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AS DIVERSAS FORMAS DE ELABORAÇÃO DE UM LAUDO PERICIAL

CONTÁBIL – Semelhanças doutrinárias e normativas.

João Paulo Ferreira Neto Administrador, Contador, Especialista em Perícia


Contábil, perito contador associado a Apjep

Recife-PE - 2006

RESUMO

O laudo pericial contábil é o fruto do trabalho do profissional formado em ciências


contábeis, devidamente habilitado no Conselho Regional de Contabilidade, em que é
solicitado para emitir opinião a respeito de questões de natureza contábil
patrimonial.
O objetivo do presente trabalho é analisar as diversas formas de laudo pericial
contábil, recomendadas pelos principais pensadores sobre o tema, comparando com
as normas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Para tanto foi
utilizada uma revisão bibliográfica em alguns livros, artigos, dissertações e teses
existentes sobre o tema. Os resultados encontrados mostraram que não existe um
formato padrão para elaboração dos laudos periciais contábeis enfocando todos os
detalhes necessários para sua confecção, visto que cada autor focaliza alguns
aspectos em detrimentos de outros.

Palavras Chave: Modelos, Perícia Contábil, Laudo Pericial.

ABSTRACT

When the operators of the right excite doubts in questions of patrimonial countable
nature, request the intervention of the professional connoisseur-accountant to
elucidate the question. The counting connoisseur after to analyze the involved
documentation emits its opinion based and impartial about the facts for intermediary
of written document called countable expert report. The countable expert report to be
elaborated passes for diverse stages and in its formularization some basic
requirements are necessary, however the diverse thinkers on the subject possess
positions that are not uniforms, each one detaching one determined model. In this
article we are comparing the points of view of these thinkers as well as surveying with
the norms emitted for the Conselho Federal de Contabilidade-CFC.

Keywords: Evaluation, Models, Accounting Expertise, Expert report.


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1 – Introdução

Quando os operadores do direito suscitam dúvidas em questões de natureza


contábil patrimonial, solicitam a intervenção do profissional perito para elucidar a
questão por intermédio da perícia contábil.

A perícia contábil é uma atividade desenvolvida pelo contador devidamente


habilitado no Conselho Regional de Contabilidade e sua materialização dá-se por
meio da confecção do laudo pericial contábil.

O perito contador após analisar a documentação envolvida emite sua opinião


fundamentada e imparcial acerca dos fatos por intermédio de documento escrito
denominado laudo pericial contábil.

O laudo pericial contábil para ser elaborado passa por diversas etapas e na sua
formulação são necessários alguns requisitos básicos, porém os diversos
pensadores sobre o tema possuem posições que não são uniformes, cada um
destacando um determinado modelo.

Assim o objetivo deste trabalho é analisar as diversas formas de laudo pericial


contábil, recomendadas pelos principais pensadores sobre o tema, comparando com
as normas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, visando
identificar se existe um modelo padrão de laudo recomendado

2 – Principais contribuições e Trabalhos correlatos

2.1 – Principais contribuições

Analisar as diversas formas de elaboração de laudo pericial recomendadas pelos


principais autores sobre o tema e relacionar estas recomendações com a norma
NBC T 13, emanada pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC sobre Perícia
Contábil. É na opinião deste pesquisador a principal contribuição científica deste
trabalho.
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Além disso, procurou-se, também, aprofundar a relação entre meios de prova e a


elaboração de um laudo pericial contábil, fato que deve trazer, provavelmente, uma
contribuição positiva para o estudo do tema.

2.2 – Trabalhos correlatos

Conseguiu-se identificar os seguintes trabalhos publicados que possuem fortes


ligações com o tema tratado neste estudo:
Quadro 1
LAUDO PERICIAL
ANO R E L A T O S
1999 Creusa Maria Santos de Santana, em dissertação para obtenção do grau de Mestre em
Ciências Contábeis, enfoca, entre outros pontos que a realização da perícia contábil está
sob a responsabilidade do perito-contador, tenha ele sido nomeado pelo juiz ou contratado
pelas partes, para autuar em meio a um complexo cenário de confrontações e
interpretações técnicas e científicas, de ordem contábil-financeira, e de argumentações
jurídicas. Não obstante a complexidade do cenário, ele terá de elaborar o laudo pericial,
revelando a essência dos fatos que se encontram em discussão, contendo as informações
de que a Justiça necessita para dirimir as dúvidas suscitadas nas discussões.
2000 Sidinei Caldeira, em dissertação para obtenção do grau de Mestre em Administração,
verificou a influência do laudo pericial contábil na decisão dos juízes em processos nas
varas cíveis das comarcas de Santa Maria e Santiago/RS.
2000 Oscar Adalberto Schmidt, em dissertação para obtenção do título de Mestre em
Administração, pesquisou a qualidade da perícia contábil, e demonstrou a influência que a
qualidade das perícias contábeis tem na decisão dos juízes em ações executivas.
2001 Roberto Sérgio do Nascimento, em artigo apresentado no V ENECON, enfoca a perícia
contábil, o laudo pericial e suas características, elaboração e profissionais envolvidos.
2003 Antonio Torquato da Silva, em dissertação para obtenção do título em Mestre em
Engenharia de Produção, aborda o embasamento científico das perícias contábeis
judiciais, sobretudo as perícias cautelares, traz, também, observações sobre a metodologia
das perícias contábeis, sua estrutura e seu conteúdo, bem como apresenta uma
metodologia de elaboração de perícia contábil judicial cautelar, como também o
entendimento de patrimônio e formas de controles para salvaguarde-lo.
2004 Claudia Reis Barbalho e Everaldo Luiz de Oliveira, em artigo apresentado ao 17º.
Congresso Brasileiro de Contabilidade, demonstra, entre outros pontos, a importância da
qualidade na elaboração de um laudo, seguindo as determinações e orientações
emanadas nas normas, princípios e na Doutrina que disciplinam o assunto. Enfocam
também os requisitos necessários para um perfeita qualidade do laudo pericial contábil,
quando se evidencia a necessidade do respeito a aspectos mínimos na elaboração dessa
peça técnica de natureza científica. Por fim é feita uma análise da qualidade dos laudos
apresentados em diversas varas na Justiça Federal de primeira Instância no Estado de
Pernambuco e Justiça Estadual Vara da Fazenda , também em Pernambuco.
2005 Marco Antonio Amaral Pires, em dissertação para obtenção do título de Mestre em
Contabilidade, aborda que o laudo pericial é uma peça técnica, produzida por profissional
legalmente qualificado, que visa expressar uma opinião especializada acerca de matéria
fática para dirimir controvérsias em discussões judiciais a respeito de questões suscitadas
pelas partes.
2006 Mariano Yoshitake, Carlos Alberto Serra Negra, Elizabete Marinho Serra Negra, Marco
Antonio Amaral Pires e Nourival de Souza Resende Filho, apresentam, em artigo publicado
na Revista Pensar Contábil, vol VII, n 31, fev/mar/2006, os procedimentos que o
profissional deve desenvolver para apresentar de forma mais técnica o conteúdo de um
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laudo pericial. Apresentam de forma organizada um plano-sequência, para ao final sugerir


as etapas como elaborar metodologicamente um laudo pericial para fins judiciais.

Fonte: Elaboração própria

3 – Função social da contabilidade

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade – CFC (CFC,2006), a


contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades e, baseia-se em
conhecimentos conseguidos por metodologia racional, com as condições de
generalidade, veracidade a procura dos motivos, em nível qualitativo similar às
demais ciências sociais. A Contabilidade é uma Ciência Social com plena
fundamentação epistemológica. Por conseqüência, todas as demais classificações –
método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para serem citadas as
mais correntes – referem-se a simples aparência ou aspectos da Contabilidade,
usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões
concretas.

Dentre as diversas técnicas da contabilidade, as que se destinam à atividade de


revisão são possivelmente as que mais têm apelo social. Assim, tanto a auditoria
como a perícia, são técnicas contábeis que além de servirem como formas de
aperfeiçoamento dos registros contábeis, têm uma função social claramente
definida, em virtude do tipo de público a que se destinam. Enquanto a auditoria se
destina aos agentes econômicos: investidores, empresas e governos, a perícia tem
como destinatário um público específico que procura o judiciário para dirimir seus
conflitos.

Dessa forma, um dos campos em que a contabilidade pode exercer de forma ampla,
sua função social e ainda, auxiliar a solução de questões concretas, é dentro do
ambiente jurídico, através da perícia contábil.

4 – Ambiente jurídico
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Conforme Cintra (2005), o ambiente jurídico representa a ação do Estado como


executor das leis que são criadas pela sociedade. Na configuração moderna dos
poderes, representa o poder judiciário, que tem como objetivo aplicar as leis nas
questões apresentadas entre o Estado e o cidadão, entre os próprios cidadãos e
entre estes e o Estado.

A função do ambiente jurídico é precisamente a de harmonizar as relações sociais


com a finalidade da realização dos valores humanos com o menor sacrifício e
desgaste possível. A principal forma de se demonstrar e defender um ponto de vista
dentro do ambiente jurídico é através das provas.

5 – Meios de prova

De acordo com Silva (2005), a palavra Prova é de origem latina, (proba) e significa
demonstrar, reconhecer ou formar juízo. Afirma Houaiss e Vilar (2001) que também
pode ser definida como aquilo que tem o poder de demonstrar que uma afirmação
ou um fato são verdadeiros.

Já para Jesus (2005), a prova é a forma concreta de revelar a verdade de um


acontecimento, a confiança de um fato ou a fidedigna percepção de um objeto ou
episódio examinado. Contudo, na visão de Neto (2005), quando um litígio judicial é
iniciado, ambas as partes tentam demonstrar, com convicção, que estão com razão.
Para tanto, utilizam diversos expedientes para comprovar tal fato. Nesse momento
se instaura um processo judicial, no qual o Estado procura dar razão a quem a
possui. Para Cintra (2005), considerando-se que, os meios de prova são os veículos
pelos quais se forma o convencimento do juiz sobre os fatos controvertidos nos
autos, todas as provas admitidas no direito devem ser utilizadas, sendo a perícia
contábil, considerada uma das mais importantes provas admitidas na legislação
brasileira.

No código civil vigente, o artigo 212 disciplina a prova da seguinte forma:


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Art. 212 – Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico
pode ser provado mediante:
I – confissão
II – documento
III – testemunha
IV – presunção
V – perícia - artigo 232

Já o Código de Processo Civil, quando solicita a produção de prova, enumera as


seguintes provas habituais (artigos 332 a 443): Depoimento pessoal; Confissão;
Exibição de documento ou coisa; Prova documental; Prova testemunhal; Prova
pericial; Inspeção judicial.

Afirma Neto (2005) que a prova pericial vem à tona quando o juiz não estiver apto a
realizar a averiguação dos fatos, seja pela falta de conhecimentos técnicos ou pela
impossibilidade de obter as informações indispensáveis. Nessas condições, a tarefa
será realizada por “experts” na matéria por meio de perícia.

6 – Perícia

Segundo Houaiss e Vilar (2001), a palavra perícia é de origem latina (peritia) e,


significa conhecimento adquirido pelo uso, pela experiência, enquanto que Silva
(2005) afirma que também, significa pesquisa, exame e verificação, acerca da
verdade ou da realidade de certos fatos, por pessoas que tenham reconhecida
habilidade ou experiência na matéria de que se trata. Na perícia, de acordo com
Medeiros Junior (2006) utiliza-se do exame da vistoria e da avaliação para elucidar
um determinado assunto, e para Alberto (2002) é utilizada para demonstrar a
veracidade de situações, coisas ou fatos.

A Associação Brasileira e Normas Técnica – ABNT, através da NBR 14653-1, define


perícia como:
Perícia é a atividade técnica realizada por profissional com qualificação
específica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um bem,
apurar as causas que motivaram determinado evento, avaliar bens, seus
custos, frutos ou direitos.

Neste contexto, Sá (2005), afirma que, a prova que esclarece o juiz a respeito de
assuntos relativos ao patrimônio das entidades ou pessoas é a perícia contábil.
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7 – Perícia contábil

A perícia contábil, segundo Sá (2005) é a emissão de opinião sobre fatos ligados ao


patrimônio, utilizando-se para tanto de exames, vistorias, indagações, investigações,
avaliações, arbitramento ou quaisquer outros procedimentos técnico-contábil para
fundamentar a opinião. Assim, de acordo com Zanna (2005), a perícia contábil
judicial ou extrajudicial é utilizada para dirimir questões controvertidas específicas de
contabilidade.

Dessa forma, segundo Alberto (2002) pode-se firmar a convicção que a perícia
contábil é um meio de prova que demonstra a veracidade de fatos relacionados com
o patrimônio de quaisquer entidades e complementa Hoog (2005) sendo utilizada
para deslindar questões judiciais e extrajudiciais empregando bases científicas
contábeis, fiscais e societárias.

O CFC (2006) afirma que a perícia contábil subsidia a solução de litígios utilizando-
se o conjunto de procedimentos técnicos e científicos em conformidade com as
normas jurídicas e profissionais e a legislação pertinente. Já Pires (2006)
complementa que visa propiciar o estudo, exame e a certificação de matéria fática
vinculada à contabilidade, para que a certeza jurídica possa ser alcançada de forma
cada vez mais científica.

8 – Ciclo normal da perícia judicial

Sá (2005) afirma que o ciclo da perícia judicial envolve seu curso, em suas fases:
preliminar, operacional e final.

FASE PRELIMINAR:
 a perícia é requerida ao juiz, pela parte interessada na mesma;
 o juiz defere a perícia e escolhe seu perito;
 as partes formulam quesitos e indicam seus assistentes;
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 os peritos são cientificados da indicação;


 os peritos propõem honorários e requerem depósito;
 o juiz estabelece prazo, local e hora para início.

FASE OPERACIONAL
 início da perícia e diligências;
 curso do trabalho;
 elaboração do laudo

FASE FINAL
 assinatura do laudo
 entrega do laudo ou laudos;
 levantamento dos honorários;
 esclarecimentos (se requeridos)

O código de processo civil, disciplina a prova pericial entre os artigos 420 e 439.
Esse conjunto de regras, entre outras formalidades, explicita que esta prova se
materializa através da elaboração e entrega do laudo pericial.

9 – Laudo pericial contábil

9.1 – Laudo

A palavra laudo, de acordo com Houaiss e Vilar (2001), tem sua origem no latim
(laudare) e na linguagem atual é empregado para exprimir o parecer ou relatório dos
peritos. [3] Significa, também, texto contendo parecer técnico. Sá (2005), afirma que o
laudo é, de fato, uma declaração ou revelação de um expert, ou seja, o que entende
ele sobre um ou vários fatos, que foram submetidos ao seu exame.

9.2 – Laudo pericial


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Afirma Silva (2005), que a palavra laudo pericial é a designação dada à peça escrita
pelo perito, na qual este emite relatório de seu exame, respondendo aos quesitos
formulados e dando as suas conclusões ou parecer.

Enquanto para Pires(2006), o laudo pericial tem como finalidade demonstrar o


trabalho e as conclusões do expert, e conseqüentemente, auxiliar a decisão do
magistrado; também, é um papel de trabalho do perito visando municiar o
magistrado de informações sobre a lide, constituindo subsídios de prova que serão
empregados pelo magistrado ao pronunciar sua sentença com a adequada
fundamentação necessária para tal.

Já Medeiros Junior, afirma que o laudo pericial é o documento escrito com respostas
objetivas e fundamentadas sobre a matéria submetida a exame do especialista.

Conforme Sá (2005), no processo judicial, é prerrogativa das partes formularem


quesitos ou perguntas. Tanto o autor como o réu pode formular essas perguntas
através de seus advogados ou assistentes técnicos. O posicionamento literal do
perito sobre fatos patrimoniais devidamente circunstanciados motiva o surgimento da
peça tecnológica chamada Laudo Pericial Contábil.

9.2 – Laudo pericial contábil

De acordo com Zanna (2005), o laudo pericial contábil judicial é a prova técnica
escrita pelo perito oficial que visa dirimir pontos obscuros relacionados com o
patrimônio, complementa Medeiros Junior (2006) que este laudo deve ser exposto
ao usuário com observações e conclusões fundamentadas a respeito da matéria.

Ornelas (2003) afirma que após as fases de leitura, averiguação, busca de


informações e análise dos documentos imprescindíveis, chega a ocasião da
elaboração do laudo pericial contábil. O laudo pericial contábil pode ser percebido
sob dois pontos de vistas:
a) a materialização do trabalho pericial desenvolvido pelo perito; e
b) a própria prova pericial.
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Assim, Sá (2005) conclui que, o laudo pericial contábil é a manifestação do


profissional de contabilidade sobre coisas ou fatos submetidos à sua opinião, sendo
relevante salientar que o laudo, por ser um produto de um Especialista, para que
seja classificado como de boa qualidade, necessita conter forte argumentação
embasando as opiniões.

Enquanto que o CRC (2006) destaca que o laudo pericial contábil é um documento
escrito que relata os aspectos e detalhes da realização da perícia elaborada pelo
profissional de nível superior, com habilitação em ciências contábeis, devidamente
registrado no Conselho Regional de Contabilidade, o qual necessita de propriedades
fundamentais para explicitar a exatidão científica e/ou tecnológica, coerência das
afirmações e acolhimento do objeto que foi discutido, em sua extensão e densidade.

De acordo com Alberto (2002), o laudo pericial contábil é sempre uma peça escrita e
deve apresentar nitidamente as circunstâncias de sua preparação, mostrando ao
usuário as observações e estudos efetuados sobre o assunto, especialmente, os
embasamentos e as conclusões a que chegou. Os laudos devem conter certos
aspectos e têm características essenciais razoavelmente delimitadas.

Já para Ornelas (2003), o conteúdo do laudo pericial contábil, independente do


grande ou pequeno número de capítulos em que for disposto, deve conter duas
grandes partes: urna expositiva, outra conclusiva, ou seja, relatório e parecer. No
relatório, o perito descreve e dá conhecimento de tudo o que ocorreu no trabalho de
campo, o objeto da perícia, o desenvolvimento do trabalho pericial, ao passo que a
segunda parte será a das conclusões a que chegou o perito, ou seja, seu parecer
técnico.

10 – Estruturas dos laudos periciais contábeis

De acordo com Sá (2005), não existe padrão definido de um laudo, todavia existem
formalidades que devem compor a estrutura do mesmo.
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Apresenta-se a seguir, a visão de 3 renomados peritos além das recomendações do


Conselho Federal de Contabilidade.

10.1. Na visão de Sá (2005), um laudo deve conter pelo menos os seguintes


elementos:
 Prólogo de encaminhamento;
 Quesitos;
 Respostas;
 Assinatura do perito;
 Anexos;
 Pareceres (se houver).

a) O prólogo de encaminhamento deve conter a identificação e o pedido de


anexação aos autos. Por isto é encaminhado ao Juiz, identificada a Vara, a
Comarca, o número do processo os autores e os réus, a natureza da ação, bem
como o perito (nos casos judiciais).
Se o laudo é de Perícia Administrativa ou de outro gênero, será dirigido a quem o
solicitou, identificando-se o motivo.

b) Os Quesitos - no caso judicial, os quesitos são agrupados em: quesitos do juiz,


quesitos dos autores e quesitos dos réus. No caso administrativo, os quesitos são
agrupados pelas áreas de importância que foram objeto de indagação (que podem
ser setores da empresa, grupo de pessoas, filiais, agentes etc.).

c) As respostas devem suceder-se aos quesitos.

d) O perito deve apor a sua assinatura

e) Os anexos "ilustram" as respostas, para impedir que se tornem prolixas ou,


então, fortalecem uma opinião.

f) Os Pareceres de outros especialistas ou de notáveis podem ser solicitados com a


finalidade de reforçar a opinião do perito ou até para suplementá-la e, nesse caso,
permanecem junto ao laudo.
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Para Sá (2005), os laudos devem terminar com a identificação dos destinatários, do


perito, das questões que foram formuladas e apresentar respostas pertinentes e bem
fundamentadas, juntando-se tudo o que possa esclarecer o assunto tratado nas
respostas ou nas opiniões proferidas.

10.2. Na visão de Ornelas (2003), estruturar o conteúdo do laudo pericial contábil de


forma coerente e tecnicamente exata, força o perito a refletir criativamente como
apresentar urna peça técnica inteligível para seus leitores, com qualidade técnica
perfeita, que permita, por meio de sua leitura, entender os detalhes do processo, os
fatos controvertidos que demandaram o próprio pedido ou deliberação da prova
técnica, bem assim a certificação positiva ou negativa desses mesmos episódios.
O perito deve apresentar o laudo agrupando-o em tópicos e subtópicos, de acordo
com a seguinte estrutura:
 Considerações Preliminares;
o Aspectos gerais do laudo
 Pedido da inicial
 Contestação
 Diligências Realizadas
o Trabalho de campo
o Termo de início da perícia
o Ocorrências
 Principais procedimentos técnicos
o Exames efetuados
o Responsabilidade técnica do perito
 Quesitos
o Respostas aos quesitos do juízo (se houver)
o Respostas aos quesitos das partes (se houver)
o Abordagem da questão técnica
 Considerações finais
o Fatos observados
o Conclusão
 Encerramento
o Número de folhas
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o Anexos
o Documentos juntados
o Data
o Assinatura

a) Considerações Preliminares É introdução da peça técnica pericial, ou seja, a parte


destinada ao relatório pericial.

a.1) Aspectos gerais do laudo


a.1.1) Pedido da inicial – É descrito, resumidamente, o pedido formulado pelo
autor da ação constante da peça Inicial.
a.1.2) Contestação: O perito informa, de forma sucinta, os fatos narrados e
sua contestação, aspectos essenciais para a identificação da controvérsia
levada a Juízo ou Tribunal Arbitral e, por conseguinte, traz à luz os contornos
e limites do trabalho pericial. Neste momento tem-se a necessidade da leitura
atenta dos autos do processo.

b) Diligências Realizadas: Devem ser relatadas neste tópico as diligências realizadas


pelo perito.
b.1) Trabalho de campo: É a ocasião de se dar conhecimento dos principais
eventos, e fatos de como foi desenvolvido o trabalho de campo.
b.2) Termo de início da perícia::Quando do início dos trabalhos periciais é
necessário ao perito lavrar o termo de ciência às partes da data e local de
início da prova que passa a ser a comprovação do início da perícia e o
conhecimento das partes.
b.3) Ocorrências: As ocorrências verificadas quando da realização da
diligência devem ser registradas no termo de diligência, que é prova essencial
de que o perito efetivou a diligência e que solicitou a exibição de
determinados livros e documentos. É também pertinente relatar aqui
eventuais ocorrências que, por acaso, tenham acontecido.

c) Principais procedimentos técnicos:


c.1) Exames efetuados: Abordar neste tópico de forma breve, os principais
procedimentos técnicos empreendidos pelo perito, como também os exames
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efetuados, na direção de solucionar, de modo adequado, as questões


técnicas.submetidas a sua avaliação.
c.2) Responsabilidade técnica do perito: Na amplitude de seu trabalho técnico
referenciando, o perito deve colocar algumas fronteiras como também, apor
os dispositivos das Normas Técnicas de Perícia Contábil e Funcionais do
Perito, que tratam esse assunto.

d) Quesitos: Quando os assuntos técnicos objeto do litígio são desenvolvidas


mediante perguntas formuladas pelo magistrado, pelas partes, por uma das partes
apenas, ou pelo tribunal arbitral, o perito observará algumas regras básicas.
d.1) Respostas aos quesitos do juízo (se houver) Considerando a hierarquia,
são respondidos em primeiro momento os quesitos formulados pelo
magistrado.
d.2) Respostas aos quesitos das partes (se houver) A respostas dos quesitos
ofertados pelas partes devem ser na mesma ordem em que foi juntada nos
autos do processo.
Outro requisito deve ser observado, as respostas aos quesitos devem ser
pontualmente na mesma ordem de sua formulação, ou seja, do primeiro até o
derradeiro sem nenhuma alternância.
O perito deve abster-se de responder aqueles quesitos que fogem de sua
competência técnica.
d.3) Abordagem da questão técnica: Na ausência da formulação de quesitos,
o perito, necessariamente deve abordar de maneira original e tecnicamente
adequada tendo em vista os assuntos polêmicos que deram origem a
solicitação da prova técnica.

e) Considerações finais: O perito demonstra, resumidamente, os fatos observados,


suas conclusões.
e.1) Fatos observados: O expert apresenta explanações técnicas de questões
nascidas no transcorrer do trabalho pericial relacionadas com o objeto da
perícia, considerando seus limites técnicos, que não foram abordados nos
quesitos oferecidos nos autos.
e.2) Conclusão: A conclusão deve responder de forma clara e objetiva as
questões de motivaram o surgimento da perícia.
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f) Encerramento: Parte do laudo em que o perito dá por finalizado o trabalho, nele


deve constar no mínimo as seguintes informações:
f.1) Número de folhas: inventário da quantidade de folhas que compõem o
laudo pericial contábil.
f.2) Anexos: São as demonstrações construídas pelo perito para esclarecer
determinadas respostas ou para confirmar cálculos e apuração de valores.
f.3) Documentos juntados: São documentos que foram utilizados para suporte
aos questionamentos da perícia, os quais não se encontravam acostados nos
autos do processo.
f.4) Data
f.5) Assinatura

Por fim, Orlenas (2003) conclui que a condição de que o laudo pericial contábil deva
ser circunstanciado é evidente. Se o laudo é a compilação de tudo o que foi
verificado pelo perito, como também de seu parecer, deve o mesmo ter o poder de
persuasão que provem as razões técnicas de que se vale para ponderar suas
conclusões.

10.3. De acordo com Alberto (2002), o laudo, assim, deve conter, se possível nesta
ordem, o seguinte:
 Abertura;
 Considerações Iniciais;
 Determinação e descrição do objeto e dos objetivos da perícia;
 Informação da necessidade ou não de diligências;
 Exposição dos critérios, exames e métodos empregados no trabalho;
 Considerações Finais;
 Transcrição e respostas aos quesitos formulados;
 Encerramento do laudo, e
 Anexos e documentos.

a) Abertura: Deve conter a indicação para quem a perícia é dirigida, a indicação do


processo e das partes envolvidas no litígio e a identificação do perito, sua
qualificação inclusive com o seu número de registro em seu conselho de classe.
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b) Considerações Iniciais; A demonstração de quando e por quem foi motivada a


perícia contábil.
A citação das técnicas preliminares relativas ao exame dos documentos
disponibilizados nos autos para verificação, e se é indispensável ou não da
realização de diligências.

c) Determinação e descrição do objeto e dos objetivos da perícia: Pode ser uma ou


várias as questões que necessitem da prova, ou algo que se queira liquidar. Deve
ser demonstrado o objetivo da prova pericial, ou seja, qual a intenção da realização
da perícia, sua utilidade e o uso que se fará dela.

d) Informação da necessidade ou não de diligências; Caso não seja imperativa a


realização de diligências, informar os elementos principais já acostados aos autos
que servirão de base para a análise ou verificação. Se houve necessidade de
diligências, informar o seu desenvolvimento e quais os dados pesquisados e
inspecionados in loco ou conseguidos pela perícia.

e) Exposição dos critérios, exames e métodos empregados no trabalho: Descrever e


expor as análises realizadas, as técnicas utilizadas pela perícia, os métodos
aplicados e os raciocínios elaborados e que embasaram a conclusão pericial.

f) Considerações Finais; O perito deve demonstrar, a formalização do resumo e das


conclusões a que a perícia chegou, exprimindo a opinião técnica do expert a
respeito da totalidade da matéria em pauta, dar liquidez à decisão ou servir de
subsídio para a apreciação, judicial ou extra judicial e por fim indicar se há ou não
quesitos a serem respondidos.

g) Transcrição e respostas aos quesitos formulados; Quando existir quesitos, estes


devem ser transcritos literalmente como formulados, inclusive com erros ortográficos
e respondidos de forma circunstanciada, na ordem em que deram entrada nos autos
do processo, se possível conservando a pergunta e a resposta na mesma página do
laudo.
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As respostas devem ser proferidas com clareza e detalhe suficiente para serem
compreendidas. As respostas em simples "sim" e "não" devem ser terminantemente
evitadas.

h) Encerramento do laudo, e O encerramento do laudo deve ser simples e objetivo,


contendo no mínimo: a descrição da constituição física do laudo, como quantidade
de páginas, textos, anexos etc., indicando se foram rubricados ou não. A localidade
e a data em que o laudo foi concluído, a assinatura do perito, bem como sua
identificação: nome, qualificação profissional, numero de inscrição no CRC e sua
função nos autos (perito do juízo, assistente técnico).

i) Anexos e documentos. Os anexos que demonstram e detalham a forma de apurar


os valores, devem ser identificados, numerados e rubricados pelo perito. Os
documentos que o expert considerar imprescindíveis ao esclarecimento do trabalho
técnico, devem ser acostados aos autos devidamente identificados e numerados. [8]

10.4. Segundo o CFC (2006), o Laudo Pericial Contábil deve dispor, no mínimo, a
seguinte estrutura:
 identificação do processo e das partes;
 síntese do objeto da perícia;
 metodologia adotada para os trabalhos periciais;
 identificação das diligências realizadas;
 transcrição dos quesitos;
 respostas aos quesitos;
 conclusão;
 outras informações, a critério do perito-contador, que sejam imprescindíveis
para esclarecer ou apresentar o laudo pericial;
 rubrica e assinatura do perito-contador, e número de inscrição no CRC.

Finaliza o CFC (2006) que na conclusão o perito pode apresentar alternativas de


valores, de acordo com a tese das partes, permitindo ao juiz julgar a mais
conveniente. Pode também, se for o caso, apenas elucidar o objeto da perícia sem a
necessidade de quantificar valores. Na conclusão, o expert pode fazer referências às
respostas demonstradas nos quesitos;
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A seguir, demonstra-se, através de uma tabela comparativa a estrutura de laudo


pericial recomendada pelos três renomados peritos acima citados, comparada com o
contido na norma de perícia NBT-3 emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade.
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Tabela resumo da estruturação de laudos pericial

Autores pesquisados
Item Descrição
Lopes de Sá Ornelas Palombo CFC

1.0 Abertura
1.1 Indicação a quem a perícia é dirigida X X
1.2 Indicação do processo X X X
1.3 Indicação das partes X X X
1.4 Identificação do perito X X
1.5 Qualificação do perito X
Número do registro em seu conselho de
1.6 X
classe
2.0 Considerações Preliminares
2.1 Pedido da inicial X
2.2 Contestação X
2.3 Posicionamento do juizo
Identificação de quem e quando
2.4 X
solicitou a perícia
2.5 Identificação do objeto da perícia X X
Constação da existência nos autos da
2.6 documentação necessária para o X
trabalho
3.0 Trabalho em campo
3.1 Termo de início de perícia X
3.2 Diligências X X X
3.3 Ocorrências X X
Metodologia adotada para os
4.0
trabalhos periciais
4.1 Limites e responsabilidades do perito X X
4.2 Análises realizadas X X X
4.3 Métodos aplicados X X X
4.4 Resultado da aplicação das técnicas X X
5.0 Quesitos
5.1 Transcrição dos quesitos do juizo X X X X
5.2 Respostas aos quesitos do juizo X X X X
5.3 Transcrição dos quesitos das partes X X X X
5.4 Respostas aos quesitos das partes X X X X
6.0 Considerações Finais
6.1 Fatos observados X X X
6.2 Conclusões X X X
7.0 Encerramento
7.1 Apêndices (se houver) X X X
Anexos (documentos juntados) (se
7.2 X X X
houver)
Parecer de outro profissional (se
7.3 X
houver)
7.4 Número de folhas X X
7.5 Local X
7.6 Data X X
7.7 Assinatura do perito X X X X
7.8 Nome do perito X
7.9 Qualificação do perito X X
7.10 Número de inscrição no CRC X X
7.11 Função nos autos (perito ou assistente) X
7.12 Descrição do(s) apêndice(s) X
7.13 Descrição do(s) anexo(s) X
7.14 Descrição do(s) parecere(s)

Tabela1: Elaboração própria


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11 – Estética dos laudos periciais contábeis

Segundo Ornelas (2003), o laudo pericial contábil é a solidificação de todo o


empenho técnico empregado pelo perito; portanto, o perito deve valorizá-lo,
disponibilizando-o de forma bem apresentada. Não basta demonstrar conteúdo
correto e fidedigno; é fundamental cuidar de sua apresentação para, inclusive,
valorizar o próprio conteúdo.

A estética do laudo pericial contábil envolve dois aspectos a serem ponderados pelo
perito:

Forma gráfica: Além do conteúdo o perito deve preocupar-se com a forma gráfica e
apresentar um trabalho primoroso em sua forma visual sendo atrativo para seus
leitores.
O documento deve ser disposto levando-se em consideração uma margem esquerda
de no mínimo três centímetros e de 1,5 centímetro de margem direita e margens
superiores e inferiores de 2,5 centímetros cada uma. A margem esquerda é
fundamental na apresentação do trabalho, pois o laudo pericial contábil, quando
juntado aos autos, caso não tenha essa margem, ficará sem espaço adequado
causando prejuízo na sua leitura, já que parte do texto ficará oculta.

O tamanho da letra e o espaçamento entre linhas também são objetos facilitadores e


devem conter a seguinte padronização: para o texto normal o tamanho 12,
enquanto, para os títulos de cada capítulo, o tamanho 14. No que diz respeito ao
espaçamento entre linhas recomenda-se o espaço de um e meio. Quanto a fonte de
formatação, recomenda-se a utilização da “Times New Roman” ou “Arial”.

Fácil leitura: O perito deve oferecer o laudo pericial contábil de forma a possibilitar
uma leitura fácil e compreensão de todos os interessados. A título de exemplo, no
momento de responder os quesitos, o perito deve transcrever as perguntas
formuladas e em seguida oferecer a sua resposta.
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De acordo com o CFC (2006), a linguagem adotada pelo perito deve ser
compreensível aos interlocutores, permitindo aos julgadores e às partes do pleito,
conhecimento e interpretação dos resultados dos trabalhos periciais contábeis. Os
termos técnicos utilizados devem trazer as informações de modo claro o e cristalino
Devem ainda, se necessário, ser acompanhados de esclarecimentos adicionais,
sendo aconselhados o emprego daqueles de maior domínio público.

12 – Requisitos de laudos periciais contábeis

De acordo com Sá (2005), para que um laudo possa classificar-se como de boa
qualidade, é necessário, pelo menos conter os seguintes requisitos:

 Objetividade;
 Rigor Tecnológico;
 Concisão;
 Argumentação;
 Exatidão;
 Clareza

A objetividade é um princípio que se sustenta no preceito acolhido pelas ciências,


ou seja, a exclusão do julgamento em bases "pessoais", ou "subjetivas". A opinião
de um contador não é guiada no que ele "supõe ", mas no que ele "aprendeu" ou
"absorveu" como ciência. Em seu laudo, o perito não deve desviar do assunto
principal, mas de forma real, ater-se ao objeto, respeitando sua especialidade de
conhecimentos.

O Rigor tecnológico determina que o perito deve limitar-se ao que é legitimado


como científico na área de sua especialidade.
O rigor tecnológico já elimina, por si, o "subjetivo".
Em contabilidade existe um grande número de doutrinas e de normas em que o
perito pode obter fundamentos para exprimir suas opiniões.
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A concisão requer que as respostas sejam diretas e evitem expressões e


exposições desnecessárias ao episódio. Contudo não deve chegar ao extremo da
supressão dos argumentos.

A respeito da argumentação o perito deve afirmar por que concluiu ou em que se


fundamenta para prestar sua opinião

No que tange à exatidão, ela é qualidade primordial de um laudo.


O perito não deve "supor", mas só assegurar quando tem incondicional garantia
sobre o que opina. O laudo não é uma comunicação que se fundamenta apenas na
experiência, pois isto não cabe em peças tecnológicas e, sim deve basear-se em
materialidade da essência contábil.

A clareza é imprescindível, pois uma resposta deve ser isenta de dúvidas, como
também ter a abrangência completa naquilo que se indaga.

Para o CFC (2006), o Laudo Pericial Contábil deverá ser um trabalho técnico,
elaborado pelo perito contador, escrito de forma objetiva, clara, precisa, concisa e
completa.

13 – Limites da pertinência da opinião no laudo pericial contábil

Sá (2005) afirma que o perito do juízo tem por encargo primordial oferecer norte para
a decisão do magistrado. Em determinadas ocasiões a orientação transcende a
fronteira dos quesitos formulados, portanto o perito contábil, por desempenho ético
de sua profissão deve ir alem do que solicitam os temas abordados pelas partes e
adicionar algo mais que possa colaborar para a deliberação do juízo.

14 – Recomendações para novos trabalhos

No decorrer da elaboração do artigo este articulista sentiu a necessidade da


realização de uma pesquisa mais ampla com a finalidade de sugerir um modelo de
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laudo pericial contábil enfocando todos os detalhes envolvidos em um laudo, visto


que cada autor enfoca um detalhe diverso que se complementam como um todo.

Entretanto, seria pretensioso para o autor apresentar um modelo padrão de laudo


pericial. Percebe-se, assim que, tal como ocorre com parecer do auditor seria
necessário que houvesse um padrão para os laudos periciais, ainda que se
permitisse variações pessoais, pois tal medida possibilitaria uma melhoria expressiva
nos trabalhos apresentados e ainda, permitiria a existência de laudos mais focados
nos objetivos.

15 – Conclusão

Pelo que se pode observar, examinando-se o que recomendam três dos mais
ilustres peritos brasileiros e as próprias normas emanadas pelo CFC, apesar de
existirem elementos imprescindíveis e comuns a todos os modelos, e como também
em virtude de não haver qualquer tipo de fiscalização ou controle sobre seu trabalho,
o perito contábil goza de ampla liberdade para elaborar o seu laudo.
Assim, concluí-se que não existe um formato padrão para elaboração do laudo
pericial contábil, mas o perito deve ter como objetivo principal, orientar a decisão do
magistrado e, para tanto, precisa apresentar sua opinião com clareza,
fundamentação e argumentação objetiva, se comprometendo com os resultados que
obteve e com a conclusão que apresentou.
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REFERÊNCIAS:

1 CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas


Brasileiras de Contabilidade. Brasília-DF: CFC, 2006, p.18.

2 ORNELAS, Marinho Maurício Gomes de. Perícia contábil. 4ª. Ed. São Paulo:
Atlas, 2003 p. 63.-93

3 SILVA, De Plácido e, Vocabulário Jurídico. 26ª.ed. Rio de Janeiro: Companhia


Editora Forense, 2005, p 819-1125.

4 HOUAISS, Antonio e VILAR, Mauro de Sales, Dicionário Houaiss da Língua


Portuguesa. 1ª. Reimpressão, Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001, p 1730-2320.

5 JESUS, Fernando de, Perícia e Investigação de Fraude. 3ª.ed. Goiana. AB


Editora, 2005 p. 1.

6 NETO, Francisco Maia. A Prova Pericial no Processo Civil. 1ª.ed. Belo


Horizonte. Del Rey Editora, 2005. p 14-16.

7 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo et all. Teoria Geral do Processo. 22ª. ed. São
Paulo, Malheiros Editores, 2005 p 25-371.

8 MEDEIROS JUNIOR, Joaquim da Rocha e FIKER, José. A Perícia Judicial: Como


redigir laudos e argumentar dialeticamente. 2ª. ed. São Paulo: Livraria e Editora
Universitária de Direito, 2006 p 19 41.

9 ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 3ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2002
p. 19-123.

10 SÁ, Antonio Lopes de. Perícia Contábil. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas,
2005. p. 14-63

11 ZANNA, Temo Dalla. Prática de perícia contábil. 1ª. ed. São Paulo: IOB, 2005,
p.21-143.

12 HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova Pericial Contábil – Aspectos Práticos &
Fundamentais. 4. ed. rev. e ampl. Curitiba: Juruá, 2005. p 47

13 CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas


Brasileiras de Contabilidade de Auditoria e Perícia, Brasília: CFC, 2006 p. 382-
394.

14 PIRES, Marco Antônio Amaral. Laudo Pericial contábil na decisão judicial.


1.ed. Curitiba. Juruá, 2006. p 63.

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