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EXMO SR (A) DR (A) JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE

MUNICÍPIO/UF.
 

NOME DO CLIENTE, brasileiro(a), estado civil, ocupação, portador(a) do RG nº,


inscrito(a) no CPF sob o nº, residente e domiciliado na Rua , nº , Bairro ,
Cidade/UF, CEP, através de seus procuradores constituídos, vem a presença de
Vossa Excelência, propor ação
 
  
REVISIONAL DE BENEFICIO PREVIDENCIÁRIO C/C RESTITUIÇÃO DE
VALORES NÃO PAGOS, em desfavor da
CAPEMISA – INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL, situada na Rua São Clemente, nº
38, 7º Andar, Botafogo, Rio de Janeiro, CEP 22269-900, em face do exposto:
 

Sucessora da CAPEMI – Entidade Aberta de Previdência Complementar –, a


CAPEMISA foi transformada em Sociedade Anônima, é responsável por benefícios
previdenciários privados, atua na área de seguros e seu capital é aberto.

DA PRESCRIÇÃO
 
A prescrição para buscar direitos quanto a questões referentes a proventos devidos
pela previdência privada é quinquenal, assim estabelecido este entendimento pelo
STJ, sumula 291:

Ação de Cobrança – Complementação de Aposentadoria – Previdência


Privada – Prescrição - A ação de cobrança de parcelas de complementação de
aposentadoria pela previdência privada prescreve em cinco anos.
Desta forma, busca a restituição dos valores que serão calculados com os índices
corretos, dos últimos 5 anos anteriores a propositura da presente ação. Devendo
ser o valor contabilizado reajustado com juros e correção monetária.

FATOS E FUNDAMENTOS
 

O requerente é beneficiário de prestação mensal a titulo de aposentadoria, seu


contrato com a requerida.

 
O requerente contribuiu durante 20 anos junto a caixa de previdência, com base
salarial em 4 salários mínimos, com previsão de posteriormente receber beneficio
equivalente ao valor depositado, o que não ocorreu com a concessão do beneficio.

Não há discussão quanto o direito ao beneficio, uma vez que este já foi solicitado e
concedido em março de 1998. O objeto da presente ação encontra-se nos valores
da renda mensal recebida pelo requerente, que são inferiores as contratadas, e
diga-se mais, indignas, pois o valor do beneficio mensal atual é de R$ 49,19.

Em contato com a requerida foi solicitado memoria descritiva dos cálculos para
concessão do beneficio, protocolo nº 9421362 em 15/09/2012, e protocolo
9620673 em 27/11/2012, ambos sem êxito. Até o presente momento não foi
disponibilizado os documentos requisitados, o que dificulta a busca pelo direito do
requerente em rever seu benefício.

Ocorre é que a empresa responsável pelo benefício não utilizou  o índice de


atualização monetária correta durante o período em que foram feitas as
contribuições, e lançou as contribuições com valores corrigidos bem abaixo da
valorização da moeda, o que pretende oportunamente rever.

 
 
DOS ERROS DE ATUALIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES UTILIZADAS PARA O
CALCULO DO VALOR DO BENEFICIO
 

É substancial o entendimento das cortes de que em se tratando de reserva de


poupança das previdências privadas os valores recolhidos devam ser corrigidos com
o melhor índice aplicável a época.

Neste sentido também a sumula 289 do STJ:

 
Restituição das Parcelas – Previdência Privada – Correção Monetária –
Índice de Desvalorização da Moeda
A restituição das parcelas pagas a plano de previdência privada deve ser objeto de
correção plena, por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda.
 

A jurisprudência é clara quanto aos índices de correção monetária a serem


utilizados como indexadores nas contribuições feitas a caixa de pensão, e também
as atualizações monetárias posteriormente ao deferimento do benefício.

 
Portanto, é direito do requerente ter revisto os cálculos para concessão do
benefício, pois recebe valor muito inferior ao que pretendia quando contribuiu para
a caixa de pensão, já que os índices indexadores usados na época não
correspondem a real desvalorização da moeda.
 

Assim após ser observado o prejuízo ao requerente, devem-se refazerem-


se os cálculos com base então nos seguintes indexadores: ORTN de
outubro de 1979 até dezembro de 1988; IPC de janeiro de 1989 até março
1991, sendo fixado no percentual de 42,72% em janeiro de 1989 e de
21,87 em fevereiro de 1991; e IGP-M a partir de março de 1991.
 

DA DESVALORIZAÇÃO DO VALOR DO BENEFÍCIO E SEU PODER AQUISITIVO


 

Como não lançados corretamente os indexadores corretos de valorização da moeda


no lançamento das contribuições para fins de calculo e concessão do
benefício, também não vem sendo corrigido corretamente os valores do beneficio
após sua concessão, mantendo-se insuficiente ao acompanhamento da inflação.
 

O requerente vem recebendo seu beneficio desde 1998 e a correção monetária de


seu beneficio não acompanhou a valorização da moeda, agravando ainda mais a
situação injusta que está se estendendo há anos.

Conclui-se que é total afronta ao patrimônio do requerente, em razão de ser direito


deste de usufruir dos frutos que sempre trabalhou para adquirir, e agora na
principal época onde se faz  necessário o patrimônio para proporcionar uma velhice
tranqüila, lhe vê tolhido seu direito.

Assim buscando que seja satisfeito o direito do requerente, reporta-se a ao


Excelentíssimo Juiz para que cesse tal usurpação de seu direito adquirido, e desde
logo seja implementado os índices de valorização correto em sua aposentadoria
utilizando o índice que melhor favoreça o requerente, conforme já explicitado
acima, e demonstrado nas posteriores jurisprudências colacionadas.

DA JURISPRUDENCIA RELACIONADA
 

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. CAPEMI. PEDIDO DE


RECEBIMENTO DE APOSENTADORIA COMPLEMENTAR COM REVISÃO DO VALOR DO
BENEFÍCIO OFERTADO. Como o contrato previdenciário deve ser interpretado
conforme sua intenção mais genuína, consoante a vontade originária dos
contratantes, método este que deve se sobrepor ao gramatical puro, imperioso se
faz, no caso concreto, o recálculo do benefício mensal ofertado à parte autora, com
a aplicação dos índices de correção monetária que melhor refletiram o valor da
moeda, no mesmo sentido em que preceitua a Súmula nº 289 do Superior Tribunal
de Justiça. Precedentes daquela Corte e deste Tribunal Estadual. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70032079501, Sexta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: LiegePuricelli Pires, Julgado em 06/05/2010)

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. CAPEMISA. REVISÃO DE


BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. DANOS MORAIS.
INOCORRÊNCIA. PRELIMINARES AFASTADAS. Do cerceamento de defesa 1. A
produção de prova pericial se revela desnecessária no caso em exame, cuja
discussão gira em torno de matéria preponderantemente de direito, afeta a
possibilidade de cobrar e revisar benefício previdenciário, em consonância com o
sistema jurídico vigente. Inteligência do art. 130 do CPC. Princípios da economia e
da celeridade processual a serem observados para solução do litígio. Da nulidade da
sentença 2. No que concerne à prefacial de nulidade de sentença em função de não
ter sido juntado aos autos a Tabela de Benefícios, cujo pedido foi objeto da
determinação de inversão do ônus da prova, rejeito-a, uma vez que se encontram
nos autos todos os documentos necessários à solução da controvérsia, devendo ser
consignado que o valor inicial a ser utilizado como base para o cálculo do benefício
previdenciário a ser satisfeito pela entidade demandada é aquele previsto no
contrato, o qual deverá ser atualizado de acordo com os índices que melhor
retratam a variação inflacionária do período. Mérito do recurso em exame 3. O
autor em 20/06/1977 associou-se à Capemi e firmou proposta do plano de pensão
oferecido pela entidade demandada, com o objetivo de receber benefícios que
seriam pagos aquele e aos seus beneficiários em caso de falecimento. Ainda, no
referido plano, também estava prevista a possibilidade de optar pelo recebimento
de pensão mensal, após o decurso de 25 anos de contribuição, mediante o
pagamento ininterrupto, nos termos do art. 8º, alínea “b”, do Regulamento do
Sistema de Assistência aos Sócios e seus Beneficiários. 4.É fato incontroverso da
lide que o autor optou pela aposentadoria, quando contava com mais de 25 (vinte e
cinco) anos de contribuição e postulou o recebimento de seu benefício, o que foi
deferido definitivamente no ano de 2008, sendo que atualmente o valor do
benefício percebido da entidade previdenciária importa em R$ 276,67 (duzentos e
setenta e seis reais e sessenta e sete centavos). 5. Há perfeita incidência normativa
do Código de Defesa do Consumidor nos contratos previdenciários, como aquele
avençado entre as partes, podendo se definir como sendo um serviço o pagamento
do benefício ofertado pela demandada aos beneficiários estipulados
contratualmente, os quais são destinatários finais deste serviço. 6.Assim, por mais
que se creia estejam corretos os cálculos elaborados pela entidade ré, em que o
valor do benefício importaria em R$ 276,67, seus argumentos no sentido de que o
valor ofertado atendeu aos ditames atuarias não merece respaldo. 7. No caso em
concreto o valor do benefício mensal oferecido pela parte demandada ao autor
atenta contra os princípios norteadores do nosso ordenamento jurídico, em especial
o da dignidade da pessoa humana, pois não é crível que a parte tenha contribuído
durante largo lapso de tempo para garantir a sua subsistência e de sua dependente
nesse estágio da vida, cujas necessidades e cuidados são maiores, ou seja, no
ocaso da existência, quando então lhe é sonegado o benefício no valor correto a ser
satisfeito. 8.As normas legais antes mencionadas servem para restabelecer a
eqüidade no contrato entabulado entre as partes, no qual a parte demandada
obteve ganho desproporcional, com a subtração de parte do capital que deveria ser
percebido pela postulante, cuja diferença foi absorvida pela entidade ré,
importando, assim, em enriquecimento sem causa para esta e prejuízo econômico
para a parte autora. 9.Assim, o valor inicial a ser utilizado como base para o cálculo
do benefício previdenciário a ser satisfeito pela entidade demandada é aquele
previsto no contrato, sendo que os fatores de atualização monetária a serem
adotados no caso em concreto são ORTN de outubro de 1979 até dezembro de
1988; IPC de janeiro de 1989 até março 1991, sendo fixado no percentual de
42,72% em janeiro de 1989 e de 21,87 em fevereiro de 1991; e IGP-M a partir de
março de 1991, de sorte a recompor as perdas relativas aos expurgos inflacionários
atinentes aos vários planos econômicos implantados no país. Da incidência de juros
e correção monetária sobre as parcelas devidas 10.Os valores atinentes às
diferenças deverão ser atualizados monetariamente de acordo com os índices do
IGP-M, desde o vencimento de cada parcela devida. No que tange aos juros
moratórios, estes incidem sobre o quantum devido a partir da citação. Da
sucumbência 11. Redimensionados os ônus da sucumbência. A parte demandada
arcará com o pagamento de 80% das custas processuais e honorários advocatícios
em favor da parte autora, fixados em 15% sobre o valor o montante da
condenação, a teor do que estabelece o art. 20, §3º, alíneas “a, “b” e “c”, do CPC
incidente ao caso em exame, devendo ser desconsideradas as parcelas vencidas
após a sentença, nos termos da Súmula nº. 111 do Superior Tribunal de Justiça.
Por sua vez, a parte autora deverá pagar os restantes 20% das custas processuais
e honorários advocatícios em favor do patrono da demandada, arbitrados em R$
1.000,00 (mil reais), ficando suspensa a exigibilidade em função de litigar sob o
amparo da assistência judiciária gratuita. Dos danos morais 12.O fato de a ré
oferecer ao demandante pensão em valor defasado decorre de interpretação
equivocada de seu próprio regulamento, o que de modo algum caracteriza a prática
de conduta ilícita a ensejar a devida reparação, a qual não se configurou no caso
em tela. Rejeitadas as preliminares suscitadas e, no mérito, dado parcial
provimento ao apelo do autor e desprovido o recurso da ré. (Apelação Cível Nº
70046331245, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz
Lopes do Canto, Julgado em 14/12/2011)

DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
 
Conforme já informado nos fatos, a requerida não forneceu os documentos
necessários para que pudesse ser feito uma previa avaliação sobre índices e sobre
os valores. Pretende então a exibição dos documentos elencados a seguir por parte
da requerida.

- Contrato de adesão;

- Estatuto social e documentos que regulamentam o benéfico, e o calculo a ser


utilizado;

- Memória de cálculo;

- Extratos de pagamento;

- Carta de concessão do benefício;

- Dados atuais.

A apresentação das provas deve ser deferida em razão de haver relação de


consumo entre as partes como prevê o CDC em seu art. 3º, § 2º, o seguinte:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° (…)

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Corroborando o entendimento a Sumula 321 do STJ – O Código de Defesa do


Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e
seus participantes.

Assim com os argumentos de fato, e de direito acima transcritos, vem a este juízo
buscar o melhor e justo entendimento, para que seja solucionado o litígio e o
requerente tenha seu direito a um beneficio digno e razoável a sua mantença.

 
 
 
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
 
O artigo 273 do Código de Processo Civil pátrio estabelece dois requisitos para a
concessão da antecipação de tutela: a existência de prova inequívoca ou
verossimilhança (fumus boni juris) e o fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação (periculum in mora). Assim, uma vez que ambos os requisitos se
aplicam ao caso em litígio, necessário se torna a concessão da antecipação de
tutela postulada.
 

Quanto ao fumus boni juris, nos parece que não pairam mais dúvidas a respeito,
uma vez que foi amplamente demonstrada a plausibilidade das pretensões autorais,
corroborado pelo amplo entendimento do egrégio Tribunal de Justiça gaúcho acerca
do tema.
 

Já no tocante ao periculum in mora, deve ser destacado que a aposentadoria é


destinada a subsistência do indivíduo, tendo caráter alimentar. No caso do autor, o
recebimento deste benefício é uma necessidade inadiável, tendo em vista as
dificuldades financeiras, de conhecimento notório, com que o demandante se
encontra, não possuindo mais a capacidade plena para trabalho, em função de sua
elevada idade.
 

Desta forma, verificados os requisitos legais do artigo 273 do Código de Processo


Civil, mister se faz a concessão da antecipação de tutela. No tocante a esta
antecipação, o egrégio Superior Tribunal de Justiça proferiu o seguinte
ensinamento:

“A tutela antecipada é cabível em toda a ação declaratória, seja constitutiva


(negativa ou positiva), condenatória, mandamental, se presentes os requisitos do
artigo 273 do CPC.”
(AGRMC n° 4205/MG – DJ: 04.03.2002)

Desta forma, o beneficio deverá ser imediatamente repassado ao autor, sob pena
de imposição de dano jurídico irreparável a este.

DOS PEDIDOS

 
 Seja o réu citado no endereço indicado preambularmente para contestar a ação
dentro do prazo legal, se houver interesse, sob pena de revelia;
 

 Seja Concedido o beneficio da Assistência Judiciaria Gratuita, pois o autor não


tem condições de arcar com as custas processuais, sem o prejuízo do sustento
de sua família;
 
 A exibição dos seguintes documentos: memória de calculo, contrato, extratos de
pagamentos, carta de concessão, estatuto social, e dados atuais do beneficiário
e do benefício;
 

 A revisão do beneficio, devendo ser observado os índices de correção monetária


nos seguintes índices: ORTN de outubro de 1979 até dezembro de 1988; IPC de
janeiro de 1989 até março 1991, sendo fixado no percentual de 42,72% em
janeiro de 1989 e de 21,87 em fevereiro de 1991; e IGP-M a partir de março de
1991, com a posterior indenização dos valores não pagos;
 

 A condenação ao pagamento da diferença dos valores da remuneração mensal


do beneficio, sendo aplicado o índice de atualização monetária mais vantajoso
desde a data de a concessão do beneficio, a ser apurado em liquidação de
sentença;
 

  A antecipação da tutela com base no Art. 273 do Código de Processo Civil, para
que desde já sejam implementados ao beneficio os valores que não vêm sendo
pagos em decorrência da inobservância do reajuste monetário correto (o mais
benéfico ao requerente).
 

 seja aplicado juros legais a partir da distribuição da ação;


 

 Honorários advocatícios sucumbenciais no valor de 20% do valor bruto da


condenação
 

Nestes termos,

Pede deferimento.

Valor da ação 00.000,00 (______ reais)

Município, data

Eduardo Koetz

OAB/RS 73.409

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