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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Elementos das Relações de Consumo


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ELEMENTOS DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Levando em consideração a recorrência desse assunto, é importante identificar quando há


uma relação de consumo. Ao dividir o Código de Defesa do Consumidor, há os seguintes campos:

• CAMPO CIVIL – arts. 8º a 54 (bastante exigido na prova);


• CAMPO ADMINISTRATIVO – arts. 55 a 60 e 105/106 (raramente exigido);
• CAMPO PENAL – arts. 61 a 80 (apenas duas questões foram cobradas);
• CAMPO JURISDICIONAL – arts. 81 a 104 (também bastante recorrente).

Obs.: trata-se do microssistema jurídico com o objetivo de tutelar os desiguais, tratando de


maneira diferente consumidor e fornecedor.

O microssistema processual não é inteiramente voltado à defesa do servidor. Conforme


a Súmula n. 381, do STJ:

Nos contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.

Ainda que o art. 51, do CDC, estabeleça que as cláusulas lesivas ao consumidor devem
ser conhecidas de ofício (ou seja, a nulidade da cláusula é absoluta), observa-se que algu-
mas vezes as jurisprudências não favorecem o consumidor. De modo semelhante, a Súmula
n. 382, do STJ, estabelece que:

A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade.

DIRETO DO CONCURSO
1. (2019/FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/OAB/ADVOGADO XXVI) João da Silva, idoso,
ingressou com ação judicial para revisão de valores de reajuste do plano de saúde, con-
tratado na modalidade individual. Alega que houve alteração do valor em decorrência
da mudança de faixa etária, o que entende abusivo. Ao entrar em contato com a forne-
cedora, foi informado que o reajuste atendeu ao disposto pela agência reguladora, que
é um órgão governamental, e que o reajuste seria adequado.
Sobre o reajuste da mensalidade do plano de saúde de João, de acordo com entendi-
mento do STJ firmado em Tema de Recurso Repetitivo, bem como à luz do Código do
Consumidor, assinale a afirmativa correta.
a. Somente seria possível se o plano fosse coletivo, mesmo que isso não estivesse
previsto em contrato, mas se encontrasse em acordo com percentual que não seja
desarrazoado ou aleatório, portanto, não sendo abusivo.
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b. Poderia ser alterado por se tratar de plano individual, mesmo que em razão da faixa
etária, desde que previsto em contrato, observasse as normas dos órgãos governa-
mentais reguladores e o percentual não fosse desarrazoado, o que tornaria a prá-
tica abusiva.
c. É possível o reajuste, ainda que em razão da faixa etária, sendo coletivo ou individual,
mesmo que não previsto em contrato e em percentual que não onere excessivamente
o consumidor ou discrimine o idoso.
d. Não poderia ter sido realizado em razão de mudança de faixa etária, mesmo se tra-
tando de plano individual, sendo correto o reajuste apenas com base na inflação, não
havendo interferência do órgão governamental regulador nesse tema.

COMENTÁRIO
a. Quando o plano é individual, o reajuste em questão também é possível, desde que es-
teja previsto em contrato.
b. A alteração é possível em razão da faixa etária, respeitando os requisitos estabelecidos
em contrato.
c. Para alterar, há necessidade de previsão em contrato.
d. Há interferência do órgão governamental regulador.
Conforme informativo 551, do STJ:

PROTEÇÃO CONTRATUAL. Reajuste de mensalidade de seguro-saúde em razão de alteração de


faixa etária do segurado. Em regra,é válida a cláusula prevista em contrato de seguro-saúde que
autoriza o aumento das mensalidades do seguro quando o usuário completar 60 anos de idade.Ex-
ceções.Essa cláusula será abusiva quando: (a) não respeitar os limites e requisitos estabelecidos
na Lei n. 9.656/98; ou (b) aplicar índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que onerem em
demasia o segurado.STJ. 4ª Turma. REsp 1.381.606-DF, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel.
para acórdão Min. João Otávio De Noronha, julgado em 7/10/2014.
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Tema 1.085 – Informativo n. 728, 14 de Março de 2022

São lícitos os descontos de parcelas de empréstimos bancários comuns em conta-corrente, ainda


que utilizada para recebimento de salários, desde que previamente autorizados pelo mutuário e
enquanto esta autorização perdurar, não sendo aplicável, por analogia, a limitação prevista no
§ 1º do art. 1º da Lei n. 10.820/2003, que disciplina os empréstimos consignados em folha de
pagamento.
ANOTAÇÕES

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Ou seja, é possível que os consumidores realizem um empréstimo no banco e autorizem


o desconto direto da conta corrente no dia de chegada de seu salário, ainda que isso gera
uma grande dívida.
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ATENÇÃO
Não são todas as vezes que os entendimentos jurisprudenciais são favoráveis ao consumi-
dor. Outros aspectos, como o equilíbrio econômico, devem ser levados em consideração.

DIRETO DO CONCURSO
2. (2020/FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/OAB/ADVOGADO/XXXI EXAME DE ORDEM
UNIFICADO) O médico de João indicou a necessidade de realizar a cirurgia de gastro-
plastia (bariátrica) como tratamento de obesidade mórbida, com a finalidade de reduzir
peso. Posteriormente, o profissional de saúde explicou a necessidade de realizar a
cirurgia plástica pós-gastroplastia, visando à remoção de excesso epitelial que comu-
mente acomete os pacientes nessas condições, impactando a qualidade de vida daque-
le que deixou de ser obeso mórbido.
Nesse caso, nos termos do Código de Defesa do Consumidor e do entendimento do
STJ, o plano de saúde de João
a. terá que custear ambas as cirurgias, porque configuram tratamentos, sendo a cirurgia
plástica medida reparadora; portanto, terapêutica.
b. terá que custear apenas a cirurgia de gastroplastia, e não a plástica, considerada
estética e excluída da cobertura dos planos de saúde.
c. não terá que custear as cirurgias, exceto mediante previsão contratual expressa para
esses tipos de procedimentos.
d. não terá que custear qualquer das cirurgias até que passem a integrar o rol de proce-
dimentos da ANS, competente para a regulação das coberturas contratuais.
20m

COMENTÁRIO
A questão está questionando se após a cirurgia bariátrica, o consumidor possui ou não o
direito de realizar a cirurgia de retirada do excesso de pele. Em 2020, a alternativa A seria
a correta. Segundo o art. 35-F da Lei dos Planos de Saúde – Lei n. 9656/98, a assistência
a que alude o art. 1º desta Lei compreende todas as ações necessárias à prevenção da
doença e à recuperação, manutenção e reabilitação da saúde, observados os termos desta
Lei e do contrato firmado entre as partes.

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No entanto, segundo o Informativo n. 740, 13 de junho de 2022:

Agência Nacional de Saúde Suplementar. Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplemen-


tar. Taxatividade. Operadora de plano ou seguro de saúde. Tratamento não constante do Rol da
ANS. Não obrigatoriedade. Admissão em hipóteses excepcionais e restritas.
DESTAQUE
1. O rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar é, em regra, taxativo;
2. A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante
do rol da ANS se existe, para a cura do paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já
incorporado ao rol;
3. É possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de aditivo contratual para a
cobertura de procedimento extra rol;
4. Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do rol da ANS, pode haver,
a título excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente,
desde que (i) não tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimen-
to ao rol da saúde suplementar; (ii) haja comprovação da eficácia do tratamento à luz da medicina
baseada em evidências; (iii) haja recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como
CONITEC e NATJUS) e estrangeiros; e (iv) seja realizado, quando possível, o diálogo interinsti-
tucional do magistrado com entes ou pessoas com expertise técnica na área da saúde, incluída
a Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar, sem
deslocamento da competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a ilegitimidade
passiva ad causam da ANS.
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GABARITO
1. b
2. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Patricia Kelen da Costa Dreyer.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

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