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Compreensão das diretrizes e dos fundamentos das políticas nacionais de saúde do trabalhador e da
segurança do trabalho.
PROPÓSITO
As políticas nacionais de saúde do trabalhador e da segurança do trabalho definem os objetivos do
Estado brasileiro nesse campo. A compreensão das diretrizes de tal política é fundamental para o
desenvolvimento do pensamento crítico do profissional atuante na segurança do trabalho.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A IMPORTÂNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
MÓDULO 1
Reconhecer os conceitos fundamentais em saúde do trabalhador
LIGANDO OS PONTOS
Foto: Shutterstock.com
Empresas multinacionais precisam adaptar-se não somente às legislações como também aos contextos
políticos dos diversos países em que atuam. Nesse sentido, o sistema de saúde brasileiro é bastante
complexo e de difícil compreensão até para os próprios habitantes do país. No entanto, é importante
lembrar que o Sistema Único de Saúde foi criado em 1990 e vem sofrendo diversas e profundas
modificações desde então.
Na área de saúde do trabalhador, deve-se dar destaque aos relatórios das Conferências Nacionais de
Saúde do Trabalhador, os quais apontam as diretrizes que a sociedade civil organizada entende como
os marcos das políticas de saúde nesse campo no país. Desse modo, vamos conhecer, neste conteúdo,
a evolução dos conceitos relativos à saúde do trabalhador, a evolução do sistema de proteção à saúde
do trabalhador e das políticas de saúde e segurança do trabalho. Portanto, entender e aplicar os
conceitos dessas políticas pode fazer diferença significativa na inserção de uma empresa multinacional
no país.
O caso a seguir é baseado em uma história real, e as atividades que veremos buscam desenvolver o
raciocínio crítico e a aplicabilidade das políticas e dos conceitos que serão estudados neste conteúdo.
Desde o ano de 2010, a siderúrgica alemã Ternium, também conhecida como Companhia Siderúrgica do
Atlântico (TKCSA), opera em sua unidade de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Segundo dados disponíveis
no site da empresa, a siderúrgica já produziu 5 milhões de placas de aço, 8 mil empregos e investiu 11
bilhões de reais no país. Desde então, moradores das comunidades adjacentes têm relatado a presença
de poeira fina de origem desconhecida em seus quintais, bem como o aumento de casos de pessoas
com sintomas respiratórios. A empresa de grande porte tem gerado empregos e oportunidades indiretas
de negócios na região, contudo tem sofrido a pressão de grupos políticos para que encerre suas
atividades por causa do fenômeno que foi batizado de “chuva de prata”.
De acordo com relatório de estudo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz sobre a
composição do material coletado, há a presença de:
(ENSP/FIOCRUZ, 2011)
Diversas ações judiciais foram movidas contra a empresa por causa desse fenômeno.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
A) Medicina do trabalho.
B) Saúde ocupacional.
C) Saúde do trabalhador.
D) Engenharia preventiva.
E) Engenharia sanitária.
A) Medicina do trabalho.
B) Saúde ocupacional.
C) Saúde do trabalhador.
D) Engenharia preventiva.
E) Engenharia sanitária.
GABARITO
1. Você como engenheiro de segurança do trabalho foi convidado a compor um comitê para
detectar a origem do problema e apontar possíveis soluções para a chuva de prata. A sua
atuação neste problema específico, que a princípio não está atingindo os trabalhadores de sua
empresa, enquadra-se em qual conceito a seguir?
2. Alguns integrantes da diretoria da empresa não aceitam sua participação no comitê de crise
por acreditar que sua atuação deve ser exclusivamente para proteger os trabalhadores da
empresa; neste caso, agindo no ambiente do trabalho. A visão dos integrantes dessa diretoria se
enquadra em qual dos conceitos abaixo?
O conceito de saúde ocupacional entende que a atuação das equipes deve ter como objetivo promover
a segurança do trabalho atuando no ambiente da própria empresa.
Os conceitos mais modernos de saúde do trabalhador entendem que a preocupação quanto ao impacto na
comunidade adjacente deve ser uma preocupação da empresa. Portanto, você pode sugerir:
Nesse sentido, visando regularizar a medicina do trabalho em sua fábrica têxtil, — pois nenhum de seus
operários tinha acesso à assistência médica, a não ser àquela oferecida por instituições filantrópicas, —
Robert Dernham buscou informações com seu médico, o doutor Robert Baker, para que o auxiliasse,
como empresário, a resolver tal situação. Baker aconselha Dernham a contratar um médico de sua
confiança para que servisse de intermediário entre ele, os trabalhadores e o público em geral. Seu
trabalho consistiria em visitar todos os compartimentos das fábricas e verificar de que forma o trabalho
estaria influenciando na saúde dos empregados (MENDES e DIAS, 1991). Assim, em 1830, Dernham
teve a ideia de contratar Baker para trabalhar em sua fábrica têxtil, caracterizando-se, dessa forma, o
primeiro serviço de medicina do trabalho.
Ser dirigidos por pessoas de inteira confiança do proprietário da indústria e que se dispusessem a
defendê-lo.
Concentrar exclusivamente aos médicos a prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos do
trabalho.
MEDICINA DO TRABALHO
Como já dissemos, a medicina do trabalho surgiu na Revolução Industrial, em 1830. Tal advento da
associação da Medicina na linha de trabalho foi altamente necessário, pois os trabalhadores eram
expostos a processos de produção tão acelerados que hoje seriam considerados desumanos, devido à
inviabilidade produtiva perante constantes adoecimentos dos trabalhadores (MENDES e DIAS, 1991).
ATENÇÃO
Importante ressaltar que a medicina do trabalho possui aspecto tão somente curativo e biológico, o seu
objetivo principal é recuperar a saúde do trabalhador para que ele continue produzindo. Nessa visão, o
trabalho é visto com uma peça de máquina.
Em 1959, foi criada a recomendação 112 sobre a medicina do trabalho. Tal recomendação teve sua
aprovação na Conferência Internacional do Trabalho, e foi criada através do conhecimento empírico
adquirido pelos relatos do impacto da medicina do trabalho na indústria daqueles países, que, naquela
época, eram considerados industrializados.
Segundo Mendes e Dias (1991), o serviço de medicina do trabalho designa um serviço organizado nos
locais de trabalho ou em suas imediações, destinado a:
Assegurar a proteção aos trabalhadores contra todo o risco que prejudique sua saúde e que possa
resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue.
Contribuir à adaptação física e mental, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação
em lugares de trabalho correspondentes às suas aptidões.
SAÚDE OCUPACIONAL
O conceito de saúde ocupacional surgiu nas grandes empresas, junto com o conceito de higiene
industrial.
O modelo, apesar de focar a questão no coletivo de trabalhadores, continua a abordá-los como "objeto"
das ações de saúde.
SAÚDE DO TRABALHADOR
A saúde do trabalhador tem um sentido mais amplo, busca, além da cura e da prevenção/segurança, a
promoção da saúde do trabalhador, a qualidade de vida no trabalho e inclui conceitos subjetivos como o
conceito do “trabalho digno” ou ainda “trabalho decente”. Para Mendes e Dias (1991), esse processo
leva, em alguns países, à exigência da participação dos trabalhadores nas questões de saúde e
segurança. Com a resposta ao movimento social e dos trabalhadores, novas políticas sociais tomam a
roupagem da lei, introduzindo significativas mudanças na legislação do trabalho e, em especial, nos
aspectos de saúde e segurança do trabalhador. E é nesse contexto que surge o modelo de saúde do
trabalhador, com conquistas dos trabalhadores e sua participação direta no que diz respeito aos
assuntos de saúde e segurança no ambiente de trabalho.
Ainda Segundo Mendes e Dias (1991), o objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o
processo de saúde e doença dos grupos humanos em sua relação com o trabalho. Representa um
esforço de compreensão desse processo (como e por que ocorre) e do desenvolvimento de alternativas
de intervenção que levem à transformação em direção à apropriação pelos trabalhadores, da dimensão
humana do trabalho.
O advento do conceito atual de saúde do trabalhador coincide com os movimentos que mudaram de
forma significativa o sistema nacional de saúde brasileiro e culminaram com a criação do Sistema Único
de Saúde (SUS) nos anos 1990. Assim, o tema “saúde do trabalhador” fez parte dos debates nas
conferências nacionais de saúde e é uma das competências do SUS definidas em nossa Constituição
Federal (art. 200).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Medicina do trabalho.
B) Saúde ocupacional.
C) Saúde do trabalhador.
D) Preventivismo.
E) Segurança Ocupacional.
B) Serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do proprietário da indústria e que se dispusessem
a defendê-lo.
GABARITO
A medicina do trabalho é uma atividade estritamente médica e não contempla outros aspectos da saúde
do trabalhador.
No modelo de saúde do trabalhador, o trabalhador é visto de forma holística e não somente como uma
peça de uma máquina.
MÓDULO 2
Identificar a política nacional de saúde do trabalhador
LIGANDO OS PONTOS
Foto: Shutterstock.com
Vamos estudar, neste módulo, a organização do Sistema Único de Saúde e sua atuação na saúde do
trabalhador e a política nacional de saúde do trabalhador. A observância desses pressupostos e políticas
pode ser necessária para uma atuação correta, tal como a ocorrida no caso da empresa Ternium. Assim
sendo, vamos observar novos aspectos desse caso, dessa vez utilizando esses pressupostos na hora
de tomar decisões.
A empresa siderúrgica Ternium tem sido acusada de causar poluição ambiental e doenças respiratórias
nos moradores das comunidades adjacentes à indústria, na zona oeste do Rio de Janeiro. Diversas
ações judiciais solicitam reparações aos danos causados. Você como engenheiro de segurança do
trabalho e integrante do comitê de crise deve ajudar a fazer o diagnóstico de problema e apontar
soluções.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
B) Entrar em contato com os serviços de saúde locais, debater sobre os possíveis efeitos da “poeira”,
obter dados sobre os casos suspeitos de contaminação atendidos, colocar à disposição da comunidade
serviços de saúde para atendimento à população.
C) Oferecer serviços médicos à comunidade, junto com serviços de dedetização, educação sobre
higiene e inspeções periódicas por autoridades nos ambientes laborais.
GABARITO
2. Ao definir possíveis intervenções sobre o problema, será necessário estabelecer quais são os
grupos prioritários para serem contemplados pelas ações. De acordo com a Política Nacional de
Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) quais deveriam ser os grupos prioritários?
RESPOSTA
Deveria decidir sobre a disponibilização dos dados, uma vez que a Vigilância em Saúde do Trabalhador é
uma atribuição do SUS, voltada a todos os trabalhadores, e cuja principal função é obter dados para
avaliação, planejamento e tomada de decisão.
A história da saúde do trabalhador no Brasil esbarra com a história da saúde da população geral e com
a evolução das políticas públicas de saúde, trabalho e aposentadoria. Vejamos a respeito dessa
evolução.
DÉCADA DE 1920
A história dos trabalhadores sempre foi marcada por altos índices de acidentes de trabalho e
adoecimentos. As questões voltadas para a saúde dos trabalhadores começam a ter uma atenção mais
específica por volta da década de 1920, com a criação, em 1923, da Lei nº 4.682 de 24 de janeiro, de
autoria do deputado Eloy Chaves.
Tal lei instituiu o sistema de Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPs), tendo como objetivos:
pagamentos previdenciários (aposentadorias, pensões, auxílios, entre outros) e assistência médica e
farmacêutica a empregados e dependentes. Para alguns autores, devido ao seu “caráter previdenciário”,
essa lei é considerada o ponto de partida, no Brasil, da Previdência Social propriamente dita.
O período entre 1969 e 1973 também ficou conhecido como o “milagre econômico”, devido ao forte
crescimento da economia, com altos investimentos em infraestrutura. Porém, após esse período, o
Brasil mergulhou em um grande endividamento externo e interno.
Dessa forma, uma das conclusões geradas na 8ª CNS foi que também existe a necessidade de um
sistema nacional de saúde que responda aos anseios da população, no que se refere à questão Saúde
e Trabalho. Nesse sentido, se tornou de grande importância a promoção de uma conferência específica
para debates sobre as questões relacionadas a Saúde e Trabalho.
O Relatório Final da 1ª CNST foi aprovado no dia 05 de dezembro de 1986 e teve como subsídio os
relatórios elaborados ao longo da Conferência, por 15 grupos de trabalho. Os eixos abordados no
Relatório Final foram:
(CNST, 1986)
De acordo com o levantamento das informações realizadas para esta Conferência, os fatores apontados
como agravantes para a saúde dos trabalhadores foram: a disputa de mercado pelos produtores de
equipamento de saúde, a mercantilização do atendimento à saúde, além da atuação corporativista de
alguns profissionais da área de saúde.
O momento político vivenciado pelo país à época foi caracterizado por descaso das autoridades com o
problema da saúde do trabalhador. As dificuldades reais de acesso dos trabalhadores aos serviços
públicos com funções específicas nas áreas de reabilitação e fisioterapia são:
Não comprometimento do Estado com seu dever e responsabilidade, delegando, ora aos sindicatos ora
ao empresariado (vide convênio empresa) atribuições como assistência médica, fato que já havia sido
denunciado pelos trabalhadores.
CONVENÇÕES E RECOMENDAÇÕES DA
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO
TRABALHO (OIT)
O Brasil, como país membro da Organização Internacional de Trabalho (OIT), ratifica convenções e
recomendações, sendo uma delas a Convenção 155, que prevê a adoção de políticas nacionais de
saúde e trabalho, além de ser uma das diretrizes seguidas pelo país para a elaboração de políticas
públicas que favorecem os trabalhadores.
CONVENÇÃO 155
Os 30 artigos que compõem a Convenção 155 da Organização Mundial do Trabalho foram divididos em
cinco partes com relação a: aplicações e definições, princípios, ações e disposições finais.
É certo que muitas ações não conseguiram atingir os objetivos propostos, principalmente as criadas
antes da implementação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com relação aos assuntos voltados aos trabalhadores, ao mencionarmos as ações elaboradas para a
promoção da saúde e da segurança no ambiente de trabalho, faz-se necessário refletir sobre as
competências de cada ministério, que, em conjunto, complementam-se, principalmente, na atuação no
campo da vigilância da saúde.
A Constituição Federal foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988. Nela, são definidos os direitos dos
cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou políticos, e são estabelecidos limites para o poder
dos governantes.
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação”.
Através do Sistema Único de Saúde (SUS), o Estado assegura o atendimento à saúde da população de
forma universal, integral e equânime, por meio de políticas que visam à promoção, à proteção e à
recuperação da saúde. Os SUS é um sistema único: todos os entes federativos seguem as mesmas leis
e regras, têm as mesmas finalidades e trabalham de forma integrada. O acesso é universal, ou seja,
todo cidadão tem direito aos serviços de saúde e tem como uma de suas principais diretrizes o
atendimento integral, isto é, para todas as necessidades de saúde.
Atenção primária
Urgência e emergência
Atenção psicossocial
Atenção ambulatorial especializada e hospitalar
Vigilância à saúde
Atenção primária.
Urgência e emergência.
Atenção psicossocial.
Os serviços de média e de alta complexidade são acessados via encaminhamentos (referências) dos
serviços de porta de entrada. Dentro dessa rede de serviços, existem aqueles que atendem acidentes
de trabalho sem serem especializados nisso, tais como os serviços de atenção básica, urgência e
emergência. Serviços especializados, como os CERESTs (Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador) sem contar os serviços de vigilância em saúde.
(LF8080/1990)
O SUS assegura a assistência ao trabalhador das seguintes formas (LF8080/1990, art. 16):
Embora, no papel, tudo isso já exista desde a década de 1990, a configuração de uma rede específica
para a saúde do trabalhador tem sido construída lentamente. Outro aspecto importante é que o mundo
do trabalho busca por mudanças profundas desde então, surgindo, assim, a necessidade de se criar a
política específica para a saúde dos trabalhadores.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Em 2002, foi criada a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), por meio
da Portaria nº 1.679/GM, com objetivo de disseminar ações de saúde do trabalhador, articuladas às
demais redes do Sistema Único de Saúde, SUS.
A RENAST foi criada segundo a lógica vigente da saúde do trabalhador, todavia o mundo do trabalho
tem passado por mudanças drásticas que tornaram mister pensar em uma política mais moderna e
atualizada. Os condicionantes a seguir influenciaram a criação da Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT):
Precarização do mercado de trabalho.
Aumento da informalidade.
Inovações tecnológicas.
A política nacional de saúde do trabalhador de 23 de agosto de 2012 (Portaria 1.823) define princípios,
diretrizes e estratégias que devem ser observadas pelo SUS, para que haja o desenvolvimento de
planos e programas voltados à saúde do trabalhador. Para tal, a Portaria 1.823 define que é necessário
se preocupar com: vigilância, promoção, proteção da saúde dos trabalhadores e redução da
morbimortalidade.
As normas são de observância aos trabalhadores em regime de CLT e seu principal foco é a segurança
do trabalho.
PNSTT
Tem um escopo mais abrangente, aplica-se a qualquer trabalhador: começa na promoção da saúde e
vai até a recuperação do trabalhador vítima de acidente de trabalho.
UNIVERSALIDADE
INTEGRALIDADE
II
III
DESCENTRALIZAÇÃO
IV
HIERARQUIZAÇÃO
A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) está inserida na rede SUS, organizada
em serviços de níveis de complexidade crescente.
EQUIDADE
As pessoas devem ser atendidas e os recursos devem ser divididos de acordo com as necessidades.
VI
VII
PRECAUÇÃO
Segundo este princípio, nenhum risco deve ser assumido quando o conhecimento científico ainda está
incompleto.
Segundo o art. 6º da Portaria 1.823, para estabelecer uma boa política de segurança e saúde do
trabalhador, em âmbito nacional, é necessário realizar a articulação entre:
As ações individuais de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas de promoção,
prevenção, vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os
fatores determinantes da saúde dos trabalhadores.
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, tem por objetivo promover a segurança
à saúde do trabalhador no ambiente de trabalho. Diante disso, a Portaria 1.823 cita em seu art. 8º,
primeiro inciso, os objetivos desta política, que são:
Lendo o inciso segundo, fica clara a preocupação da política com a promoção da saúde do trabalhador,
ou seja, capacitar o trabalhador para atuar na melhoria da própria saúde. Outro importante objetivo da
portaria é o combate ao trabalho escravo e ao trabalho que se equipare analogamente à escravidão,
como podemos ler no inciso terceiro:
Assistência farmacêutica.
Sistema de auditoria.
Já no quarto inciso, há a preocupação da qualificação do SUS em relação à atenção que deve ser dada
à saúde do trabalhador, como podemos ver:
IV. Ampliar o entendimento de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma
ação transversal,devendo a relação saúde/trabalho ser identificada em todos os pontos e
instâncias da rede de atenção.
Outro objetivo da Portaria 1.823 é o de que a saúde do trabalhador deve ultrapassar todas as políticas
públicas, o que significa que tal prática não pode ser uma exclusividade, mas deve estar presente em
todos os âmbitos e setores, como podemos ver nos incisos quinto, sexto e sétimo da portaria:
VI. Assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas
ações e serviços de saúde do SUS, e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com
suas possíveis consequências para a saúde, seja considerada no momento de cada intervenção
em saúde.
Para que exista uma efetividade na PNSTT, é necessário, além de estabelecer objetivos, definir
estratégias de ação para garantir que haja uma maior abrangência, com maior efetividade, na maior
velocidade de propagação possível da política. Pensando nisso, foi escrito no art. 9º da Portaria 1.823
as estratégias a serem adotadas e seguidas:
Para que estratégias sejam seguidas e os objetivos alcançados, são necessárias equipes especializadas
e dedicadas ao ofício de assegurar a qualidade de vida do trabalhador no ambiente do trabalho, zelando
por sua saúde e segurança. Diante disso, também é necessário existir a figura do gestor, o qual é
responsável por atribuir funções e delegar missões às equipes. Podemos entender melhor o papel dos
gestores do SUS ao ler o art. 10 da Portaria 1.823, como segue abaixo:
São responsabilidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em seus âmbitos
administrativos, além de outras que venham a ser pactuadas pelas comissões intergestoras:
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Estabelecer e garantir a articulação sistemática entre os diversos setores responsáveis pelas políticas
públicas para analisar os diversos problemas que afetam a saúde dos trabalhadores e pactuar uma
agenda prioritária de ações intersetoriais.
Desenvolver estratégias para identificar situações que resultem em risco ou produção de agravos à
saúde, adotando e/ou fazendo adotar medidas de controle quando necessário.
As comissões intergestoras são órgãos de pactuação entre os gestores do SUS. São 3 comissões: a
Tripartite (CIT), de âmbito nacional e composta por representantes das 3 esferas de governo; a Bipartite
(CIB), de âmbito estadual e composta por representantes de estados e municípios; e as CIR, de âmbito
regional.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM TRABALHADOR DE UMA INDÚSTRIA TÊXTIL DÁ ENTRADA EM UM
PRONTO-SOCORRO VÍTIMA DE ACIDENTE DE TRABALHO. QUAL DEVERIA SER
A CONDUTA CORRETA DA EQUIPE DE SAÚDE NO PLANTÃO?
E) Encaminhar o paciente de volta ao SESMT da empresa, como indica a Portaria 1.823, art. 9º do SUS.
B) Análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores regidos pela CLT, como registrar
o art. 1º da Portaria 1.823 do SUS.
GABARITO
A Constituição Federal em seu art. 196 diz que a saúde é direito de todos e dever do Estado; logo, o fato
de a empresa ter responsabilidade sobre a saúde do trabalhador não exclui as responsabilidades do
SUS.
MÓDULO 3
Identificar a política nacional de segurança do trabalho
LIGANDO OS PONTOS
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A política nacional de saúde e segurança do trabalho tem como seus principais aspectos o conceito da
intersetorialidade. É uma política que integra ações dos Ministérios da Saúde, Trabalho e Emprego (ou
órgão equivalente) e da Previdência Social. Em determinadas situações, é fundamental a integração
desses órgãos para que o princípio da integralidade seja alcançado.
Sete funcionários de um posto de saúde no bairro de Senador Camará, no Rio de Janeiro, passaram
mal e precisaram de atendimento médico após tomarem café, sendo um deles hospitalizado. Os
funcionários da unidade básica de saúde possuem vínculos empregatícios diferentes, uma parte é
formada por funcionários públicos estatutários, e outra parte por funcionários terceirizados, regidos pela
CLT. Os funcionários públicos não possuem uma equipe de SESMT à sua disposição, o que ocorre com
os funcionários da empresa contratada. Assim, os procedimentos de prevenção a atendimento são
diferentes de acordo com o vínculo dos funcionários.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
A) Inserção total dos trabalhadores naturais do Brasil, no sistema nacional de promoção e proteção da
saúde.
C) Identificação de atividades laborais de alto risco, para catalogação, e inserção prioritária no SUS.
GABARITO
1. Qual dos princípios da PNSST indica que o atendimento dos diferentes grupos de
trabalhadores seja equitativo?
2. Em alguns casos, trabalhadores terceirizados podem possuir vínculos trabalhistas frágeis, por
isso podem ficar mais vulneráveis e menos protegidos de doenças ocupacionais e acidentes de
trabalho. Qual dos objetivos do PLANSAT (Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho)
abaixo, visa proteger os trabalhadores mais vulneráveis?
Todos os trabalhadores das unidades de saúde que possuem funcionários terceirizados de sua empresa. As
ações devem incluir os funcionários estatutários e ainda os terceirizados de outras empresas. Somente uma
ação integrada poderá de fato garantir a segurança e a saúde de todos.
A IMPORTÂNCIA DA INTERSETORIALIDADE
POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA E
SAÚDE NO TRABALHO (PNSST)
A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) foi elaborada com o objetivo de
promover a saúde dos trabalhadores, assim como a segurança no ambiente de trabalho. Essa política
está sendo implementada através da execução das suas diretrizes que constam no Plano Nacional de
Segurança e Saúde no Trabalho. Nesse plano, as ações têm prazos para serem implantadas e devem
ser avaliadas periodicamente.
A PNSST foi elaborada por uma comissão formada por representantes do governo, empregadores e
trabalhadores, na qual a formalização se deu pelo Decreto nº 7.602, assinado no dia 07 de novembro de
2011.
Sua criação se deu a partir do entendimento do governo brasileiro em cumprir as prioridades contidas na
Agenda Nacional de Emprego e Trabalho Decente e está de acordo com as orientações da Convenção
nº 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que dispõe sobre segurança e saúde dos
trabalhadores e o meio ambiente de trabalho. Tal política define diretrizes para atuação do país em
promover trabalho seguro e saudável, além da prevenção dos acidentes e doenças relacionadas ao
trabalho. Os responsáveis pela implementação e execução da PNSST são os Ministérios do Trabalho e
Emprego (ou órgão equivalente), da Saúde e da Previdência Social e, neste sentido, como se
caracteriza uma política pública, todos os trabalhadores são beneficiados.
CONVENÇÃO Nº 155
A Convenção sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores, também chamada de Convenção nº
155 da OIT, foi aprovada em 1981, em Genebra, e entrou em vigor no plano internacional em 1983. No
Brasil, foi ratificada em 1992, entrando em vigor em 1994. A convenção é dividida em cinco partes,
distribuídas em: definição, princípio de uma política nacional, ação no âmbito nacional, ação no
âmbito da empresa e disposições finais. A Convenção nº 155 aplica-se a todas as áreas em que
existam trabalhadores empregados, incluindo os funcionários públicos.
Quanto à elaboração de políticas voltadas para a segurança e a saúde dos trabalhadores, a Convenção
nº 155 orienta que os países-membros deverão formular e pôr em prática uma política nacional
coerente, em matéria de segurança, saúde dos trabalhadores e de meio ambiente. Ainda segundo essa
convenção, tal política deverá ter como objetivo a prevenção dos acidentes e adoecimento
relacionados ao trabalho. Para o alcance desse objetivo, os países deverão adotar medidas a fim de
orientar os trabalhadores e empregadores acerca de suas responsabilidades na prevenção de acidentes
e adoecimento relacionados ao trabalho.
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DA GESTÃO DA PNSST
A gestão da PNSST cabe a uma comissão constituída por representantes do governo, trabalhadores e
empregadores. De uma forma geral, cabe à gestão a elaboração, o acompanhamento e a revisão
periódica do plano e da política nacional de segurança e saúde do trabalhador, assim como a definição e
implantação da divulgação dessas políticas.
Como vimos, para a implantação da PNSST, foram traçadas diretrizes que visam às melhorias
relacionadas à segurança e à saúde dos trabalhadores. Para a execução dessas diretrizes, fez-se
necessária a elaboração de um plano de ação, intitulado de Plano Nacional de Segurança e Saúde no
Trabalho (PLANSAT). Esse plano é formado por oito objetivos, baseados nas diretrizes da PNSST,
sendo dividido por tarefas que devem ser colocadas em prática em curto, médio e longo prazo, além de
tarefas de caráter permanente.
O PLANSAT foi lançado em abril de 2012, pelos Ministérios da Saúde, Trabalho e Emprego e da
Previdência Social. Ele foi elaborado por uma Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho
(CTSST), constituída por representantes do governo, empregadores e trabalhadores.
Vejamos os prazos para que esses objetivos (diretrizes) sejam colocados em prática e quais estratégias
poderão ser adotadas.
OBJETIVO 1
OBJETIVO 2
OBJETIVO 3
OBJETIVO 4
OBJETIVO 5
OBJETIVO 6
OBJETIVO 7
OBJETIVO 8
OBJETIVO 1
OBJETIVO 2
Integração das ações governamentais de segurança e saúde do trabalhador. Possui uma estratégia
dividida em 13 ações de curto, médio e longo prazos, além de algumas ações de caráter permanente. O
objetivo está relacionado diretamente às ações do governo ligadas à promoção, à proteção, à
assistência e à reabilitação da saúde do trabalhador. Nessa estratégia, destacamos a ação permanente
sobre o fortalecimento das políticas de reabilitação física e psicossocial articuladas com as ações de
prevenção.
OBJETIVO 4
Adoção de medidas especiais para atividades laborais submetidas a alto risco de doenças e acidentes
de trabalho. São cinco estratégias divididas em ações de curto e médio prazos e ações permanentes. É
um dos objetivos com mais estratégias e ações, uma vez que, no Brasil, ainda temos um número muito
elevado de acidentes de trabalho fatais, assim como o adoecimento dos trabalhadores.
OBJETIVO 5
Estruturação de uma rede integrada de informações em segurança e saúde do trabalhador. Tal objetivo
aborda ações das estratégias voltadas para atualização de instrumentos de coleta de dados sobre a
situação dos trabalhadores, assim como a divulgação de informações para a sociedade. De acordo com
a Planilha do PNSST, lançada em 2012, marcando o lançamento do PLANSAT, não há previsão de
prazos.
OBJETIVO 6
OBJETIVO 8
Criação de uma Agenda Integrada de Estudos e Pesquisas em segurança e saúde do trabalhador. Esse
objetivo possui quatro estratégias, com ações voltadas para o incentivo a pesquisas sobre segurança e
saúde do trabalhador. De acordo com a Planilha do PNSST, lançada em 2012, marcando o lançamento
do PLANSAT, não há previsão de prazos.
As estratégias contidas no PLANSAT estão voltadas, também, para o alcance das metas para a
promoção do trabalho decente. E uma das inovações em matéria de promoção da saúde do trabalhador
está na estratégia da inclusão do assunto sobre segurança e saúde do trabalhador, nos currículos do
ensino público e privado.
Sobre saúde e segurança no trabalho, podemos entender como um conjunto de medidas que visam
proteger a integridade física e mental dos trabalhadores através de adoção de normas, leis e
convenções internacionais (ratificadas no Brasil). Para que essas medidas sejam colocadas em prática,
além de outras estratégias, as empresas precisam contratar profissionais especializados na área da
saúde e segurança do trabalho, uma vez que estes terão condições de atuar na prevenção de acidentes
e adoecimento e na promoção da saúde dos trabalhadores.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE AS DIRETRIZES DO PLANSAT, CORRELACIONE AS COLUNAS DE
OBJETIVOS E AÇÕES E MARQUE A ALTERNATIVA QUE INDICA A COLUNA DA
AÇÃO QUE CORRESPONDE AO SEU RESPECTIVO OBJETIVO:
OBJETIVOS AÇÕES
ATUALIZAÇÃO DOS
HARMONIZAÇÃO DA
INSTRUMENTOS UTILIZADOS
LEGISLAÇÃO
PARA REALIZAÇÃO DA
TRABALHISTA, SANITÁRIA,
COLETA DE DADOS ACERCA
PREVIDENCIÁRIA E
2 B DA SAÚDE DOS
OUTRAS QUE SE
TRABALHADORES, E
RELACIONEM COM
DIVULGAÇÃO DESTES
SEGURANÇA E SAÚDE DO
DADOS EM ÂMBITO
TRABALHADOR.
NACIONAL.
C) 1-D,4-B,3-C,4-A.
E) 1-C,2-A,3-B,4-D.
B) Correta, pois a aplicação das NRs no serviço público já está prevista na Constituição.
C) Correta, pois a política nacional de segurança do trabalho prevê a adoção de normas de segurança a
todos os trabalhadores.
E) Correta, pois, como o Brasil é signatário da Convenção 155 da OIT, é obrigado a cumprir suas
normas.
GABARITO
Objetivos Ações
Objetivos Ações
Cada uma das diretrizes do PLANSAT é acompanhada de um conjunto de ações, são elas:
Integração das ações governamentais de segurança e saúde do trabalhador – Nesse item, estão
as ações diretas de assistência.
Estruturação de uma rede integrada de informações em segurança e saúde do trabalhador –
Nesse item, estão ações que buscam sistematizar as informações para as devidas tomadas de
decisões.
A política nacional de segurança e saúde do trabalhador deve ser aplicada a todos os trabalhadores
brasileiros.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento do histórico e do status das políticas nacionais de saúde do trabalhador no Brasil é
fundamental para todo profissional que trabalha nesse campo. Por razões históricas, o engenheiro de
segurança do trabalho está mais familiarizado com as normas regulamentadoras (NRs) cujos
pressupostos incluem o trabalho do engenheiro nas equipes de SESMT. Todavia, os objetivos de médio
e longo prazo do Estado brasileiro descritos no PLANSAT preveem a adoção dessas normas para todos
os trabalhadores brasileiros. Assim sendo, o engenheiro poderá participar dos processos decisórios de
formulação de novas políticas e normas para novos setores.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011. Dispõe sobre a Política Nacional de Segurança
e Saúde no Trabalho - PNSST. Brasília: Presidência da República, 2011.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990.
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Brasília, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional
de saúde do trabalhador e da Trabalhadora. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA. ENSP. Cesteh - Centro de Estudos da
Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana. TKCSA processa pesquisadores da Fiocruz e é destaque
na imprensa. Fiocruz, 2011.
CONTEUDISTA
Ismael da Silva Costa