguinte, poderá ser dedutível para
fins fiscais e, com o adequado controle na parte B do LALUR, a exclusão poderá ser
efetuada. Então, para consolidar o entendimento, são registrados na parte B do
LALUR:
a) Prejuízos Fiscais;
b) Prejuízos apurados nas atividades não operacionais1;
c) Adições e Exclusões temporárias; e
d) Excesso de Incentivo Fiscal ao PAT, que pode ser utilizado em até dois anos.

FORMAS DE PAGAMENTO
Desde 1997 que a apuração do IR e da CSLL é trimestral, seja a empresa tributada
pelo lucro real, presumido ou arbitrado (Lei nº 9.430/96, art. 1º).
No lucro real, a empresa tem 2 opções de escolha, em relação a periodicidade de
apuração e pagamento:
1. Trimestral Definitiva;
2. Anual, com antecipações mensais em bases estimadas.

A opção trimestral definitiva no lucro real representa a divisão do ano em quatro


períodos independentes de apuração. A opção anual tem a exigência de detalhamento
da base apenas uma vez por ano, com obrigação de recolhimentos mensais em bases
estimadas. Importante ressaltar que a opção será manifestada por ocasião do primeiro
recolhimento do ano, pois os códigos de recolhimento são diferentes e o Fisco não
aceita o REDARF para modificar o código e alterar a periodicidade do cálculo.

OPÇÃO TRIMESTRAL DEFINITIVA


Na opção trimestral, cada trimestre tem sua apuração como se fosse um ano. Com
isso, um prejuízo apurado no 1º trimestre somente pode ser compensado em 30%
para reduzir um possível lucro apurado no 2º trimestre. Assim, uma empresa que
apresente R$ 100 de prejuízo no 1º trimestre e R$ 200 de lucro no 2º, vai pagar IR
sobre R$ 140. Entretanto, esta perda é apenas temporal, pois nos próximos trimestres,
caso apresente lucros, a empresa irá recuperar o valor que deixou de compensar.

1
Estes são controlados na parte B do LALUR apenas quando a empresa apresenta prejuízo fiscal e, den tro desse prejuízo há resultado
negativo com atividades não operacionais. Mais detalhes em PEGAS, cap.20.

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Mas, a maior perda para as empresas que apuram seu imposto pelo lucro real
trimestral ocorre em relação à parcela do adicional mensal de R$ 20.000, que deixar
de ser recolhida em algum trimestre ao longo do ano, desde que o lucro apurado em
outro trimestre seja superior a R$ 240.000.
Vamos exemplificar:
Uma empresa apresenta um lucro de R$ 240.000 no ano de 1999. O IR devido pelo
lucro real anual é de R$ 36.000 (referente aplicação da alíquota básica de 15%. Neste
caso, a empresa não está sujeita ao adicional devido ao lucro não ter ultrapassado os
R$ 240.000 no ano). Vamos supor que este lucro de R$ 240.000 esteja distribuído nos
quatro trimestres da seguinte forma e com o respectivo IR devido:

1º trimestre  Lucro de R$ 70.000 IR de R$ 11.500


2º trimestre  Lucro de R$ 70.000 IR de R$ 11.500
3º trimestre  Lucro de R$ 60.000 IR de R$ 9.000
4º trimestre  Lucro de R$ 40.000 IR de R$ 6.000

O Imposto de renda total pelo lucro real trimestral será de R$ 38.000, ou seja, será R$
2.000 a mais do que o calculado pelo lucro real anual.
Esta diferença de R$ 2.000 é explicada devido ao lucro no ano ter atingido a parcela de
R$ 240.000, significando que não tivemos nenhum valor de adicional de IR devido.
Entretanto, quando vamos para o cálculo trimestral, em dois trimestres temos excesso
em relação à parcela trimestral do adicional (R$ 60.000). Como não podemos
compensar o excesso dos dois primeiros trimestres com o 4º trimestre, quando o lucro
ficou R$ 20.000 abaixo do limite, perdemos 10% (alíquota do adicional) sobre estes R$
20.000.
A perda máxima anual com o adicional de IR é infinita. Entretanto, perdas acima de R$
10 mil só ocorrem em casos extremos, com uma variação no resultado dos trimestres
difícil de acontecer.
Um importante lembrete é o seguinte: Na apuração trimestral, vale sempre trimestre
civil. Logo, uma empresa que começa suas atividades em fevereiro, irá apurar o IR
devido do 1° trimestre em março, com apenas dois meses de apuração, contando
março e fevereiro, não utilizando janeiro, no caso. Começa a contar, portanto, do mês
de autorização de funcionamento, mesmo que seja nos últimos dias do mês.

APURAÇÃO ANUAL, RECOLHIMENTOS MENSAIS


Na escolha da opção anual, há obrigatoriedade do recolhimento mensal em bases
estimadas. Então, embora a apuração definitiva da base de cálculo somente ocorra no
final do ano, a empresa será obrigada por lei a recolher ao Fisco mensalmente uma
parcela de IR e CSLL, como antecipação.

CÁLCULO DA ESTIMATIVA MENSAL


O cálculo do imposto de renda e da contribuição social por estimativa segue,
basicamente, a mesma estrutura do lucro presumido, ou seja, são aplicados
percentuais específicos sobre cada receita obtida pela empresa. Após, será aplicada a
alíquota básica do IR, depois o adicional e, em seguida, são deduzidos os incentivos
fiscais. O cálculo do IR pela estimativa apresenta as seguintes diferenças em relação
ao cálculo do IR pelo lucro presumido:
1. Receitas de aplicações financeiras que já sofreram tributação na fonte, que não
entram no cálculo da estimativa, mas entram no lucro presumido; e
2. Os incentivos fiscais que podem ser deduzidos na estimativa e não podem ser
deduzidos no lucro presumido.

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Já a base estimada da CSLL é praticamente igual à base da CSLL pelo lucro presumido.
Apenas o valor recebido a título de juros sobre capital próprio entra na base do lucro
presumido e não entra na base estimada. Não vejo justificativa para tal receita ficar
fora da base estimada, mas é o que diz a legislação.

VALORES QUE NÃO INTEGRAM A BASE ESTIMADA DO IR


O Art. 7º da IN SRF nº 93/1997 diz que não integram a base de cálculo do imposto de
renda mensal, calculado pela estimativa:
1. Os rendimentos e ganhos líquidos produzidos por aplicação financeira de renda fixa
e de renda variável, exceto quando não houver retenção na fonte;
2. As receitas provenientes de atividade incentivada, na proporção do benefício de
isenção ou redução do imposto a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de
tributação com base no lucro real, fizer jus;
3. As recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas;
4. A reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas;
5. Os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias avaliadas pelo custo
de aquisição e a contrapartida do ajuste por aumento do valor de investimentos
avaliados pelo método da equivalência patrimonial;
6. O imposto não cumulativo cobrado destacadamente do comprador ou contratante,
do qual o vendedor dos bens seja mero depositário; e
7. Os juros sobre o capital próprio auferidos.

Os rendimentos e ganhos a que se refere o item 1 (rendimentos de aplicação


financeira) serão considerados na determinação da base de cálculo do IR mensal
quando não houverem sido submetidos à incidência na fonte ou ao recolhimento
mensal previstos nas regras específicas de tributação a que estão sujeitos (arts. 65 a
75 da Lei nº 8.981/95).

EXEMPLO NUMÉRICO
A Cia. Somar é uma empresa comercial, que apresentou as seguintes receitas no mês
de janeiro de 2007:
• Receita de revenda de mercadorias R$ 200.000
• Rendas de aplicações financeiras * R$ 5.000
• Rendas de equivalência patrimonial R$ 15.000
• Ganhos de capital R$ 10.000
* IR retido na fonte de R$ 1.000.

Veja o cálculo do IR e da CSLL pela estimativa:

CÁLCULO do IRPJ:
Receita Bruta 200.000
Percentual Aplicado – 8% 16.000
(+) Acréscimo à base de cálculo
– Ganhos de capital 10.000
Base de Cálculo 26.000

IR – alíquota básica – 15% 3.900


Excesso s/ 20.000 6.000
IR – adicional – 10% 600
Imposto de Renda Devido ______ 4.500

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CÁLCULO da CSLL:
Receita Bruta 200.000
Percentual Aplicado – 12% 24.000
(+) Acréscimo à base de cálculo 15.000
– Ganhos de capital 10.000
– Aplicações financeiras 5.000
Base de Cálculo 39.000

Contribuição Social Devida – 9% 3.510

A receita financeira não foi incluída na base estimada do imposto de renda, pois já
sofreu retenção na fonte de 20%. Entretanto, esta receita foi incluída na base da CSLL.
Este exemplo, que está no MANUAL DE CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA (pág. 431 da 5ª
edição), foi utilizado na Prova para contador do BNDES (2007) apenas trocando o
nome da empresa e os valores. Basta ver as questões 69 e 70 (Cia. Zênite).

COMPARAÇÃO ENTRE ESTIMATIVA E LUCRO REAL


O recolhimento dos tributos deve ser mensal, a princípio pelo valor apurado no cálculo
estimado. Contudo, a empresa deve efetuar a comparação entre o cálculo estimado e o
cálculo pelo lucro real para recolher o menor valor.
Por exemplo, no cálculo pelo lucro real em janeiro de 2006, a Cia SOMAR apurou os
valores de R$ 6.000 de IR e R$ 3.600 de CSL. Com isso, poderá pagar os tributos por
esses valores e não por aqueles apurados no cálculo pela estimativa. Este é o chamado
BALANCETE DE REDUÇÂO, pois o imposto é reduzido pelo lucro real.
Já se a Cia SOMAR apresentasse prejuízo em janeiro de 2006 não teria IR e CSL
devidos. Com isso, nada precisaria recolher referente ao mês de janeiro. É o chamado
BALANCETE DE SUSPENSÂO, pois o imposto é suspenso através do cálculo pelo lucro
real.
O recolhimento será sempre considerado como estimativa mensal, mesmo que a opção
escolhida seja o balancete de suspensão/redução pelo lucro real. Estes termos
utilizados pela legislação representam o seguinte:

BALANCETE DE SUSPENSÃO – Suspende o imposto de renda, devido à apuração pelo


lucro real não apresentar nenhum valor a recolher, em comparação com a apuração
em bases estimadas. Diz-se que o imposto foi SUSPENSO pelo balancete mensal, por
isso, chama-se balancete de suspensão.
BALANCETE DE REDUÇÃO – Diminui o imposto de renda, devido à apuração pelo lucro
real apresentar valor a recolher menor, em comparação com a apuração em bases
estimadas. Diz-se que o imposto foi REDUZIDO pelo balancete mensal, por isso,
chama-se balancete de redução.

Veja na tabela a seguir como seria o cálculo de IR e CSL durante o ano de uma
empresa.

TABELA – OPÇÃO DE RECOLHIMENTO MENSAL DA EMPRESA ABC


IR DEVIDO Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
ESTIMATIVA 20 20 20 20 20 20 30 30 30 30 30 30
LUCRO REAL ACUM. 15 40 65 80 90 85 100 140 170 200 210 250
OPÇÃO ESCOLHIDA LR Est. Est. Est. LR LR LR Est. Est. Est. LR Est.
VALOR RECOLHIDO 15 20 20 20 15 0 10 30 30 30 20 30
RECOLH. ACUMUL. 15 35 55 75 90 90 100 130 160 190 210 240

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Veja que a empresa oscilou durante todo o ano entre a antecipação pelo regime de
estimativa e o balancete de redução/suspensão e terminou o exercício com
recolhimento total de R$ 240, contra um valor devido no ano de R$ 250, restando R$
10 que será pago no último dia útil de março do ano seguinte, por ocasião do
pagamento da cota de ajuste.

IR E CSLL ANDAM JUNTOS, LADO A LADO. ENTÃO, SE O IR FOR PAGO PELO


BALANCETE DE REDUÇÃO, O MESMO SERÁ FEITA NA CSLL. SE FOR PAGO PELA
ESTIMATIVA, A MESMA COISA: A ESCOLHA PARA O IR SE ESTENDE PARA A CSLL.

ACERTO DE CONTAS
O acerto de contas com o FISCO acontece no último dia útil de março do ano seguinte.
Assim, uma empresa que tenha devido R$ 1.500 no ano de 2005 com apuração do IR
pelo lucro real, mas antecipado mensalmente apenas R$ 100 pela base estimada,
deverá pagar a diferença de R$ 300 (R$ 1.500 devido no ano menos R$ 1.200
antecipado) em 2006 da seguinte forma:
1. Se pagar em janeiro, R$ 300, sem nenhum acréscimo;
2. Se pagar em fevereiro, R$ 300, mais juros selic de 1%, mas sem multa;
3. Se pagar em março, R$ 300, mais juros selic de fevereiro, mais 1% referente aos
juros selic de março, mas sem multa;
4. Se pagar a partir de abril, além dos juros, haverá cobrança de multa.
Portanto, o acerto de contas vence em janeiro (sem juros e multa) e em março
(apenas com cobrança de juros, mas sem multa).

TRATAMENTO CONTÁBIL DO IR ESTIMADO


Na última prova da Petrobras, o assunto cobrado surpreendeu muitos candidatos, pois
a banca pediu a contabilização do IR pela estimativa e não simplesmente o cálculo.
Diante disso, torna-se importante mostrar, em um exemplo numérico, a forma
adequada de registro contábil dos tributos calculados pela estimativa no mês de
apuração e, depois, no mês do pagamento.
O cálculo mensal em bases estimadas exige o registro contábil adequado no mês de
apuração e não apenas por ocasião do pagamento. E um imposto retido na fonte será
tratado como antecipação, a partir do mês em que for deduzido do IR a pagar. O
entendimento será consolidado no exemplo numérico a seguir.
A Cia. México é uma empresa de serviços, tributada pelo lucro real e que fez o
pagamento do imposto em bases estimadas no mês de janeiro de 2009. Suponha que
a empresa obteve somente as seguintes contas de resultado:

 Receita de Prestação de Serviços R$ 1.000 (retenção de IR de 1,5% (R$ 15)


 Receitas Financeiras R$ 20 (retenção de IR de 20% (R$ 4)
 Despesas Dedutíveis R$ 420

Veja, inicialmente, a apuração do IR pela estimativa e pelo lucro real anual, para fins
de contabilização da despesa de IR e da Provisão para IR.

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BASE ESTIMADA:
Receita de Serviços R$ 1.000
Percentual Estimado - 32% R$ 320
IR Devido – 15% R$ 48
(-) IRRF (R$ 15)
IR a Recolher em 28/fev/09 R$ 33

BASE REAL:
Lucro Fiscal R$ 600
IR Devido – 15% R$ 90
(-) IRRF s/ Apl.Financeiras R$ 4
Provisão de IR R$ 86

O registro contábil na Cia México seria o seguinte, em janeiro de 2009:


DÉBITO: Caixa R$ 985
DÉBITO: IRRF a Compensar R$ 15
CRÉDITO: Receita de Serviços R$ 1.000
x

DÉBITO: Aplicações Financeiras R$ 16


DÉBITO: IRRF a Compensar s/ RF R$ 4
CRÉDITO: Receitas Financeiras R$ 20
x

DÉBITO: IR a Recuperar – Estimativa R$ 48


CRÉDITO: IRRF a Compensar R$ 15
CRÉDITO: IR a Recolher R$ 33
x

DÉBITO: Despesa de IR R$ 90
CRÉDITO: IRRF a Compensar s/ RF R$ 4
CRÉDITO: Provisão para IR R$ 86

Com esses registros no mês de janeiro, o PASSIVO total relativo ao IR monta R$ 119,
sendo R$ 33 para recolhimento já certo em 28/fev/09. Já o valor de R$ 86 representa
o IR devido no final do ano, que seria diminuído de R$ 48, que monta a parcela
antecipada (R$ 15 da retenção na fonte mais R$ 33 recolhido em fevereiro). Assim, a
despesa de IR de R$ 90 seria reconhecida no balancete de janeiro, nos seguintes itens:
 IR Retido na Fonte s/ Receitas Financeiras R$ 4
 IR Retido na Fonte s/ Receitas de Serviços R$ 15
 IR a Recolher em 28/fev/2009 R$ 33
 IR Devido Ano (R$ 86 menos R$ 48) R$ 38
TOTAL DA DESPESA DE IR = R$ 90

DESPESAS DEDUTÍVEIS E NÃO-DEDUTÍVEIS


A regra geral para dedução de despesas diz que para o fisco aceitar uma despesa ela
deve ter as seguintes características:
1. Ser NECESSÁRIA para a atividade.
2. Ser COMPROVADA, com documento fiscal idôneo.
3. Ser REGISTRADA em conta de despesa.
4. Não ser Custo (no caso de gastos da fábrica, que devem integrar a conta
ESTOQUES).

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Pela experiência das últimas provas da Petrobras e de outras provas de concursos


realizadas pela CESGRANRIO, recomendo considerar as seguintes despesas para
estudo:
 Resultado Negativo de Participações em Controladas e Coligadas avaliadas pelo
método de equivalência patrimonial.
 Brindes e doações (estas, a banca deve informar que são indedutíveis)
 Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
 Provisão para contingências e outras provisões. As provisões dedutíveis são
aquelas de férias, 13º salário e as técnicas, de empresas de previdência Privada,
seguros, capitalização...
 Alimentação de sócios e acionistas.
 Multas de autuação fiscal. A banca normalmente informará se as multas são
dedutíveis. Multas por pagamento espontâneo de tributos em atraso são
dedutíveis. Os juros são dedutíveis, mesmo em caso de autuação, pois
representam recomposição da moeda.
 Multas de natureza não-fiscal, como multas ambientais e multas de trânsito.

As receitas não-tributáveis são poucas, mas é importante anotar as principais situações:


 Dividendos de investimentos avaliados pelo custo de aquisição
 Resultado Positivo de Participações em Controladas e Coligadas avaliadas pelo
método de equivalência patrimonial.
 Resultado com vendas para o governo, com recebimento no longo prazo.
 Depreciação acelerada incentivada.

Outra coisa importante é compreender os tipos de adições e exclusões: temporárias e


definitivas:
ADIÇÃO OU EXCLUSÃO DEFINITIVA representa uma discussão de MÉRITO da
despesa/receita entre o Fisco e a Contabilidade. Por exemplo: despesas de brindes ou
receita de dividendos de investimentos avaliados pelo custo de aquisição são
registradas na contabilidade, mas não consideradas pelo fisco; Já a ADIÇÃO OU
EXCLUSÃO TEMPORÁRIA representa uma discussão apenas de tempo para
dedução/tributação da despesa/receita. Esse conceito é importante para a parte dos
ativos e passivos fiscais diferidos.

INCENTIVOS FISCAIS
No programa da Petrobras, não consta o tema INCENTIVOS FISCAIS e não há histórico
de cobrança de questões sobre o assunto. Mas, o tema está inserido no estudo de IR e
CSLL. Por isso, minha recomendação é para você estudar apenas os aspectos básicos,
devido ao elevado grau de complexidade do tema.

CONCEITO GERAL
O governo federal concede, através de legislação específica, incentivos fiscais, com o
objetivo de destinar parte da arrecadação do IR para áreas e atividades que
necessitem de apoio federal para desenvolvimento.
Os principais incentivos fiscais de imposto de renda são os seguintes:
a) Fundo da Criança e do Adolescente;
b) PAT — Programa de Alimentação ao Trabalhador;
c) Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial – PDTI
d) Programa de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário – PDTA
e) Atividade Audiovisual;
f) Atividade Cultural ou Artística;
g) Atividades de Caráter Desportivo; e
h) FINAM e FINOR.

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Importante destacar, de imediato, que os incentivos recaem somente sobre a


alíquota básica do IR (15%), não alcançando nem o adicional de 10% nem a
contribuição social sobre o lucro.
Os incentivos fiscais estão regulamentados em diversas leis e distribuídos em
diversos
artigos do RIR/99. As atividades cultural e audiovisual, por exemplo, são tratadas
nos artigos 475 a 489. A IN SRF n° 267, de 23/dez./2002, consolida o tema.
A dedução máxima permitida de incentivos fiscais é de 10% da alíquota básica do
IR.
Então, caso uma empresa apresente um lucro de R$ 1.000.000, terá IR de R$
150.000 e redução máxima de R$ 15.000 á título de incentivos fiscais. Esta
dedução é resumida na tabela a seguir:

DEDUÇÃO MÁXIMA DEDUÇÃO MÁXIMA


INCENTIVO FISCAL
INDIVIDUAL CONJUNTA
Programa de Alimentação ao
4%
Trabalhador – PAT
Programa de Desenvolvimento 4%
Tecnológico Industrial – PDTI ou 4%
Agropecuário - PDTA
Atividade Audiovisual 3%
4%
Atividade Cultural ou Artística 4%
Fundo da Criança e do
1% 1%
Adolescente
Programas Desportivos 1% 1%
DEDUÇÃO MÁXIMA PERMITIDADA DO IR ALÍQ. BÁSICA 10%

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PARTE 4: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O tema consta nos programas da Petrobras já há alguns concursos. Contudo, a cobranças tem sido
rigorosa no sentido de exigir conhecimentos referentes a percentual de retenção e prazos de
recolhimento. A idéia da retenção na fonte é coibir a sonegação, obrigando o tomador do serviço a
fazer o recolhimento do imposto que será devido posteriormente pelo prestador.

RETENÇÃO DE ENTIDADES PÚBLICAS


O imposto de renda terá retenção na fonte com aplicação da alíquota de 15% sobre o percentual a
ser utilizado no lucro presumido. Por exemplo, no pagamento de serviços de engenharia, a retenção
na fonte será de 4,8%. Este percentual representa 15% de 32%, que é o percentual de presunção de
lucro adotado para essas empresas.
Suponha que a CVM efetue três pagamentos em março de 2007:
1. Empresa de informática (lucro real), referente à manutenção de computadores no valor de R$
4.000. No momento do pagamento do serviço, a CVM retém CSL de 1% (R$ 40), IR de 4,8%
(R$ 192), COFINS de 3% (R$ 120) e PIS de 0,65% (R$ 26), pagando o valor líquido de R$
3.622 à empresa;
2. Empresa comercial atacadista (lucro presumido), referente à compra de café, açúcar, adoçante e
chá no valor de R$ 2.000. No momento do pagamento do serviço, a CVM retém CSL de 1%
(R$ 20), IR de 1,2% (R$ 24), COFINS de 3% (R$ 60) e PIS de 0,65% (R$ 13), pagando o valor
líquido de R$ 3.883 à empresa; e
3. Empresa varejista, tributada pelo SIMPLES, referente à compra de canetas pelo valor total de
R$ 1.000. No caso, não caberá nenhuma retenção, pois a empresa tributada pelo SIMPLES tem
isenção de retenção.
O percentual de presunção de revenda de mercadorias é 8%, enquanto o percentual de prestação de
serviços é de 32%, por isso as alíquotas de 1,2% e 4,8%, respectivamente.
A IN SRF n° 480/2004 traz no artigo 3° a relação das empresas que não devem sofrer a retenção de
IR, dentre elas, as empresas inscritas pelo SIMPLES, as entidades imunes e isentas de IR e as
empresas exclusivamente distribuidoras de jornais e revistas.
As instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, as instituições de caráter
filantrópico, recreativo, cultural, científico e às associações civis, descritas nos artigos 12 e 15 da
Lei nº 9.532/1997 são obrigadas a apresentar ao órgão ou entidade, declaração, na forma do Anexo
II da IN SRF 480/04 e do Anexo III da IN SRF n° 539/05, conforme o caso, em duas vias, assinadas
pelo seu representante legal. O mesmo se aplica às empresas tributadas pelo SIMPLES, que devem
apresentar declaração conforme Anexo IV da IN SRF n° 480/04.

CASOS ESPECÍFICOS
A Instrução Normativa SRF n° 480/2004 explica o tratamento específico dado a diferentes
pagamentos. Apresentamos alguns casos a seguir:
 ART. 10 – Agências de viagem e turismo.
 ARTs. 11 e 12 – Seguros.
 ART. 15 – Propaganda e publicidade.
 ART. 16 – Consórcio.
 ART. 18 - Derivados de petróleo e álcool etílico hidratado para fins carburantes.
 ART. 19 - Produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal.
 ART. 20 - Máquinas, veículos, autopeças, pneus e câmaras de ar.
 ART. 21 – Água, refrigerante e cerveja.
 ARTs. 23 a 27 - Cooperativas e associações de profissionais ou assemelhadas.
 ART. 28 – Aluguel de imóveis.
 ART. 29 - Pessoa Jurídica Sediada ou Domiciliada no Exterior.

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RETENÇÃO/PAGAMENTOS DE DARF MENOR QUE R$ 10


A Lei n° 9.430/96 dispensa a retenção de imposto de renda, de valor igual ou inferior a R$ 10, incidente
na fonte sobre rendimentos que devam integrar a base de cálculo do imposto devido na declaração de
ajuste anual. O Art. 68 diz que não deve ser pago o DARF de tributos e contribuições de valor inferior a
R$ 10. No entanto, a contribuição ou o imposto administrado pela Secretaria da Receita Federal,
arrecadado sob um determinado código de receita, que, no período de apuração, resultar inferior a R$ 10,
deverá ser adicionado ao imposto ou contribuição de mesmo código, correspondente aos períodos
subseqüentes, até que o total seja igual ou superior a R$ 10, quando, então, será pago ou recolhido no
prazo estabelecido na legislação para este último período de apuração.

PRAZO DE RECOLHIMENTO
No caso das empresas e órgãos públicos os valores retidos devem ser recolhidos:
1. Pelos órgãos da administração federal direta, autarquias e fundações federais que efetuarem a
retenção, até o 3º dia útil da semana subseqüente àquela em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa
jurídica fornecedora dos bens ou prestadora do serviço; e
2. Pelas empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades em que a União, direta
ou indiretamente detenha a maioria do capital social sujeito a voto, e que recebam recursos do
Tesouro Nacional e estejam obrigadas a registrar sua execução orçamentária e financeira no SIAFI,
de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até o último dia útil da
semana subseqüente àquela quinzena em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa jurídica
fornecedora dos bem ou prestadora do serviço.

RETENÇÃO NA FONTE DE IR SOBRE SERVIÇOS PROFISSIONAIS


O pagamento feito por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas de serviços de natureza profissional
deve sofrer retenção de imposto de renda na fonte, com alíquota de 1,5%. O Decreto nº 3.000/99,
conhecido como Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, cita os serviços alcançados pela retenção
(art. 647, § 1°). Os quarenta tipos de serviços com obrigatoriedade de retenção serão reproduzidos no
quadro a seguir, que retrata a lista definida no RIR/99.
1. administração de bens ou negócios em geral (exceto consórcios ou fundos mútuos para aquisição de bens);
2. advocacia; 3. análise clínica laboratorial; 4. análises técnicas; 5. arquitetura; 6. assessoria e consultoria
técnica (exceto o serviço de assistência técnica prestado a terceiros e concernente a ramo de indústria ou
comércio explorado pelo prestador do serviço); 7. assistência social; 8. auditoria; 9. avaliação e perícia;
10. biologia e biomedicina; 11. cálculo em geral; 12. consultoria; 13. contabilidade; 14. desenho técnico;
15. economia; 16. elaboração de projetos; 17. engenharia (exceto construção de estradas, pontes, prédios e
obras assemelhadas); 18. ensino e treinamento; 19. estatística; 20. fisioterapia; 21. fonoaudiologia;
22. geologia; 23. leilão; 24. medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de sangue, casa de saúde,
casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital e pronto-socorro); 25. nutricionismo e
dietética; 26. odontologia; 27. organização de feiras de amostras, congressos, seminários, simpósios e
congêneres; 28. pesquisa em geral; 29. planejamento; 30. programação; 31. prótese; 32. psicologia e
psicanálise; 33. química; 34. radiologia e radioterapia; 35. relações públicas; 36. serviço de despachante;
37. terapêutica ocupacional; 38. tradução ou interpretação comercial; 39. urbanismo; 40. veterinária.

Existe ainda a retenção de imposto de renda com alíquota de 1% para os seguintes serviços prestados por
pessoas jurídicas:
a) Limpeza; b) Conservação; c) Segurança; d) Vigilância; e e) Locação de Mão-de-Obra.
A partir de fev./2004, a Lei nº 10.833/2003 exigiu também a retenção de 1,5% de IR por ocasião do
crédito ou pagamento dos seguintes serviços:
a) Administração de contas a pagar e a receber; e
b) Serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos.
O fato gerador da retenção no caso do IR é o crédito ou o pagamento, o que ocorrer primeiro. O crédito
será considerado como a data em que o registro contábil for efetuado.
O imposto retido deverá ser recolhido até o último dia útil do segundo decêndio do mês seguinte ao mês de
ocorrência dos fatos geradores (Lei n° 11.196, art. 70, inciso I, letra d, com alterações da Lei nº 11.933/09).
O fato gerador que era semanal, agora é mensal, com o imposto sendo recolhido até o dia 20 do mês seguinte.

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RETENÇÃO DE IR SOBRE APLICAÇÕES FINANCEIRAS


A Lei nº 11.033/2004 diz que os rendimentos auferidos em qualquer aplicação ou operação financeira de
renda fixa ou de renda variável sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte, mesmo no caso das
operações de cobertura (hedge), realizadas por meio de operações de swap e outras, nos mercados de
derivativos. As alíquotas vigentes são as seguintes:
 22,5% em aplicações com prazo de até 180 dias;
 20% em aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
 17,5% em aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias; ou
 15% em aplicações com prazo acima de 720 dias.

Os rendimentos de fundos de investimentos, exceto fundo de ações, serão tributados semestralmente, nos
meses de maio e novembro, à alíquota de 15%. Por ocasião do resgate das quotas, será aplicada alíquota
complementar, conforme o prazo da aplicação. Na hipótese de fundos de investimentos com prazo de carência
de até 90 dias para resgate de quotas com rendimento, a incidência do IR fonte de 15% ocorrerá na data em
que se completar cada período de carência para resgate de quotas com rendimento, com o complemento no
resgate final, conforme os prazos definidos em lei e aqui apresentados.
Por exemplo, uma empresa que aplique R$ 20.000 em jan/07, com rendimento bruto de 10% de janeiro a
maio, teria uma retenção na fonte de R$ 300 neste mês, correspondendo a 15% sobre o rendimento de R$
2.000.
Admita que a empresa faça o resgate integral do fundo em novembro de 2007, sendo o rendimento de junho a
novembro também de 10%. O valor bruto resgatado seria R$ 24.200, sendo R$ 4.200 de juros. Este valor seria
tributado em 20% (entre 180 e 360 dias), representando um IR retido na fonte de R$ 840. Como a empresa já
reteve R$ 300, caberia a retenção de R$ 540 em novembro, com a empresa recebendo apenas R$ 23.360.
A IN SRF n° 487/2004, com algumas alterações da IN SRF n° 489/2005, regulamenta o assunto.

RETENÇÃO NA FONTE DE PIS, COFINS E CSLL


Desde fevereiro de 2004, os pagamentos de pessoas jurídicas para outras pessoas jurídicas estão sujeitos a
retenção na fonte de CSLL, PIS e COFINS, com alíquotas de 1%, 0,65% e 3%, respectivamente. Os serviços
alcançados pela retenção foram descritos no art. 30 da Lei n° 10.833/03 e são apresentados a seguir:
1. Serviços de limpeza; 2. Conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação
de mão-de-obra; 3. Prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção
e riscos; 4. Administração de contas a pagar e a receber; e 5. Remuneração de serviços profissionais.

As empresas enquadradas no SIMPLES não são obrigadas a efetuar a retenção das contribuições, assim
como também não sofrerão retenção na fonte quando prestarem serviços, apesar de que para a maior
parte dos serviços listados não há permissão da opção pelo regime simplificado.
O fato gerador para a retenção das contribuições é o pagamento e não o crédito como acontece no caso do
imposto de renda. Com isso, as contribuições poderão ser retidas em períodos diferentes da retenção do IR.
Importante lembrar também que os percentuais de 0,65%, 1% e 3% serão utilizados para todos os
serviços prestados obrigados à retenção, mesmo que a empresa esteja obrigada ao cálculo da COFINS e
do PIS pelo método não-cumulativo.
A Lei 13.137/2015 modificou a Lei 10.925/04 que dispensava a retenção para pagamentos de valor igual
ou inferior a R$5.000, definindo que, no caso de mais de um pagamento no mesmo mês à mesma pessoa
jurídica, deveria ser efetuada a soma de todos os valores pagos no mês para efeito de cálculo do limite de
retenção de R$5.000, permitindo a compensação do valor retido anteriormente. Com o advento da nova
Lei, o valor de serviço sujeito à retenção é a partir de R$215, já que ao aplicar a alíquota de 4,65%, o
valor do DARF mínimo será atingido, ou seja, R$10.

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PARTE 5: SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL - SPED

SPED: CARACTERÍSTICAS BÁSICAS


O Sistema Público de Escrituração Digital - SPED é um instrumento que unifica as atividades de
recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração
comercial e fiscal dos empresários e das sociedades empresárias, mediante fluxo único,
computadorizado, de informações.
De modo geral, consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações
acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores,
utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim
a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. O SPED tem as seguintes características:
 É composto por três grandes subprojetos: Escrituração Contábil Digital (SPED Contábil),
Escrituração Fiscal Digital (SPED Fiscal) e a NF-e - Ambiente Nacional.
 Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três esferas governamentais:
federal, estadual e municipal.
 Mantém parceria com 20 instituições, entre órgãos públicos, conselho de classe, associações e
entidades civis, na construção conjunta do projeto.
 Firma Protocolos de Cooperação com 27 empresas do setor privado, participantes do projeto-piloto,
objetivando o desenvolvimento e o disciplinamento dos trabalhos conjuntos.
 Possibilita, com as parcerias fisco-empresas, planejamento e identificação de soluções antecipadas
no cumprimento das obrigações acessórias, em face às exigências a serem requeridas pelas
administrações tributárias.
 Faz com que a efetiva participação dos contribuintes na definição dos meios de atendimento às
obrigações tributárias acessórias exigidas pela legislação tributária contribua para aprimorar esses
mecanismos e confira a esses instrumentos maior grau de legitimidade social.
 Estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência mútua, com reflexos positivos
para toda a sociedade.

Foi instituída a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil, para garantir a


autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de
suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de
transações eletrônicas seguras.
A RECEPÇÃO, VALIDAÇÃO, ARMAZENAMENTO e AUTENTICAÇÃO efetuados pelo SPED não
dispensa o empresário e a sociedade empresarial de manter sob sua guarda e responsabilidade os livros e
documentos na forma e prazos previstos na legislação aplicável.

USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES


São usuários do SPED:
 A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda;
 As administrações tributárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante convênio
celebrado com a Secretaria da Receita Federal; e
 Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta e indireta que tenham atribuição
legal de regulação, normatização, controle e fiscalização dos empresários e das sociedades
empresárias.

OBJETIVOS
O SPED tem como objetivos, entre outros:
 Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento das informações
contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais.
 Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o
estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos
fiscalizadores.

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 Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos
processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações com o
cruzamento de dados e auditoria eletrônica.

RESUMINDO: O SPED tem como objetivo tornar mais ágil, simples e integrado o envio de informações
fiscais e contábeis eletrônicas, contribuindo no combate à sonegação

MEMBROS DO SPED
Os membros do SPED são: Banco Central do Brasil; Conselho Federal de Contabilidade; Comissão de
Valores Mobiliários; Departamento Nacional de Registro do Comércio; Secretaria da Receita Federal do
Brasil; Superintendência de seguros Privados; Secretaria de Estado da Fazenda; e Secretarias de
Finanças das Capitais.

SPED CONTÁBIL - ECD


Representa, de maneira bastante simplificada, a substituição dos livros da escrituração mercantil pelos
seus equivalentes digitais. Os livros abrangidos são os seguintes:
 G - Livro Diário Geral (completo, sem escrituração auxiliar)
 R - Livro Diário com Escrituração Resumida (com escrituração auxiliar)
 A - Livro Diário Auxiliar ao Diário com Escrituração Resumida
 Z - Razão Auxiliar (Livro Contábil Auxiliar conforme leiaute definido pelo titular da escrituração)
 B - Livro de Balancetes Diários e Balanços

PLANO DE CONTAS REFERENCIAL


É um plano de contas definido pelo SPED para padronizar o envio de informações, com base na DIPJ. O
plano é bem completo, contendo praticamente todas as contas existentes em uma atividade empresarial.
Nele, há contas sintéticas (totais e subtotais) e analíticas (contas que recebem lançamento).

SPED FISCAL - EFD


A Escrituração Fiscal Digital - EFD é um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de
escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades
federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos
referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte.
Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao ambiente SPED.
Resumindo, trata-se da substituição dos livros fiscais (Registro de Entradas, Registro de Saídas, Registro
de Apuração de ICMS e de IPI, Registro de Inventário, dentre outros) pelos seus equivalentes em meio
eletrônico.

NF–e - NOTA FISCAL ELETRÔNICA


O projeto possibilitará as seguintes vantagens e benefícios: aumento de confiabilidade da nota fiscal,
melhora no processo de controle fiscal (possibilidade de melhorar o intercâmbio e compartilhamento de
informações entre os fiscos), redução dos custos no processo de controle das notas fiscais obtidas pela
fiscalização de mercadorias em trânsito, eliminação da sua emissão em papel, diminuição da sonegação,
aumento de arrecadação.

PRAZOS
O SPED Fiscal (EFD) foi de uso obrigatório para os contribuintes do ICMS ou do IPI, a partir de 2009.
Já o SPED Contábil (ECD) foi obrigatório para as empresas tributadas pelo lucro real em 2009. O prazo
para envio da ECD é dia 30 de junho do exercício seguinte.

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ATENÇÃO:

Obrigatoriedade de entrega da ECD pelas PJ tributadas pelo LUCRO PRESUMIDO:

O art. 3º-A da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013 é complementar ao seu art. 3º, ou seja, há duas
regras vigentes para obrigatoriedade de entrega da ECD pelas pessoas jurídicas tributadas com base lucro
presumido a partir do ano-calendário 2016, reproduzidas abaixo:

- as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, que distribuírem, a título de lucros, sem
incidência do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela dos lucros ou dividendos superior
ao valor da base de cálculo do Imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver
sujeita (Art. 3º, II, da Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013); ou

- as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido que não se utilizem da prerrogativa prevista
no parágrafo único do art. 45 da Lei nº 8.981, de 1995 (Art. 3º-A, II, da Instrução Normativa RFB nº
1.420/2013). Esse artigo trata do LIVRO CAIXA.

Portanto, se a pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido se enquadrar em, pelo menos, uma
das regras supramencionadas, está obrigada a entregar a ECD desde o ano-calendário 2016.

BOA SORTE E BONS ESTUDOS!!!

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