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INTRODUÇÃO
A Constituição Federal brasileira prevê a proteção da saúde dos idosos,
mas o progresso na garantia desse direito tem sido lento. O aumento no
número de idosos no Brasil, tem chamado a atenção das autoridades, sendo
necessário o regulamento de leis e medidas garantidoras de condições de vida
justas e adequadas para essa faixa etária.
Neste trabalho acadêmico, objetiva-se dissertar sobre a temática dos
reajustes abusivos, das mensalidades de plano de saúde, contratados por
idosos, com mais de 60 anos, a referida conduta é considerada abusiva. A
saúde do idoso é um bem tutelado e protegido pela Direito brasileiro, por meio
de instrumentos legais e normativos, a exemplo, da Constituição Brasileira, o
Estatuto do Idoso, o Código de Defesa do Consumidor e a Agência Nacional de
Saúde, que reconhecem a importância de garantir condições de saúde
adequadas e dignas para os idosos, considerando que o envelhecimento
populacional é uma realidade crescente.
OS MARCOS LEGAIS
A Constituição Federal em seu artigo 230, estabelece que é dever da
família, da sociedade e do Estado amparar e assegurar os direitos dos idosos,
incluindo a saúde. Além disso, o artigo 196 garante a todos o direito à saúde,
atribuindo ao Estado a responsabilidade de promover políticas públicas
voltadas para a prevenção e o tratamento de doenças, incluindo aquelas
específicas da terceira idade.
A Constituição Federal também prevê a criação de programas de
atendimento integral à saúde dos idosos, considerando suas necessidades e
particularidades. Esses programas devem contemplar ações de prevenção,
promoção, assistência e reabilitação, visando garantir uma melhor qualidade de
vida para essa parcela da população.
É importante ressaltar que a tutela da saúde do idoso vai além da mera
assistência médica. Ela abrange também aspectos relacionados à prevenção,
ao acesso a medicamentos, ao atendimento especializado e à promoção de um
envelhecimento saudável e ativo. A Constituição Federal, portanto, estabelece
uma base sólida para a proteção da saúde dos idosos, reconhecendo sua
importância e garantindo a implementação de políticas e programas voltados
para esse fim.
O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, possui disposições específicas
para a proteção dos direitos dos idosos em relação aos planos de saúde, no
artigo 15, §3º é vedada a discriminação do idoso na relação contratual com os
planos de saúde, no que diz respeito as cobranças de valores diferenciados,
em função da idade, essa proibição busca evitar aumentos abusivos nas
mensalidades em função do envelhecimento.
No mesmo passo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
que é responsável por regular e fiscalizar os planos de saúde no Brasil,
estabelece normas e diretrizes para o funcionamento dessas operadoras,
visando garantir a proteção dos direitos dos beneficiários, incluindo os idosos.
Na Resolução Normativa da A.N.S. n.º 63, de 22 de dezembro de 2003, foram
definidos os limites para adoção de variação de preço por faixa etária nos
planos privados de assistência à saúde, objeto do presente trabalho.
Essas normas envolvem a definição de coberturas assistenciais
obrigatórias, a regulamentação dos reajustes de mensalidades, a
disponibilidade de serviços especializados para idosos, entre outros aspectos.
Tendo em vista que os contratos firmados entre operadoras de planos de
saúde e usuários, trata-se de uma relação consumerista, regulada pelo Código
de Defesa do Consumidor. O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/1990) é aplicável nas relações contratuais entre os beneficiários e as
operadoras de planos de saúde, e estabelece princípios e regras que visam
proteger os consumidores, incluindo os idosos. Dessa forma, caso haja abusos
ou descumprimento de direitos por parte das operadoras, os idosos podem
recorrer ao Código de Defesa do Consumidor para buscar reparação e garantir
seus direitos.
Além das leis e normas específicas, a jurisprudência também
desempenha um papel importante na proteção do direito à saúde do idoso nos
planos de saúde. Os tribunais têm proferido decisões que reforçam a proteção
dos idosos, seja na limitação de reajustes abusivos, na garantia de acesso a
tratamentos e medicamentos ou na responsabilização das operadoras em
casos de negligência ou negativa de cobertura injustificada.
Essas são algumas das formas pelas quais o direito brasileiro protege o
direito à saúde do idoso no contexto dos planos de saúde. O objetivo é garantir
que os idosos tenham acesso a serviços de qualidade, tratamentos adequados
e não sejam prejudicados por práticas discriminatórias ou abusivas por parte
das operadoras de planos de saúde.
REAJUSTE POR FAIXA ETÁRIA PARA IDOSOS
Os contratos de planos de saúde firmados antes da Lei 9.656/98 (Lei
dos Planos de Saúde) possuíam cláusulas que permitiam o reajuste das
mensalidades por faixa etária, ocorre que em razão destes reajustes, a
manutenção dos contratos passou a ficar inviável, haja vista que, o aumento
dos planos ultrapassavam o reajuste da aposentadoria, e muitos destes idosos
pagavam as mensalidades com o valor do benefício, sendo considerados
hipossuficientes economicamente.
Com a promulgação da Lei 9.656/1998 os planos de saúde passaram a
foram proibidos a reajustar as mensalidades de consumidores com mais de 60
anos, e que possuam contrato superior a 10 anos. Em complemento, o Estatuto
do Idoso assegurou a não discriminação da cobrança dos planos de saúde em
função da faixa etária.
Recentemente o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo editou a
Súmula 91 que pacificou o entendimento de que mesmo nos contratos firmados
antes da sua vigência é descabido:
Súmula 91: “Ainda que a avença tenha sido firmada antes da sua
vigência, é descabido, nos termos do disposto no art. 15, § 3º, do
Estatuto do Idoso, o reajuste da mensalidade de plano de saúde por
mudança de faixa etária.”
REFERÊNCIAS