Você está na página 1de 15

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIRIETO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DE SERRA/ES – A DEPENDER DO VALOR, TERÁ QUE


DIRECIONAR A JUSTIÇA COMUM

(se for pessoa jurídica) Nome, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob o nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede (Endereço completo –
rua/avenida/etc., nº, complemento (se houver), bairro, cidade/UF, CEP, telefone:
XX-XXXXX-XXXX, e-mail: XXX@XXXXX), [DOC. XX], neste ato representada por
seu sócio administrador, Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, portador(a)
do RG XXXXXXX SSP/XX, inscrito(a) no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX,
residente (Endereço completo – rua/avenida/etc., nº, complemento (se houver),
bairro, cidade/UF, CEP, telefone: XX-XXXXX-XXXX, e-mail: XXX@XXXXX) [DOC.
XX] por seu advogado in fine, com escritório estabelecido Rua José Alexandre Buaiz,
nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623, Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-
545, telefone: 27 3237-2711, e-mail: contato@carneirosantos.adv.br, [Doc. 02] vem
perante este MM. Juízo, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C PEDIDO DE


TUTELA ANTECIPADA

em face de EDP ESPÍRITO SANTO DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA S.A,


distribuidora de energia elétrica, inscrita no CNPJ sob o nº 28.152.650/0001-71, com
sede na Rua Florentino Faller, nº 80, Edifício Maxxi Advanced, Torre 01, 2º Andar,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-310, pelos motivos e fundamentos a seguir:
OS FATOS ABAIXO DESCREVEM O OCORRIDO COM A SRA. MARISA. A
MESMA RECEBEU UMA NOTIFICAÇÃO DE COBRANÇA COMPLEMENTAR,

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
ANTE A EXISTÊNCIA DE UMA IRREGULARIDADE CONSTATADA EM
TERMO DE OCORRÊNCIA E INSPENSÃO CONFECCIONADA PELA EDP.
NESTE CASO, A IRREGULARIDADE IDENTIFICADA FOI: “MEDIDOR SEM
LACRE”. TAL FATO PODERIA INDICIAR QUE A SRA. MARISA ESTARIA
MASCARANDO O SEU CONSUMO DE ENERGIA. TODAVIA, RESTOU
EVIDENCIADO QUE APÓS A TROCA DO RELÓGIO MEDIDOR, O VALOR
DA CONTA DE ENERGIA DA SRA. MARISA DIMINUIU. PORTANTO, EXISTE
UMA INCONGRUÊNCIA, POIS, O ESPERADO SERIA QUE A CONTA DE LUZ
AUMENTASSE.

PEDIDO LIMINAR REQUISITANDO A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DA


COBRANÇA E ABSTENÇÃO DA EDP EM SUJAR O NOME DA AUTORA,
ANTE O VENCIMENTO DA DÍVIDA, BEM COMO, A ABSTENÇÃO EM
CORTAR A LUZ DA RESIDENCIA DA AUTORA. ADEMAIS, FORA
SOLICITADA A DISPENSA DA CAUÇAO, POIS TRATA-SE DE SERVIÇO
ESSENCIAL.

UTILIZAR AQUILO QUE DER PARA APROVEITAR.

DOS FATOS

A Requerente é cliente da Requerida, como se comprova com a documentação


acostada, estando a unidade consumidora em Zona Urbana desta comarca –
Instalação 128052. [segunda página do Doc. 01]

Em 23/09/2022 a Autora recebeu em sua caixa de correios a seguinte notificação –


“Demonstrativo de Cálculo de Cobrança Complementar” [Doc. 03] – tendo-se em
vista que em 01/07/2022, funcionários da Empresa Requerida estiveram no
endereço de titularidade da Requerente e lavraram o Termo de Ocorrência e
Inspeção – TOI nº 9675594, consignando em seu bojo a seguinte irregularidade:
“tampa de vidro do medidor sem lacre”.

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
Por ocasião da constatação da suposta ocorrência, a EDP elaborou o referido
documento (Demonstrativo de Cálculo de Cobrança Complementar), no qual fora
esboçado os supostos e reais consumos energéticos da unidade, incidindo o período
de cobrança de 01/07/2019 a 01/07/2022, tendo o seguinte critério de cálculo: “Para
o cálculo do valor a ser complementado foram considerados os consumos registrados nos
últimos 12 meses completos de medição regular, imediatamente anteriores à constatação da
irregularidade, proporcionalizados em 30 (trinta) dias, conforme o INCISO III do artigo (595
da Resolução Normativa ANEEL nº 1.000/21 de 07/12/2021), considerando como base a
média dos 3 (três) maiores valores registrados dentro deste período. Este critério de cálculo foi
escolhido devido a impossibilidade de utilização dos critérios anteriores conforme descrito
abaixo: I – medição comparativa não instalada para identificação da irregularidade; II – os
selos, os lacres, a tampa ou a base do medidor não estão intactos, estando em não
conformidade”.

Nesta toada a Requerida modulou uma cobrança no valor de R$ 9.072,47 (nove mil,
setenta e dois reais e quarenta e sete centavos) referente ao que intitulou de custo
complementar devido a um “consumo irregular”.
A Requerente, estarrecida com a indigitada cobrança e pelo fato de não concordar
com a mesma, não pagou os “valores complementares”, posto que jamais serviu-se a
prática de desviar ou mascarar seu consumo de energia. Ademais, não soa nada
razoável a Requerida cobrar um valor tão exorbitante pela ausência de um lacre.

Excelência, é cediço que todos os meses um funcionário da empresa Requerida passa


pela residência da Requerente para fazer a medição do relógio. Portanto, é óbvio que
no mês anterior a constatação da suposta ocorrência, havia lacre no medidor da
Requerente, pois, do contrário, teria sido notificada. Registre-se ainda que em anexo
a este petitório, segue em anexo extrato dos consumos energéticos bem como suas
faturas devidamente pagas (últimos 05 anos) [Doc. 04]

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
Ante a isto, a Sra. Marisa, representada por este signatário, efetuara o protocolo de
Recurso Administrativo sob o protocolo 349772196, informando o seguinte:

“Eu, Marisa de Souza Oliveira Carneiro, brasileira, viúva, emprega pública, portadora da
Carteira de Identidade nº 1.119.239 SSP/ES, inscrita no CPF sob o nº 423.975.706-10,
residente na Rua Itapõa nº 11, Valparaíso, Serra/ES, CEP: 29.165-821, recebi em 23/09/2022
por correspondência a notificação denominada “Demonstrativo de Cálculo de Cobrança
Complementar”, na qual constava informações de apuração do Termo de Ocorrência e
Inspeção (TOI) nº 9675594, confeccionado no dia 01/07/2022, por haver sido encontrado na
instalação 128052 (de minha titularidade) a seguinte irregularidade: “tampa de vidro do
medidor sem lacre”.

Em pesquisas na internet, verifica-se a informação de que a ausência de lacre no medidor de


energia objetiva a conduta de alterar os valores de consumo energético. Entretanto, deve ser
esclarecido que eu jamais faria algo neste sentido.

Ademais, devo informar que os únicos residentes da casa são, eu e meu filho. Trabalho no
município de Vitória a mais de 30 anos, em uma Autarquia Publica Estadual (PRODEST),
no horário de 8h30min às 18h e meu filho também trabalha em Vitória, em seu escritório de
advocacia, tendo o mesmo horário de serviço. Eventualmente, recebo em minha casa uma
irmã que vem ao Estado para fazer seu acompanhamento médico pelo SUS, pelo fato de já ter
tido câncer mais de uma vez.

Insta consignar que a referida notificação me causa profunda indignação e revolta, tendo-se
em vista que a EDP (representada por um de seus agentes inspetores) identificou uma
irregularidade em minha instalação e sequer me notificou de imediato. Reparo que o dia
01/07/2022 era uma sexta-feira, ou seja, certamente eu não estava em casa e mesmo que
houvesse alguém (meu filho ou minha irmã), somente eu poderia ser notificada, tendo-se em
vista que sou a titular da instalação. No mínimo, poderiam ter me ligado (meu celular 27
999325902 está cadastrado no sistema da EDP) ou agendado um horário para que pudesse

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
me fazer presente. Registro que não retirei e muito menos determinei que o lacre da tampa de
vidro do medidor fosse retirado.

Porém existem algumas conclusões a que chego, as quais desmitificariam a ausência do lacre:
01) a troca dos relógios/medidores, pois na fatura de junho de 2022 consta o medidor:
ECM54009 e na fatura seguinte, julho de 2022, aparece um segundo e atual: 16375795.
Portanto, durante a troca, é possível crer que houve o esquecimento de inserção de um novo
lacre. Falhas no serviço acontecem; 02) Outro cenário provável: algum vândalo com intuito
puro e simples de querer causar dano a propriedade privada arrancou o lacre. É do
conhecimento da EDP que tal conduta de terceiros maliciosos é muito comum.

Nesta toada, a EDP, como prestadora deste serviço essencial, já deveria ter providenciado os
devidos recursos para maior segurança do relógio/medidor de energia, já que é obrigatório que
o mesmo fique fixado na parte de fora da residência, justamente para que os funcionários da
companhia tenham acesso a leitura e fiscalização mensal do objeto.

Outro ponto que merece destaque é a ausência de fotografias quanto a suposta violação. E
mesmo que existam, tais não podem ser consideradas provas incontestáveis, já que, conforme
precedentes jurídicos deste País, pacificada é a tese de que o TOI não possui presunção de
legitimidade.

A cobrança complementar em destaque é irrazoável e injusta, pois como pode a ausência de


um lacre ocasionar a uma punição pecuniária no valor de R$ 9.072,47. No mínimo deveria
ser aplicada uma multa. O critério aplicado ao meu caso é absurdo, pois viola o Código de
Defesa do Consumidor, já que me exigi uma obrigação manifestamente desproporcional.

Ao que se denota em meu histórico de consumo energético os maiores picos advém dos
períodos iniciais dos anos (verão e outono), que é quando faço maior utilização de ar
condicionado por exemplo. Após estes períodos o consumo de energia é reduzido, seja pela não
utilização de aparelhos que consomem muita energia e pelo simples fato de exercer a
economia.

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
Destarte, não há por parte desta companhia, quaisquer provas irrefutáveis que apontem com a
devida exatidão um consumo irregular em minha instalação. Sendo assim, solicito para que
haja a desconsideração da presente notificação, devendo-se haver a extinção da cobrança
complementar em apreço.”

A Requerente veio tomar conhecimento da resposta da EDP na data de 27/10/2022,


comunicando o seguinte [Doc. 05]:

“Sua Referência: 350256642 – Nossa Referência: 7665ES22 – Sua Comunicação: 21/10/2022


– Data 25/10/2022

Instalação: 128052

Caro Cliente, A EDP informa que sua reclamação referente ao débito gerado pela cobrança de
consumo irregular foi avaliada e considerada como improcedente, motivo pelo qual a cobrança
será mantida. A cobrança foi realizada nos termos do Art. 598 da Resolução Normativa
ANEEL nº 1.000/2021.

A Sra. MARISA DE SOUZA OLIVEIRA CARNEIRO, vem apresentar defesa


administrativa e informa que não é responsável pelo medidor estar sem lacres, não foi
notificada sobre a inspeção e demais procedimentos. O TOI não tem legitimidade, cita
legislação e requer a extinção da cobrança. Os procedimentos e os cálculos apresentados foram
executados...

Insta consignar que fora requerido no recurso administrativo a apresentação de


fotografias que deveriam ter sido tiradas pelos funcionários da EDP que constataram
a referida irregularidade. Registre-se que na resposta da Empresa Requerida, não
foram inseridas quaisquer fotografias, que de fato comprovassem a existência da
referida irregularidade. Com todo respeito Excelência, isto é um absurdo total. A
parte Ré, age de forma unilateral e desarrazoada, não demonstrando qualquer

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
interesse em verificar a fundo a ocorrência da suposta irregularidade. Isto é
observado na própria resposta que somente se ateve em replicar a observação
formulada por seus agentes.

A parte autora estando mais uma vez irresignada com a decisão de mantença da
cobrança complementar, engendrara reclamação a Ouvidoria da EDP, protocolo
950179814, nos seguintes termos:

“A Ouvidoria da EDP – Reclamação – Recurso Administrativo nº 350256642

Eu, Marisa de Souza Oliveira Carneiro, brasileira, viúva, empregada pública, portadora da
Carteira de Identidade nº, inscrita no CPF sob o nº 423.975.706-10, residente na Rua Itapõa,
nº 11, Valparaíso, Serra/ES, CEP: 29.165-821, venho registrar, tempestivamente,
RECLAMAÇÃO junto a esta Ouvidoria por não concordar com o posicionamento da EDP,
o qual julgou meu recurso administrativo (minha referência 350256642 - referência da EDP
7665ES22) IMPROCEDENTE, mantendo-se a cobrança de consumo complementar. A
resposta da EDP assim fora transcrita: "Os procedimentos e os cálculos apresentados foram
executados de acordo com a legislação vigente. Foi enviado a cópia do TOI 06/07/2022. A
queda no histórico da unidade consumidora é visível, tornando inequívoca a irregularidade
constatada. A unidade consumidora 128052, o medidor foi enviado para análise, conforme
RATM 7737/22, e foi constatado disco arranhado por intervenção de terceiros, entre outras
irregularidades, o que interferia no registro da energia consumidora".

Registre-se que a aplicação desta cobrança complementar é absurda e descabida, pois está
sendo confirmada ante a informação de que agi de forma irregular, no que se refere a intenção
de mascarar o real consumo energético em minha casa. Como informei no recurso
administrativo, em minha residência, somente residem eu e meu filho e eventualmente recebo
uma irmã como hóspede. A EDP ratifica a sanção pecuniária porque segundo a mesma, houve
queda de consumo de energia, e é algo completamente sem cabimento, já que não se verifica
em meu histórico oscilações de consumos destoantes. Observa-se ainda, que os meses em que

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
houveram maior consumo energético, são os de época do verão, o que normalmente, em quase
todas as residências capixabas ocorre um aumento natural.

Ademais, me causa profunda revolta saber que os procedimentos adotados pela EDP foram
aplicados sem a minha supervisão, agindo unilateralmente e ainda me impondo condutas
inverídicas. Chama-se a atenção que em razão da ausência do lacre, a EDP retirou o relógio
sem minha anuência, notificando posteriormente para comparecer a uma unidade técnica
para acompanhar a perícia no relógio, uma pessoa, sem conhecimento técnico para
acompanhar a perícia e do que adiantaria, pois além da ausência de lacre, identificaram disco
arranhado, o que deduziram supostamente, consumo irregular. E o que eu poderia fazer? Ao
que se denota, minha presença seria apenas para aceitar de forma arbitrária, o resultado da
análise da perícia da EDP.

Outro ponto que deve ser considerado é a resposta da EDP quanto ao recurso administrativo,
o qual, aparentemente, sequer levou em conta as minhas justificativas e ainda, apontou
outras irregularidades sem sequer especificá-las, objetivando nítido intuito de desprezar
minha defesa.

Pelas razões fundamentadas do meu recurso administrativo e desta reclamação, peço


a Ouvidoria para que registre e interceda junto a EDP para que seja reconsiderada a
cobrança complementar injusta. Aguardo resposta.”

A referida reclamação não surtira efeito, tendo a Ouvidoria da EDP informado que
após reanálise do recurso interposto, o pleito de inexigibilidade fora indeferido [Doc.
06].

Destarte, agora pende uma dívida em nome da Autora no valor de R$ 9.743,63 (nove
mil, setecentos e quarenta e três reais e sessenta e três centavos), vencida em
10/03/2023. Consigne-se que a parte Autora somente descobriu que o boleto da
dívida havia sido gerado, pois, na data de hoje recebera uma ligação da EDP, na qual
estava sendo cobrada a dívida.

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
Ocorre Excelência que a Autora sempre recebera suas cobranças via correios, sendo a
modalidade de recebimento de faturas via e-mail uma novidade para a mesma, pois
ainda encontra dificuldade no manuseio das tecnologias. Registre-se que se a mesma
tivesse recebido a cobrança de tais valores pelo correio, já teria acionado a justiça
visando a suspensão de exigibilidade desta cobrança, bem como, requisitado um
pedido para que a EDP não venha a indicar o nome da Autora nos cadastros de
proteção ao crédito, muito menos, promova a suspensão dos serviços de energia de
sua unidade.

Nesta toada, não tendo outra alternativa a Autora, já tendo esgotado a via
administrativa, recorre a este Judiciário para que lhe auxilie na resolução deste
imbróglio.
DOS FUNDAMENTOS

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA E DA APLICAÇÃO DO CDC

O Código de Defesa do Consumidor prevê, em seu artigo 6º, inciso VIII, que diante
da hipossuficiência do consumidor frente ao fornecedor/prestador de serviço, sua
defesa deve ser facilitada com a inversão do ônus da prova. É o que se postula na
presente demanda.

NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY lecionam:

“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do


consumidor, sempre que for ou hipossuficiente ou verossímil sua
alegação. Trata-se de aplicação do princípio constitucional da
isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca
e vulnerável na relação de consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado de
forma diferente,

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os partícipes da
relação de consumo.”

O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio da isonomia, na medida


em que trata desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela
própria lei. "(Código Civil anotado e legislação extravagante. 2 ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003, p. 914).

Considerando, sobretudo, a hipossuficiência técnica e econômica da autora,


encontram-se caracterizados os requisitos do art. 6º, VIII, do CDC para se impor a
inversão do ônus probatório e, por conseguinte, promover o equilíbrio contratual
entre os litigantes.

Assim, mister se faz a inversão do ônus da prova, principalmente para que


a Requerida apresente todos protocolos citados, as fotografias que engendraram a
suposta irregularidade, bem como, as provas técnicas que comprovam de forma
incontestável que a Autora mascarava seu consumo energético.

DA INEXIGIBILIDADE DA COBRANÇA COMPLEMENTAR

Emérito Magistrado, conforme se verifica nos fatos, a Empresa Requerida, após ter
sido provocada administrativamente, manteve a cobrança complementar, em razão
de consumo irregular, sustentando sua postura na Resolução Normativa da ANEEL.

Em que pese os motivos de embasamento da cobrança complementar estarem


subsidiados em Resolução Normativa da ANEEL, tem se que neste caso em concreto,
tais critérios não podem ser aplicados, pois exigem da Autora obrigação de pagar,
manifestamente desproporcional. Como a ausência de um lacre, pode causar uma
dívida no valor de quase dez mil reais? É um absurdo.

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
Ademais, cabe destacar que a Concessionária do serviço público deve demonstrar
não só que cumpriu os procedimentos legais, mas que houve, efetivamente, o desvio
de energia que dê ensejo à recuperação do consumo, pois, quanto a estes pontos,
resta evidenciada a hipossuficiência técnica do consumidor.

Nobre Magistrado, o histórico de consumo da parte Autora, demonstra claramente


que seu consumo energético sempre se manteve dentro de uma normalidade,
ocorrendo os maiores gastos na época do Verão. Outro fator que merece destaque é
que a Autora antes da troca do relógio, ocorrida em Julho de 2022, suas faturas
estavam girando em torno de R$ 300,00 a R$ 500,00, conforme se comprova nos
meses de 01/2022 a 06/2022. Após este período, o segundo semestre demonstrou
que os gastos da Autora passaram a girar em torno de R$ 180,00 a R$ 250,00.
Portanto, se de fato houvesse um desvio de energia, os gastos da Autora no primeiro
semestre, deveriam ser muito menores.

Portanto, não havendo prova de consumo irregular, tal situação mostra-se suficiente
para afastar a presunção de legitimidade da cobrança da recuperação de consumo do
período anterior à suposta violação do medidor.

Registre-se ainda o fator de que a inspeção realizada que confeccionou o referido


TOI, fora feita sem a presença da Autora.

Portanto, inexigível a cobrança da recuperação de consumo. Nesse sentido:

ENERGIA ELÉTRICA. RECUPERAÇÃO DE CONSUMO DECORRENTE DE


INSPEÇÃO DO MEDIDOR. DEFEITO DO MEDIDOR. TERMO DE OCORRÊNCIA E
INSPEÇÃO (TOI), QUE INOBSERVOU A RESOLUÇÃO 414/2010 DA ANEEL,
ART.129,§§1 E 2ª, ANTE A AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO CONSUMIDOR E/OU
DE QUEM ACOMPANHOU A INSPEÇÃO, COM A ENTREGA DO RESPECTIVO
TERMO, MEDIANTE RECIBO. DECLARAÇÃO DO INDÉBITO QUE SE IMPÕE. A
recuperação de consumo perseguida pela CEEE está fundada na inspeção realizada na

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
unidade consumidora da parte autora, conforme Termo de Ocorrência e Inspeção (TOI-
fls.67/), no qual vem expresso ter sido identificado defeito no equipamento de medição do
consumo. Contudo, a inspeção não observou as normas da Resolução 414/2010 da ANEEL,
que, conforme se extrai do seu art. 129, §§ 1º, I, 2º, e anexo V, dispõe que o TOI deve ser
lavrado na presença do consumidor ou daquele que, em nome do consumidor, acompanhar a
inspeção, ou, ainda, de testemunha ou perito, com posterior entrega de cópia do termo
mediante recibo. Portanto, no caso concreto, evidenciada a nulidade do procedimento de
apuração de irregularidade realizado pela ré, com o que resta indevida a recuperação de
consumo pretendida. SENTENÇA MANTIDA FUNDAMENTO DIVERSO. RECURSO
DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71006548200, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 07/02/2017).

DA TUTELA ANTECIPADA

Assim, é importante citar que segundo regra do art. 300, CPC, para
concessão da medida de urgência deverão estar presentes o perigo de dano e a
probabilidade do direito, sendo certo que probabilidade não se confunde com
certeza do direito e ainda pelo fato vexatório de a autora está “recendo energia” de
terceiros.

No caso em apreço o perigo de dano advém da própria natureza do


serviço em questão (serviço essencial), especialmente em razão de lá residir a
Requerente e sua família.

Quanto a probabilidade do direito, esta pode ser extraída dos documentos de lavra
da própria Requerida, como os anexos constantes desta exordial.

Ademais, extrai-se a probabilidade do direito dos comprovantes anexos


que demonstram que a Autora se encontra com suas contas em dia, havendo
assiduidade nos pagamentos, como demonstram os comprovantes.

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
De se anotar ainda que em sede de relação de consumo milita em favor do
consumidor a inversão do ônus da prova, bem assim a proteção à parte mais frágil
da relação.

A suspensão da exigibilidade de dívida é um pedido liminar bastante comum em


ações judiciais, especialmente quando a dívida em questão é decorrente da prestação
de serviços essenciais, como água, luz, gás e telefonia. Nestes casos, a falta desses
serviços pode prejudicar significativamente o consumidor, o que justifica a
necessidade de garantir a continuidade da prestação dos serviços, mesmo que haja
um litígio em curso.

Nesse sentido, existem diversos fundamentos jurídicos que sustentam a


desnecessidade de depositar valores em juízo para obtenção de pedido liminar que
requer a suspensão de exigibilidade de dívida, tais como:

1. Princípio da continuidade do serviço público: Este princípio estabelece que a


prestação dos serviços públicos essenciais deve ser contínua e ininterrupta,
independentemente de qualquer disputa judicial. Assim, é dever do prestador
do serviço público garantir sua continuidade, mesmo que haja um litígio em
curso.
2. Princípio da efetividade da tutela jurisdicional: Este princípio determina que
o poder judiciário deve garantir a efetividade das decisões proferidas em
juízo. Nesse sentido, é possível conceder liminares sem a necessidade de
depósito prévio em juízo, desde que sejam tomadas as medidas necessárias
para garantir a continuidade da prestação dos serviços.
3. Precedentes jurisprudenciais: Existem diversos precedentes jurisprudenciais
que confirmam a possibilidade de se conceder liminares sem a necessidade de
depósito prévio em juízo em casos de suspensão de exigibilidade de dívida
em serviços públicos essenciais.
4. Normas específicas: Algumas normas específicas, como a Lei 8.987/95, que
dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
públicos, estabelecem a possibilidade de se suspender a exigibilidade da
dívida sem a necessidade de depósito prévio em juízo, desde que sejam
tomadas medidas para garantir a continuidade da prestação dos serviços.

Portanto, pugna-se pela desnecessidade de depósito prévio em juízo para obtenção


deste pedido liminar que requer a suspensão de exigibilidade da dívida em apreço,
por se tratar de questão que envolve serviços públicos essenciais.

Tudo isso dito, requer sejam antecipados os efeitos da tutela para determinar
que a Requerida suspenda a exigibilidade da cobrança complementar, vinculada ao
mês de julho de 2022, para que assim, evite-se a inserção do nome da Autora no
cadastro de inadimplentes, bem como, a suspensão dos serviços de energia de sua
residência.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

- LIMINARMENTE e inaudita altera parte, sejam antecipados os efeitos da


tutela requerida, para determinar que a Requerida suspenda a exigibilidade da
cobrança complementar, vinculada ao mês de julho de 2022, para que assim, evite-se
a inserção do nome da Autora no cadastro de inadimplentes, bem como, a suspensão
dos serviços de energia de sua residência.

- A citação da Requerida para que querendo conteste a presente, sob pena de


revelia e confissão.

- No mérito requer seja confirmada a medida de urgência pleiteada; sejam


declarados inexistentes os débitos constantes na cobrança complementar, no valor de
R$ 9.743,63 (nove mil, setecentos e quarenta e três reais e sessenta e três centavos);

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545
- Acaso a demanda seja levada ao Crivo do Colégio Recursal, requer desde já
a condenação da parte contrária em honorários advocatícios de 20%.

- A produção das provas admitidas em lei, especialmente a documental,


testemunhal, depoimento do representante da Requerida, provas emprestadas e
supervenientes.

Dá-se a causa o valor de R$ 9.743,63 (nove mil, setecentos e quarenta e três reais e
sessenta e três centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Cidade/UF, XX de mês de 202X.

BERNARDO OLIVEIRA CARNEIRO


OAB/ES nº 24.697
OAB/SP nº 479.550
OAB/RS 128983A

MARCUS VINICIUS BARBOSA DOS SANTOS


OAB/ES nº 25.473
OAB/SP nº 479.822
OAB/RS 129164A

Contato: (27) 98833 2711 – (27) 3237-2711 / E-mail: contato@carneirosantos.adv.br


Endereço: Rua José Alexandre Buaiz, nº 160, Ed. London Office Tower, Sala 623,
Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP: 29.050-545

Você também pode gostar