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MERITÍSSIMO JUÍZO DA ${INFORMACAO_GENERICA} VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA

DE

${cliente_nomecompleto}, já cadastrada eletronicamente, vem, com o


devido respeito, perante Vossa Excelência, por meio de seus
procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE SALÁRIO-


MATERNIDADE

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos


seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A parte Autora postulou, em ${data_generica}, junto à Autarquia Previdenciária a


concessão do benefício de salário-maternidade, em razão do nascimento de seu filho,
${informacao_generica}, cujo parto se deu em ${data_generica}.

O pedido foi negado na via administrativa, sob a alegação de que a Autora havia feito
contribuições previdenciárias durante o período em que deveria ter se afastado do labor, fato
esse que supostamente indicaria que a volta ao trabalho da Demandante.

Entretanto, foi indevido o indeferimento, como se demonstrará a seguir e, por tal


motivo, se ajuíza a presente ação.

Dados sobre o processo administrativo:


1. Benefício solicitado Salário-maternidade

2. Número do benefício ${informacao_generica}

3. Data do requerimento ${data_generica}

4. Razão do indeferimento ${informacao_generica}

DO SALÁRIO-MATERNIDADE

A proteção jurídica da maternidade acoberta a tutela previdenciária garantida pela


Constituição Federal. Veja-se:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

[...]

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 20, de 1998)

No âmbito infraconstitucional, é devido o salário-maternidade à segurada da


Previdência Social durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data
de ocorrência deste, perdurando até o 91º dia após seu início, nos termos do artigo 71 da Lei
8.213/91.

A saber, dois são os requisitos para a concessão de salário-maternidade: a) o


nascimento do filho e b) cumprimento do período de 10 meses de carência, consoante o art.
25, III, da Lei 8.213/91, no caso de segurada contribuinte individual.

Importante frisar que a Autora cumpre os dois requisitos necessários, sendo


devidamente presumido o cumprimento, uma vez que o motivo do indeferimento do benefício
foi a realização de contribuições previdenciárias durante o período de licença-maternidade.

Ocorre que o mero pagamento de recolhimento ao INSS não gera, por si só, presunção
de que a Autora teria retornado à atividade laboral. Com efeito, veja-se que esse é o
entendimento do TRF-4 a respeito:
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. ARTIGO-71-C DA LEI
8.213/91. AFASTAMENTO DO TRABALHO. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES.
DEMORA NO ATENDIMENTO. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. Nos termos do artigo 71-C da
Lei 8.213/91, a percepção do salário-maternidade, inclusive o previsto no art. 71-B,
está condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou da atividade
desempenhada, sob pena de suspensão do benefício. 2. A proibição de exercer
atividade, contudo, está atrelada à condição de a segurada já estar em gozo
do salário-maternidade e não pode ser aplicada na demora em que o órgão
administrativo leva para analisar o pedido. 3. Recurso inominado da parte autora
provido. (Recurso Cível 5002989-16.2018.4.04.7112/RS, 4ª Turma Recursal do Rio
Grande do Sul, Relatora Marina Vasques Duarte de Barros Falcão, Data da Decisão
6.6.2019)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA URBANA. CONTRIBUINTE


INDIVIDUAL. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS APÓS A
ADOÇÃO. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE QUE A AUTORA ESTARIA
TRABALHANDO. CONSECTÁRIOS 1. O salário-maternidade é devido à segurada da
Previdência Social, durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do
parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na
legislação no que concerne à proteção da maternidade. 2. Dispõe o art. 71-C, da Lei nº
8.213/91: A percepção do salário-maternidade, inclusive o previsto no art. 71-B, está
condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou da atividade
desempenhada, sob pena de suspensão do benefício. 3. O Superior Tribunal de Justiça,
no REsp 1495146, em precedente também vinculante, e tendo presente a
inconstitucionalidade da TR como fator de atualização monetária, distinguiu os
créditos de natureza previdenciária, em relação aos quais, com base na legislação
anterior, determinou a aplicação do INPC, daqueles de caráter administrativo, para os
quais deverá ser utilizado o IPCA-E. 4. Estando pendentes embargos de declaração no
STF para decisão sobre eventual modulação dos efeitos da inconstitucionalidade do
uso da TR, impõe-se fixar desde logo os índices substitutivos, resguardando-se, porém,
a possibilidade de terem seu termo inicial definido na origem, em fase de
cumprimento de sentença. 5. Os juros de mora, a contar da citação, devem incidir à
taxa de 1% ao mês, até 29-06-2009. A partir de então, incidem uma única vez, até o
efetivo pagamento do débito, segundo o percentual aplicado à caderneta de
poupança. (TRF4, AC 5020602-50.2020.4.04.9999, SEXTA TURMA, Relator JULIO
GUILHERME BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER, juntado aos autos em 10/04/2021)

No ponto, cumpre ressaltar brilhante trecho do voto do Relator, em que ele afirma que
os recolhimentos possivlmente foram realizados por receio da segurada em perder o vínculo
com a Previdência:

Ademais, imperioso esclarecer que a fundamentação legal utilizada pelo INSS para
negar o benefício à autora [art. 71-C da Lei 8.213/91] fala em suspensão do
benefício no retorno ao trabalho. E, no caso, embora a apelante tenha requerido o
benefício, este efetivamente não foi atendido pela autarquia. Assim, não poderia haver
suspensão do benefício, pois este não foi nem mesmo concedido.

(...)

Nessa quadra, é crível que a autora tenha continuado a efetuar recolhimentos ao


RGPS até o momento em que foi efetivamente atendida pelo INSS por receio de
perder o vínculo com a Previdência, como empresária; e, mesmo, não há elementos
nos autos que infirmem o fundamento da defesa.

Nessa quadra, embora a autora tenha repassado contribuições regulares ao sistema


logo após a adoção do menino, não havendo prova concreta de que estivesse
trabalhando no período, é presumível que tenha se afastado do trabalho para se
dedicar aos cuidados inerentes à maternidade, sobretudo nos primeiros meses de
vida da criança.

Com efeito, não pode a parte Autora ser prejudicada por ter buscado a manutenção da
sua filiação ao INSS, até mesmo a fim de ter direito ao benefício de salário-maternidade.
Outrossim, embora a Sra. ${cliente_nome} tenha continuado a efetuar recolhimentos ao RGPS,
não há provas de que tenha voltado à rotina de trabalho durante o afastamento, justamente
porque não fez nada além de realizar contribuições ao INSS.

Nesse sentido, caso V. Excelência entenda necessário, REQUER a produção de prova


testemunhal, a fim de que seja comprovado que a Demandante se afastou do trabalho no
período necessário. A esse respeito, o entendimento do TRF-1:

CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. CONTRIBUINTE


INDIVIDUAL. CARÊNCIA CUMPRIDA. QUALIDADE DE SEGURADA DEMONSTRADA.
REQUISITOS CUMPRIDOS. 1. O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência
Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito)
dias antes do parto e a data de ocorrência deste, conforme estabelecido pelo art. 71
da Lei 8.213/91. 2. Independe de carência a concessão de salário-maternidade para as
seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas e empregadas domésticas, nos termos
do art. 26, VI, da Lei 8.213/90. 3. In casu, ficou demonstrada a condição de segurada
pelo CNIS juntado aos autos, com a comprovação da carência pelas contribuições
efetuadas. Sobre o afastamento da segurada das atividades exercidas, ficou
demonstrado pela prova testemunhal, que comprovou o afastamento 10 dias antes
do parto, sem o retorno das atividades. Neste sentido, deve ser mantida a sentença
do Juiz a quo, que concedeu o benefício. 4. Apelação do INSS não provida. (TRF-1 - AC:
10120400720204019999, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA
SEIXAS, Data de Julgamento: 01/07/2020, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:
07/07/2020)

Dessa forma, resta demonstrado o preenchimento de todos os requisitos legais, sendo


assim imperiosa a concessão do benefício de salário-maternidade à Autora.

DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de produção de provas no presente feito, a Parte Autora


vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC, que não há interesse na
realização de audiência de conciliação ou de mediação, haja vista a iminente ineficácia do
procedimento e a necessidade de que ambas as partes dispensem a sua realização, conforme
previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC.

DO IMEDIATO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER

Conforme inteligência do artigo 43 da Lei 9.099/95 c/c artigo 1º da Lei 10.259/01, no


âmbito dos Juizados Especiais Federais o recurso inominado interposto, via de regra, não possui
efeito suspensivo. Por este motivo, eventual deferimento do presente petitório compele o INSS
a cumprir de forma imediata a decisão de primeiro grau, para o efeito de conceder e implantar
o benefício postulado em favor da Parte Autora.

PEDIDOS

EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa Excelência:

1. O deferimento da Gratuidade da Justiça, pois o Autor não tem condições de arcar com as custas
processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;

2. A não realização de audiência de conciliação ou de mediação, pelas razões acima expostas;

3. A produção de todos os meios de prova, principalmente o documental e testemunhal;

4. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1. Conceder o salário-maternidade à parte Autora, desde a data do requerimento (DER em


${data_generica});

2. Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo


vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a data do
pagamento;

3. Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que cabíveis


em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei
10.259/01.

Termos em que,

Pede Deferimento.
Dá à causa o valor de R$ ${processo_valordacausa} [1].

, 15 de maio de 2023.

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