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AO ________ CÍVEL DA COMARCA DE ________

________ , ________ , ________ , inscrito no CPF


sob nº ________ , ________ , residente e domiciliado
na ________ , ________ , ________ , na Cidade de
________ , ________ , ________ , vem à presença de
Vossa Excelência, por meio do seu Advogado, infra
assinado, ajuizar

AÇÃO REVISIONAL PLANO DE SAÚDE


C/C PEDIDO LIMINAR

em face de ________ , pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob nº ________ , ________ , com
sede na ________ , ________ , ________ , na Cidade
de ________ , ________ , ________ , pelos motivos e
fatos que passa a expor.

DOS FATOS

Em ________ , o Autor contratou um plano de saúde junto à


empresa Ré, com pagamento mensal de R$ ________ por mês.

Ocorre que em ________ , o Autor recebeu a fatura com reajuste


de preço, equivalente a ________ de aumento pela simples mudança de faixa
etária.
Ao solicitar a revisão dos valores pactuados, o Autor teve a
indigesta surpresa na resposta: ________ , obrigando a busca por intervenção
judiciária.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define,


de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado
das condutas abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do
referido Código.

No presente caso, tem-se de forma nítida a relação consumerista


caracterizada, conforme redação do Código de defesa do Consumidor:

Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou


jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou


jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

Assim, uma vez reconhecido o Autor como destinatário


final dos serviços contratados, e demonstrada sua hipossuficiência
técnica, tem-se configurada uma relação de consumo, conforme entendimento
doutrinário sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor


deve ser interpretado a partir de dois elementos: a) a
aplicação do princípio da vulnerabilidade e b) a
destinação econômica não profissional do
produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e
tendo em vista a teleologia da legislação protetiva deve-
se identificar o consumidor como o destinatário final
fático e econômico do produto ou serviço." (MIRAGEM,
Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. Editora RT,
2016. Versão ebook. pg. 16)

Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se das


responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida
assistência técnica, visto que se trata de um fornecedor de produtos que,
independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de seus
consumidores.

DA ILEGALIDADE DE REAJUSTE DE PLANO A IDOSOS ACIMA DE


60 ANOS

A Lei nº 9.656/98, que dispõe sobre os planos e seguros privados


de assistência à saúde, prevê claramente que:

Art. 15. A variação das contraprestações pecuniárias


estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o
inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em razão da idade do
consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam
previstas no contrato inicial as faixas etárias e os
percentuais de reajustes incidentes em cada uma delas,
conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o
disposto no art. 35-E.

Parágrafo único. É vedada a variação a que alude o


caput para consumidores com mais de sessenta
anos de idade, que participarem dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º, ou sucessores, há mais
de dez anos.

Ou seja, há vedação expressa às variações das contraprestações


pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde em razão da idade.

E mesmo para os contratos celebrados anteriormente à vigência da


referida Lei, qualquer variação na contraprestação pecuniária para
consumidores com mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização previa da
ANS (art. 35-E da Lei nº9.656/98).

Assim, tanto no período anterior à vigência do Estatuto do Idoso,


ou a partir de sua vigência (1º de janeiro de 2004), o consumidor que atingiu 60
anos está sempre amparado contra a abusividade de reajustes de mensalidades
por efeito reflexo da Constituição Federal que estabelece claramente a defesa do
idoso no art. 230.

O STJ ao analisar a matéria em sede de Recurso Especial


Repetitivo (RESP Nº. 1568244 - TESE 952), esclarece:

"Para evitar abusividades (Súmula nº 469/STJ) nos


reajustes das contraprestações pecuniárias dos planos de
saúde, alguns parâmetros devem ser observados, tais como
(i) a expressa previsão contratual; (ii) não serem aplicados
índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que
onerem em demasia o consumidor, em manifesto
confronto com a equidade e as cláusulas gerais da boa-fé
objetiva e da especial proteção ao idoso, dado que
aumentos excessivamente elevados, sobretudo para esta
última categoria, poderão, de forma discriminatória,
impossibilitar a sua permanência no plano; e (iii) respeito
às normas expedidas pelos órgãos governamentais:

a) No tocante aos contratos antigos e não adaptados, isto


é, aos seguros e planos de saúde firmados antes da entrada
em vigor da Lei nº 9.656/1998, deve-se seguir o que
consta no contrato, respeitadas, quanto à abusividade dos
percentuais de aumento, as normas da legislação
consumerista e, quanto à validade formal da cláusula, as
diretrizes da Súmula Normativa nº 3/2001 da ANS.

b) Em se tratando de contrato (novo) firmado ou adaptado


entre 2/1/1999 e 31/12/2003, deverão ser cumpridas as
regras constantes na Resolução CONSU nº 6/1998, a qual
determina a observância de 7 (sete) faixas etárias e do
limite de variação entre a primeira e a última (o reajuste
dos maiores de 70 anos não poderá ser superior a 6 (seis)
vezes o previsto para os usuários entre 0 e 17 anos), não
podendo também a variação de valor na contraprestação
atingir o usuário idoso vinculado ao plano ou seguro saúde
há mais de 10 (dez) anos.

c) Para os contratos (novos) firmados a partir de


1º/1/2004, incidem as regras da RN nº 63/2003 da ANS,
que prescreve a observância (i) de 10 (dez) faixas etárias, a
última aos 59 anos; (ii) do valor fixado para a última faixa
etária não poder ser superior a 6 (seis) vezes o previsto
para a primeira; e (iii) da variação acumulada entre a
sétima e décima faixas não poder ser superior à variação
cumulada entre a primeira e sétima faixas."

Este, inclusive, vem sendo o entendimento predominante nos


Tribunais:

AÇÃO REVISIONAL - PLANO DE SAÚDE - CONTRATO


COLETIVO - REAJUSTE POR FAIXA ETÁRIA, ANUAIS E
SINISTRALIDADE - Embora as cláusulas que prevejam os
reajustes por sinistralidade não possam ser declaradas
nulas, uma vez que se prestam a manter o equilíbrio
contratual e evitar o distrato pela quebra do sinalagma, os
reajustes aplicados e questionados em juízo não tiveram
sua pertinência e necessidade comprovada, tendo sido
utilizados como meio para promover o reajustamento
imoderado do valor da mensalidade - Embora a ré tenha
defendido a necessidade de revisão contratual por
incremento de sinistralidade no período questionado pela
autora, é certo que não trouxe aos autos documentação
apta a comprovar o alegado - Estudos elaborados de forma
unilateral e não lastreados em documentos contábeis que
não podem ser aceitos como prova cabal do quanto
alegado em defesa - Ausente índice que melhor se
adeque à situação, deverá haver o recálculo do
valor de mensalidade devido pelo segurado no
período não prescrito, excepcionalmente,
utilizando-se dos percentuais máximos
autorizados pela ANS - Autora que impugna reajuste
supostamente aplicado em razão de seu 60º aniversário,
em 2008, no percentual de 36% - Percentual não
justificado pela seguradora ou lastreado no contrato
(datado de 1994, juntado pela autora), o qual não prevê
reajustes por mudança de faixa etária - Ré que, intimada a
apresentar eventual novo contrato vigente entre as partes,
nada esclareceu a respeito deste ou apresentou, insistindo,
genericamente, na legalidade de todos os reajustes -
Exercício de 2008 no qual deverá, de qualquer forma, ser
aplicado somente o reajuste anual, nos termos acima
disciplinados, não havendo evidência tenha sido, de fato,
aplicado reajuste etário - Devolução dos valores cobrados a
maior que deve observar a prescrição trienal, consoante
entendimento fixado pelo E. STJ- Honorários recursais
devidos - RECURSO DESPROVIDO (TJSP; Apelação Cível
1002668-25.2018.8.26.0218; Relator (a): Angela Lopes;
Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Guararapes - 1ª Vara; Data do Julgamento: 11/06/2019;
Data de Registro: 11/06/2019)

APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO DO CONSUMIDOR E


CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PLANO DE SAÚDE.
MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. REAJUSTE DA
MENSALIDADE. POSSIBILIDADE. ESTATUTO DO
IDOSO. RESOLUÇÃO ANS Nº 63/2003. REQUISITOS.
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA. ABUSIVIDADE
VERIFICADA. DEPENDENTE MENOR. MENSALIDADE
NO MESMO VALOR DO TITULAR ADULTO.
ABUSIVIDADE NÃO VERIFICADA. REPETIÇÃO DO
INDÉBITO NA FORMA SIMPLES. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO. 1. A liberdade de contratação que
permeia a celebração do Contrato de Seguro Saúde não
afasta a aplicação das regras insertas no Código de Defesa
do Consumidor. 2. O Estatuto do Idoso é norma de ordem
pública e, nessa condição, de aplicação imediata, de modo
que seus efeitos atingem os contratos firmados em data
anterior à sua vigência. 3. Nos termos do artigo 15,
parágrafo único, da Lei nº 9.656/98, é legal a variação das
mensalidades dos planos de saúde, independentemente do
regime ou tipo de contratação, em razão da mudança de
faixa etária do consumidor, desde que observados os
critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar, excepcionados apenas os contratos firmados
há mais de 10 (dez) anos por maiores de 60 (sessenta)
anos. 4. Nos termos do entendimento firmado pelo STJ no
julgamento do REsp repetitivo nº 1568244/RJ, o reajuste
dos planos de saúde em razão da mudança de faixa etária
deve observar (i) a expressa previsão contratual; (ii) não
serem aplicados índices de reajuste desarrazoados ou
aleatórios, que onerem em demasia o consumidor, em
manifesto confronto com a equidade e as cláusulas gerais
da boa-fé objetiva e da especial proteção ao idoso, dado
que aumentos excessivamente elevados, sobretudo para
esta última categoria, poderão, de forma discriminatória,
impossibilitar a sua permanência no plano; e (iii) respeito
às normas expedidas pelos órgãos governamentais. 5. No
caso do beneficiário idoso, o reajuste da
mensalidade do plano de saúde em 100% se revela
discriminatório por onerar em demasia o
beneficiário e representar obstáculo a sua
permanência no plano. 6. Verificada a abusividade do
reajuste, impõe-se a restituição dos valores pagos
indevidamente, na forma simples. 7. (...). 9. Apelação da ré
conhecida e não provida. Apelação do autor conhecida e
parcialmente provida. (TJDFT, Acórdão n.1176885,
07108201520178070020, Relator(a): SIMONE LUCINDO,
1ª Turma Cível, Julgado em: 05/06/2019, Publicado em:
10/06/2019)

Ademais, segundo a Súmula nº 91 deste Tribunal de


Justiça , "ainda que a avença tenha sido firmada antes da sua vigência, é
descabido, nos termos do disposto no art. 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, o
reajuste da mensalidade de plano de saúde por mudança de faixa etária".

Portanto, qualquer reajuste decorrente da mudança de faixa etária,


após os 60 anos, deve ser declarada nula.

DA ABUSIVIDADE NO REAJUSTE DO PLANO DE SAÚDE

A previsão contratual da modificação de valores das mensalidades,


conforme o aumento da faixa etária tem plena validade e se justifica pelo
aumento da procura dos serviços médicos prestados.

Contudo, o reajuste deve manter a preservação do equilíbrio da


relação jurídica estabelecida entre os contratantes. Ocorre que no presente caso,
o reajuste aplicado ao Autor superou ________ , em manifesta abusividade,
uma vez que ultrapassa, inclusive o percentual de reajuste estabelecido pela
ANS que foi de ________

Trata-se de variação unilateral do preço (art. 51, inciso X, do CDC),


que coloca o consumidor em desvantagem exagerada (art. 51, inciso IV, do
CDC), manifestamente abusiva e, portanto, nula.

Essa conduta ofende a Política Nacional de Relações de Consumo,


que tem como objetivo a proteção aos interesses econômicos do fornecedor e a
melhoria da harmonia das relações de consumo.

A majoração da mensalidade na proporção estabelecida pela ré de


uma só vez é prática abusiva e deve ser coibida, nos termos do art. 6º, inc. IV e
V, da Lei nº 8.078/90.

Afinal, a conduta da ré está inserida no rol das práticas vedadas


estabelecidas no art. 39, do CDC, que dispõe ser proibido ao fornecedor de
produtos e serviços "exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva" (inc. V).

Trata-se de posicionamento firmado nos Tribunais:

APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE


INDIVIDUAL. REGULAMENTADO. AÇÃO REVISIONAL.
REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA.
ABUSIVIDADE CONFIGURADA. REAJUSTES EM
DESACORDO COM A CONSU Nº 06/1998 DA AGÊNCIA
NACIONAL DE SAÚDE. Trata-se de ação revisional
através da qual a parte autora postula o cancelamento do
reajuste da mensalidade do plano de saúde em função da
faixa etária, julgada procedente na origem. Os contratos de
seguro e de planos de assistência à saúde devem se
submeter às disposições do Código de Defesa do
Consumidor, na medida em que tratam sobre relações de
consumo, nos termos do artigo 3º, §2º, da legislação
consumerista, bem como em face do disposto na Súmula
469 do colendo Superior Tribunal de Justiça. A Lei
Federal nº. 9.656/98, especialmente em seu artigo
35-E, §2º, dispõe que os reajustes dos valores das
mensalidades dos planos de saúde deverão ser
realizados de acordo com as normas da ANS.
Contudo, quanto aos contratos coletivos não há qualquer
vinculação aos percentuais fixados pela ANS, pelo
contrário, a própria agência reguladora estabelece que os
reajustes das contraprestações estabelecidas nestes
contratos podem ser livremente pactuados entre a
operadora e a contratante. Segundo entendimento firmado
no STJ, através do julgamento do RESp n. 1.280.211/SP,
nos contratos de plano de saúde coletivos o reajuste de
mensalidade por mudança de faixa etária de segurado
idoso, não pode, por si só, ser considerado ilegal ou
abusivo, devendo ser avaliado se houve previsão
contratual de alteração, foram aplicados percentuais
razoáveis, que não visem, ao final, a impossibilitar a
permanência da filiação, se houve observância do
princípio da boa-fé objetiva, bem como se foram
preenchidos os requisitos estabelecidos na Lei n.
9.656/1998. No caso em comento verifica-se que os
reajustes decorrentes da alteração da faixa etária sobre a
mensalidade do plano de saúde da parte autora ao
completar 60 anos e 70 anos, discriminados na Tabela
Contratual de fls. 102, e corroborado com as planilhas do
efetivo aumento acostadas pela demandada (TJRS,
Apelação 70080685191, Relator(a): Niwton Carpes da
Silva, Sexta Câmara Cível, Julgado em: 25/04/2019,
Publicado em: 03/05/2019)

PLANO DE SAÚDE INDIVIDUAL - Relação de consumo -


REAJUSTE POR FAIXA ETÁRIA - Cláusula contratual que
prevê o reajuste por mudança de faixa etária - Aumento de
mais de 30% pelo fato de a consumidora ter atingido 61
anos de idade - (...)Normativa nº 3/2001 da ANS,
invalidando a cláusula contratual no seu aspecto formal -
Aumento imposto pela operadora do plano de
saúde na faixa etária de 61 anos, nitidamente
abusivo, ocasionando onerosidade excessiva ao
consumidor e uma vantagem exagerada em favor
da já enriquecida empresa de planos de saúde -
Ofensa às normas consumeristas - Nulidade da
cláusula 15 do contrato firmado entre as partes - Reajuste
no plano que deve seguir o índice de 13,55%
aplicado pela Agência Nacional de Saúde (ANS)
aos planos de saúde médico-hospitalares
individuais/familiares no período compreendido entre
maio de 2017 e abril de 2018 - Restituição da diferença
entre o percentual cobrado indevidamente e o estipulado
por esta decisão - Demanda parcialmente procedente -
Recurso parcialmente provido. (TJSP; Recurso Inominado
0006835-63.2017.8.26.0016; Relator (a): Luís Eduardo
Scarabelli; Órgão Julgador: Segunda Turma Cível; Foro
Central Cível - 31ª VC; Data do Julgamento: 29/05/2018;
Data de Registro: 29/05/2018)

PLANO DE SAÚDE COLETIVO. CONSUMIDOR.


REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA.
ABUSIVIDADE. DEVOLUÇÃO DE VALORES. 1. É
abusivo o reajuste de 94,49% da mensalidade de
plano de saúde motivado exclusivamente pela
mudança da faixa etária, pois além de conduzir o
consumidor a desvantagem exagerada, coloca em
risco a sua permanência no plano. 2. A repetição
deve ocorrer de forma simples, quando ausente a má-fé.
(TJ-DF 20140110495289 0011742-62.2014.8.07.0001,
Relator: FERNANDO HABIBE, Data de Julgamento:
29/03/2017, 4ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 03/04/2017 . Pág.: 417/424)

PLANO DE SAÚDE - REAJUSTE POR MUDANÇA DE


FAIXA ETÁRIA AOS 59 ANOS - CONTRATO
EMPRESARIAL, NÃO ABRANGIDO PELA DECISÃO DE
AFETAÇÃO (TEMA 952 - RECURSO ESPECIAL Nº 1.568.
244 - RJ) - Aumento das mensalidades por mudança de
faixa etária em percentual maior que 70% -
Impossibilidade - Percentual aplicado que constitui
afronta à boa-fé objetiva - Patamar oneroso e
despropositado - Cláusula abusiva - Tentativa de
burla ao Estatuto do Idoso - Reembolso devido, de
forma simples, a fim de se evitar enriquecimento sem
causa da ré - Sentença mantida - Apelo improvido. (TJ-SP
- APL: 10025141520148260099 SP 1002514-
15.2014.8.26.0099, Relator: Fábio Podestá, Data de
Julgamento: 08/11/2016, 20ª Câmara Extraordinária de
Direito Privado, Data de Publicação: 08/11/2016)

Ora, estipular reajustes abusivos para a idade de ________ anos,


embora não ofenda formalmente o Estatuto do Idoso, acaba por obstar
nitidamente o acesso aos planos de saúde para aqueles que se aproximam de
idade mais avançada.

Tem-se, portanto, cláusula contratual abusiva e, portanto, nula de


pleno direito, nos termos do art. 51, do CDC que dispõe sobre a nulidade de
cláusulas que "estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade" (inc. IV); "estejam em
desacordo com o sistemade proteção ao consumidor"(inc. XV); e,
principalmente , "restringe direitosou obrigações fundamentais
inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto
ou equilíbrio contratual" (§ 1º, incs. II e III).

DA AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL DO REAJUSTE

O art. 15 da Lei nº 9.656/98 previu a variação das


contraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde em
razão da idade do consumidor. Todavia, esta faculdade deve seguir claramente a
previsão legal:

Art. 15. A variação das contraprestações pecuniárias


estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o
inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em razão da idade do
consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam
previstas no contrato inicial as faixas etárias e os
percentuais de reajustes incidentes em cada uma
delas, conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado
o disposto no art. 35-E.
Parágrafo único. É vedada a variação a que alude o caput
para consumidores com mais de sessenta anos de idade,
que participarem dos produtos de que tratam o inciso I e o
§ 1º do art. 1º, ou sucessores, há mais de dez anos.

Com efeito, a empresa ré tinha o dever de informar clara e


objetivamente no contrato original os percentuais que seriam aplicados pelas
mudanças de faixas etárias dos usuários. Caso contrário sua conduta ofende não
só princípio da boa-fé contratual como também o dever de informar, regra
protetiva prevista no Código de Defesa do Consumidor.

Desta forma, é totalmente nula a estipulação de majorações por


faixas etárias em mensalidades de plano de saúde sem a expressa, prévia e clara
previsão dos percentuais que serão aplicados, conforme precedentes sobre o
tema:

PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE POR MUDANÇA DE


FAIXA ETÁRIA. PREVISÃO CONTRATUAL DE FAIXAS
ETÁRIAS SEM PERCENTUAIS. DESCONHECIMENTO
DO USUÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. QUEBRA DO DEVER
DE INFORMAÇÃO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. REAJUSTE EXCLUÍDO.
RECURSO PROVIDO. Plano de saúde. Aplicação de
expressivo reajuste no aniversário de 50 anos dos autores.
Previsão de faixas etárias no contrato. Ausência,
contudo, dos percentuais que seriam aplicados.
Impossibilidade. Possibilidade de aumento de
mensalidades de plano de saúde por mudança de
faixa etária do usuário desde que previstas
corretamente no contrato. Lei nº 9.656/98, CONSU e
ANS. Dever de informação. Código de Defesa do
Consumidor. Conduta da ré que ofende as regras
protetivas do CDC. Reajuste abusivo. Exclusão. Recurso
provido. (TJ-SP - APL: 10104110320158260506 SP
1010411-03.2015.8.26.0506, Relator: Carlos Alberto
Garbi, Data de Julgamento: 21/03/2017, 10ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 22/03/2017)
O dever de bem informar o consumidor a respeito do serviço
contratado está delineado no CDC. O inciso III assegura justamente este direito
básico à informação, fomentnado a transparência no mercado de consumo
objetivada pelo art. 4º, do CDC.

Assim, pela ausência expressa da possibilidade de reajustes por


faixa etária, tem-se por imprescindível a nulidade do reajuste aplicado.

DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO

Conforme todo o exposto, ficou perfeitamente caracterizada a


nulidade do reajuste aplicado. Assim, o reconhecimento da abusividade traz
como consequência a devolução valores pagos a maior pelo Autor, a fim de se
evitar enriquecimento sem causa da empresa ré.

Desta forma, a réu deverá pagar ao autor os valores cobrados, nos


termos do parágrafo único do artigo 42 da Lei 8078/90, verbis:

Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em


quantia indevida tem direito à repetição de indébito, por
valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

Este, inclusive, é o posicionamento dos Tribunais sobre o tema:

APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE.


AÇÃO REVISIONAL. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA 469 DO STJ. PLANO DE SAÚDE FIRMADO
ENTRE A LEI Nº 9.656/98 E O ESTATUTO DO IDOSO
(LEI Nº 10.741/2003). REAJUSTE POR MUDANÇA DE
FAIXA ETÁRIA. A previsão de reajuste de mensalidade de
plano de saúde em virtude de mudança de faixa etária, por
si só, não é abusiva. Necessidade de aferição no caso
concreto. Parte autora beneficiária de plano de saúde
regulamentado, firmado entre a entrada em vigor da Lei
nº 9.656/98 e o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), e
que, quando completou 60 anos contava com mais de 10
anos de contrato. Reajustes por mudança de faixa etária.
Cláusula contratual que fere as disposições do Estatuto do
Idoso e do Código de Defesa do Consumidor. Anulação
das cláusulas que estipulavam aumento abusivo
em razão de reenquadramento de faixa etária.
Dever de restituição. Os valores pagos a maior
devem ser restituídos sob pena de enriquecimento
indevido da operadora do plano de saúde, na forma
simples, pois não caracterizada a má-fé. Apelação Cível
desprovida. (Apelação Cível Nº 70066159559, Sexta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rinez da
Trindade, Julgado em 29/06/2017).

Portanto, inequívoca a responsabilidade e dever do réu no


pagamento em dobro dos valores indevidamente descontados conforme
memória de cálculo que junta em anexo.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados,


vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante


da demonstração inequívoca de que ________ .

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para


aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há


racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo
necessário à produção da provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se
desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o
beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de
Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela ________ ,


ou seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil do
processo, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não


ser útil ao interesse demonstrado pela parte", em
razão do "periculum in mora", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade do
direito substancial consubstancia-se no direito "invocado
por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni
iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p.
366).

Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza


conduta irreversível, não conferindo nenhum dano ao réu .

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado


receio de dano irreparável, sendo imprescindível a ________ , nos termos do
Art. 300 do CPC.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente atualmente é ________ , tendo sob sua


responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não poderia
arcar com as despesas processuais.

Ademais, em razão da pandemia, após a política de distanciamento


social imposta pelo Decreto ________ nº ________ (em anexo), o
requerente teve o seu contrato de trabalho reduzido, com redução do seu salário
em ________ , agravando drasticamente sua situação econômica.

Desta forma, mesmo que seus rendimentos sejam superiores ao


que motiva o deferimento da gratuidade de justiça, neste momento excepcional
de redução da sua remuneração, o autor se encontra em completo descontrole
de suas contas, em evidente endividamento.

Como prova, junta em anexo ao presente pedido ________ .

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência e


comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das
custas judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do
Art. 99 Código de Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser


formulado na petição inicial, na contestação, na petição
para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na


instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver


nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz
jus o Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE


SEGURANÇA - JUSTIÇA GRATUITA - Assistência
Judiciária indeferida - Inexistência de elementos nos
autos a indicar que o impetrante tem condições de
suportar o pagamento das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio
e familiar, presumindo-se como verdadeira a
afirmação de hipossuficiência formulada nos
autos principais - Decisão reformada - Recurso provido.
(TJSP; Agravo de Instrumento 2083920-
71.2019.8.26.0000; Relator (a): Maria Laura Tavares;
Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro
Central - Fazenda Pública/Acidentes - 6ª Vara de Fazenda
Pública; Data do Julgamento: 23/05/2019; Data de
Registro: 23/05/2019

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme
destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de


necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou
faturamento máximos. É possível que uma pessoa
natural, mesmo com bom renda mensal, seja merecedora
do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é
proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez.
A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de
viabilização do acesso à justiça; não se pode
exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito
tenha que comprometer significativamente sua
renda, ou tenha que se desfazer de seus bens,
liquidando-os para angariar recursos e custear o
processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed.
Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é


necessário que a parte seja pobre ou necessitada
para que possa beneficiar-se da gratuidade da
justiça. Basta que não tenha recursos suficientes para
pagar as custas, as despesas e os honorários do processo.
Mesmo que a pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes
bens não têm liquidez para adimplir com essas despesas,
há direito à gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme.
ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo
Código de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos
Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 98)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao
requerente.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

1. A concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do


art. 98 do Código de Processo Civil;

2. O deferimento do pedido liminar para fins de SUSPENDER o


reajuste aplicado ao plano de saúde do Autor;

3. A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para,


querendo responder a presente demanda;

4. Seja declarado nulo o reajuste aplicado, por abusivo,


condenando o Réu à adequar o reajuste ao percentual máximo
de 20%, conforme reajustes anteriores, determinando a
devolução ao Autor, dos valores cobrados nas parcelas de ;
5. A condenação do Réu às custas judiciais e honorários
advocatícios,

6. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos
documentos acostados;

7. Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em


nome do Advogado ________ , OAB ________ .

Por fim, manifesta o ________ na audiência conciliatória, nos termos do Art.


319, inc. VII do CPC.

Valor da causa: R$ ________

Termos em que, pede deferimento.

________ , ________ .

________

ANEXOS

1. Comprovante de renda

2. Declaração de hipossuficiência

3. Documentos de Identidade do Autor

4. Procuração

5. Comprovante de Residência

6. Declaração de hipossuficiência

7. Cópia do contrato de plano de saúde


8. Cópia das faturas pagas

9. Cópia da notificação do reajuste

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