Você está na página 1de 9

EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE


JUNDIAÍ – 28ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO
PAULO.

PROCESSO Nº 5000735-66.2023.4.03.6128

MIRIAM CRISTINA SILVA VALENTIM,


devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, através de seu
procurador abaixo assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, manifestar-se a respeito da contestação apresentada pelo
INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL, pelas razões de fato e
de direito articuladamente expostos:

As alegações efetuadas pelo Requerido em


sua peça contestatória não apresentam embasamento algum capaz de eximi-
la de cumprir o determinado em Plenário do Supremo Tribunal Federal e
pleiteado pela Autora no presente feito.

Certo que a pretensão da Autora descrita na


peça exordial, encontra total amparo jurídico na Lei nº 8.213/91, de 24 de

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
julho de 1.991, bem como no que foi decidido no Tema 1.102 do Supremo
Tribunal Federal, mais conhecida como revisão da vida toda.

PRELIMINARMENTE

DA CONTINUIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

O INSS pediu ao Ministro Relator do Tema


1.102 do Supremo Tribunal Federal, a chamada revisão da vida toda, a
suspensão de todos os processos que tramitam na justiça até o transito em
julgado do Tema 1.102 que possui Repercussão Geral. Entretanto, tal
pedido não foi atendido e ainda o Ministro Relator do referido Tema
concedeu um prazo de10 (dez) dias para que o Instituto Nacional de Seguro
Social – INSS apresente um cronograma de aplicação de diretriz formada no
Tema 1.102 de Repercussão Geral.

Ademais, a jurisprudência majoritária no


Supremo Tribunal Federal, sobre o assunto, não exige o transito em julgado
da decisão para o devido andamento dos processos judiciais, portanto, não
há motivo legal para suspensão do presente processo judicial.

DA FALTA DE INTERESSE DE AGIR

Muito pelo contrário do relatado pelo


requerido, a requerente demonstrou por cálculos realizados e anexados no
processo judicial que a mesma possui direito a revisão da vida toda. E este
direito nasce justamente porque os maiores salários de contribuição da
autora foram no período em que ela trabalhou na empresa Cica de

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
09.03.1972 a 03.07.1987, período este que o INSS não utiliza em seu
período básico de cálculo o PBC para apuração do salário benefício.

A autora juntou aos autos suas carteiras de


Trabalho e nela possuí devidamente anotada os seus salários de contribuição
que eram mensais. Inicialmente o salário mensal inicial está anotado no
Contrato de Trabalho com a empresa Cica e quando há reajuste salarial há
anotação do novo valor do salário mensal na Carteira de Trabalho descrito
em alterações de salário e quando esgotado tal compartimento passa a
registrar os reajustes salariais em Anotações Gerais e tal procedimento
extraiu os salários de contribuição da autora existente na Carteira de
Trabalho, documento em anexo, de março de 1972 a dezembro de 1981
conforme descrito acima. A partir de janeiro de 1.982 todos os salários de
contribuição da autora estão no CNIS, Cadastro de uso do INSS e o referido
documento também está em anexo, e que tanto a Carteira de Trabalho como
o CNIS estão anexos ao arquivo: “Cálculos da Nova RMI e para o valor da
causa” e que serviram como base para apuração do cálculo da revisão da
vida toda.

Portanto, todos os documentos que


serviram como base para apuração da Renda Mensal Inicial, como Carteira
de Trabalho, CNIS estão no processo judicial e o cálculo da renda mensal
inicial demonstrou conforme documentos em anexos que o cálculo que
inclui todos os salários de contribuição da vida toda da autora que resultou
na nova Renda Mensal Inicial é maior que a renda mensal inicial que inclui
apenas os salários de contribuição a partir de julho de 1.994.

Desta forma tanto os documentos que


serviram como base para o cálculo como os próprios cálculos da nova
Renda Mensal Inicial em anexo, demonstram que há legitimo interesse da
parte autora na revisão da vida toda, até porque o Supremo Tribunal Federal
garantiu o direito de opção ao segurado pela regra definitiva, acaso esta lhe
seja mais favorável, conforme ficou assentado na Tese vencedora no
Supremo Tribunal Federal.

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
Em face do legítimo interesse da parte
autora, conforme exposto acima, deverá ser afastado de plano a alegação da
falta de interesse de agir.

DA COISA JULGADA

A parte autora nunca ingressou com uma


ação judicial contra o INSS anteriormente a esta ação judicial, já que seu
benefício de aposentadoria por idade que recebe atualmente foi concedido
administrativamente, motivo pelo qual, não há que se falar em coisa julgada
material.

DA DECADÊNCIA

O Instituto da decadência não tem


aplicação no presente processo, uma vez que, conforme Carta de Concessão
do benefício de aposentadoria por idade da autora o mesmo foi concedido
em 19 de novembro de 2.015 e a presente ação judicial foi distribuída em 16
de fevereiro de 2.023, portanto, dentro dos 10 anos que a lei permite a
revisão do benefício.

DO PEDIDO DE INCLUSÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Não há na presente ação judicial pedido de


inclusão de tempo de contribuição, portanto, não há aplicação do referido
tópico no presente processo judicial.

DO MÉRITO
______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
DA AUSÊNCIA DE FORÇA NORMATIVA (COMO PRECEDENTE)
DO DECIDIDO PELO STF NO TEMA 1.102.

Como já dito anteriormente, a


jurisprudência majoritária no Supremo Tribunal Federal não exige o transito
em julgado do referido Tema para o andamento dos processos judiciais,
como o presente processo.

Tanto assim, que o STF concedeu um prazo


de 10 dias ao INSS para que ele demonstre um cronograma de pagamento
das revisões do Tema 1.102.

DOS FUNDAMENTOS PARA AFASTAR A TESE DEFENDIDA NO


TEMA Nº 1.102.

Como pode o INSS argumentar


fundamentos para afastar a tese do Tema 1.102 se o Plenário do Supremo
Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário e que tem a palavra
final sobre o assunto e já se pronunciou afirmando ser devido a revisão ao
segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário
após a vigência da Lei 9.876, de 26/11/1999, e antes da vigência das novas
regras constitucionais, introduzidas pela Emenda Constitucional nº
103/2.019, que tornou a regra transitória definitiva, tem o direito de optar
pela regra definitiva, acaso esta lhe seja mais favorável.

Portanto, é impossível o afastamento da


tese firmada no Tema 1.102 do STF, cabendo agora apenas ao INSS a sua
implementação para o segurado que possui direito a revisão do benefício
caso a regra definitiva lhe seja mais favorável.

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
DA IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DO FATOR
PREVIDENCIÁRIO.

Não há pedido de exclusão do Fator


Previdenciário no presente processo, bem como o fator previdenciário só é
aplicado ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e como a
autora recebe o benefício de aposentadoria por idade, ele não tem nem
aplicação no benefício que a autora recebe.

DA INAPLICABILIDADE DO TEMA 999/STJ E 1.102/STF AOS


BENEFÍCIOS CONCEDIDOS APÓS A VIGÊNCIA DA EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 103/2019.

O benefício da autora foi concedido em


agosto de 2.015, portanto, sob a vigência das regras da Lei 9.876/99 e
anteriormente a vigência da Emenda Constitucional nº 103/2019, portanto,
possui o direito de opção pela regra que lhe seja mais favorável.

DOS LIMITES DA REVISÃO: DOS SALÁRIOS DE


CONTRIBUIÇÃO A SEREM CONSIDERADOS.

Importante destacar a presunção de


veracidade da CTPS juntada neste pedido de revisão, que era o CNIS de sua
época. No pedido de Revisão da Vida Toda, o objetivo da inclusão dos
salários-de-contribuição anteriores não é retificar o CNIS, mas sim o de
revisar o benefício. A inclusão dos salários-de-contribuição das CTPS é
apenas uma consequência do pedido de revisão da vida toda.

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
Registre-se, primeiramente pelo fato do
INSS não possuir o cadastro dos segurados com todas as informações
necessárias para o cálculo da revisão do benefício, ônus que lhe compete,
conforme previsão legal no artigo 38 da Lei 8.213/1991, a Carteira de
Trabalho é prova plena para obtenção dos salários-de-contribuição ao
período anterior ao ano de 1.982.

Além, da previsão legal contida no artigo


19-B do Decreto nº 3.048/1999 que na hipótese de não constarem do CNIS
as informações sobre remunerações ou contribuições o mesmo poderá ser
comprovado por documentos contemporâneos dos fatos a serem
comprovados e a Carteira de Trabalho está previsto como tal documento
contemporâneo no § 1º, Inciso I, do referido artigo acima citado.

A Turma Nacional de Uniformização tem o


entendimento de que a CTPS sem rasuras possui presunção relativa de
veracidade quando o tempo de serviço não está no CNIS, conforme Súmula
75 da TNU.

Portanto, evidencia-se que a comprovação


do salário-de-contribuição anterior ao ano de 1.982, por meio das CTPS
juntadas e utilizadas em seu cálculo é o procedimento imposto por Lei,
Decretos e até mesmo pelo poder judiciário. A CTPS era o CNIS da época.

Os registros constantes na Carteira de


Trabalho gozam da presunção de veracidade juris tantum e, não tendo sido
demonstrada objetivamente qualquer irregularidade nesse documento,
devem as informações nela anotadas ser considerada para todos os fins
previdenciários. Caberá ao INSS o ônus de comprovar eventual
irregularidade a ensejar a sua desconsideração, nos termos do artigo 373, II,
do Código de Processo Civil.

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
A Carteira de Trabalho da autora está na
cópia do processo administrativo além de também estar no arquivo dos
cálculos na nova RMI e para o valor da causa.

DA NECESSIDADE DE SE AGUARDAR PRAZO COMPATÍVEL


PARA QUE A AUTARQUIA CONSIGA ADEQUAR SEU SISTEMA
DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ÀS NOVAS REGRAS
TRAZIDAS.

O INSS apenas se limitou a dizer que há


grandes dificuldades e problemas de natureza operacional e o aumento
expressivo de processos para conseguir efetuar as revisões, entretanto, desde
1º de dezembro de 2.022 o INSS tem conhecimento que o Supremo Tribunal
Federal julgou constitucional a revisão da vida toda e nesse intervalo de
mais de três meses não tomou nenhuma providência para que se adequasse o
seu sistema para implantação da revisão da vida toda e pretendendo apenas
o sobrestamento da revisão dos benefícios o que demonstra o seu nítido
objetivo de não querer cumprir a decisão judicial da mais alta corte do Poder
Judiciário.

Entretanto, não vai pode fugir do


enfrentamento para implantar as revisões da vida toda, uma vez que o
Supremo Tribunal Federal determinou o prazo de 10 (dez) dias para que o
INSS apresente um cronograma para cumprimento da decisão proferida na
revisão da vida toda.

Por todo o acima exposto, requer a Autora,


a TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, nos exatos termos da inicial, e
consequentemente negue a suspensão do processo pretendida pelo INSS e
reitera o pedido de provar o alegado por todos os meios de prova em direito
permitido, enfim tudo quanto baste à perfeita apreciação da lide.

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203
Termos em que,

P. Deferimento.

Jundiaí, 22 de março de 2.023.

CARLOS ALBERTO DOS SANTOS


OAB/SP 141.614

______________________________________________________________________
RUA PRUDENTE DE MORAES, Nº 1.520 - CENTRO - JUNDIAÍ
SÃO PAULO - CEP 13.201-004 - FONE (011) 4586-8203

Você também pode gostar