Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ${processo_cidade}

${cliente_nomecompleto}, já cadastrada eletronicamente, por intermédio de sua


representante legal, vem com o devido respeito perante Vossa Excelência, por meio de
seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


AUXÍLIO-RECLUSÃO
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes
fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:

 DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A parte Autora, representada por sua avó, requereu junto à Autarquia Previdenciária a
concessão do benefício de auxílio-reclusão, em ${data_generica}, em razão do
aprisionamento de seu pai, Sr. ${informacao_generica} (segurado do RGPS), cujo
recolhimento prisional se deu em ${data_generica}.

O requerimento foi indeferido em razão de suposta fraude no vínculo empregatício do


genitor da Demandante, motivo pelo qual o INSS chegou a notificar a Polícia Federal,
situação de que deu origem ao inquérito policial nº ${informacao_generica}.

Com efeito, após a devida investigação, com a realização de diligências e a colheita de


depoimentos, o Ministério Público Federal apresentou promoção manifestando-se pelo
arquivamento do presente feito, nos seguintes termos (vide documento anexo):

 ${informacao_generica}

 Ato contínuo, o pedido de arquivamento formulado foi acolhido pela Justiça Federal,
motivo pelo qual o procedimento em comento encontra-se baixado.

Dessa forma, não foi constatada qualquer irregularidade no vínculo empregatício anotado
na CTPS do Sr. ${cliente_nome}. Inclusive, os trechos dos depoimentos compilados na
manifestação do Parquet indicam que efetivamente houve relação de emprego entre $
{informacao_generica} e ${informacao_generica}durante o período de $
{data_generica}  a ${data_generica}.

Não bastasse, para comprovação do vínculo empregatício em análise colaciona-se os


seguintes documentos:

1. Registro do vínculo empregatício na CTPS do Sr. ${cliente_nome};


2. Atestado de saúde ocupacional, para fins de admissão, realizado pelo Dr. $
{informacao_generica};
3. Guia de pagamento da Previdência Social efetuada pelo Sr. $
{informacao_generica} em favor de ${informacao_generica}, referente à
competência de ${data_generica};
4. Guia de recolhimento do FGTS gerada em face da razão social $
{informacao_generica}, referente à competência de ${data_generica};
5. Ficha para admissão de empregado com os dados cadastrais do Sr. $
{informacao_generica}.

Outrossim, registre-se que, posteriormente, o próprio INSS reconheceu a


regularidade do presente vínculo empregatício, ocasião em que foi deferido o pedido
de auxílio-reclusão formulado pela irmã da Autora, em ${data_generica} (NB $
{informacao_generica}).

Dados do processo administrativo:

Número do benefício (NB): ${informacao_generica}


Data do recolhimento: ${data_generica}
 Data do requerimento (DER): ${data_generica}
 Razão do indeferimento:  Perda da qualidade de segurado
Dessa forma, conforme acima narrado, à data de seu recolhimento prisional, em $
{data_generica}, o Segurado preenchia os requisitos genéricos do benefício, pois
ostentava qualidade de segurado, tendo encerrado seu vínculo laboral junto com o Sr. $
{cliente_nome} em ${data_generica}.

Quanto à carência, vale salientar que o auxílio-reclusão independe de tempo mínimo de


contribuição, nos termos do artigo 26, I, da Lei 8.213/91.

Com efeito, embora DESEMPREGADO na data da segregação, observa-se que o Sr.


Diego ainda possuía qualidade de segurado. Nesse sentido, o art. 116, §1º do Decreto
3.048/99 é cristalino ao estabelecer que se o filiado ao RGPS estiver desempregado na
data do recolhimento, é devido o auxílio-reclusão aos dependentes desde que
mantida a qualidade de segurado:

Art. 116. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa
nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço, desde que o seu último salário-de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00
(trezentos e sessenta reais).

1º É devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado quando não houver


salário-de-contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que
mantida a qualidade de segurado. (grifado)

Por ocasião do julgamento do Tema nº 896, o Superior Tribunal de Justiça fixou


a seguinte tese:

Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei


8.213/1991), o critério de aferição de renda do segurado que não
exerce atividade laboral remunerada no momento do recolhimento
à prisão é a ausência de renda, e não o último salário de
contribuição. (grifado) 

Ainda, corroborando o entendimento vinculante do STJ e do expresso texto legislativo, o


entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
 

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. CONDENAÇÃO DE VALOR FACILMENTE


DETERMINÁVEL. NÃO CONHECIMENTO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. INEXISTÊNCIA DE
RENDA NA DATA DO RECOLHIMENTO À PRISÃO. CONCESSÃO. 1. Não está sujeita a
reexame necessário as sentença que condena a Fazenda Pública em quantia inferior a 60
salários mínimos (art 475, §2º, do CPC). Se a sentença condena o INSS ao pagamento de
benefício de valor mínimo ou determinado nos autos, e define o período a partir do qual
são devidas as parcelas correspondentes, é possível, por simples cálculos aritméticos,
observados os critérios de correção monetária e juros definidos, chegar-se ao montante da
condenação, posicionando-o na data em que prolatada adecisão. Resultando da
multiplicação do número de meses pelo valor da renda mensal atualizada, com o
acréscimo dos juros de mora, condenação manifestamente inferior ao limite legal, não é
caso de remessa necessária. 2. O auxílio-reclusão é devido, nos termos do art. 80 da Lei
nº8.213/91, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão sobregime
fechado ou semi-aberto, que não receber remuneração da empresa, nem estiver em gozo
de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou de abono de permanência em serviço. 3.
O Egrégio Supremo Tribunal Federal decidiu que, para fins de concessão de auxílio-
reclusão, o valor da renda auferida pelo segurado preso, quando recolhido, é a que deve
ser utilizada como parâmetro. 4. Se à época do recolhimento à prisão o segurado
estava desempregado e não possuía renda, aplicável o parágrafo 1º do art. 116 do
Decreto n. 3.048/99 e não o último salário-de-contribuição anterior à extinção do
vínculo de emprego. (TRF4, AC 5049713-55.2015.404.9999, QUINTA TURMA, Relator
(AUXÍLIO FAVRETO) TAÍS SCHILLING FERRAZ, juntado aos autos em 16/12/2016 –
grifos acrescidos)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO.


RESTABELECIMENTO. INEXISTÊNCIA DE SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO NA DATA DO
RECOLHIMENTO À PRISÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CONCESSÃO. Em se
tratando de segurado desempregado na data do efetivo recolhimento à prisão,
descabe a consideração do seu último salário-de-contribuição para fins de
enquadramento no limite previsto pela Portaria Interministerial aplicável à
espécie. Havendo nos autos elementos probatórios consistentes quanto ao preenchimento
dos requisitos legais necessários ao direito almejado, cabível o deferimento da tutela
provisória de urgência para imediato restabelecimento do auxílio-reclusão já que
demonstrada não apenas a necessidade imediata do benefício em virtude do seu caráter
alimentar como, também, a probabilidade do direito almejado. (TRF4, AG 0000228-
64.2016.404.0000, QUINTA TURMA, Relator ROGERIO FAVRETO, D.E. 09/12/2016 –
grifos acrescidos)

Outrossim, ainda que se considere sua remuneração no contrato de trabalho findado em $
{data_generica}, observa-se que sua remuneração era de R$ $
{informacao_generica} (vide carteira de trabalho acostada aos autos). Assim, considerando
que a remuneração máxima permitida em 2011 para a configuração de “família de baixa
renda” era de R$ 862,60 (Portaria n.º 407/2011), enquadrava-se no critério econômico
exigido para a concessão do benefício.

Ademais, no que se refere à dependência econômica da Autora em relação ao segurado,


tem-se que, uma vez que esta é filha menor de idade do filiado ao Regime Previdenciário,
há a presunção de dependência econômica, conforme estabelece o art. 16, I, §4º da Lei
8.213/91:

 
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de
dependentes do segurado:

 I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer


condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave;

 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a


das demais deve ser comprovada.

Portanto, havendo presunção de dependência econômica, e o vínculo familiar estar


plenamente comprovado conforme a certidão de nascimento anexa, a Autora
preenche TODOS os requisitos para concessão do benefício.

Ademais, considerando que a parte Autora é absolutamente incapaz nos termos do


art. 3º do Código Civil, verifica-se que não flui o prazo prescricional contra esta (art.
198, inciso I, do Código Civil).

Ainda, destaque-se que sua irmã somente passou a gozar do benefício em $
{data_generica}.

Assim, por todo o narrado, os requisitos necessários à concessão do benefício pretendido


estão atendidos, motivo pelo qual REQUER seja concedido o auxílio-reclusão à Autora, a
contar da data do requerimento administrativo (04/10/2011).

DA TUTELA PROVISÓRIA SATISFATIVA

ENTENDE A AUTORA QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER


MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA

No momento em que for proferida a sentença, os requisitos para concessão de tutela


provisória satisfativa de urgência previstos no art. 300 do CPC/2015 estarão devidamente
preenchidos, a saber: 1) A existência de elementos que evidenciem a probabilidade do
direito; 2) O perigo ou dano ao resultado útil do processo.

O primeiro requisito será preenchido com base em cognição exauriente e nas diversas
provas apresentadas no processo, as quais demonstram de forma inequívoca o direito da
Autora à concessão do benefício.

No que concerne ao perigo ou dano ao resultado útil do processo, há que se atentar que o
caráter alimentar do benefício e o fato de se tratar de menor impúbere traduzem um
quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que nos
benefícios previdenciários resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento jurisdicional
final.

Sendo assim, é imperiosa a determinação sentencial para que a autarquia ré revise o


benefício de forma imediata.

DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de análise detalhada de provas no presente feito, a Autora


vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII, do CPC/2015, que não há
interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação, haja vista a iminente
ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas as partes dispensem a sua
realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC/2015.
PEDIDO

FACE AO EXPOSTO, REQUER a Vossa Excelência:

1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;


2. O deferimento da Gratuidade da Justiça, pois a parte Autora não tem condições
de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua
família (vide procuração com poderes específicos);
3. A não realização de audiência de conciliação e mediação prevista no art. 334 do
CPC/2015;
4. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo,
apresentar defesa;
5. A produção de todos os meios de prova, principalmente a documental;
6. O deferimento da tutela provisória satisfativa, com a apreciação do pedido de
concessão do benefício em sentença;
7. O julgamento da demanda com total procedência, condenando o INSS a conceder
o benefício de auxílio-reclusão à parte Autora, desde a DER ($
{data_generica}), pagando as parcelas vencidas, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios,
incidentes até a data do efetivo pagamento, com a divisão de sua cota-parte a
partir de ${data_generica}.

 
Nesses Termos;

Pede Deferimento.

Dá à causa o valor[1] de R$ ${processo_valordacausa}.

${processo_cidade}, ${processo_hoje}.

${advogado_assinatura}

[1] Soma das parcelas vencidas + 12 parcelas vincendas 

Você também pode gostar