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1.

DIREITOS SOCIAIS

Os direitos sociais sã o direitos fundamentais tı́picos da chamada segunda


geraçã o, e visam garantir uma existê ncia digna aos cidadã os. Sã o obrigaçõ es que o
Estado possui para com seus nacionais, e precipuamente, buscam garantir melhores
condiçõ es de vida aos menos favorecidos, funcionando assim como instrumentos de
equalizaçã o de condiçõ es sociais desiguais.

O Art. 6° da CF, de ine esses direitos:

Art. 6° Sã o direitos sociais a educaçã o, a saú de, a alimentaçã o,


o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdê ncia social, a proteçã o à maternidade e à infâ ncia, a
assistê ncia aos desamparados, na forma desta Constituiçã o.

Fique atento para a diferença entre direitos à Moradia x Propriedade

1.1. CARACTERISTICAS DOS DIREITOS SOCIAIS

A) Imperatividade: é um fazer do Estado-provedor; nã o


podem ser alterados pela vontade das partes;
B) Invioláveis: assim como todos os direitos fundamentais.
C) Aplicação imediata – podendo ser implementada no caso
de omissã o legislativa (mandado de injunçã o e ADO – açã o
direta de inconstitucionalidade por omissã o).

1.2. DIREITOS FUNDAMENTAIS TRABALHISTAS – ART. 7°

O Art. 7° da CF traz os principais direitos trabalhistas. Importante observar


que nem todos se aplicam aos servidores pú blicos e, mesmo os que se aplicam,
podem ser regulamentados de maneira diferente por leis especı́ icas, uma vez que
os servidores sã o regidos por estatutos pró prios.

Art. 7° Sã o direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alé m


de outros que visem à melhoria de sua condiçã o social;

O caput do Art. 7° deixa claro que os direitos sociais apresentados em seus


incisos se aplicam indistintamente aos trabalhadores urbanos e rurais, e que nã o
excluem outros, previstos na pró pria Constituiçã o ou em leis especı́ icas. Ou seja, tal
artigo traz somente o mı́nimo considerado necessá rio pelo constituinte para que o
trabalhador possa ter condiçõ es de trabalho e de vida digna.
Veremos a seguir esses direitos:

Proteçã o contra Despedida sem Justa Causa

I – Relaçã o de emprego protegida contra despedida arbitrá ria ou sem justa


causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenizaçã o compensató ria,
dentre outros direitos; A demissã o arbitrá ria, ou sem justa causa pode trazer graves
consequê ncias para o trabalhador, inclusive no que se refere a seu sustento e de sua
famı́lia.
Diante disso, a Constituiçã o exige que lei complementar o proteja dessa
situaçã o, buscando amenizar os impactos decorrentes de tal despedida com o
pagamento de uma indenizaçã o, entre outras providê ncias que podem ser
adicionadas.

Seguro-Desemprego

II – Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntá rio;

A lei do seguro-desemprego, alé m de trazer o pagamento do


chamado auxı́lio-desemprego, també m dispõ e que o Governo
deve oferecer meios para ajudar o trabalhador a encontrar
um outro emprego.

FGTS

III – fundo de garantia do tempo de serviço;

Trata-se do FGTS, equivalente a aproximadamente um salá rio por um ano (8%


do salá rio por mê s), depositado pelo empregador em conta vinculada e exclusiva do
empregado, administrada pela Caixa Econô mica Federal e sujeito a saques em
hipó teses especı́ icas, como despedida sem justa causa e aposentadoria.

Salá rio-Mı́nimo

IV – Salá rio-mı́nimo, ixado em lei, nacionalmente uni icado,


capaz de atender à s suas necessidades vitais bá sicas e à s de
sua famı́lia com moradia, alimentaçã o, educaçã o, saú de, lazer,
vestuá rio, higiene, transporte e previdê ncia social, com
reajustes perió dicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculaçã o para qualquer im;

O salá rio-mı́nimo deveria garantir uma existê ncia digna para uma famı́lia com
ilhos. Embora saibamos que está longe disso, sabemos també m que um aumento
repentino poderia trazer consequê ncias desastrosas para a economia

Piso Salarial
V – Piso salarial proporcional à extensã o e à
complexidade do trabalho.
Alé m do salá rio mı́nimo, que se aplica a todos os trabalhadores brasileiros, a
Constituiçã o prevê que haja també m pisos salariais, que sã o salá rios mı́nimos
aplicá veis a determinadas categorias pro issionais e, cujo valor, deve levar em conta
a extensã o e a complexidade do trabalho em cada um deles.
Esses pisos sã o negociados pelos sindicatos de cada categoria pro issional
junto aos sindicatos dos empregadores, ou podem ser obtidos pelos sindicatos
pro issionais mediante dissı́dios coletivos na Justiça do Trabalho.

Irredutibilidade do Salá rio

VI – Irredutibilidade do salá rio, salvo o disposto em


convençã o ou acordo coletivo;

Uma vez estabelecido o valor do salá rio-mı́nimo, no contrato de trabalho, ele


nã o pode ser reduzido mesmo que o empregado concorde, exceto se tal reduçã o for
aceita por negociaçã o feita junto à entidade sindical respectiva.

Salá rio-Mı́nimo para os que recebem Remuneraçã o Variá vel

VII- garantia de salá rio, nunca inferior ao mı́nimo, para os que


percebem remuneraçã o variá vel;

O inciso acima busca garantir que aqueles que percebem remuneraçã o


variá vel, recebem todo mê s, no mı́nimo, o valor de um salá rio-mı́nimo.

13° Salá rio

VIII – dé cimo terceiro salá rio com base na remuneraçã o


integral ou no valor da aposentadoria.

O dé cimo terceiro salá rio, ou grati icaçã o natalina, deve ser pago até o inal do
ano, podendo ser dividido em duas parcelas, sendo a primeira paga até o dia 30 de
novembro e a segunda até dia 20 de dezembro.

Adicional Noturno

IX – Remuneraçã o do trabalho noturno superior à do diurno;

A Constituiçã o entende que quem trabalha durante o perı́o do noturno,


trabalha fora de seu horá rio natural, e, por isso, deverá receber uma compensaçã o

Proteçã o ao Salá rio

X – proteçã o do salá rio na forma da lei, constituindo crime sua


retençã o dolosa;

O salá rio do trabalhador é o seu sustento, sendo que o empregado conta com
ele para o entendimento de suas necessidades bá sicas e de sua famı́lia.
Portanto, a lei deverá protegê -lo, inclusive considerando crime sua retençã o
intencional por parte do empregador.

Participaçã o nos Lucros e na Gestã o das Empresas

XI – participaçã o nos lucros, ou resultados, desvinculada da


remuneraçã o, e, excepcionalmente, participaçã o na gestã o da
empresa, conforme de inido em lei;

A CF estabelece a possibilidade de que os trabalhadores venham a ter


participaçã o nos lucros da empresa (conhecida como PLR), conforme de inido em
lei, alé m de haver a possibilidade excepcional de participaçã o na gestã o da pró pria
empresa, també m nas hipó teses previstas em lei.

Salá rio – Famı́lia

XII – salá rio – famı́lia pago em razã o do dependente do


trabalhador de baixa renda nos termos da lei;

O salá rio – famı́lia tem a funçã o de auxiliar o trabalhador de baixa renda a


sustentar a famı́lia, cabendo à lei de inir qual seria o valor de salá rio considerado
como baixo.

Jornada de Trabalho

XIII – duraçã o do trabalho normalmente nã o superior a oito


horas diá rias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensaçã o de horá rios e a reduçã o da jornada, mediante
acordo ou convençã o coletiva de trabalho;

No Brasil a duraçã o da jornada semanal de trabalho é de, no má ximo, 44


horas semanais e 8 horas diá rias. O que for trabalhado alé m disso, seja no limite
diá rio ou semanal, deve ser pago como hora extra, como os acré scimos legais.

XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em


turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociaçã o
coletiva;

Turno ininterrupto de revezamento é aquele no qual o trabalhador é obrigado


a trabalhar ora em um horá rio, ora em outro, como no regime de escala, por
exemplo.

Descanso Semanal Remunerado

XV – Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos


domingos;

O serviço extraordiná rio condiz com as chamadas horas extras. Deve-se


observar que o valor de 50% é o mı́nimo de acré scimo. E comum que algumas
categorias consigam acré scimos maiores.
Fé rias

XVII – gozo de fé rias anuais remuneradas com, pelo menos,


um terço a mais do que o salá rio normal;

Durante as fé rias, o trabalhador receberá , alé m de seu salá rio normal, um
adicional correspondente a 1/3 desse salá rio. E o conhecido adicional de fé rias.

Licença – Maternidade

XVIII – licença à gestante, sem prejuı́zo do emprego e do


salá rio, com a duraçã o de cento e vinte dias;

O objetivo da licença-maternidade é principalmente proteger o recé m-nascido,


permitindo o contato com a mã e durante um perı́o do mı́nimo.

Licença – Paternidade

XIX – licença – paternidade, nos termos ixados em lei;

Em relaçã o à licença paternidade, a CF nã o prevê mı́nimo de duraçã o, sendo


que atualmente, a legislaçã o prevê no mı́nimo 5 dias de afastamento, contados do
dia do nascimento da criança.

Proteçã o ao Mercado de Trabalho Feminino

XX – Proteçã o do mercado de trabalho da mulher, mediante


incentivos especı́ icos, nos termos da lei;

Essa disposiçã o visa combater a desigualdade entre gê neros em termos de


oportunidade no mercado de trabalho.

Aviso – Pré vio

XXIII – aviso pré vio proporcional ao tempo de serviço, sendo


no mı́nimo de trinta dias, nos termos da lei;

Aviso pré vio é o intervalo de tempo entre as comunicaçõ es da intençã o da


ruptura do contrato de trabalho por uma das partes e sua efetiva rescisã o, a im de
que a outra parte se prepare para essa ruptura.

Reduçã o dos Riscos do Trabalho

XXII – reduçã o dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de


normas de saú de, higiene e segurança;

A legislaçã o deve cuidar de proteger o trabalhador contra os acidentes e


demais riscos no trabalho, como prejuı́zo à sua saú de, por exemplo.
Adicionais de Penosidade, Insalubridade e Periculosidade

XXIII – adicional de remuneraçã o para as atividades penosas,


insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Atividades penosas – sã o as tarefas á rduas, difı́ceis, que causam grande


desgaste mental ou fı́sico ao trabalhador.
Atividades insalubres – sã o aquelas que causam prejuı́zo ou risco à saú de do
trabalhador, como, por exemplo, os trabalhadores que trabalham em minas
subterrâ neas.
Atividades perigosas – sã o aquelas que causam risco imediato.

Aposentadoria

XXIV – aposentadoria.

E o direito que o trabalhador que preencheu os requisitos legais de tempo de


contribuiçã o e/ou idade tem de receber do estado um auxı́lio para o seu sustento

Assistê ncia em Creches e Pré -Escolas

XXV – assistê ncia gratuita aos ilhos e dependentes desde o


nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e
pré -escolas.

A partir dos seis anos, a criança deve ser matriculada no ensino regular, que
começa com o fundamental. Antes disso, poré m, o Poder Pú blico deve garantir à s
crianças em creches e pré -escolas pú blicas.

Convençõ es e Acordos Coletivos

XXVI – reconhecimento das convençõ es e acordos coletivos de


trabalho;

As negociaçõ es entre os empregados e os sindicatos representantes das


categorias pro issionais tê m força de lei entre as partes, desde que nã o
desrespeitem os limites impostos pela legislaçã o.

Proteçã o Face à Automaçã o

XXVII – proteçã o em face da automaçã o, na forma da lei;

A automaçã o, embora necessá ria para aprimorar a competitividade da


indú stria nacional, pode causar sé rios prejuı́zos ao emprego, se seus efeitos nã o
forem bem administrados.

Seguro Contra Acidente de Trabalho


XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenizaçã o a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

A lei deve instituir seguro que indenize o trabalhador em caso de acidente


laboral, sendo que esse seguro deve ser pago pelo empregador.

2. EXERCÍCIOS

1. E direito constitucional dos trabalhadores urbanos e rurais:

a) licença à gestante, sem prejuı́zo do emprego e do salá rio, com a duraçã o de


cento e oitenta dias.
b) remuneraçã o do serviço extraordiná rio superior em, no mı́nimo, trinta por
cento à do serviço normal.
c) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenizaçã o a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
d) aviso pré vio proporcional ao tempo de serviço, no má ximo de trinta dias, nos
termos da lei.
e) assistê ncia gratuita aos ilhos e dependentes desde o nascimento até os 06
(seis) anos de idade em creches e pré -escolas

2. De acordo com a Constituiçã o da Repú blica Federativa do Brasil de 1988 –


Art. 7°. Sã o direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alé m de outros que visem à
melhoria de sua condiçã o social:

I – Relaçã o de emprego protegida contra despedida arbitrá ria ou sem justa


causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenizaçã o compensató ria,
dentre outros direitos;
II – Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntá rio;
III- fundo de garantia do tempo de serviço;
IV – salá rio-mı́nimo, ixado em lei, nacionalmente uni icado, capaz de atender à s
suas necessidades vitais bá sicas e à s de sua famı́lia com moradia, alimentaçã o,
educaçã o, saú de, lazer, vestuá rio, higiene, transporte e previdê ncia social, com
reajustes perió dicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculaçã o para qualquer im. Está correto o que se a irmam em:

a) Apenas I e II
b) Apenas II e III
c) Apenas III e IV
d) Todas as a irmativas
e) Nenhuma das a irmativas

3. O reconhecimento das convençõ es e acordos coletivos de trabalho

a) está previsto na Constituiçã o Federal de forma implı́cita


b) nã o está previsto na Constituiçã o Federal, expressa ou implicitamente
c) está previsto expressamente na Constituiçã o Federal no capı́tulo dos direitos
e deveres individuais e coletivos
d) está previsto expressamente na Constituiçã o Federal no capı́tulo dos direitos
sociais
e) está previsto expressamente na Constituiçã o Federal no capı́tulo pertinentes
ao Supremo Tribunal Federal

3. GABARITO

1-C
2-D
3-D

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