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1 de junho de 2022

😉
Neste artigo você vai entender o que é a Lei 8.213/91, para que serve e o que mudou, além
de encontrar a legislação comentada. Confira!

O que é a Lei 8.213/91?


A Lei 8.213/1991 surge como a norma destinada a regulamentar os benefícios
previdenciários do RGPS, que passaram por significativa mudança com a promulgação da
Constituição Federal de 1988.

Isso porque a Constituição de 1988 foi a responsável pela organização do sistema de


Seguridade Social, como conhecemos hoje, que contempla os serviços de saúde,
assistência e previdência social.

Até então, havia distinção entre grupos de trabalhadores rurais e urbanos, onde os
trabalhadores rurais não tinham a mesma proteção dos urbanos, sem contar a diversidade
de normas tratando de matérias que viriam a ser incluídas pelo guarda-chuva da seguridade
social, pós CF/88.

No âmbito previdenciário, a norma de regência era a Lei Orgânica da Previdência Social –


LOPS, Lei nº 3.807/1960, substituída pela lei 8.212/91, que trata sobre custeio
previdenciário, e a lei 8.213/91, que trata de benefícios.

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Confira o que é a Lei 8.213/91

Para que serve a Lei 8.213/91?


A Lei 8.213/1991 foi criada com a finalidade de regulamentar as disposições relativas à
previdência social. Ela surgiu para regularizar os requisitos, conceitos e outras
questões que impactam no direito do benefício previdenciário.

O art. 201 da CF, em sua redação originária, dispunha de forma expressa que a previdência
social era destinada a:

Atender os eventos de doença, invalidez, morte, velhice e reclusão;


Auxiliar na ajuda à manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda;

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Proteger a maternidade;
Proteger o trabalhador em situação de desemprego involuntário;
Prover pensão por morte de segurado, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

Para atender essas prestações listadas, foi necessário a criação de uma legislação
específica, o que nos leva à Lei 8.213/1991. Assim, a lei veio tratando das regras
necessárias para a obtenção dos benefícios dispostos na Constituição Federal.

Em razão disso, a Lei 8.213/1991 não trata exclusivamente de benefícios


previdenciários, possuindo uma abrangência maior. A lei trata também de:

Quais pessoas têm direito a referidos benefícios – segurados e dependentes;


Como a pessoa passa a ter a condição de segurada e/ou beneficiária do INSS;
Qual a forma de apuração do valor devido para cada tipo de benefício, etc.

Saiba o que é planejamento previdenciário e como fazer.

O que mudou na Lei 8.213/91?


Desde a promulgação da CF/88 e início da vigência da Lei 8.213/1991, muita coisa mudou
na legislação previdenciária, especialmente no que se refere aos benefícios, como critério
para concessão, tipos, nomes e forma de cálculo.

Apenas no âmbito constitucional, duas foram as mudanças substanciais no art. 201 da CF,
sendo uma promovida pela EC 20/1998 e outra pela EC 103/2019.

A EC 20/1998 alterou para os segurados do RGPS uma das formas de obtenção ao


direito de aposentadoria, deixando de ser por tempo de serviço e passando a ser por
tempo de contribuição.

Enquanto a EC 103/2019 foi mais além, praticamente acabando com a possibilidade de


aposentadoria por tempo de contribuição puro e simples para os segurados do RGPS que
se filiaram ao sistema após o início de sua vigência, qual seja, a partir de 14/11/2019.

Uma exceção diz respeito a chamada aposentadoria especial, que é aquela concedida a
trabalhadores segurados que exercem suas atividades expostos a agentes prejudiciais à
saúde e integridade física, onde se permite a aposentadoria após determinado tempo de
serviço e contribuição com exposição aos referidos agentes.

Ainda assim existe uma idade mínima a ser observada, já que só terá direito à
aposentadoria o segurado cujo tempo de contribuição somado à idade atingir determinado
número, consoante regra do art. 21 da EC 103/2019.

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Ou seja, diferentemente da sistemática pré-reforma de 2019, onde bastava completar o
tempo de serviço exposto ao agente nocivo, aqui o segurado ainda deve possuir idade
suficiente para chegar à quantidade de pontos necessários para a aposentação.

Para os segurados que se filiaram ao sistema até 13/11/2019, portanto, antes do início da
vigência da EC 103/2019, em algumas situações ainda é possível a obtenção da
aposentadoria por tempo de contribuição, todavia, na maioria das regras de transição
passou-se a exigir uma idade mínima para a aposentadoria.

A exceção diz respeito à regra disposta no art. 17 da EC 103/2019, que permite a


aposentadoria do segurado considerando somente seu tempo de contribuição.

Mas, nesse caso, haverá a incidência do fator previdenciário no cálculo do benefício, de


modo que, quanto mais novo o segurado e maior for a expectativa de sobrevida na data da
aposentadoria, maior será a redução do valor do benefício em razão da incidência do fator
previdenciário.

A EC 103/2019 ainda modificou a forma de cálculo dos benefícios previdenciários, já


que segundo a Lei 8.213/1991 para se apurar o salário de benefício eram consideradas as
80% maiores contribuições, enquanto o art. 26 da EC 103 dispõe que será feita a média de
100% das contribuições.

Mas não foram só emendas constitucionais que acabaram alterando a Lei 8.213/1991, ainda
que indiretamente, mas outras leis supervenientes à ela.

Aposentadoria por tempo de contribuição

Na redação originária da Lei 8.213/1991, em atenção ao que determinava a constituição, o


segurado homem poderia se aposentar após 30 anos de serviço, ou seja, bastava a
comprovação do trabalho para ter direito à aposentadoria, independentemente de
contribuição, ressalvado o cumprimento do requisito da carência.

Com a promulgação da EC 20/1998, o referido tipo de aposentadoria passou a ser


condicionada à contribuição em favor do INSS, além de aumentar o tempo em cinco
anos. Todavia, não houve mudança na redação da Lei 8.213/1991, a qual continuou a tratar
da aposentadoria como sendo por tempo de serviço e por período menor.

Como um dos objetivos da EC 20/1998 era a introdução de uma idade mínima para
aposentadoria dos segurados, o que acabou não sendo aprovado pelo Congresso Nacional
na votação da EC, em 26/11/1999 foi sancionada a Lei nº 9.876 que instituiu o fator
previdenciário.

Dispõe o § 7º do art. 29 da Lei 8.213/91 que:

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O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de
sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, segundo a fórmula
constante do Anexo desta Lei.”

Ou seja, quanto mais novo fosse o segurado na data de aposentadoria, menor seria o
benefício a ser recebido.

No ano de 2015 é sancionada a Lei nº 13.183/2015, onde é criado o art. 29-C na Lei
8.213/1991, que permite afastar a incidência do fator previdenciário desde que o segurado
tenha o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria e a soma do tempo de
contribuição com a idade do segurado atinja uma quantidade mínima de pontos.

Essa possibilidade de aposentadoria permaneceu com a vigência da EC 103/2019, todavia,


houve alteração da pontuação mínima, bem como da forma de cálculo do valor do benefício.

Portanto, como se vê, em que pese a Lei 8.213/1991 ainda permanecer vigente, o leitor
deve se atentar se as disposições nela previstas não foram revogadas de forma tácita por
normas supervenientes, especialmente em razão das alterações promovidas pela EC
103/2019.

É importante mencionar que, apesar de haver revogação tácita de diversas disposições da


Lei 8.213/1991, no Direito Previdenciário prevalece o princípio do tempus regit actum,
onde os atos jurídicos se regem pela lei vigente à época de sua ocorrência.

Além disso, a CF assegura a proteção ao direito adquirido, de tal sorte que os segurados
que cumpriram todos os requisitos para a concessão de um determinado benefício durante
a vigência de determinada norma, independentemente da época em que optarem pelo
exercício de seu direito, poderão valer-se da norma vigente na época de atingimento dos
requisitos.

Assim, o fato de haver a revogação de dispositivos da Lei 8.213/1991 em razão da


ocorrência de novas normas, não necessariamente afasta a possibilidade de aplicação das
normas revogadas que estivessem vigentes à época da aquisição do direito.

Leia também: O que é salário de benefício, como calcular e o que diz a lei!

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Legislação da Lei 8.213/91 comentada


Como visto, a Lei 8.213/1991 possui uma abrangência enorme no que tange a disposições
relativas a benefícios previdenciários devidos pelo RGPS, de modo que tratar de cada uma
delas no presente artigo não se mostra produtivo à pessoa leitora.

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Por isso, a ideia deste texto é apenas de trazer uma explanação geral sobre a Lei
8.213/1991,sendo que as especificidades de norma serão objeto de outros textos,
complementares ao presente.

Entretanto, de modo a dar maiores subsídios à compreensão da Lei 8.213/1991, ao menos


em relação ao que é tratado em referida norma, apresento abaixo os principais assuntos por
ela abordados.

Beneficiários (art. 10 a 17 da Lei 8.213/91)


Inicialmente a Lei 8.213/1991traz disposições sobre os beneficiários do RGPS, ou seja,
pessoas que têm direito ao recebimento das prestações previdenciárias devidas por referido
regime.

Referidos beneficiários são divididos em dois grupos:

Segurados

Aqueles que fazem contribuições ao sistema, os quais se dividem em diversas categorias


(empregados, autônomos, facultativos, etc.);

Dependentes

Aqueles que têm direito à percepção de benefício não por contribuir ao RGPS, mas por
estarem vinculados a alguém que contribui ou contribuiu.

Carência (art. 24 a 27-A da Lei 8.213/91)

Também são objeto de disposição da Lei 8.213/1991 as regras relativas à carência, que se
refere à quantidade mínima de contribuições que o segurado deve fazer ao INSS para ter
direito a um determinado benefício.

Cálculo do benefício (art. 28 a 41 da Lei 8.213/1991)

A forma de cálculo do benefício trata de como se chega ao valor do salário de benefício, até
como são calculadas cada uma das prestações devidas pelo INSS, inclusive referente ao
valor inicial e os reajustes.

Aqui vale lembrar que houve alteração substancial pela EC 103/2019.

Prestações em geral (art. 42 ao 124-D da Lei 8.213/1991)

Os artigos sobre prestações em geral abordam as aposentadorias, benefícios por


incapacidade, salário-maternidade, pensão por morte e outros.

Regras gerais ( a partir do art. 125 da Lei 8.213/91)

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A Lei 8.213/1991 trata de regras gerais relativas a benefícios, como por exemplo, a
existência do Conselho de Recursos da Previdência Social para julgar recursos interpostos
durante o processo administrativo (art. 126), regras de transição relativas à carência para
segurados inscritos no sistema em data anterior a 24/07/1991 (art. 142), dentre outras.

Lembrando que algumas disposições da Lei 8.213/1991encontram-se revogadas, seja de


forma expressa ou tácita, em razão de legislação superveniente, motivo pelo qual o leitor ao
fazer a consulta à norma deve se atentar a tais fatos, especialmente quando se trata de
revogação tácita.

Por exemplo, tem situação envolvendo a pensão por morte, onde o art. 75 da Lei
8.213/1991 diz que o valor do benefício será de 100% do valor da aposentadoria que o
segurado teria direito, valor este rateado em partes iguais por todos os dependentes quando
houver mais de um.

Já a EC 103/2019 diz que o valor pago aos dependentes é apurado por quotas, iniciando
em 50% do valor da aposentadoria e tendo o acréscimo de 10% para cada dependente
existente (art. 23).

Ou seja, em uma mesma situação em que o segurado falecido tenha apenas um


dependente, pela regra disposta na Lei 8.213/1991 esse segurado receberia 100% do valor,
enquanto pela regra da EC 103/2019 esse mesmo dependente recebe 60%, sem contra as
formas diferentes de se apurar o valor do benefício.

Conclusão
Como se vê, a Lei 8.213/91 é de suma importância para o Direito Previdenciário, na medida
que trata das regras gerais relacionadas à concessão de benefícios previdenciários aos
segurados do RGPS.

É verdade que com as alterações legislativas ocorridas desde sua vigência em 1991,
diversos dispositivos encontram-se revogados, entretanto, ainda se mostra como norma
relevante, já que muitas disposições relativas a benefícios constam somente da Lei
8.213/1991.

Portanto, sempre que a pessoa leitora consultar referida norma deverá ter em mente que as
disposições da Lei 8.213/1991 devem ser aplicadas de forma sistêmica com outras
normas.

A ideia deste texto foi trazer uma visão geral da Lei 8.213/1991, pois esmiuçaremos este

😉
conteúdo em novos artigos. Acompanhe a série sobre a Lei 8.213/1991 aqui no Portal da
Aurum!

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