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O papel dos peritos e dos assistentes técnicos na elaboração de avaliações, perícias e laudos técnicos
ligados à segurança do trabalho.
PROPÓSITO
Durante uma demanda trabalhista, a elaboração do laudo pericial, feita pelo perito nomeado pelo juízo, é
fundamental para que o juiz apresente sua sentença ao final do processo. Porém, as partes envolvidas,
seja reclamante ou reclamada, têm o direito, por meio de seus respectivos assistentes técnicos, de
emitir seus laudos, concordantes ou discordantes, conforme entenderem as abordagens e a conclusão
do perito judicial.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 1
LIGANDO OS PONTOS
Os laudos periciais são fundamentais para que o juiz tenha entendimento das demandas e, a partir de
sua análise, possa emitir a sentença. Assim, o laudo pericial é peça fundamental em uma demanda
judicial trabalhista.
Após ser nomeado pela Vara do Trabalho de determinada comarca de um município, o perito do juízo
aceitou essa honrosa nomeação e agendou, com os assistentes técnicos das partes envolvidas na
demanda processual trabalhista, a data da diligência para as avaliações do ambiente de trabalho onde o
reclamante laborou para a reclamada. Durante essa diligência, verificou-se que as atividades
transcorreram sob exposição ao calor decorrente de trabalho a céu aberto, em função da exposição
permanente ao sol sofrida pelo trabalhador. Outro fator importante foi a exposição à vibração e ao ruído
ocupacional, visto que suas operações ocorriam com equipamentos manuais que emitiam tais agentes
nocivos. O perito utilizou-se de equipamentos de medições para as avaliações quantitativas de ruído e
de vibração.
Este perito do juízo constatou, por meio de medições quantitativas, que o reclamante faz jus ao
adicional de 20% incidentes sobre o salário mínimo, durante todo o período imprescrito de sua
jornada laboral.
Por meio das avaliações técnicas quantitativas para o ruído ocupacional, ficou evidenciado que os
níveis de exposição, apesar de estarem acima dos níveis de ação, estavam abaixo dos limites de
tolerância. Logo, por todo o período, não faz jus a nenhum adicional.
Este perito não considerou o calor por exposição ao sol em suas considerações técnicas.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
RESPOSTA
Ao realizar as avaliações quantitativas de ruído ocupacional, o perito constatou, por meio de seus
equipamentos de medições, que o reclamante atuou acima dos níveis de ação, ou seja, acima de 80dB
(A)/8horas, mas abaixo dos limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora – NR 15 em
seu Quadro I, que é de 85dB (A)/8horas. Nesse sentido, agiu corretamente ao não considerar as atividades
do reclamante como insalubres, o que não significa dizer que ele estaria protegido durante seu pacto laboral.
Sob o ponto de vista da insalubridade, seu parecer técnico foi inquestionável.
O LAUDO DO PERITO E AS CONSIDERAÇÕES DOS
ASSISTENTES TÉCNICOS
LAUDO PERICIAL
O laudo pericial é o relato das impressões captadas pelo técnico em torno do fato litigioso, ou seja, de
uma reclamação trabalhista, por meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou. Essas
impressões podem ser materializadas por meio de avaliações qualitativas, como para os agentes
biológicos; ou por meio de avaliações quantitativas, com equipamentos de medições específicos para
cada agente físico ou químico a ser avaliado.
Como as demais provas, a pericial trabalhista se sujeita à livre apreciação do juiz (art. 131 e art. 436),
não vinculando a aceitação do seu resultado. Ou seja, apesar de nomeado pelo juízo da Vara do
Trabalho, um perito entrega o seu laudo no prazo estabelecido pelo magistrado, porém não significará
que seu trabalho será de pleno convencimento do juiz. Nesse sentido, é fundamental entendermos que
o laudo pericial, de extrema importância no rito processual em função de suas características técnicas,
poderá não ser aceito em algumas circunstâncias:
Quando carecer de fundamentação lógica, se, por exemplo, o perito subtrair ao conhecimento do juiz e
dos interessados os motivos em que se baseou para emitir a sua opinião, nenhum valor poderá ser
atribuído ao seu laudo.
Quando outros elementos de prova do processo conduzirem à formação da convicção diversa daquela
apontada pelo perito, pois a perícia não é prova hierarquicamente superior às demais provas, e na
técnica do Código de Processo Civil o juiz não se vincula à opinião do perito, mas apenas à sua própria
convicção.
ATENÇÃO
Observe que os aspectos anteriormente exemplificados em uma prova pericial nos deixam cientes de
que o perito são os “olhos” do juiz em uma prova pericial, mas não significa, absolutamente, que o seu
laudo será, inequivocamente, utilizado para a decisão do magistrado. Outras provas, inclusive a dos
próprios assistentes técnicos das partes envolvidas, poderão ser objetos de seu convencimento e
consequente sentença.
O laudo pericial é uma peça do processo, que deverá ser interpretada e avaliada pelo juiz ou pelo
Tribunal do Trabalho, como qualquer outro instrumento de prova e de convencimento, uma vez que o
laudo pericial é um dos meios de prova utilizados pelo juiz para proferir a sua sentença. O laudo pericial
é a materialização da prova pericial, que é um dos tipos de prova pericial definidos no Código de
Processo Civil e, neste sentido, poderá versar sobre variadas matérias e, neste nosso caso, em
questões de insalubridade e periculosidade, ou ambas em um mesmo processo trabalhista.
Logo, conforme a matéria técnica que trata o processo ou a reclamação trabalhista, o juiz se valerá de
profissionais especializados para lhe garantirem as informações necessárias. São eles: o engenheiro de
segurança do trabalho ou o médico do trabalho. Vale lembrar que esses dois profissionais são os únicos
habilitados na Justiça do Trabalho para atuarem como peritos trabalhistas em casos de reclamações que
envolvam pedidos de insalubridade ou de periculosidade, porém é sempre conveniente lembrar que uma
reclamação trabalhista poderá abordar outros aspectos, como doenças relacionadas ao trabalho, com o
estabelecimento de nexo técnico epidemiológico, com a necessidade de avaliações médicas para a
verificação do estado de saúde física ou mesmo mental de um reclamante, e, nesse caso, somente o
médico do trabalho estará habilitado para uma possível nomeação.
Quando elaboramos um laudo pericial na condição de peritos nomeados pelo juiz, precisamos atentar
que estamos tratando com partes interessadas que podem não possuir o mesmo conhecimento técnico
que o expert nomeado pelo magistrado; logo, é fundamental que a linguagem utilizada em seu trabalho
seja objetiva e sem os tecnicismos que somente outros profissionais da área venham a entender.
Após a entrega do laudo por parte do perito, o juiz intima as partes para tomarem conhecimento dele,
estabelecendo, a partir da sua publicação, o prazo para que os assistentes técnicos das partes ofereçam
suas considerações, concordantes ou discordantes, ou, ainda, para solicitar esclarecimentos, formular
quesitos adicionais (também chamados de suplementares) ou mesmo impugnar o laudo e pedir a
realização de nova perícia técnica, com agendamento prévio da futura diligência, com o objetivo de
responder às dúvidas ou de resolver as remanescentes, contidas no laudo anterior.
Outra possível situação a ocorrer após a entrega do laudo pericial pode acontecer quando o juiz solicitar
esclarecimentos adicionais ao perito, ou ainda, utilizar a data agendada para a audiência de instrução e
julgamento. Nesse caso, reagenda-se a audiência para data posterior e realiza-se, neste dia, uma
“audiência pericial”, na qual o perito do juiz e os assistentes técnicos poderão apresentar suas
considerações complementares e responder verbalmente às possíveis dúvidas geradas pelo laudo
oficial. Assim o juiz pode ampliar seu convencimento e sua decisão.
O profissional perito deve se policiar nos estudos do caso tratado para que finalize o laudo pericial com
pleno êxito, pois mesmo sendo um trabalho bem-feito, haverá sempre alguém que irá contestá-lo,
querendo assim impugná-lo.
ART. 473
O laudo pericial deverá conter:
Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
Ministério Público.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais
que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam
em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas,
mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da
perícia.
Percebe-se que, quanto ao que foi apontado no laudo do assistente técnico, o perito deve se atentar e
se declarar sobre os tópicos discordantes, mas deve ter um conhecimento técnico compatível, pois, se o
assistente técnico esclarecer tais tópicos discordantes, o lado do perito será negado, conforme
estabelece o CPC em seu art. 477:
ART. 477
O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da
audiência de instrução e julgamento.
§ 1º – As partes serão intimadas para, querendo manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo
comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo,
apresentar seu respectivo parecer.
§ 2º – O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto:
Sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério
Público;
§ 3º – Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o
perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde
logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4º – Perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias.
Por meio das informações obtidas pelo entrevistado e das pesquisas realizadas, ficou clara a
importância da qualificação dos profissionais peritos e dos assistentes técnicos para a elaboração de
laudos periciais relacionados à segurança do trabalho. Conclui-se que, em relação ao perito judicial, é
fundamental que ele possua três quesitos essenciais: aptidão técnica, experiência e confiança do juízo,
principalmente em relação às perícias que buscam caracterizar e classificar a insalubridade e a
periculosidade em um ambiente de trabalho.
Para que tenhamos pleno entendimento quanto à importância de um laudo pericial, vale destacar, de
forma resumida, as seguintes informações complementares:
O laudo pericial é o relato das impressões captadas pelo técnico, em torno do fato litigioso, por meio dos
conhecimentos especiais de quem o examinou. Logo, como as demais provas, a perícia trabalhista se
sujeita à livre apreciação do juiz conforme determina o art. 131 e o art. 436, não vinculando a aceitação
do seu resultado.
SOBRE O JUIZ
O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas
ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa. “Mediante a vistoria o
juiz recolhe as observações diretas dos próprios sentidos sobre as coisas que constituem objeto da lide,
ou atinentes a ela” (CHIOVENDA, 2009, p. 148).
Nas análises das diligências periciais, perito do juízo e assistentes deverão ter pleno conhecimento das
abordagens insalubres e periculosas, conforme estabelece a Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho
e Emprego (atual Ministério da Economia), em suas Normas Regulamentadoras NRs 15 e 16,
respectivamente, conforme segue: a) Trabalho insalubre é aquele realizado em condições que expõem o
trabalhador a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados, seja por sua natureza, intensidade
ou tempo de exposição. Logo, trabalhar em condições de insalubridade assegura ao trabalhador um
adicional sobre o salário mínimo da região e, se houver previsão convencional, esse adicional poderá
ser sobre o salário nominal. Esse adicional varia de acordo com o grau de insalubridade e é de: 40%,
para o grau máximo; 20%, para o grau médio; ou 10%, para o grau mínimo; e, b) Trabalho periculoso é
aquele realizado com atividades e operações que coloquem em risco acentuado o trabalhador, por meio
de exposições a combustíveis inflamáveis, explosivos, sistema elétrico, além de atividades de motoboy e
vigilantes armados, conforme Decreto (e não pelas Normas Regulamentadoras). Caso tais atividades
sejam caracterizadas em laudo pericial, o trabalhador terá direito a adicional de 30% incidentes sobre
seu salário-base.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
LIGANDO OS PONTOS
Nos processos trabalhistas, os laudos periciais merecem especial atenção em função de diversas
peculiaridades e informações para serem apreciadas pelo magistrado. Vamos analisar o cenário a seguir
considerando esses aspectos de um laudo pericial.
Em uma demanda trabalhista, o perito do juízo apresentou em seu laudo oficial as seguintes
informações técnicas.
Por meio da vistoria no local de trabalho, constatou-se que não há existência de concentrações
excessivas de agentes químicos, conforme avaliações químicas demonstradas no Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) ao longo do pacto laboral, ou seja, as concentrações dos
produtos químicos em suspensão não ultrapassam o permitido. Por outro lado, de acordo com as
atividades do reclamante, ele atuava no posto de trabalho de reparo e pintura, onde há presença
comprovada das substâncias álcool isopropílico e tolueno, as quais são facilmente absorvidas pela pele,
conforme quadro do referido anexo, o que exigiria o uso contínuo de luvas adequadas e a aplicação de
creme protetivo. Quando é identificado um agente químico com características de absorção também
através da pele, não há limites seguros de exposição, tornando a avaliação qualitativa, conforme requer
o item 2 do anexo 11 e Manual de Proteção Respiratória, referência técnica no Brasil. A legislação, em
seu item 2 do anexo nº 11, cita: “Todos os valores fixados no Quadro N 1 – Tabela de Limites de
Tolerância – são válidos para absorção apenas por via respiratória.”
Não há limites mínimos quando a contaminação também ocorrer pela pele, uma vez que as substâncias
com esse tipo de característica podem ser rapidamente metabolizadas pelo organismo, tal como se
tivessem sido inaladas. Quando o agente químico entra em contato com o tecido, diferentes eventos
podem ocorrer: o agente químico pode se difundir na epiderme, nas glândulas sebáceas e sudoríparas e
nos folículos pilosos, e ingressar na corrente sanguínea para posterior ação sistêmica. Os efeitos
resultam da atuação de agentes tóxicos sobre as células ou os tecidos situados distantes do local de
acesso, após sua absorção e distribuição pelo organismo. Dessa forma, mesmo identificadas em baixa
concentração, as substâncias tolueno e álcool isopropílico, possuindo como características a absorção
também pela pele, são nocivas ao organismo do reclamante.
CONCLUSÃO PERICIAL: Por meio da perícia no local de trabalho, constatou-se que há presença de
substâncias tóxicas capazes de causar danos ao organismo do autor, caracterizando-se o
enquadramento legal da insalubridade, em grau médio, conforme item 5 do anexo nº 11 da NR-15 da
Portaria nº 3.214/78.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
RESPOSTA
O assistente técnico da reclamada poderá, nesse caso, apresentar, os seguintes questionamentos em seu
trabalho discordante:
Quais são os modelos comparativos entre as avaliações qualitativas estabelecidas no PPRA e o apresentado
nas Fichas de Informações de Segurança dos Produtos Químicos (FISPQs) dos fabricantes?
A luva fornecida pela reclamada possuía registros e certificados de aprovação expedidos pelo Ministério do
Trabalho? Não auxiliou em nenhum momento na redução dos referidos agentes?
A reclamada realizava treinamentos periódicos para a conscientização quanto às medidas de proteção para
seus colaboradores? Importante registrá-los em seu laudo.
O exemplo que apresentaremos a seguir trata-se de uma perícia para apuração de adicional de
periculosidade, sob o ponto de vista da Norma Regulamentadora – NR-16, de acordo com as atividades
ou as operações de riscos acentuados e a respectiva conclusão para a avaliação e a sentença do juiz.
Vejamos a seguir.
OBJETIVO
Inspecionar os locais de trabalho onde o Reclamante exerceu suas funções como funcionário da
Reclamada;
CONSIDERAÇÕES
O Laudo Pericial observou criteriosamente os seguintes princípios fundamentais:
O Laudo Pericial foi elaborado com estrita observância dos postulados constantes do Código de
Ética Profissional do CONFEA;
Os honorários profissionais do Perito não estão, de forma alguma, sujeitos às conclusões deste
laudo;
O Perito não tem nenhuma inclinação pessoal em relação à matéria envolvida neste laudo, nem
contempla, tanto agora, quanto no futuro, qualquer interesse nos bens relativos a esta perícia;
No melhor conhecimento e crédito do Perito, as análises, opiniões e conclusões expressadas no
presente trabalho são baseadas em dados, diligências e levantamentos verdadeiros e corretos, de
acordo com os padrões normalmente aceitos;
O presente trabalho observou rigorosamente o previsto no artigo 195 da CLT, Lei n.º 6514, de 22
de dezembro de 1977, Portaria nº 3214 de 8 de junho de 1978, Norma Regulamentadora nº 10,
Instalações e Serviços de Eletricidade. As diligências foram realizadas no dia XX/XX/XXXX, às
11:00 horas, na sede administrativa da Reclamada, local em que o Reclamante trabalhou, sito na
Rua do XXXXXX nº XXX, no Centro desta cidade, em companhia do Reclamante e do
XXXXXXXXXX, Assistente Técnico da parte Reclamada.
Durante todo o pacto laboral, o Reclamante tinha acesso e precisava frequentar subestações elétricas e
cabines de quadros eletrônicos para operar comandos e monitorar informações de funcionamento do
sistema conforme fotos anexas.
DO ENQUADRAMENTO LEGAL
Conforme a Norma Regulamentadora NR-16, constam do “Quadro de Atividades e Operações
Perigosas”, as atividades de “Manobras em subestação” e “Leitura em consumidores de alta tensão” e a
área de risco “Pátios e sala de operação de subestação”.
QUESITOS DO RECLAMANTE
1 – Queira o I. perito informar se os serviços executados em subestações elétricas, a teor da Lei nº
7.369 e Dec. 93412, estão enquadrados como sendo periculosos.
Resposta: Sim. Conforme o art. 2º da Lei 7.369 “são equipamentos ou instalações elétricas em situação
de risco aqueles de cujo contato físico ou exposição aos efeitos da eletricidade possam resultar
incapacitação, invalidez permanente ou morte. Mantendo a característica de outras situações de
periculosidade, o Decreto 93.412/86 apresenta um quadro em que as atividades estão acompanhadas
de suas respectivas áreas de risco. A análise cuidadosa desse quadro nos permite resumir as atividades
da seguinte forma: a) Atividades de construção, operação e manutenção de redes de linhas aéreas e
subterrâneas, usinas, subestações, cabinas de distribuição e áreas afins; b) Atividades de inspeção,
testes, ensaios, calibração, medição, reparo e treinamento em equipamentos e instalações elétricas.
Resposta: Não. Quem trabalha dentro de subestações elétricas está sujeito à possibilidade de
energização acidental ou de falha operacional.
3 – Queira o I. perito informar se em caso de reparos elétricos realizados em altura superior a três
metros existe risco de morte/incapacidade/invalidez para o operador.
Resposta: Sim.
4 – Queira o I. perito informar se, de acordo com a relação em anexo, as subestações relacionadas
podem gerar o ganho do adicional de periculosidade para seus operadores/ mantenedores.
QUESITOS DA RECLAMADA
1. As funções e as atividades exercidas pelo reclamante na empresa reclamada; favor especificar.
CONCLUSÃO
De todo o exposto, resta ao perito do juízo concluir que no período de XX/XX/XXXX (admissão) até
XX/XX/XXXX (demissão) as ações diretas de manutenção em rede elétrica de alta tensão não eram
rotina do reclamante, porém medições eram realizadas quase que diariamente, por ele, em subestação
elétrica situada no pavimento térreo, do prédio da administração e das lojas da reclamada. As atividades
de “Manobras em subestação” e “Leitura em consumidores de alta tensão” são realizadas em áreas de
risco com características típicas de ambiente perigoso e estão sujeitas à energização acidental ou à
falha operacional. Portanto, em nosso entender, o reclamante faz jus ao adicional pleiteado de 30%
(trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa.
E, nada mais havendo, encerro o presente laudo ressalvando o disposto no art. 435 do CPC.
Ao apresentar o laudo pericial, a primeira página deve ser dirigida ao juiz, solicitando-lhe o
“levantamento” ou o pagamento de seus honorários que foram previamente depositados pela parte que
requereu a perícia.
O laudo deve conter, de forma bem clara, o objetivo dele, de acordo com o pedido do reclamante e os
respectivos riscos a serem apurados. Nesse caso em tela, as abordagens foram sobre periculosidade,
especialmente em relação ao sistema elétrico.
O laudo deve apresentar a sua linha de trabalho, sempre condicionada aos aspectos legais. O perito não
pode, de forma alguma, apresentar um laudo com considerações pessoais e “achismos” que não
tenham nenhuma relação com as Normas Regulamentadoras, neste caso, a NR-16.
No laudo em questão, o perito utilizou-se de uma linguagem bem clara e de fácil compreensão para
todos os envolvidos; ou seja, não se utilizou de tecnicismos desnecessários para seu entendimento.
O perito também foi bem claro e objetivo nas respostas aos quesitos das partes. Ao responder aos
quesitos, também se utilizou de um artifício bem interessante; ou seja, quando em algum momento no
laudo a resposta estava implícita, citou em suas respostas tais referências, sem a necessidade de
elaborar novas respostas para evitar a redundância, ou mesmo contradições entre a resposta e o texto
do laudo. Respostas como “sim” e “não” também podem ser bem aceitas, se as perguntas forem
objetivas. Logo, cuidado ao se alongar demais em suas respostas, pois os assistentes das partes podem
oferecer, nos detalhes, questionamentos discordantes.
Se o tema versa sobre periculosidade, apresente sua conclusão, como realizado pelo perito, de forma
objetiva, se, de acordo com suas apurações, o reclamante esteve ou não exposto a riscos que
pudessem gerar adicional de periculosidade. No caso, o Ilustre expert do juízo deixou claro que o
reclamante fazia jus a 30% de adicional incidentes sobre o salário-base.
Observe que o perito constatou as atividades periculosas, mas caberá ao juiz a decisão, após a leitura
deste laudo e seu convencimento.
Caso o perito utilize equipamentos de medições para avaliações quantitativas ou aferições de cargas,
como neste caso, deverá anexar os registros dos equipamentos junto ao Inmetro e os certificados de
calibração. Caso não proceda dessa forma, uma das partes que não concordar com seu laudo poderá
impugná-lo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todas as demandas trabalhistas que envolvam a necessidade de provas periciais, o laudo oficial,
emitido pelo perito do juízo, é um documento fundamental para o convencimento do juiz e para a
aplicação de sua sentença. Porém, ele não está restrito ao laudo emitido pelo perito; podem ocorrer
situações em que o laudo emitido por um dos assistentes técnicos das partes, reclamante ou reclamada,
possa conter informações mais consistentes e de que ele necessitava para sua decisão. Logo, é
importante verificarmos que os laudos emitidos, tanto pelo profissional nomeado pelo juiz quanto pelos
indicados pelas partes, possuem grande força em uma Reclamação Trabalhista e garantirão uma
decisão imparcial por parte do magistrado. As funções dos peritos judiciais e dos assistentes técnicos
são fundamentais para que o juiz tenha um convencimento técnico para a definição de sua sentença.
PODCAST
Agora, o especialista Márcio Jorge Gomes Vicente fará um resumo sobre o conteúdo abordado.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de Segurança e
Saúde no Trabalho. Genebra/Brasília, 2002.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil.
Brasília, 2015.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019,
de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de
adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, 2017.
CHIOVENDA, G. Instituições de Direito Processual Civil. 4. ed. Tradução: Paolo Capitanio; com
anotações do prof. Enrico Tullio Liebman. Campinas: Bookseller, 2009.
EXPLORE+
CONTEUDISTA
Márcio Jorge Gomes Vicente