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1. DOS FATOS:
Conforme se pode observar do processo administrativo, que segue anexado a este pedido, não
restou controvertida pelo INSS a condição de apenado do Segurado Instituidor, eis que em regime
fechado, tampouco a condição de dependente do Requerente ao benefício, posto que filho daquele,
reconhecida a paternidade na certidão de nascimento do mesmo.
Ocorre que a alegação é indevida, sendo plenamente cabível o benefício pretendido no caso dos
autos. Por tal motivo, vem requerer seja reconhecido na esfera judicial o direito ao recebimento do
auxílio-reclusão, devendo o mesmo ser pago desde a data do aprisionamento do pai da parte Autora.
2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:
O auxílio-reclusão tem previsão no art. 80 da Lei Federal 8.213/91, que regula que será devido o
benefício aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não esteja em gozo de auxílio-doença,
aposentadoria por invalidez ou abono de permanência no serviço (este revogado pela L. 8.870/94).
Isto significa dizer que somente quando o segurado preso se enquadrar no conceito de “baixa
renda” seus dependentes terão direito ao benefício de auxílio-reclusão. É isto que elenca o artigo 201,
IV da Constituição Federal e, ainda, o artigo 116 do Decreto 3.048/99.
No que consta ao valor da remuneração considerada “baixa renda”, cumpre destacar que a
mesma é atualizada anualmente, por meio de Portaria.
Inicialmente, sustentou o INSS pela inexistência de direito por parte do Requerente no que tange
à concessão do benefício de auxílio-reclusão, devido à alegada inexistência de qualidade de segurado
mantida pelo pai à época do encarceramento.
Contudo, não merece guarida tal insurgência, haja vista que, conforme se depreende da Carteira
de Trabalho e Previdência Social do segurado instituidor, este manteve vínculo empregatício com a
empresa XXXXXXXXXXXXXX, até XX/XX/XXXX, de forma que encontrava-se aguaridado pelo disposto no
art. 15, inciso II, §2º, da Lei 8.213/91. Veja-se:
[...]
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de
exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou
licenciado sem remuneração;
[...]
[...]
Logo, nota-se que, ao considerar que o genitor não possuía qualidade de segurado quando de
seu aprisionamento, incorreu em equívoco a Autarquia Previdenciária, porquanto, sua condição
segurado se estende até XX/XX/XXXX, sendo tal requisito inequívoco.
Já no que tange a alegação de que a última renda contabilizada ultrapassaria os limites legais
estabelecidas pela Portaria Interministerial MPS/MF n.º 568, de 31/12/2010, verificou-se do recibo de
pagamento presente no processo administrativo anexado que no mês de XXXXXX de XXXX o salário de
contribuição foi de R$ X.XXXX,XX, valor este superior ao limite estabelecido e levado em consideração
para o indeferimento da benesse.
Contudo, não se pode ignorar que naquele mês houveram rendas extraordinárias, a título
principalmente de gratificação pela produção mensal, que devem ser desconsideradas, para a análise a
que se destina o processo.
Ora, não é razoável que, mesmo que a renda do segurado tenha uma média constante, e
casualmente no mês anterior ao do aprisionamento tal renda se eleve por gratificações não habituais,
seja negado o direito ao auxílio-reclusão a seus dependentes.
Isto quer dizer que, se a renda aumenta significativamente (e de modo isolado) no mês anterior
ao do recolhimento prisional, deve, por razoabilidade, ser analisada a média dos salários de
contribuição, sob pena de causar prejuízo injustificado aos dependentes do preso.
Este é o melhor entendimento, que vem sendo aplicado em casos análogos pela jurisprudência
inerente à matéria. Perceba-se:
E no que consta a este último julgamento, do TRF4, faz-se imprescindível a transcrição de trecho
do voto do Relator do Processo, Desembargador Federal Fernando Quadros da Silva, que bem esclarece
a situação objeto de litígio, de idêntica aplicação no presente processo. Note-se:
Assim, no mês de XXXXXXX de XXXX o salário de contribuição do segurado instituidor foi muito
acima da sua média habitual exclusivamente porque houve considerável gratificação pela produção,
valor este (a gratificação extraordinária) totalizando R$ XXX,XX!
Ora, dos doze meses trabalhados para a empresa XXXXXXXXXXX, apenas XX meses o salário de
contribuição superou os mil reais! Na maior parte dos meses, a média foi muito inferior!
Portanto, notem-se a partir da tabela a seguir, lançada pelo INSS no processo administrativo
anexo, os salários de contribuição mensais desde quando iniciou seu contrato de trabalho com a
empresa XXXXXXXXXXXXXX:
Não sendo utilizados os meses de XXXXXXXX de XXX (entrada) e XXXXXXXX de XXXX (saída), por
serem proporcionais, tem-se que, somados os valores dos salários de contribuição e dividindo-se o
total pelo número de meses considerados (de XXXXXXXXXX/XXXX a XXXXXXXXXXX/XXXX: XX meses),
A MÉDIA DE SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO DO PERÍODO FOI DE R$ XXX,XX, dentro do limite
estabelecido para ser considerado segurado de baixa renda.
Ora, se a grande maioria dos meses trabalhados foram valor inferior ao critério, sendo este
superado excepcionalmente no mês de XXXXXXX de XXXX pela mencionada gratificação por produção,
não seria razoável a negativa ao benefício. Não se trata de renda habitualmente superior ao critério. Se
trata de um mês de exceção, que não pode ser, em total prejuízo do menor, impeditivo ao benefício.
Isto posto, a PROCEDÊNCIA é medida que se impõe, devendo ser reconhecido o direito
postulado e deferido o auxílio-reclusão ao Autor, a contar da data de aprisionamento do seu pai.
3. TUTELA DE URGÊNCIA:
A parte Autora necessita da concessão do benefício em tela para custear a sua vida, tendo em
vista que a renda de seu pai integrava de forma insubstituível o sustento familiar.
Assim, após a instrução processual, ficará claro que a parte Autora preenche todos os requisitos
necessários para o deferimento da Antecipação de Tutela em sentença, tendo em vista que se fará
prova inequívoca quanto à verossimilhança das alegações vestibulares. O periculum in mora, de outra
banda, se configura pelo fato de que se continuar privado do recebimento do benefício, o Autor terá seu
sustento drasticamente prejudicado.
De qualquer modo, o caráter alimentar do benefício traduz um quadro de urgência que exige
pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que nos benefícios previdenciários resta intuitivo o risco
de ineficácia do provimento jurisdicional final. Assim, imperioso o deferimento deste pedido
antecipatório em sentença.
4. PEDIDO:
a) O deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, pois a parte Autora não tem
condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento;
c) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS para, querendo, apresentar defesa;
h) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que cabíveis em segundo
grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.
Nesses Termos;
Pede Deferimento.
Local e Data.
1
Soma das parcelas vencidas (R$ XX.XXX,XX) e das parcelas vincendas (RS X.XXX,XX) = R$ XX.XXX,XX.