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DE
O pedido foi negado na via administrativa, sob a alegação de que a Autora havia feito
contribuições previdenciárias durante o período em que deveria ter se afastado do labor, fato
esse que supostamente indicaria que a volta ao trabalho da Demandante.
DO SALÁRIO-MATERNIDADE
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
[...]
Ocorre que o mero pagamento de recolhimento ao INSS não gera, por si só, presunção
de que a Autora teria retornado à atividade laboral. Com efeito, veja-se que esse é o
entendimento do TRF-4 a respeito:
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. ARTIGO-71-C DA LEI
8.213/91. AFASTAMENTO DO TRABALHO. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES.
DEMORA NO ATENDIMENTO. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. Nos termos do artigo 71-C da
Lei 8.213/91, a percepção do salário-maternidade, inclusive o previsto no art. 71-B,
está condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou da atividade
desempenhada, sob pena de suspensão do benefício. 2. A proibição de exercer
atividade, contudo, está atrelada à condição de a segurada já estar em gozo
do salário-maternidade e não pode ser aplicada na demora em que o órgão
administrativo leva para analisar o pedido. 3. Recurso inominado da parte autora
provido. (Recurso Cível 5002989-16.2018.4.04.7112/RS, 4ª Turma Recursal do Rio
Grande do Sul, Relatora Marina Vasques Duarte de Barros Falcão, Data da Decisão
6.6.2019)
No ponto, cumpre ressaltar brilhante trecho do voto do Relator, em que ele afirma que
os recolhimentos possivlmente foram realizados por receio da segurada em perder o vínculo
com a Previdência:
Ademais, imperioso esclarecer que a fundamentação legal utilizada pelo INSS para
negar o benefício à autora [art. 71-C da Lei 8.213/91] fala em suspensão do
benefício no retorno ao trabalho. E, no caso, embora a apelante tenha requerido o
benefício, este efetivamente não foi atendido pela autarquia. Assim, não poderia haver
suspensão do benefício, pois este não foi nem mesmo concedido.
(...)
Com efeito, não pode a parte Autora ser prejudicada por ter buscado a manutenção da
sua filiação ao INSS, até mesmo a fim de ter direito ao benefício de salário-maternidade.
Outrossim, embora a Sra. ${cliente_nome} tenha continuado a efetuar recolhimentos ao RGPS,
não há provas de que tenha voltado à rotina de trabalho durante o afastamento, justamente
porque não fez nada além de realizar contribuições ao INSS.
PEDIDOS
1. O deferimento da Gratuidade da Justiça, pois o Autor não tem condições de arcar com as custas
processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
Termos em que,
Pede Deferimento.
Dá à causa o valor de R$ ${processo_valordacausa} [1].
, 15 de maio de 2023.