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Pellon

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A D V O C A C I A
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KATIA BRAGA DE MAGALHÃES DANIELA DE CAMPOS RODRIGUES MARCELO MOURA DA ROCHA VELOSO
GEORGE DE CUNTO McKENZIE DANIELE HANG DA SILVA

MEMBRO DA OAB – RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO, ESPÍRITO SANTO, BRASÍLIA E PERNAMBUCO.
CONSULTOR : VENÂNCIO IGREJAS FILHO MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITO DE SEGUROS (AIDA)
CORRESPONDENTES NAS PRINCIPAIS CIDADES BRASILEIRAS E NO EXTERIOR MEMBRO DA DEUTSCH – BRASILIANISCHE JURISTENVEREINIGUNG E V.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 03ª


VARA CÍVEL DA COMARCA DE LIMEIRA - SP

Autos n.º 357/06


N.º de Ordem: 01.03.2006/000357
Rito Sumário

CONCESSIONÁRIA DO SISTEMA
ANHANGÜERA BANDEIRANTES S/A, sociedade regularmente
constituída na forma da lei, sediada na cidade de Jundiaí, Estado de São
Paulo, na Av. Professora Maria do Carmo Guimarães Pellegrini, nº 200,
inscrita no CNPJ sob o nº 02.451.848/0001-62, por seu advogado infra-
assinado, com escritório da Avenida Paulista, 453, 9º andar, onde receberá
intimações e atos de termos processuais, conforme instrumento de mandato já
RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO SÃO PAUL O SÃO PAUL O VIT ÓRIA BRASÍL IA RE CIFE
MATRIZ FILIAL T E L E COM FIL IAL AV. N. SRA. DOS SAS Q.3 LT.2 BLC.C AV. LINS PETIT, 320
R.SENADOR AV.13 DE MAIO, AV. PAULISTA, 1471 AV. PAULISTA, NAVEGANTES, 675 ED. BUSINESS 4º ANDAR SL 401/402
DANTAS, 74 25º,26º,27º,36º E 10º ANDAR 453 ENSEADA DO SUÁ POINT PERNAMBUCO
7º ANDAR 37º ANDAR SÃO PAULO 8º E 9º AND. ED. PALÁCIO DO CJ 1106/08 BRASIL
RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO BRASIL SÃO PAULO CAFÉ BRASÍLIA CEP 50071-230
BRASIL BRASIL CEP 01311-200 BRASIL 11º AND SL 1110/17 BRASIL TEL. (81) 3222.5054
CEP 20.031-201 CEP 20.231-000 TEL. (11) 3145-7500 CEP 01311-200 VITÓRIA BRASIL CEP 70070-030 FAX (81) 3222.5081
TEL. (21) 3824.7800 TEL. (21) 3212.6900 FAX (11) 3145-7546 TEL. (11) 3371.7600 CEP 29050-912 TEL. (61) 3321.4200
FAX (21) 2240.6907 FAX (21) 2533.1437 FAX (11) 3284.0116 TEL. (27) 3357.3500 FAX (61) 3226.9642
FAX (27) 3357.3510
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anexado aos autos, cujo nome requer seja anotado na contracapa do processo
para efeito de futuras intimações pelo D.O.J, sob pena de nulidade, vem,
tempestiva e respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar sua

C O N T E S T A Ç Ã O

aos termos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE REPARAÇÃO DE


DANOS em trâmite pelo rito sumário, que por essa Vara e respectivo
Cartório lhe move FABIANO PAULINI CARVALHO, consubstanciada
pela matéria de fato e de direito a seguir exposta:

SINOPSE DA DEMANDA

Cuida-se de ação de reparação de danos materiais promovida pelo autor, o


qual, por volta das 03:20 horas do dia 10.out.05, na condução de seu
automóvel VW, Gol CLI, placas BRB-6965, colidiu com um animal bovino
que interceptou sua trajetória, no Km 147 + 600 da Rodovia Anhangüera e
veio, causando danos no veículo.

Alega que para consertar o veículo será obrigado a suportar o prejuízo de R$


10.716,39 (Dez mil, setecentos e dezesseis reais e trinta e nove centavos)
relativo ao menor dos orçamentos de conserto que obteve, motivo pelo qual
requer a condenação da ré ao pagamento do referido valor.

Em que pese a irresignação do autor, tem-se no caso vertente que sua


pretensão não merecerá prosperar eis que ao contrário do que alega em sua
exordial, a fiscalização da rodovia foi fielmente cumprida pela
Concessionária, conforme se vê no incluso Boletim Diário de Inspeção, tendo

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uma viatura da requerida passado pelo trecho em que se verificou o referido


acidente 30 (trinta) minutos antes de sua ocorrência, oportunidade em que não
havia qualquer animal na pista.

Além disto, cumpre destacar que a ré detém um forte aparato tecnológico em


sua rodovia, além de possuir veículos que fazem a fiscalização dos trechos em
tempo não superior a 90 minutos, objetivando prestar um serviço de qualidade
aos usuários, especialmente com relação a segurança.

Ademais, segundo a lei (art. 333, I CPC), quem alega tem que provar, e nos
autos não há uma prova sequer que demonstre ter havido falha do serviço
desenvolvido pela Concessionária.

Pelo que se vê, baseados em meras conjecturas, tenta o autor plantar um fato
inexistente – de que a ré teria se omitido na fiscalização das propriedades
lindeiras, de onde teria escapado o animal - com o único objetivo de criar
uma concausa, no óbvio intuito de gerar a probabilidade de compensação das
supostas conseqüências materiais e morais oriundas de um acidente
provocado pelo dono do animal, que falhou na sua guarda somado à culpa da
própria vítima, que conduzia a moto alcoolizado.

Não obstante, as informações contidas no corpo do Boletim de Ocorrência


carreado às fls. 14/16 dos autos demonstram que o trecho em que ocorreu o
acidente se trata de pista reta e plana, com ampla visibilidade, motivo pelo
qual caso o autor tivesse sido diligente e cauteloso não teria causado o dano
no automóvel de seu filho.

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Finalmente, no caso sub judice, a responsabilidade pelo dano é do co-réu Braz


Ambrósio Neto, proprietário do animal, nos termos do artigo 936 do C.C. e da
farta jurisprudência abordada mais adiante no tópico pertinente.

Desta feita, forçoso concluir que a presente ação deverá ser julgada totalmente
improcedente, com a conseqüente condenação do autor ao pagamento de
custas e honorários advocatícios.

PRELIMINARMENTE
1. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CONCESSIONÁRIA

A presente demanda não pode prosperar, porque a Ré não é parte legítima


para figurar no pólo passivo dessa demanda, pois a causa determinante do
acidente foi a culpa exclusiva do co-réu Braz Ambrósio Neto, proprietário
do animal.

A legislação pátria estabelece a presunção de responsabilidade do dono do


animal, conforme preceitua o art. 936 do Código Civil 1, in verbis: “O dono,
ou detentor do animal, ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa
da vítima ou força maior.”

Ora, é evidente que não sendo a Ré a proprietária ou detentora do referido


animal não lhe incumbe qualquer responsabilidade pelo evento. Desta forma,
caberia ao Autor ter ingressado com a ação unicamente contra o co-réu, dono
ou detentor do animal e não simplesmente tentar ampliar o alcance da
responsabilidade da Ré.

1
O antigo Código Civil também estabelecia a responsabilidade do dono do animal no art. 1527.

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A questão já foi objeto de análise pelo E. Tribunal de Justiça do Rio Grande


do Sul:

“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE


TRÂNSITO. CONCESSIONÁRIA. ANIMAIS
NA PISTA. NEXO CAUSAL. ILEGITIMIDADE
PASSIVA.
Merece ser acolhida a preliminar de
ilegitimidade passiva de parte quando inexiste
nexo causal entre a conduta da ré e o dano
sofrido pelo autor.
Preliminar de ilegitimidade passiva acolhida,
apelação improvida”.

Por estas razões, a Concessionária é parte manifestamente ilegítima para


figurar no pólo passivo da presente demanda, impondo-se e extinção da ação,
nos termos do inciso VI, do artigo 267 do CPC.

IMPUGNAÇÃO AO MÉRITO DA AÇÃO

Caso não sejam acolhidas as preliminares supra argüidas, o que não se espera,
melhor sorte não assiste o autor, senão veja-se:

1. DA OBRIGAÇÃO DA RÉ E
DA AUSÊNCIA DE DEFEITO DO SERVIÇO

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As obrigações das concessionárias de serviços públicos estão delineadas na


Constituição Federal, nas leis, nos regulamentos expedidos Administração
Pública e no contrato de concessão.2

Como norma-base, a Constituição Federal previu a possibilidade de


concessão de serviço público, mas remeteu à lei a regulação do regime das
concessionárias, do “caráter especial de seu contrato”; dos direitos dos
usuários; e da obrigação de manter serviço adequado (art. 175, parágrafo
único, inc. I, II, IV).

Em atendimento àquele comando constitucional, a Lei 8.987/95 estabeleceu


que “toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta
Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato” (art. 6º). E definiu
como serviço adequado aquele que satisfaz as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua
prestação e modicidade das tarifas (§ 1o).

A Lei – por sua característica de generalidade e abstração – não determinou


casuisticamente a forma como o serviço deve ser prestado. Traçou apenas as
diretrizes que devem ser observadas pelo Poder Concedente na fixação do
conteúdo das obrigações contratuais da concessionária.3

É, assim, o Poder Concedente, que ao fixar o conteúdo do contrato de


concessão, determina o “modo, forma e condições de prestação do serviço”

2
Lei 8.987/95, art. 1o: “As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços
públicos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pelas normas legais
pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos.”
3
Observe-se que o contrato de concessão é típico contrato de adesão, pois a concessionária apenas adere às
cláusulas previamente estabelecidas pelo Poder Concedente.

6
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pela concessionária e estabelece os “critérios, indicadores, fórmulas e


parâmetros definidores da qualidade do serviço” (incisos II e III do art. 23
da Lei 8.987/95).4

Daí se extrai que o art. 6, §1º, da Lei 8.987/95, não é auto-aplicável, na


medida em que demanda regulamentação pelo Poder Público.5

Posto isto percebe-se, que é o contrato firmado com o Poder Concedente que,
em última análise, fixa e estabelece o conteúdo das obrigações da
concessionária e fornece a definição para o conceito de serviço adequado. Daí
porque o dever jurídico de agir da Concessionária está qualificado no
Contrato de Concessão, através das cláusulas relativas ao serviço, que
definem como o serviço deve ser prestado e qual o padrão de qualidade
exigido.

4
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:
I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço;
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das tarifas;
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária, inclusive os relacionados
às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão do serviço e conseqüente modernização,
aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações;
VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço;
VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos métodos e práticas de execução do
serviço, bem como a indicação dos órgãos competentes para exercê-la;
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita a concessionária e sua forma de
aplicação;
IX - aos casos de extinção da concessão;
X - aos bens reversíveis;
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas à concessionária,
quando for o caso;
XII - às condições para prorrogação do contrato;
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de contas da concessionária ao poder
concedente;
XIV - à exigência da publicação de demonstrações financeiras periódicas da concessionária; e
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais.
5
Por essa razão é que a doutrina, ao abordar as disposições assecuratórias da qualidade e continuidade da
prestação do serviço público pela Lei de Concessões ensina que “para que venham, efetivamente, a ter
eficácia, todas estas medidas hão de ter a pronta implementação pelo Poder Concedente, através de
edição de normas regulamentares e adoção das rotinas de adequadas” (Arnold Wald, Luiza Rangel de
Moraes, Alexandre de M. Wald, in Direito de Parceria e a Lei de Concessões, Ed. Saraiva, 2ª ed., 2004,
pág. 312, itens 17.30 e 17.31)

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Com efeito, dentre os serviços públicos que foram delegados à


concessionária-ré, há no contrato de concessão o “Serviço de Inspeção de
Tráfego”, que tem por objetivo, além de outros, relativos à manutenção da
“SEGURANÇA E CONFORTO DOS USUÁRIOS”, o de inspecionar
periodicamente a pista e a faixa de domínio, a fim de constatar a existência de
objetos e animais e, então, promover a sua retirada. A cláusula contratual que
define este serviço foi assim redigida:

“5. OPERAÇÃO DO SISTEMA VIÁRIO, SEGURANÇA


E CONFORTO DOS USUÁRIOS
(…)
5.4.3. Serviço de Inspeção de Tráfego

O Serviço de Inspeção de Tráfego deverá contar com


unidades móveis destinadas a circular permanentemente pelas
rodovias com o objetivo de detectar a necessidade de ajuda ao
usuário, inspecionar as pistas e a faixa de domínio, quanto a
irregularidades, necessidade de manutenção, presença de
animais, etc., e participar ativamente na ocorrência de
neblina, incêndio na faixa de domínio, acidentes, remoção de
animais e outras situações de emergência, providenciando
sinalização de emergência e desvios de tráfego, além de apoio
aos demais serviços.
(…)
Compreende uma rede de unidades móveis equipadas para
inspecionar e executar sinalização de emergência nas
rodovias, operada por equipe qualificada.

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O serviço será responsável pela inspeção da faixa de domínio


e das pistas, visando detectar quaisquer irregularidades e
ocorrências, bem como, a presença de usuários necessitando
atendimento. Caberá ao serviço prestar apoio a toda e
qualquer operação realizada na rodovia.

As unidades móveis, dotadas de sistema de telecomunicação,


deverão circular permanentemente em sub-trechos específicos
na rodovia, para desempenhar suas funções.

Os recursos materiais e humanos do serviço, deverão ser


dimensionados, em função das características do Sistema
Rodoviário, de modo a atender a um nível mínimo de
serviço expresso pelo seguinte índice:

 Tempo médio de circulação (Definido como o intervalo


de tempo necessário para cada unidade móvel passar
pelo mesmo ponto de seu sub-trecho):
Não superior a 90 (noventa) minutos, em condições
normais de operação.6

Assim, atendendo ao que dispõe a Lei 8.987/95, fixou, no contrato, a forma


de prestação desse serviço de manutenção da segurança (unidades móveis que
devem circular por sub-trechos da rodovia) e o padrão de qualidade exigido

6
Grifos da ré.

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(tempo de circulação não superior a 90 minutos, em condições normais de


operação).

Percebe-se com isso, que a obrigação da concessionária é uma


OBRIGAÇÃO DE MEIO, na medida em que lhe incumbe praticar atos
tendentes à desobstruir a faixa de domínio e a pista visando diminuir o
risco acidentes de trânsito, não estando obrigada a exercer um Poder de
Polícia sobre as propriedades lindeiras, até porque isto lhe seria impossível ou
demasiadamente custoso ao administrado.

Oportuno ressaltar que, para estabelecer essas regras relativas à prestação do


serviço, o Poder Concedente teve de considerar os critérios fixados pelo art.
6o, § 1º, da Lei 8.987/95, e ponderar, inclusive, o custo-benefício para os seus
administrados (usuários da rodovia), face à exigência de modicidade das
tarifas.

Conclui-se, portanto, que existe o dever fundamental da concessionária de


estruturar-se adequadamente para prestar o serviço nas condições técnicas
exigidas no Contrato de Concessão. Todavia, não tem ela o dever de
oferecer segurança total e absoluta, como se fosse uma Seguradora
Universal.

Se a obrigação da concessionária-ré era a de inspecionar a rodovia em tempo


de circulação de sua unidade móvel não superior a 90 (noventa) minutos, em
condições normais de operação, apenas o descumprimento desse dever é que
poderia gerar sua responsabilidade pela reparação dos danos causados aos
autores.

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Cumpre observar que, tal obrigação foi devidamente cumprida, pois a viatura
da ré passou novamente pelo quilômetro 147 + 600 cerca de 30 minutos antes
do evento e logo após o fato, conforme demonstra o Boletim Diário de
Serviço anexo.

Ademais, antes do acidente, a concessionária não teve notícia de que havia


um animal vagando na pista de rolamento, a ponto de responsabilizá-la por
omissão.

A fiscalização da rodovia, da forma fixada pelo Poder Concedente, foi


devidamente realizada, de sorte que não houve falha do serviço sob
concessão.

Assim, inexistindo descumprimento de um dever de agir, e ainda, não tendo


sido o só fato de fornecer o serviço de fiscalização da rodovia a causa
determinante do lamentável acidente, não pode a demandante obter sucesso
na ação.

De fato, o lamentável acidente não é inerente a um defeito da rodovia ou


falha na sinalização. A rodovia estava em perfeitas condições e a
Concessionária seguia todas as obrigações estabelecidas no contrato de
concessão, de modo que a presença danosa do animal naquela hora e local era
inevitável e decorreu exclusivamente da falta do dever de guarda e vigilância
de terceiro, não da Concessionária, cuja obrigação de inspecionar a rodovia
foi efetivamente cumprida.

Com efeito, a ré cumpriu seu dever contratual de vigilância relativa e


dentro da periodicidade exigida no contrato de concessão; isso é

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inquestionável. O serviço, em si, foi, portanto, adequado e seguro. Adotou as


medidas capazes e necessárias para evitar qualquer condição desfavorável,
caracterizando-se, seu comportamento, como perfeitamente lícito diante da
norma jurídica que regula suas obrigações perante o Poder Concedente e os
usuários.

E mais: tão logo tomou conhecimento do acidente agiu rapidamente em


socorro da vítima e removeu o animal, conforme comprovam os documentos
anexos. Por isso, dentro das suas obrigações, atuou com um comportamento
diligente e adequado, evitando um mal maior, pelo que não pode ser
responder pelos danos suportados pela autora.

Seria mesmo ilegal imputar à Concessionária a responsabilidade por um dano


que não causou, exigindo – por via transversa – uma obrigação que não
assumiu. Este raciocínio levaria ao absurdo de responsabilizá-la por qualquer
evento lesivo causado por terceiros, como por exemplo, um acidente de
trânsito causado por motorista alcoolizado, uma assalto ocorrido na faixa de
domínio, ou um acidente em decorrência do estouro de um pneu de um
veículo sem condições para trafegar, pois o lesado sempre argumentaria que o
serviço não funcionou. Admitir-se a responsabilidade da ré nessas hipóteses
seria transformá-la em Seguradora Universal!

Ademais, sustentar tese contrária seria privilegiar a malfadada Teoria do


Risco Integral, que já era veementemente repelida pela doutrina e
jurisprudência, até mesmo quando não havia concessão do referido serviço
público.

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E mais: ao se atender ao pleito dos autores estar-se-ia violando o Princípio


Constitucional da Legalidade (art. 5º, II, da CF), na medida em que seria
imposta à ré uma obrigação que nem a lei determina, nem ela contratualmente
assumiu.

A propósito, leia-se o quanto vem decidindo a jurisprudência:

“O Autor não conseguiu demonstrar que o DNER


se omitiu na fiscalização da rodovia quando do
evento. Aceitar-se a tese do Apelante seria adotar-se,
quanto a responsabilidade do Estado, a Teoria do
Risco Integral, não aceita pelo Direito
Administrativo Brasileiro.”
(TRF 4a Região – Apelação Cível nº
90.13564-2/PR– Rel. Juiz Paim Falcão)

“RESPONSABILIDADE CIVIL – Acidente de


trânsito – Semovente – Colisão com animal que se
encontrava, à noite, em rodovia – artigo 1.527 do
Código Civil – Responsabilidade do dono do animal
– Indenizatória ajuizada contra Concessionária de
serviço público – Inaplicabilidade do artigo 37, § 6º
da Constituição Federal – Na espécie, não se aplica
a teoria da responsabilidade objetiva ou risco
administrativo por não se tratar de típica hipótese
de má prestação de serviço público – Inexistência
de prova de que o animal era da concessionária ou
existência de culpa desta – Recurso improvido.”

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(1o TAC/SP – Apelação Cível nº 1.082.980-6 –


Relator Juiz Paulo Hatanaka)

Decididamente, a Concessionária só poderia ser responsabilizada pelos danos


apontados pelos autores se ficasse provado que por sua omissão ou atuação
deficiente, concorreu decisivamente para o evento, deixando de realizar
conduta que lhe seria exigível.

No entanto, resta plenamente demonstrado que a ora peticionária cumpriu as


disposições contratuais, na sua íntegra, bem como a legislação vigente, tendo
sempre trabalhado no sentido de proporcionar segurança ao usuário, bem
como manter a rodovia em ótimas condições de tráfego, agindo, conforme o
determinado pelo Poder Concedente, que tem competência para estabelecer a
forma de execução do serviço concedido.

Outrossim, obrigar a concessionária além dos limites das obrigações


contratualmente assumidas implica em patente quebra do equilíbrio
econômico-financeiro do negócio, a ensejar revisões de tarifa em prejuízo ao
interesse público.

2. DA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO


EXCLUSIVO DE TERCEIRO

Não bastasse tudo o quanto exposto, a responsabilidade pretendida pelos


autores da demanda encontra óbice na excludente da culpa exclusiva de
terceiro, prevista, inclusive, pelo art. 14, § 3o, II, CDC.

14
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Sob esse aspecto, a responsabilidade deve recair sobre o co-réu, dono do


animal, em consonância com o que estabelece o art. 936 do Código Civil.
Essa responsabilidade é objetiva e decorre de um dispositivo legal específico
para o fato tipificado nesta demanda.

Ora, é evidente que não sendo a Concessionária-ré a proprietária do referido


animal não lhe incumbe qualquer responsabilidade pelo evento.

Esta é a lição de WILSON MELO DA SILVA:

“Ora, cabendo como cabe, por lei (Código Civil, art.


1.527), aos donos ou detentores de tais animais o seu
custodiamento efetivo, a responsabilidade pelos
acidentes porventura ocorridos nas estradas pelo fato
da presença, nelas, de tal tipo de animais, recairia,
ope legis, sobre os respectivos donos ou detentores.”
(Responsabilidade Sem Culpa, 2ª edição, Saraiva, p.
421)

Ademais, as Concessionárias de serviço público não estão obrigadas à


construção e conservação das cercas das propriedades privadas lindeiras nas
vias públicas desse imenso País. Quem tem o dever legal de construir cercas
necessárias a impedir que o animal deixe a propriedade e fique vagando por
locais incertos é o dono do semovente, que tem o dever de guarda.

Tal é o ensinamento de Carlos Roberto Gonçalves7:

7
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil, 6ª Edição, Editora Saraiva, 1995, páginas 208/209.

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“Tem-se decidido que o fato de o Departamento de


Estradas de Rodagem construir cerca ao longo da
rodovia não implica sua responsabilidade por
acidente ocasionado por animais que, varando a
cerca, ganham a estrada (RT 446;101). As cercas
que o DER levanta ao longo das rodovias têm por
objetivo simples demarcação de limites, uma vez
que pela rodovia só trafegam veículos; aos
proprietários lindeiros cabe reforça-las de modo a
evitar a saída de animais.(RT, 493:54)”

De qualquer maneira, existe obrigação do detentor de animais de custodia


efetiva deles e a responsabilidade pelos acidentes porventura ocorridos nas
estradas pelo fato da presença dos semoventes é exclusiva do dono.

Cumpre reiterar que as Concessionárias não estão investidas de poderes


administrativos, nem tampouco no Poder de Polícia, na acepção jurídica do
termo, que lhe dê a atribuição de compelir proprietários de áreas lindeiras a
manter cercas limítrofes invioláveis, com o objetivo de impedir que animais
adentrem à pista de rolamento, colocando em risco a segurança de terceiros.

Fábio Marcelo de Rezende Duarte 8 assim leciona, ao comentar a respeito do


disposto no § 3º do artigo 588 e do art. 1.527, ambos do antigo Código Civil:

“Da combinação desses dispositivos, infere-se que o


dever de guarda e vigília do animal envolve a
obrigação de mantê-lo cercado, máxime quando o
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DUARTE, Fábio Marcelo de Rezende, Estudos e Pareceres de Direito Rodoviário, Temas & idéias Editora,
2002, p.34

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Pellon&Associados

imóvel é lindeiro a uma rodovia. Desse modo, se um


animal invade a estrada, houve a inobservância
àquele dever, respondendo o seu dono pela
obrigação de indenizar os danos que porventura ele
causar.”

Cumpre destacar, outrossim, julgamento do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo:

“Indenização. DER. Responsabilidade civil. Rodovia


estadual. Animais na pista. Atropelamento. Danos
causados em veículo. Verba não devida. Dever de
fiscalização do tráfego nas estradas pelo DER, que
não pode ser entendido com a largueza pretendida.
Responsabilidade presumida do proprietário dos
animais pelos danos causados. Art. 1527 do Código
Civil. Recurso provido” (TJSP – Apelação nº
058.795-5/4-00)

Assim, justa a improcedência da presente demanda em face da ré!

3 – DA CULPA CONCORRENTE DA VÍTIMA COM O DONO DO


ANIMAL

Além da culpa in vigilando do dono do animal, pelas características do


evento, pode-se estabelecer, ainda que de forma concorrente, a culpa grave da

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Pellon&Associados

própria vítima, visto que se o autor estivesse dirigindo de maneira diligente e


atenciosa, certamente teria conseguido desviar do animal.

Isto se diz, pois, conforme se vê da descrição fática constante no Boletim de


Ocorrência de fls.14/17, o local do acidente trata-se de uma pista reta e plana,
com ampla visibilidade, assim, o autor, por certo, não dispensou a atenção
necessária ao conduzir seu veículo.

Na verdade, de acordo com as informações contidas no Boletim de


Ocorrência, especialmente na folha 14vº dos autos, verifica-se que o autor, já
vinha dirigindo desde às 00:15h, sendo que o acidente ocorreu às 03:20h da
madrugada, ou seja, sem dúvida seus reflexos e atenção estavam prejudicados
pelo sono e cansaço.

Note Exa., que o campo do B.O., destinado às características da viagem


consta que o autor partiu de Limeira às 00:15h com destino à Conchal, e
desde então vinha dirigindo sem qualquer parada..

Neste sentido, deve ser ressaltada a culpa concorrente do condutor do veículo


para a ocorrência do evento danoso, uma vez que seus sentidos estavam
prejudicados a ponto de tornar remota a chance de evitar o acidente.

4 – DA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CIVIL


POR CASO FORTUITO

Embora a contestante tenha certeza de que os argumentos supra aduzidos


eliminam completamente a possibilidade de acolhimento da pretensão do
autor, quer porque não houve há época do evento defeito nos serviços

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Pellon&Associados

fornecidos pela Concessionária, quer também, porque não houve nexo causal
entre o acidente e as condições da estrada, impõe-se, neste momento,
demonstrar a total quebra do nexo causal - se é que ainda exista dúvida - em
virtude do caso fortuito.

A questão é essencialmente ligada ao problema do nexo causal. Em última


análise, todo fato que importe exoneração de responsabilidade tira esse efeito
da circunstância de representar a negação da relação de causalidade.

Em relação à Concessionária-ré, trata-se de caso de fortuito pois está


descaracterizado o nexo de causalidade entre o evento danoso e o serviço.

Neste diapasão, o que se descortina, depois da avaliação de todas as provas


colacionadas ao presente processo, é que o caso fortuito funciona como
seccionadora de qualquer outro nexo causal, eliminando por completo a
infundada tese esboçada pelo autor de tentar imputar à Concessionária as
conseqüências de um dano que não podia ter evitado.

Com efeito, tendo por estribo o artigo 393, § único do NCC, não há que falar
em responsabilidade da ré.

Assim, justa e necessária a decretação de improcedência da presente demanda


em face da ré.

5– DA IMPUGNAÇÃO AOS DANOS MATERIAIS

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Pellon&Associados

Em atendimento ao principio da eventualidade, cabe à Ré impugnar


expressamente os danos materiais cuja reparação se postula.

Neste aspecto, destaca-se desde logo que para imputar à ré qualquer


responsabilidade de ressarcir, necessário se faz a prova do pagamento pelo
autor do valor pleiteado, o que não se verifica da analise dos documentos que
instruíram a peça exordial.

Não há comprovante que demonstre o desembolso do valor pedido, tal como


um recibo de quitação ou uma nota fiscal de prestação de serviços.

Os documentos de fls. 25/29 são meros ORÇAMENTOS, como assinalado no


próprio, emitido antes de serem efetuados os supostos reparos, portanto, não
fazem prova do desembolso, e NÃO VALEM COMO RECIBO.

Não havendo provas nos autos de que o Autor tenha pagado qualquer valor à
qualquer oficina mecânica, não há que se falar em ressarcimento, o que, por
si só, justifica a improcedência do pedido.

E mesmo que tais orçamentos fizessem prova do dispêndio do valor de


10.566,39 (Dez mil, quinhentos e sessenta e seis reais e trinta e nove
centavos), tendo em as fotos acostadas às fls. 18/22 dos autos, das quais não
se descortina a perda total do veículo, o valor pretendido é no mínimmo
abusivo.

Isto porque, o valor de mercado do veículo na época do sinistro era de R$


11.233,00 (Onze mil, duzentos e trinta e três reais), conforme faz prova a

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Pellon&Associados

cópia do jornal do carro, edição de outubro de 2005, cuja cópia instrui esta
peça.

Ora, os danos se deram unicamente na parte dianteira do veículo, estando o


mesmo, à partir do início das portas dianteiras intacto!

Assim, resta desde já impugnado como abusivo o valor pretendido.

Por outro lado, o recibo de fl. 30 no valor de R$ 150,00 (cento e cinqüenta


reais) não pode ser aceito como prova de utilização de serviços de guincho,
pois o veículo foi guinchado às expensas da ré, conforme consta do Boletim
de Ocorrência de fl.14vº.

A Contestante, por estas razões, impugna a pretensão ao recebimento de


danos materiais, sob pena de haver enriquecimento sem causa, o que é defeso
no nosso sistema jurídico, conforme preleciona o Ilustre Washington de
Barros Monteiro¹:

"O enriquecimento compreende não só o aumento


originário do patrimônio do accipiens, como
também todos os acréscimos e majorações
supervenientes.

Urge frisar, todavia que nem todo enriquecimento é


condenado e sim, exclusivamente o injusto, sem
causa lícita ou jurídica.

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Pellon&Associados

O enriquecimento consiste no ganho sem causa.


Verifica- se ele não só quando recebemos alguma
coisa sem motivo justo (condictio indebiti, condictio
sine causa, causa data son secuta) como quando,
sem causa legítima, nos libertamos de uma
obrigação com dinheiro alheio. "

Desta forma, o valor do pedido referente aos danos materiais não pode ser
considerado por falta de comprovação efetiva.

6. DA SUB-ROGAÇÃO DA RÉ NO SALVADO DO VEÍCULO


SEGURADO

Denota-se do pedido do autor que o valor supostamente gasto nos reparos


alcançou o montante de 10.566,39 (Dez mil, quinhentos e sessenta e seis reais
e trinta e nove centavos).

Denota-se outrossim da cópia do jornal do carro, edição de outubro de 2005,


cuja cópia instrui esta peça de resistência, que o valor de mercado do veículo
na época do sinistro era de R$ 11.233,00 (Onze mil, duzentos e trinta e três
reais).

Desta feita, na remota hipótese de condenação no valor pleiteado, estará


caracterizada a perda total do veículo, pois o valor pretendido equivale a mais
de 75% do valor do carro quando do sinistro.

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Pellon&Associados

Assim sendo a r. sentença condenatória deverá contemplar o direito de sub-


rogação da mesma no direito de propriedade sobre o veículo segurado, assim
como a obrigação do autor de entrega-lo à ré.

Ademais, a obrigação do pagamento da condenação deverá ficar subordinada


à:

 Liberação do veículo em caso de consórcio, financiamento ou distrato em


caso de leasing, com firma reconhecida;
 DUT preenchido com os dados da Concessionária e assinado com firma
reconhecida por autenticidade;
 Certificado de Registro de Licenciamento do Veículo (ano em exercício)
licenciamento;
 Seguro Obrigatório recolhido;
 IPVA pago (exercícios; atual e anteriores);
 Multas originais quitadas;
 Termo de Responsabilidade por eventuais multas em processamento, com
reconhecimento de firma.

O que desde já se requer.

7– DAS PROVAS

Protesta por provar o quanto alegado por todos os meios admitidos em direito,
notadamente pelo depoimento pessoal do autor e do co-réu sob pena de
confissão;

Oitiva de testemunhas cujo rol segue abaixo:

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Pellon&Associados

José Luiz Bueno, inspetor de tráfego, inscrito no RG sob o nº 13.652.346,


com endereço a Rua Antônio Candido Parronchi, n.º238, Bairro P. Egisto
Ragazzo, Limeira/SP.

Expedição de ofício à FEDERAÇÃO NACIONAL DE SEGUROS


PRIVADOS, com sede na Rua Senador Dantas, 74, Centro, Rio de Janeiro, a
fim de que informe se o veículo do autor encontrava-se segurado e, em caso
positivo, remeta ao juízo cópia integral do processo de sinistro.

Protesta e requer, ainda, pela juntada de novos documentos.

DA CONCLUSÃO E DO PEDIDO

Por todo o exposto, aguarda a ré o acolhimento da questão prejudicial acima


aduzida, com a conseqüente extinção do processo sem julgamento do mérito,
seja em função da ilegitimidade ativa ora demonstrada ou então em razão da
ilegitimidade desta peticionária para figurar no pólo passivo da presente ação.

Se porventura não for extinto liminarmente o processo em relação a esta


peticionária, requer sejam acolhidas as teses relativas à questão de fundo, com
a conseqüente decretação de improcedência da ação.

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Pellon&Associados

Por derradeiro, requer que as intimações dos atos judiciais publicadas pela
imprensa oficial sejam efetuadas em nome dos advogados que esta
subscrevem, evitando-se, assim, quaisquer nulidades e cerceamentos.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.
São Paulo, 15 de maio de 2006.

Maria Thereza S. Ferreira Loiola


OAB/SP n.º 204.832

Inaldo Bezerra Silva Júnior


OAB/SP n.º 132.994

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