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UNIVERSIDADE DE RIO VERDE – UNIRV

SETOR DE PRÁTICA PROCESSUAL SIMULADA - SPPS


FACULDADE DE DIREITO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE PRÁTICA PROCESSUAL


SIMULADA I ATIVIDADE N. 1

Professor(a) Orientador(a): Fernanda Peres Soratto


Estagiário(a): Suyane Oliveira da Costa
Turma de Estágio: 3º período turma:A
Turno: Noturno

RIO VERDE – GO 2024


Parecer Jurídico.
Rio Verde, 10 de março de 2024.
Interessada: Hospital Bela Saúde S/A
Referente à: Ação Indenizatória contra o Hospital Bela Saúde S/A e do médico responsável
pelo procedimento.
Carlos Eduardo Silva, portador do RG no 2233 e do CPF no 123.456.789-00, residente e
domiciliado na Rua U-9, Quadra 22, Lote 02, no 250, Bairro Monte Belo, na cidade de Rio
Verde, Estado de Goiás, sofreu um acidente automobilístico que resultou em fratura no
fêmur da perna esquerda. Após exames de imagem, foi indicada a necessidade de cirurgia
para reconstrução óssea. No entanto, durante a intervenção cirúrgica realizada no Hospital
Bela Saúde S/A, o médico responsável executou o procedimento na perna direita, que
estava intacta. Diante desse equívoco, Carlos Eduardo Silva precisou passar por uma
segunda cirurgia para corrigir o erro.
É o relatório, passo a opinar.
Fundamentação
Conforme previsto no Código Civil Brasileiro, configura-se a responsabilidade civil por ato
ilícito aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem. No caso em tela, o equívoco cometido pelo médico durante
a cirurgia caracteriza um ato ilícito, uma vez que violou o direito do paciente Carlos
Eduardo Silva e resultou em danos, exigindo, assim, a responsabilização civil.
O Hospital Bela Saúde S/A, na qualidade de prestador de serviços de saúde, possui o dever
de fornecer um serviço adequado e seguro aos seus pacientes. A execução da cirurgia na
perna errada configura uma clara violação desse dever, ensejando a responsabilidade civil
da instituição.
O médico responsável pela intervenção cirúrgica está sujeito aos princípios éticos e legais
da medicina, os quais incluem o respeito à integridade física do paciente e a obrigação de
agir com diligência e cuidado durante os procedimentos médicos. O erro cometido,
portanto, viola tais princípios, ensejando a responsabilidade civil do profissional.
A corroborar o exposto acima, insta transcrever o entendimento do renomado Nelson Nery
Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery que preleciona: (Dois são os sistemas de
responsabilidade civil que foram adotados pelo CC: responsabilidade civil objetiva e
responsabilidade civil subjetiva. O sistema geral do CC é o da responsabilidade civil
subjetiva (CC 186), que se funda na teoria da culpa: para que haja o dever de indenizar é
necessária a existência: a) do dano; b) do nexo de causalidade entre o fato e o dano; c) da
culpa lato sensu (culpa – imprudência, negligência ou imperícia – ou dolo) do agente. O
sistema subsidiário do CC é o da responsabilidade civil objetiva (CC 927 par. ún.), que se
funda na teoria do risco: para que haja o dever de indenizar é irrelevante a conduta (dolo ou
culpa) do agente, pois basta a existência: a) do dano; e b) do nexo de causalidade entre o
fato e o dano. Haverá responsabilidade civil objetiva quando a lei assim o determinar (v.g.,
CC 933) ou quando a atividade habitual do agente, por sua natureza, implicar risco para o
direito de outrem (v.g., atividades perigosas). Há outros subsistemas derivados dos dois
sistemas, que se encontram tanto no CC como em leis extravagantes. Ambas têm a mesma
importância no sistema do CC, não havendo predominância de uma sobre outra. A
responsabilidade extracontratual e seu fundamento: culpa e nexo de causalidade (Est.
Oscar Corrêa, n. 5, p. 200). No sistema de direito privado, há hipóteses de responsabilidade
extracontratual que se determinam pelo critério subjetivo (CC 186) e pelo critério objetivo
(CC 927 par.ún.) [...]);
Em casos de negligência médica grave que resultem em danos à saúde ou à integridade
física do paciente, as disposições relacionadas a crimes contra a vida, a integridade física e
a saúde pública podem ser aplicadas. O artigo 129º do Código Penal - Decreto Lei nº 2.848
de 07 de Dezembro de 1940 trata do crime de lesão corporal, que consiste em ofender a
integridade corporal ou a saúde de outra pessoa. A pena para esse crime varia dependendo
das circunstâncias e da gravidade das lesões causadas.

Art. 129 do Código Penal


Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos. [...]


Conclusão
Diante do exposto, Carlos Eduardo Silva sofreu danos físicos e emocionais como resultado
do erro médico, o que pode ensejar o direito à indenização por danos morais e materiais.
Os danos materiais incluem as despesas adicionais decorrentes da segunda cirurgia e
possíveis perdas financeiras devido à incapacidade temporária de trabalhar durante o
período de recuperação. Considerando a negligência por parte médica evidente e os
direitos do paciente assegurados pelas legislações vigentes, concluo que há fundamentos
jurídicos sólidos para ajuizar uma Ação Indenizatória em face do Hospital Bela Saúde S/A
e do médico responsável pelo equívoco.
É o parecer.

Rio Verde, 10 de março de 2024.


Caio Mário Pereira
OAB/GO n° 8080, OAB

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