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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
EQUIPE DE SEGURADOS ESPECIAIS E ASSISTÊNCIA SOCIAL DA 3ª REGIÃO
EATE SEAS -- RURAL -- CONCILIAÇÃO
NÚMERO: 1001564-41.2023.8.26.0244
PARTE(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PARTES(S): VITÓRIA KETELLYN ALEXANDRE DOS SANTOS E OUTROS
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de direito público, representado(a) pelo
membro da Advocacia-Geral da União infra assinado(a), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer o que segue.
CONTESTAÇÃO
A autarquia-ré, a fim de proporcionar uma solução mais rápida para o litígio, vem apresentar a seguinte PROPOSTA
DE ACORDO:
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GUILHERME ALEXANDRE BARBOSA TRISTÃO (533.468.428-00), LIVIA
VITÓRIA ALEXANDRE BARBOSA TRISTÃO (603.209.548-70)
6. O pagamento dos valores indicados no item 2 será feito, exclusivamente, por meio
de Requisição de Pequeno Valor - RPV ou Precatório, conforme o caso, a ser expedido(a) pelo Juízo.
10. A parte autora, por sua vez, com a realização do pagamento do benefício, nos
moldes acima, dará plena e total quitação do principal (obrigação de fazer e diferenças devidas) e dos
acessórios (correção monetária, juros, honorários de sucumbência etc.) da presente ação.
Ante o exposto, requer o INSS a intimação da parte autora para que se manifeste sobre a proposta de acordo e,
havendo concordância, sua homologação, com a subsequente intimação da autarquia federal para cumprimento da obrigação de fazer
e, após, intimação da parte autora para a apresentação de cálculo de liquidação (caso esta proposta não tenha sido apresentada com
valores já liquidados).
Tendo em vista a celeridade processual e para evitar delongas no feito, esta proposta de acordo tem validade
exclusivamente escrita, sendo considerada inexistente e/ou desfeita em caso de designação de audiência com o intuito exclusivo de
conciliação, e xce to se dispe nsada a pre se nça do INSS.
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Também não será aceita contraproposta de acordo, com a qual, desde já, o INSS não concorda.
Não havendo aceitação da proposta de acordo, requer o julgamento do feito no estado em que se encontra.
A parte autora requer a concessão do benefício de auxílio reclusão - pescador artesanal. Houve ainda pedido de
antecipação de tutela, o qual foi deferido, conforme Decisão constante no Id. 73197886; Seq. 33).
Destarte o deferimento da Tutela e do argumentado pela parte requerente, algumas considerações fáticas e jurídicas
merecem ser abalizadas no caso em epígrafe:
3. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Atendendo o disposto no art. 334, § 4º, I, do Código de Processo Civil, vem a autarquia previdenciária, desde já,
informar que não tem interesse na designação de audiência de conciliação ou de mediação.
Conforme determina o artigo 3º, § 2º, da Lei nº 10.259/2001, combinado com os artigos 291 e 292, §§ 1º e 2º do Código
de Processo Civil/2015, o cálculo do teto de 60 (sessenta) salários mínimos deve considerar o valor das prestações vencidas somado ao
valor das prestações vincendas, que será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo
superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações, na data do ajuizamento da demanda.
Assim, o INSS requer desde já a intimação da parte autora para que, sob pena de extinção da ação, re nuncie
expressamente aos valores que excederem o teto de 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação e que,
eventualmente, venham a ser identificados ao longo do processo, inclusive em sede de execução.
DEFESA DE MÉRITO
5. DO CASO CONCRETO
Trata-se de ação através da qual pretende a parte autora que seja a autarquia ré condenada ao pagamento do benefício
previdenciário de auxílio reclusão sob alegação de ter preenchido todas as condições legais para tanto.
Em que pesem as alegações da parte autora, seu pleito não merece guarida, haja vista ser fruto de evidente equívoco.
É o que passa o INSS a demonstrar.
6. DO DIREITO
O auxílio-reclusão é o benefício previdenciário pago aos dependentes do segurado de baixa renda que estiver recolhido
a prisão, desde que não esteja recebendo a remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de pensão por morte, de
salário-maternidade, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço, conforme previsão do artigo 201, inciso IV, da
Constituição Federal, regulamentada pelo artigo 80 da Lei nº 8.213/91, com Re dação dada pe la Le i 13.846/2019 , a saber:
Art. 80. O auxílio-reclusão, cumprida a carência prevista no inciso IV do caput do art. 25 desta Lei, será devido,
nas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime
fechado que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de pensão por morte,
de salário-maternidade, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
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Seis são, portanto, os requisitos para a concessão do auxilio-reclusão:
Não comprovado o preenchimento de um dos requisitos previstos na legislação, não há como se conceder o benefício
de auxílio-reclusão.
No que se refere à duração do benefício, ressalta-se que o tempo de pagamento varia de acordo com o tipo de
beneficiário e a idade do dependente.
O tempo de duração do benefício auxilio-reclusão e das cotas individuais por dependente até a perda dessa qualidade
será aquele estabelecido na Lei nº 8.213/1991, observadas as mesmas condições aplicáveis à pensão por morte (art. 23, § 4º, da EC
nº103/2019 c/c art. 80, caput, da Lei nº 8.213/1991).
Assim, o direito à percepção da cota individual do benefício cessará: a) pela morte do beneficiário/dependente; b) para
o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; c) para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; d) para filho ou irmão
que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do regulamento(art. 77, §
2º, incisos I a IV, da Lei nº 8.213/1991.
Além disto, para fatos geradores posteriores à Medida Provisória nº 871/2019, aplicam-se as regras da cessação da
cota-parte da pensão por morte do cônjuge e companheiro no auxílio-reclusão, devendo-se verificar as hipóteses do art. 77, § 2º, inciso
V, alíneas a, b e c, da Lei nº 8.213/91:
1. Se inválido ou com deficiência, o auxílio-reclusão concedido ao cônjuge ou companheiro cessará apenas se superada
a invalidez ou afastada a deficiência, observada a tabela abaixo:
2. A duração do benefício será de 4 meses contados a partir da data da prisão do instituidor se o casamento ou união
estável se iniciar em menos de dois anos antes da prisão do segurado;
3. Se a prisão ocorreu pelo menos dois anos após o início do casamento ou da união estável, a duração do benefício
será variável, conforme a tabela abaixo:
Idade do dependente na data da prisão (para reclusões posteriores a 01/01/2021, conf. Portaria ME nº 424, de 29 Duração do
de dezembro de 2020) benefício
Menor de 22 anos 3 anos
Entre 22 e 27 anos 6 anos
Entre 28 e 30 anos 10 anos
Entre 30 e 41 anos 15 anos
Entre 41 e 44 anos 20 anos
45 anos ou mais Vitalícia
Nesse contexto da duração do benefício auxílio-reclusão para fatos geradores posteriores à Medida Provisória nº
871/2019, importa registrar que a exigência da carência de 24 contribuições (art. 25, inciso IV, da Lei n 8.213/1991) torna inócua a
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limitação atinente às 18 contribuições prevista nas situações tratadas no art. 77, inciso V, b e c, da Lei nº 8.213/1991, mantida, no
entanto, as demais regras de duração temporária do beneficio.
Caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício, o auxílio-reclusão será pago ao ex-cônjuge, ao
ex-companheiro ou à ex-companheira pelo mesmo prazo previsto na sentença judicial que fixar alimentos provisórios, findo o qual o
benefício será cessado (art. 75, § § 2º e 3º, da Lei nº 8.213/1991).
Por sua vez, de acordo com o art. 23, § 1º, da EC nº 103/2019, as cotas dos dependentes cessarão com a perda dessa
qualidade, não sendo mais reversíveis aos demais dependentes. No entanto, se a cota cessada for a do dependente inválido ou com
deficiência intelectual, mental ou grave, o valor do benefício deverá ser recalculado (art. 23, § 3º, da EC nº 103/2019).
Por fim, para fatos geradores a partir de 18/01/2019, deve ser ressaltado que, caso o segurado seja posto em liberdade,
liberdade condicional, fuja da prisão ou passe a cumprir pena em regime aberto ou semiaberto, o benefício também deve ser cessado.
Com a publicação da Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019, posteriormente convertida na Lei nº 13.846,
de 18 de junho de 2019, foi incluído o § 1º no art. 80 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que prescreve que o requerimento de
auxílio-reclusão deve ser instruído com certidão judicial que ateste o recolhimento efetivo à prisão, e será obrigatória a apresentação de
prova pe riódica de pe rmanê ncia na condição de pre sidiário para a manute nção do be ne fício.
Até o advento da Emenda Constitucional 03/2019, o valor do auxílio-reclusão era disciplinado pelo art. 80 da Lei nº
8213/91, segundo o qual a renda inicial do auxílio-reclusão é igual a da pensão por morte que seria devida ao instituidor.
Em que pese o art. 27, parágrafo único, da Emenda Constitucional 03/2019, tenha mantido a aplicação das regras da
pensão por morte para o cálculo da renda mensal inicial do salário mínimo, limitou-a ao valor de 1 salário mínimo até que le i
discipline a maté ria, in verbis:
Art. 27. Até que lei discipline o acesso ao salário-família e ao auxílio-reclusão de que trata o inciso IV do art. 201
da Constituição Federal, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual
ou inferior a R$ 1.364,43 (mil, trezentos e sessenta e quatro reais e quarenta e três centavos), que serão corrigidos
pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 1º Até que lei discipline o valor do auxílio-reclusão, de que trata o inciso IV do art. 201 da Constituição Federal,
seu cálculo será realizado na forma daquele aplicável à pensão por morte, não podendo exceder o valor de 1 (um)
salário-mínimo.
[...]
Assim sendo, tendo a prisão ocorrido durante a vigência da EC 103/2019, o valor do benefício não poderá superar 1
salário-mínimo.
O valor do auxílio-reclusão com fato gerador posterior à Emeda Constitucional nº 103/2019 (14/11/2019) será apurado
na forma do cálculo da pensão por morte, conforme § 1º do art. 27 da aludida EC, não podendo exceder o valor de 1 salário-mínimo,
até que sobrevenha novo tratamento normativo.
8. DO PREQUESTIONAMENTO
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Diante do exposto, para fins de completude da prestação jurisdicional, requer o INSS, com fundamento nos art. 93, IX
da Constituição Federal, artigos 11 e 489, §1º, IV, do Código de Processo Civil, que sejam enfrentadas todas as matérias aqui aduzidas,
requerendo a expressa manifestação quanto à violação dos dispositivos constitucionais, infraconstitucionais citados no transcorrer no
processo, bem como aqueles citados nos capítulos acima.
PREQUESTIONAMENTO: Ficam prequestionados os artigos 201, inciso IV, da Constituição Federal e artigo 80 da Lei nº 8.213/91.
9. CONCLUSÃO
Ante o exposto, requer a autarquia previdenciária que Vossa Excelência julgue improce de nte o pedido de concessão
do benefício de auxílio reclusão.
a) a fixação dos honorários advocatícios, se cabível, sobre as parcelas vencidas se dê somente até a data da
sentença, conforme interpretação do Superior Tribunal de Justiça acerca do Enunciado nº 111 da Súmula de
Jurisprudência daquele Tribunal;
b) sejam excluídas da condenação quaisquer parcelas alcançadas pela prescrição quinquenal, prevista no
parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213/91;
d) a partir da vigência da Emenda Constitucional nº 113, de 8 de dezembro de 2021, para fins de atualização
monetária, de remuneração do capital e de compensação da mora, seja determinada a incidência, uma única vez,
do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente.
e) caso a concessão do benefício tenha se fundamentado em documentos não juntados na fase administrativa,
requer sejam os efeitos financeiros fixados a partir da data da citação.
Protesta a autarquia previdenciária, desde já, pela produção de toda e qualquer prova lícita relevante e indispensável
para o deslinde da causa.
Notas
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