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Faculdade Assis Gurgacz

Especialização em engenharia de avaliações e perícias

Disciplina: Perícia Ambiental

30 horas

Março de 2015

Profª Arqª Drª Solange Irene Smolarek Dias


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Faculdade Assis Gurgacz
Especialização em engenharia de avaliações e perícias

SUMÁRIO

PLANO DE ENSINO _________________________________________________ 6


PLANEJAMENTO DE AULAS __________________________________________ 9

1º MÓDULO _______________________________________________________ 10

A. AVALIAÇÕES E PERÍCIAS _______________________________________ 11


1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS _________________________________ 11
1.1 Dispositivos processuais _____________________________________ 11
1.2. Diferenças entre laudos, avaliações e perícias ___________________ 13
2. PERÍCIA AMBIENTAL__________________________________________ 13
3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL _____________________________________ 15
4. LAUDOS PERICIAIS ___________________________________________ 15
4.1. Modelo de Laudo Pericial ____________________________________ 17
5. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DO PERITO _______________________ 18

B. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PERÍCIA AMBIENTAL ___________________ 21


1. MÉTODOS AMOSTRAIS E PROSPECTIVOS _______________________ 21
2. MÉTODOS ANALÍTICOS _______________________________________ 23
3. MÉTODOS BIOLÓGICOS_______________________________________ 26
4. MÉTODOS MATEMÁTICOS _____________________________________ 28
5. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA _________________________ 32
5.1. Valoração econômica de impactos ambientais ____________________ 36
5.2. Método da Produtividade Marginal _____________________________ 36
5.3. Despesas de Reposição _____________________________________ 36
5.4. Despesas de Relocalização __________________________________ 36
5.5. Despesas de Prevenção/Mitigação ____________________________ 37
5.6. Despesas de Proteção ______________________________________ 37
5.7. Método de Custo de Viagem _________________________________ 37
5.8. Método de Preços Hedônicos _________________________________ 38
5.9. Método da Valoração Contingente _____________________________ 38
5.11. Grupos de impactos ambientais ______________________________ 39
6. MÉTODOS DE QUALIFICAÇÃO DE AGRAVOS AMBIENTAIS __________ 39

C. LEGISLAÇÕES, FERRAMENTAS E CASOS _________________________ 43


1. CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO ______________________________ 43
2. PLANO DIRETOR DE CASCAVEL ________________________________ 43
3. GEOPORTAL DE CASCAVEL ___________________________________ 43
4. SHOPPING CATUAI – CASCAVEL/PR ____________________________ 43

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2º MÓDULO _______________________________________________________ 44

A. SUBSÍDIOS PARA A AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS


_______________________________________________________________ 45
1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS _________________________________ 45
2. IMPACTOS AMBIENTAIS NO PRESENTE _________________________ 46
2.1. Tipos de recursos naturais ___________________________________ 47
3. DANOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA EXPLORAÇÃO DE RECURSOS
NATURAIS ____________________________________________________ 51
3.1 Danos nas encostas ________________________________________ 52
3.2. Danos nos corpos líquidos ___________________________________ 53
3.3. Danos nas áreas urbanas ____________________________________ 55
3.4. Danos nas áreas rurais______________________________________ 55
4. FORMA DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. MANEJO ADEQUADO E
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS _________________________ 57
5. IMPACTOS AMBIENTAIS DE PROJETOS __________________________ 59
5.1. Impactos ambientais do ciclo de vida do produto __________________ 60
5.2. Impactos ambientais do ciclo de vida da instalação ________________ 62
5.3. Impactos ambientais de acidentes _____________________________ 63
5.4. Papel da análise de risco ambiental ____________________________ 64
6. ESTIMATIVA DE CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS __________________ 67
6.1. Critério de valor mínimo _____________________________________ 68
6.2. Operações normais ________________________________________ 68
6.3. Acidentes ________________________________________________ 69
7. MODELOS DE VALORAÇÃO ____________________________________ 71
7.1. Princípio do poluidor-pagador _________________________________ 71
7.2. Modelo da disposição-a-pagar ________________________________ 72
7.3. Modelo da disposição-a-receber ______________________________ 72
7.4. Modelo de custo-de-viagem __________________________________ 72
7.5. Modelo de valoração mercantil ________________________________ 72
7.6. Modelo de preço hedônico ___________________________________ 73
7.7. Modelo de avaliação direta ___________________________________ 73
7.8. Títulos de poluição ambiental _________________________________ 73
8. ANÁLISES CONCLUSIVAS _____________________________________ 74

B. PERÍCIA DO SEGURO AMBIENTAL ________________________________ 75


1. SEGURO AMBIENTAL _________________________________________ 76
1.1. Responsabilidade civil por danos ambientais _____________________ 76
1.2. Cobertura do seguro ________________________________________ 77
1.3. Rede de cobertura de riscos ambientais ________________________ 80
2. RISCOS, ACIDENTES, DANOS E CUSTO AMBIENTAL _______________ 83
2.1. Acidente ambiental _________________________________________ 83
2.2. Riscos de acidentes ________________________________________ 84
2.3. Avaliação de risco ambiental em empreendimentos marítimos _______ 85
2.4. Riscos de incêndio em unidades de conservação _________________ 86

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C. QUESITOS JUDICIAIS __________________________________________ 87


PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DO PERITO _________________________ 89

D. MATERIAL DE APOIO_____________________________________________ 91

REFERÊNCIAS ____________________________________________________ 91

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APRESENTAÇÃO

O Curso de pós-graduação lato sensu em Engenharia de Avaliações e Perícias da


Faculdade Assis Gurgacz insere-se na área de conhecimento das Engenharias. Em
sua proposta de formação conta com a disciplina motivadora da presente
publicação, qual seja: Perícia Ambiental. A disciplina possui trinta horas, abarcando
conhecimentos teóricos, exercícios e estudos de caso.

Visando atingir os conteúdos programáticos da disciplina nos conteúdos teóricos,


apresenta-se no presente trabalho trechos de publicações referenciadas. Destaca-se
que, pela amplitude e grau de imersão da bibliografia e webgrafia utilizada, os
trechos ora apresentados estão longe de esgotar a totalidade dos conteúdos das
obras originais. Por tal razão recomenda-se, para ações prático-profissionais e
estudos acadêmicos específicos, a leitura das fontes nos originais.

Cascavel, 26 de março de 2015

Solange Irene Smolarek Dias

Profª Arqª Drª Solange Irene Smolarek Dias


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PLANO DE ENSINO
CURSO HABILITAÇÃO PERÍODO

Especialização 2015/1
Engenharia de Avaliações e Perícias

CÓDIGO DISCIPLINA CARGA HORÁRIA

Perícia ambiental 30 horas

DOCENTE Solange Irene Smolarek Dias


EMENTA:
Conceitos de avaliações e perícias. Responsabilidade civil por danos ambientais. Métodos quantitativos aplicados à perícia
ambiental Tecnologias e técnicas de campo aplicadas na avaliação ambiental. Legislação e regulação ambiental no Brasil:
Código Florestal. Procedimentos para o desenvolvimento de uma perícia ambiental.
OBJETIVOS
Contextualizar, conceituar e discutir a importância da Perícia Ambiental. Conhecer e exercitar métodos e técnicas de Perícia
Ambiental. Relacionar os conteúdos da disciplina Perícia Ambiental com os demais saberes do curso Engenharia de
Avaliações e Perícia.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1º módulo:
A. Avaliações e perícias
Dia 10/04/15: aula expositiva dialogada, com uso de multimídia, contemplando:
1. Conceitos introdutórios
2. Perícia ambiental
3. Legislação ambiental
4. Laudos Periciais
5. Procedimentos Técnicos do Perito
B. Métodos e técnicas de perícia ambiental
Dia 11/04/15 no período da manhã: estudos dos métodos em grupos de alunos, contemplando:
1. Métodos Amostrais e Prospectivos
2. Métodos Analíticos
3. Métodos Biológicos
4. Métodos Matemáticos
5. Métodos de Avaliação Econômica
6. Métodos de Qualificação de Agravos Ambientais
C. Legislações, ferramentas e casos
Dia 11/04/15 no período da tarde, contemplando:
1. Apresentação da Lei Federal nº 12651.2012_Codigo Florestal
2. Conceito de Plano Diretor
3. O caso de Cascavel-Pr: Plano Diretor e Geoportal
4. Estudos de Laudos Periciais Ambientais
2º módulo:
A. Subsídios para a avaliação econômica de impactos ambientais
Dia 24/04/15: aula expositiva dialogada, com uso de multimídia, contemplando:
1. Conceitos Introdutórios
2. Impactos Ambientais no Presente
3. Danos Ambientais Causados pela Exploração de Recursos Naturais
3.1 Danos nas Encostas
3.2 Danos nos Corpos Líquidos
3.3 Danos nas Áreas Urbanas
3.4 Danos nas Áreas Rurais
4. Forma de Degradação Ambiental, Manejo Adequado e Recuperação de Áreas Degradadas
5. Impactos Ambientais de Projetos
5.1 Impactos Ambientais do Ciclo de Vida do Produto
5.2 Impactos Ambientais do Ciclo de Vida da Instalação

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5.3 Impactos Ambientais de Acidentes


5.4 Papel da Análise de Risco Ambiental
6 Estimativa de Consequências Ambientais
6.1 Critério do Valor mínimo
6.2 Operações Normais
6.3 Acidentes
7 Modelos de Valoração
8 Análises Conclusivas
B. Perícia do Seguro ambiental
Dia 25/04/15 no período da manhã: aula expositiva dialogada, com uso de multimídia, contemplando:
1. Seguro Ambiental
1.1 Responsabilidade Civil por Danos Ambientais e a Cobertura do Seguro
1.2 Cobertura do Seguro
1.3 Rede de Cobertura de Riscos Ambientais
2. Riscos, Acidentes, Danos e Custo Ambiental
2.1 Acidente Ambiental
2.2 Riscos de Acidentes
2.3 Avaliação de risco Ambiental em empreendimentos Marítimos
2.4 Riscos de Incêndio em Unidades de Conservação
C. Quesitos judiciais
A ocorrer no dia 25/04/15 no período da tarde, contemplando:
1. Exercício de resposta a quesitos judiciais
2. Exercício de posicionar-se como assistente técnico e/ou perito judicial
METODOLOGIA DE ENSINO
Recursos metodológicos:
• aulas expositivas dialogadas;
• pesquisa bibliográfica e webgráfica;
• leituras dirigidas em sala de aula;
• estudos de casos;
• elaboração de exercícios;
• orientação dirigida para a abordagem teórico-conceitual sobre os temas desenvolvidos.
Recursos materiais:
• Quadro
• Expositor multimídia
• Bibliografia básica e complementar
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação do aluno na disciplina ocorrerá em dois momentos (1º e 2º módulos), cada um deles com peso de 50% na
avaliação final de seu desempenho e nos seguintes critérios:
• Presença em sala de aula = 50%
• Participação efetiva do acadêmico em sala de aula = 50%

BIBLIOGRAFIA
BÁSICA:
ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. Perícia ambiental, judicial e securitária: impacto, dano e passivo ambiental. 1. ed. 2.
reimp. Rio de Janeiro: Thex, 2008.
CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antonio José Teixeira (organizadores). Avaliação e perícia ambiental. 9. ed. Rio de
Janeiro: Bertand Brasil, 2009.
MAIA NETO, Francisco. Roteiro prático de avaliações e perícias judiciais. Belo Horizonte: Del Rei, 1997.

COMPLEMENTAR:
ARIZA, Camila Guedes; SANTOS, Douglas Gomes dos. Qualidade ambiental e planejamento urbano. In: Caminhos de
Geografia Uberlândia v. 9, n. 26 Jun/2008 p. 224 - 242 Disponível em: <http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html>
Acesso em 30mai.2009.
CARDOSO, Artur Renato Albeche; STEIGLEDER, João Paulo; BARBOSA, Nilo. Ação Civil Pública Nº 037/1.04.0002993-4.
Porto Alegre, 2008. Disponível em:< http://4ccr.pgr.mpf.gov.br/documentos-e-publicacoes/cursos/curso-de-valoracao-
do-dano-ambiental/Laudo_Uruguaiana_1.pdf> Acesso em 07 set 2012.

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CÉSAR, Rogério. Avaliação do Estudo De Impacto Ambiental (EIA) Da Usina Vale Verde Empreendimentos Agrícolas,
Município de Goiatuba. Goiânia: Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente Perícia Ambiental, 2007.
Disponível em: < http://www.mp.go.gov.br/nat_sucroalcooleiro/Documentos/documentos_art/15.pdf > Acesso em 07 set
2012.
COSTA, Marcos Vasconcelos; CHAVES, Paulo Sérgio Viana; OLIVEIRA, Francisco Correia de. Uso das Técnicas de
Avaliação de Impacto Ambiental em Estudos Realizados no Ceará. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação – Uerj – 5 a 9 de setembro de 2005. Rio de Janeiro: Intercom, 2005. Disponível em:
<gestaoambiental.catolica-to.edu.br/.../AIA%20-%20TIPOS.pdf > Acesso em 26 jul. 2009.
DANTAS, Rubens Alves. Engenharia de avaliações: uma introdução à metodologia científica. São Paulo: Pini, 1998.
FECOMBUSTÍVEIS. Seguro ambiental precisa sair do papel. Disponível em: <www.fecombustiveis.org.br/revista/meio-
ambiente/seguroambiental-precisa-sair-do-papel.html> Acesso em 25 abr.2009.
GONZÁLEZ, Marco Aurélio Stumpf. Laudo pericial judicial. UNISINOS [s.d.] Disponível em:
<www.exatec.unisinos.br/~gonzalez/valor/pericias/laudo.html> Acesso em: 06 jun. 2009
LEITE, Mauro. Os desafios do seguro ambiental. In: O mundo da usinagem. Ed 8/2007, pgs 36 a 38. Disponível em: <
http://www.omundodausinagem.com.br/edicoes/2007/8/36-39> Acesso em 30mai.2009.
NIPA. Glossário. In: Núcleo Interdisciplinar de Perícia Ambiental. Disponível em: <http://www.nipa.com.br/glossario.php>.
Acesso em: 25abr.2009.
PINTO, Monica. Projeto de Lei obriga empresas a contratar seguradora para cobrir danos ao meio ambiente. In:
AnbiemteBrasil. Disponível em: <noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=22720> Acesso em 25abr.2009.
PINTO, Oriana Piske de Azevedo Magalhães. As três vias de responsabilidade por degradação ambiental. In: Revista da
Escola da Magistratura do Distrito Federal - n. 7 2002. Disponível em:
<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewArticle/12878> Acesso em 30mai.2009.
POLIDO, Walter. Seguros para Riscos Ambientais. In: Revista Brasileira de Risco e Seguro, V. 1, Nº 0, Dezembro de 2004.
Disponível em: <http://www.rbrs.com.br/paper/_download/riscos_polido.pdf> Acesso em 30mai.2009.
PORTUGAL, Gil. Aspectos técnicos da perícia ambiental (comp.). [s.l.] [s.d.] Disponível em:
www.gpca.com.br/gil/art94.htm. Acesso em 07 jun. 2009.
REZENDE, Idália Antunes Cangussú; HAHN, Aucilene Vasconcelos; NOSSA, Valdomiro. O seguro ambiental na
minimização dos passivos ambientais das empresas. In: VIII Fórum de Estudantes e Profissionais de
Contabilidade do Estado do Espírito Santo – O Marketing e a Valorização do Profissional Contábil - 30/10 a 01/11/2003
no Sesc - Praia Formosa Aracruz - ES Disponível em:
<http://www.fucape.br/_admin/upload/prod_cientifica/prod_28_o_seguro.pdf> Acesso em 30mai.2009.
RODRIGUES, Waldecy. Valoração econômica dos impactos ambientais da produção de soja e milho nos cerrados
brasileiros. [s.l.]. [s.d.] Disponível em: < www.sober.org.br/palestra/12/07O081> Acesso em 26 jul. 2009.
SEIBT, Ana Carolina; SEIBT, Taís Carolina. O seguro ambiental no Brasil e a sua implantação dentro de um contexto de
responsabilidade civil. In: Engenharia Ambiental – Espírito santo do Pinhal, v. 5, n. 1, pg 007 a 027, jan. abr. 2008.
Disponível em:
<http://www.unipinhal.edu.br/ojs/engenhariaambiental/include/getdoc.php?id=267&article=118&mode=pdf> Acesso em
30mai.2009.
SILVA, Bruno Campos. Perícia múltipla ambiental – premissas relevantes. In: Direito Ambiental – Visto por Nós
Advogados. Belo Horizonte-MG: Del Rey, 2005. Disponível em:
<www.direitoprocessual.org.br/dados/File/enciclopedia/PERÍCIA_MÚLTIPLA_AMBIENTAL_-
_Bruno_Campos_Silva.doc>. Acesso em 05 jun. 2009.
SILVA, Odair Gercino da. Laudo pericial. Florianópolis, 2003. Disponível em: < www.campeche.org.br/denunciat/laudo.pdf>
Acesso em: 26 jul. 2009.
SOUSA, Helio Antonio de; ROESER, Hubert Mathias Peter; MATOS, Antônio Teixeira de. Métodos e técnicas aplicados na
avaliação ambiental do aterro da BR-040 da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – MG. In: REM: R. Esc.
Minas, Ouro Preto, 55(4): 291-300, out. dez. 2002. Ouro Preto: 2002. Disponível em: <
biblioteca.universia.net/html.../620774.html> Acesso em 26 jul. 2009.
TERRA, Andréa Pacheco. Análise das condições de operação do seguro ambiental no Brasil. Dissertação (Mestrado em
Ciências de Engenharia). Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia.
Laboratório de Engenharia de Produção. Campos dos Goytacazes: 2003.
TESSLER, Marga Inge Barth. O valor do dano ambiental. Texto-base para a palestra no Curso de Direito Ambiental e do
Consumidor, UFRGS/Instituto por um Planeta Verde, out. 2004. Curso de Especialização em Direito Ambiental
Nacional e Internacional. Porto Alegre: UFRGS, 2004. Disponível em: <
www.tjrs.jus.br/institu/c.../dano_ambiental__ufrgs_out_2004.pdf> Acesso em 26 jul. 2009
VARGAS, Caroline. Área de interesse ambiental: ocupar ou preservar? In: Forma, imagem, texto e contexto: TCC
CAUFAG 2008. Disponível em: <http://www.fag.edu.br/graduacao/arquitetura/ >, produção acadêmica, TCC 2008.
Cascavel: Smolarek Arquitetura Ltda, 2009.

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PLANEJAMENTO DE AULAS

CURSO HABILITAÇÃO PERÍODO


Especialização Engenharia de Avaliações e Perícias 2015/1

CÓDIGO DISCIPLINA CARGA HORÁRIA


Perícia ambiental 30 horas

DOCENTE Solange Irene Smolarek Dias

Aula Data Conteúdo Planejado - 30 horas

Módulo 1
01 T 10/04 01. Apresentação do Plano de Ensino, do Planejamento de Aulas e do Sistema de Avaliação
02 T 10/04 02. Conceitos introdutórios
03 T 10/04 03. Perícia e Legislação ambiental
04 T 10/04 04. Laudos Periciais
05 T 10/04 05. Procedimentos técnicos do perito
06 T 11/04 06. Estudo dirigido, por grupos, de Métodos Amostrais e Prospectivos
07 T 11/04 07. Estudo dirigido, por grupos, de Métodos Analíticos
08 T 11/04 08. Estudo dirigido, por grupos, de Métodos Biológicos
09 T 11/04 09. Estudo dirigido, por grupos, de Métodos Matemáticos e Métodos de Avaliação Econômica
10 T 11/04 10. Estudo dirigido, por grupos, de Métodos de Qualificação de Agravos Ambientais
11 T 11/04 11. Estudo e compreensão do Código Florestal
12 T 11/04 12. Plano Diretor de Cascavel, Geoportal e Perícia Ambiental
13 T 11/04 13. Plano Diretor de Cascavel, Geoportal e Perícia Ambiental
14 T 11/04 14. Estudo de Casos: Laudos Periciais Ambientais
15 T 11/04 15. Estudo de Casos: Laudos Periciais Ambientais

Módulo 2
16 T 24/04 16. Conceitos introdutórios de avaliação econômica de impactos ambientais
17 T 24/04 17. Impactos Ambientais no Presente. Danos (encostas, corpos líquidos, áreas urbanas, áreas rurais)
18 T 24/04 18. Formas de Degradação Ambiental, Manejo Adequado e Recuperação de Áreas Degradadas
19 T 24/04 19. Impactos Ambientais: ciclos de vida de produtos e instalação, acidentes, riscos
20 T 24/04 20. Estimativa de Consequências Ambientais (valor mínimo, operações normais, acidentes, modelos de
valoração)
21 T 25/04 21. Seguro Ambiental: Responsabilidade Civil por Danos Ambientais e a Cobertura do Seguro
22 T 25/04 22. Cobertura do Seguro e Rede de Cobertura de Riscos Ambientais
23 T 25/04 23. Riscos, Acidentes, Danos e Custo Ambiental
24 T 25/04 24. Avaliação de risco Ambiental em empreendimentos Marítimos
25 T 25/04 25. Riscos de Incêndio em Unidades de Conservação
26 T 25/04 26. Exercício com três quesitos a serem respondidos por assistentes técnicos e peritos judiciais
27 T 25/04 27. Elaboração de respostas aos três quesitos por assistentes técnicos e peritos judiciais
28 T 25/04 28. Apresentação das respostas aos três quesitos por assistentes técnicos e peritos judiciais
29 T 25/04 29. Apresentação de vídeo sobre perícia ambiental
30 T 25/04 30. Avaliação da metodologia de ensino da disciplina

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1º MÓDULO

15 HORAS

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A. AVALIAÇÕES E PERÍCIAS

1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

Definamos, inicialmente, termos. De acordo com Almeida (2008):

Laudos: São conclusões escritas e fundamentadas, onde serão apontados


circunstâncias e pareceres submetidos a exame do especialista, adotando-se
respostas objetivas ao assunto.

Avaliação: Dá-se o nome de avaliação ao exame pericial destinado à estimação de


valor, em moeda, de coisas, de direitos e obrigações.

De acordo com Dantas (1998), tudo o que se pretende fazer na vida merece um
momento de reflexão e análise: uma avaliação. Para orientar a tomada de decisão,
algumas questões do tipo: O que? Para que? Por quê? Para quem? Por quem?
Como? Quando? Quanto? Qual? São levantadas e carecem de respostas. Para o
autor, se as tomadas de decisões dizem respeito a valores, custos e alternativas de
investimentos, envolvendo bens de qualquer natureza, além de seus frutos e
direitos, deve ser utilizada da especialidade da engenharia denominada de
Engenharia de Avaliações.

Para Dantas (1998), as avaliações devem ser realizadas com base em normas
técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, através de
aplicação de metodologia apropriada; devem ser praticadas por: engenheiros,
arquitetos, agrônomos, etc., cada um obedecendo a sua habilitação profissional de
acordo com as leis do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura – CONFEA;
para os efeitos de direito, devem possuir uma Anotação de responsabilidade técnica
– ART.

Perícia: Para Almeida (2008), entende-se por perícia o exame procedido por pessoa
que tenha determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos
acerca dos fatos, circunstâncias objetivas ou condições pessoais inerentes ao fato
punível a fim de comprová-los. Pericia versa sobre fatos (Código Processo Civil –
CPC, art. 420). A perícia não é um simples meio de prova, é um elemento
subsidiário, emanado de um órgão auxiliar da Justiça, para a valoração da prova ou
solução da prova destinada a descoberta da verdade. A perícia não vincula o juiz
que pode decidir contra sua conclusão, desde que fundamente sua decisão.

1.1 Dispositivos processuais


Ainda para Almeida (2008), em todas as áreas técnico-científicas do setor humano,
sobre as quais o conhecimento jurídico do magistrado não é suficiente para emitir
opinião técnica a respeito, faz-se necessária uma perícia para apurar circunstâncias
e/ou causas relativas a fatos reais, com vistas ao esclarecimento da verdade.

A perícia surge normalmente em decorrência de uma demanda, por iniciativa de uma


das partes interessadas na busca de provas de atos e fatos por ela levantados para

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fundamentar um direito pleiteado. A perícia pode ainda surgir por iniciativa do juiz,
para o conhecimento e esclarecimento de atos e fatos.

Nesse Processo, a parte requerente (autor) ajuíza a ação por meio de procuração
outorgada a seu advogado contra a parte requerida (réu), assistida por seu
advogado de defesa. O juiz nomeia um perito de sua confiança e cada uma das
partes indica o seu assistente técnico, profissional legalmente habilitado pelos
Conselhos Regionais.

Os três profissionais são intimados a comparecer a um cartório e a prestar


compromisso em dia, hora e local designado pelo juiz e neste fazem promessa
solene de exercer leal e honradamente a sua função. Tais profissionais
acompanharão todas as fases da opinião técnica, onde e quando necessário, com
absoluta independência, objetivando sempre a busca da verdade.

Jurisdição, ação e processo são os conceitos básicos para resolução dos conflitos
de interesse pelo Estado. O processo é uma inter-relação jurídica que se estabelece
entre as partes (autor e réu) e o juiz, e tem seu desenvolvimento através de
sucessivos atos de seus sujeitos, até a solução final do litígio, ou seja, a sentença
proferida pelo juiz.

O conflito de interesse entre as partes pode ser denominado lide, litígio ou mérito. O
Estado proíbe que os conflitos de interesse sejam resolvidos pelos próprios
interessados, considerando crime o exercício das próprias razões. Pois, se assim
não fosse, os mais fortes obrigariam os mais fracos e não haveria paz social.

Somente algumas situações excepcionais, previstas em lei, permitem ao indivíduo


resolver os conflitos de interesse sem pedir socorro ao aparelho estatal. Como o que
ocorre em casos de estado de necessidade, legítima defesa, desforço pessoal e
imediato na posse.

Genericamente, jurisdição é o poder do Estado de fazer justiça (jus dicere). A


atividade estatal destinada apenas à apreciação e julgamento dos conflitos de
interesses é a jurisdição. Em nosso país, a jurisdição é predominantemente exercida
pelos órgãos do Poder Judiciário. O direito que todos os interessados têm de
solicitar o pronunciamento da função jurisdicional é denominado direito de ação e os
juízes não podem negar seu pronunciamento, ainda que seja desfavorável ao
interessado.

O Estado utiliza o processo para cumprir essa tarefa. Cada processo receberá a
denominação específica de civil, penal, trabalhista, administrativo etc., conforme o
ramo do Direito perante o qual se instaurou o conflito.

O Estado cria normas jurídicas para regular esse método de composição de litígios.
Estas normas jurídicas formam o direito processual, também denominado formal ou
instrumental.

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Nossa área de atuação diz respeito apenas ao Direito Processual Civil, que
corresponde ao ramo da ciência jurídica responsável pelo complexo de normas
reguladoras do exercício da jurisdição civil.

O modo e a forma com que os processos se movimentam e se desenvolvem, por


meio de atos processuais, recebe a denominação de procedimento ou rito
processual que, neste caso, é regido pelo Código de Processo Civil (CPC) - Decreto-
Lei n° 5.869, de II de janeiro de 1973.

O processo é o instrumento pelo qual o Estado resolve os conflitos de interesse. É


uma relação social prevista pelas normas jurídicas, denominada relação jurídica.
Através da relação jurídica o órgão jurisdicional conhece os conflitos de interesse e
pronuncia, pelo Estado, a solução que se torna obrigatória para os envolvidos.

Com o trânsito em julgado da decisão (sentença) que conheceu a lide, tal decisão
passa a ser uma lei individual e concreta para os envolvidos no processo.

Os atos processuais são públicos, porém, alguns processos, como os de interesse


público, correm em segredo de justiça. A forma dos atos processuais pode ser por
ato das partes, do juiz e atos do escrivão ou chefe de secretaria.

Os atos das partes são definidos como unilaterais e bilaterais de vontade e


produzem de forma imediata a constituição, a modificação ou a extinção dos direitos
processuais. Caso haja desistência da ação, a mesma só produzirá efeito após ser
homologada por sentença.

1.2. Diferenças entre laudos, avaliações e perícias

Em síntese: o documento legal que formaliza um parecer, denomina-se Laudo. O


laudo pode ser de avaliação ou pericial. De avaliação, se versar respeito a valores.
Pericial, se elaborado por perito judicial ou assistente técnico de uma das partes,
que o elaborarão dentro de suas atribuições profissionais, em busca da verdade.

Esclarecidas as diferenças, enquadra-se no objetivo da disciplina, qual seja:


perícia ambiental em ações civis.

2. PERÍCIA AMBIENTAL

Segundo Cunha (2009), existem diversas modalidades de perícia, que se definem


pelas especificidades do objeto a ser periciado e pela área de conhecimento que as
fundamentam. Existem as perícias: grafológica, contábil, médica, veterinária, de
engenharia, entre outras. O Código de Processo Civil regulamenta os procedimentos
comuns a todas essas modalidades sem, contudo, agasalhar as especificidades.

A perícia ambiental é também um meio de prova utilizado em processos judiciais,


sujeita à mesma regulamentação prevista pelo CPC, com a mesma prática forense,

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mas que irá atender a demandas específicas advindas das questões ambientais,
onde o principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou o risco de sua ocorrência.

A atividade pericial ambiental estará, ainda, vinculada à legislação tutelar do meio


ambiente, designada Legislação Ambiental, que regulamenta a proteção ambiental
nos níveis federal, estadual e municipal, no âmbito de uma nova disciplina do Direito,
denominada Direito Ambiental.

Fonte: Almeida, 2008.

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3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A legislação ambiental apresenta importantes conceitos e definições a serem


considerados na delimitação da área de conhecimento da perícia ambiental.

Milaré (1993), citado por Cunha (2009) destaca “os três marcos mais importantes da
resposta recente que o ordenamento jurídico tem dado ao clamor social pela
imperiosa tutela do meio ambiente”.

O primeiro marco é a edição da Lei Federal nº 6.938, de 31.08.81, que dispõe sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação, e dá outras providências.

O segundo marco é a promulgação da Lei Federal nº 7.347, de 24.07.85, que


disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico
turístico e paisagístico (vetado), e dá outras providências.

O terceiro marco é a edição da nova Constituição Federal, de 05.10.88, que deu à


questão ambiental um significativo impulso.

Cunha (2009) acrescenta ainda a Lei Federal nº 8.078, de 11.09.90 que instituiu o
Código de Defesa ao Consumidor que determinou alguns acréscimos à Lei nº 7.347.

A partir de 2012, devemos considerar o novo Código Florestal Brasileiro, aprovado


através da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012.

Afora as legislações federais há as estaduais e municipais. No que diz respeito às


municipais devem ser citadas:
• O Plano Diretor Municipal
• A lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano e Rural
• A Lei do Meio Ambiente
• E outras, se houverem.

4. LAUDOS PERICIAIS

De acordo com González (s.d.), o Laudo é o parecer técnico resultante do trabalho


realizado pelo Perito, via de regra, escrito. Deve ser redigido pelo próprio Perito,
mesmo quando existem Assistentes Técnicos.

Os colegas devem receber a oportunidade de examinar o texto e emitir suas


opiniões. Esta tarefa deve ser realizada em conjunto, de preferência. O Perito ganha
tempo e reduz os debates infrutíferos, desta forma. A maioria dos trabalhos resolve-
se dentro do campo técnico, sem margem para opiniões pessoais.

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Um laudo pericial é uma forma de prova, cuja produção exige conhecimentos


técnicos e científicos, e que se destina a estabelecer, na medida do possível, uma
certeza a respeito de determinados fatos e de seus efeitos. O Perito fala somente
sobre os efeitos técnicos e científicos. O Juiz declara os efeitos jurídicos desses
fatos referidos pelo perito e das conclusões deste. O Perito esclarece os efeitos de
fato. O Juiz fixa os efeitos de direito.

O Perito deve ter o cuidado de descrever e documentar, da forma mais objetiva


possível, os fatos com base nos quais pretende desenvolver sua argumentação e,
afinal expor suas conclusões. A função do perito guarda muita semelhança com a
própria função do Juiz.

O Perito examina fatos e emite um julgamento baseado em seu livre convencimento,


respeitado, porém, o princípio da racionalidade e da prevalência da argumentação
técnica e científica. O objetivo do trabalho pericial é afastar as dúvidas existentes
sobre determinados fatos e sobre as suas consequências práticas. O Perito não
emite um julgamento ou parecer jurídico, mas seu trabalho deve levar em
consideração os efeitos jurídicos que a prova pericial se destina produzir.

O laudo pericial é uma peça do processo, que deverá ser interpretada e avaliada
pelo Juiz ou Tribunal, como qualquer outro instrumento de prova e de
convencimento. É preciso que todos possam compreendê-lo. Seu texto deve ser
claro, preciso e inteligível.

O bom profissional não escreve de forma que só outros experts o entendam. É


importante distribuir adequadamente o trabalho:
1. Inicia apresentando as partes e a Perícia realizada.
2. Prossegue com o enunciado e o exame das questões principais.
3. Responde aos quesitos formulados pelas partes.
4. Conclui ressaltando aspectos importantes.
5. Em anexo devem ser lançados os dados empregados, os
documentos consultados, fotografias e outros elementos de
interesse não relacionados no corpo do Laudo.

Após a entrega do Laudo, o Juiz intima as partes para tomarem conhecimento do


mesmo. Há um prazo para que se manifestem. As partes podem concordar com o
Laudo ou discordar, contestar, solicitar esclarecimentos, formular quesitos adicionais
ou mesmo impugnar o Laudo e pedir a realização de nova perícia.

A complementação de perícia busca responder ou resolver as dúvidas


remanescentes. A resposta a quesitos adicionais ou suplementares geralmente
exige a carga dos autos e novo exame da causa, pelo intervalo de tempo que
decorre entre a entrega do Laudo e a intimação para a complementação.

O Perito pode ser convocado para prestar esclarecimentos em audiência,


verbalmente. As partes devem indicar com antecedência os quesitos a serem
respondidos. Não o fazendo, na audiência, o Perito pode alegar a complexidade da
questão e solicitar prazo para respondê-los. Além disto, quando o trabalho adicional

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é significativo, exigindo tempo, dedicação e despesas extras, o Perito pode solicitar


os honorários correspondentes.

4.1. Modelo de Laudo Pericial

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA........ª VARA CÍVEL DE (CIDADE-ESTADO)

AUTOS N°....../..........AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

REQUERENTES: ..........................................................................................

REQUERIDO: ...............................................................................................

............................ <nome>..........,............<graduação>...............,Portador da
carteira (conselho de classe) sob n° ..........................., perito judicial nomeado nos
presentes Autos, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência para
apresentar o presente Laudo Pericial.

Em relação aos quesitos formulados pelos Requerentes às fls.......a ........ dos


presentes Autos, responde-se na mesma ordem.
I)
R

2)
R

3)
R

4)
R-

À disposição de Vossa Excelência para outras informações que julgar


pertinentes.
(cidade) ................................

_________________________________________
Perito judicial
(conselho regional) n° .
Anotação ou Registro Responsabilidade Técnica – ART ou RRT n° .

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5. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DO PERITO

Portugal (s.d.) apresenta uma sequência natural para a confecção do Laudo de


Perícia Ambiental. O autor esclarece que esta sequência trata-se de um caso
hipotético. Na realidade, na maioria dos casos não se tem ou não são necessários
todos os elementos abaixo listados. Para cada caso específico são importantes os
itens mais relacionados com o problema ambiental em estudo.

1. EXAME DO LOCAL

1.1. Localização da Área: Plotar a área a ser periciada mapograficamente e


em escala(s) compatível(s). Utilizar preferencialmente as coordenadas
geográficas em UTM.

1.2. Situação Legal da Área: Verificar se a área é pública ou privada, a qual


unidade(s) da federação pertence. Descrever sucintamente a que se
destina e qual o seu uso atual.

1.3. Clima: Realizar o levantamento climatológico regional.

1.4. Recursos Hídricos: Inventariar os recursos hídricos superficiais


subterrâneos e mapear os corpos d’água.

1.5. Geomorfologia e Geologia: Descrever o relevo e relacionar os recursos


minerais.

1.6. Solos: Mapear os solos, com considerações sobre a pedologia e a


edafologia.

1.7. Vegetação: Descrever a mapear as principais formas de vegetação. Listar


as plantas, principalmente as de interesse econômico. Constatar a
ocorrência de espécies raras ou endêmicas.

1.8. Fauna: Levantar principalmente os vertebrados, dando ênfase às espécies


endêmicas, raras, migratórias e cinegéticas.

1.9. Ecossistemas: Identificar e descrever os principais ecossistemas da área,


nos seus componentes abióticos e bióticos.

1.10. Áreas de interesse histórico ou cultural: Listar e descrever locais de


interesse histórico, culturais e jazidas fossilíferas que estejam num raio de
50 km.

1.11. Área de Preservação: Constatar se o local descrito está inserido em


área protegida por lei (Parques Nacional ou Estadual, Estação Ecológica,
Reserva Biológica, etc.).

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1.12. Infraestruturas: Descrever as infraestruturas existentes no local (núcleo


habitacional, telefonia, estrada, cooperativas, etc.).

1.13. Atividades previstas, ocorridas ou existentes na área: Relatar as


tecnologias a serem utilizadas nas fases de implementação e operação do
empreendimento. Listar insumos e equipamentos.

2. DISCUSSÃO

2.1. Diagnóstico Ambiental da área

2.1.1. Uso atual da terra: Constatar o uso atual da terra, dar o


percentual utilizado pela agropecuária.

2.1.2. Uso atual da água: Constatar o uso atual da água, bem como
obras de engenharia (canal, dique, barragem, drenagem, etc.).
Verificar se ocorrem fontes poluidoras.

2.1.3. Avaliação da situação ecológica atual: Realizar o levantamento


das ações antrópicas anteriores e atuais, bem como relatar a situação
da vegetação e fauna nativas. Com os dados obtidos inferir sobre a
estabilidade ecológica dos ecossistemas da área.

2.1.4. Avaliação sócio econômica: Analisar a situação sócio econômica


da área, através de uma metodologia compatível com a realidade
regional.

2.2. Impactos Ambientais esperados para a área

2.2.1. Impactos ecológicos: Listar e analisar os impactos ecológicos,


levando em consideração a saúde pública e a estabilidade dos
ecossistemas naturais, principalmente se está em áreas protegidas
por lei.

2.2.2. Impactos sócio econômicos: Avaliar os impactos sócio


econômicos da área, levando em consideração os aspectos médicos
e sanitários.

2.2.3. Perspectivas da evolução ambiental da área: Inferir sobre qual


seria a evolução da área com ou sem o empreendimento.

2.3. Considerações Complementares (quando for o caso)

2.3.1. Alternativas tecnológicas e locacionais: Optar por alternativas


menos impactantes para o meio ambiente, tanto em termos
tecnológicos como locacionais.

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2.3.2. Recomendações para minimizar os impactos adversos e


incrementar os benéficos: Listar as recomendações específicas para
minimizar os impactos negativos e incrementar os benéficos.

2.3.3. Recomendações para o monitoramento dos impactos ambientais


adversos: Desenvolver e implantar programas de biomonitoramento,
de controle de qualidade da água, de controle de erosão, etc.

2.4. Apreciação dos quesitos: Como geralmente há quesitos formulados pelo


Promotor, Juiz ou Delegado, neste subitem eles deverão ser claramente
discutidos e esclarecidos.

3. CONCLUSÃO

Deve ser elaborada de forma sucinta, mas, sempre que possível, conclusiva,
abrangendo os aspectos ambientais anteriormente discutidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Perito Criminal deve evitar ao máximo de entrar no mérito estritamente legal


da questão ambiental, isto é, citar lei, artigo, parágrafo, etc. Qualquer deslize
"legal" que o Perito venha por ventura cometer poderá comprometer todo o
trabalho durante o julgamento da questão. A Perícia de Meio Ambiente, assim
como qualquer trabalho na área ambiental, deve ser preferencialmente
efetuada por uma equipe multidisciplinar de Peritos, e que atuem
interdisciplinarmente. Em função disto, os Institutos de Criminalística devem
procurar diversificar as formações universitárias dos seus membros.

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B. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PERÍCIA AMBIENTAL

Na elaboração do Laudo de Perícia Ambiental, em algumas circunstâncias faz-se


necessária a análise e avaliação de impactos, danos e passivos ambientais. O
objetivo de tais análises e avaliações é a formação da prova pericial e o nexo causal,
entendido como o vínculo entre a conduta ilícita e o dano.

Tais análises e avaliações pressupõem atribuição, experiência e larga prática


profissional para as mesmas. A título de informação, descreveremos alguns dos
métodos passíveis de serem utilizados. A referência para os métodos amostrais e
prospectivos, analíticos, biológicos, de avaliação econômica, de qualificação de
agravos ambientais é Almeida (2008), na parte 4 da obra referenciada.

1. MÉTODOS AMOSTRAIS E PROSPECTIVOS

A amostragem consiste na obtenção de material (solo, ar do solo) para a posterior


análise. Depois que o levantamento histórico forneceu referências a substâncias
nocivas e a sua posição aproximada, elas devem ser analisadas mais a fundo, para
obterem-se os resultados de medição com força de comprovação.

Para poder realizar estes levantamentos técnicos e analíticos a baixo custo, o


procedimento deve ser bem elaborado e planejado. As falhas cometidas na
amostragem (posição, quantidade, representatividade), na preparação das amostras
(conservação, recipiente de amostras) e na análise posterior, podem adulterar de
forma desfavorável avaliação de uma localidade.

A amostragem compõe-se de:


• escolha dos pontos de amostragem;
• escolha de equipamentos;
• executar as perfurações;
• coleta das amostras;
• divisão das amostras;
• conservação;
• documentação;
• armazenamento;
• transporte;
• entrega ao laboratório.

A amostra de solo deve;


• ser representativa para o âmbito de análise ou para o ponto de coleta de
amostra.
• permitir a identificação de circunstâncias geológicas.
• possibilitar informações sobre o tipo, expansão e posição das
substâncias nocivas no subsolo.
• possibilitar uma estimativa da quantidade do solo contaminado.
• elucidar possíveis riscos para a água subterrânea.

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Em princípio, na escolha dos pontos de amostragem, pode ser procedido:


• informações concretas existentes;
• baseado em avaliações;
• ou estatisticamente.

A quantidade dos pontos de amostragem depende:


• da estrutura homogênea ou heterogênea do subsolo;
• da quantidade das informações preliminares;
• das características físico-químicas das substâncias nocivas suspeitas.

Via de regra, inicia-se com poucos pontos de amostragem (grade grosseira, ou


pontos definidos), Se as análises confirmarem a presença de substâncias nocivas,
são analisados outros pontos de amostragem para a delimitação da fonte de
substâncias nocivas,

Uma vez que nenhum ponto de amostragem e nenhum perfil de profundidade se


equiparam, é muito difícil estabelecer uma regra de validade geral. Sugere-se o
seguinte âmbito mínimo de amostragem (por ponto de, amostragem):
• uma amostra próxima à superfície;
• em aterros, a camada inferior do aterro e a camada superior do solo
natural;
• em aquíferos protegidos por camadas de baixa permeabilidade, a
camada superior e a área superior e inferior do aquífero;
• numa distância de passo de amostragem de 0,5 m, analisar cada 3ª e 5ª
amostra em aterros, e cada 10ª – 20ª amostra em terreno natural.

Em áreas de solo próximas à superfície, sugere-se diversas profundidades de


amostragem, em função da utilização e da possível contaminação com substâncias
nocivas:
• parque infantil: até 35 cm (0-5 cm; 5-15 cm; 15-35 cm)
• campo lavrado, jardim: 20-30 cm
• campo, gramado: 1 0 cm
• solo de florestas, em função das camadas do solo.

Além do número de amostras, também a quantidade individual tem uma influência


sobre a dispersão dos resultados da análise. A quantidade de amostras deve ser
suficiente para a análise das substâncias contidas desejadas.

A quantidade mínima é determinada pelo tipo e pela quantidade de parâmetros a


serem analisados, bem como pela quantidade de amostras a serem armazenadas.

A relação de grandeza entre a quantidade de amostras e partículas isoladas de


substâncias nocivas têm uma influência fundamental sobre o nível mensurável de
concentração de substâncias nocivas. Quanto maior for a partícula, maior será a
concentração na amostra que contém esta partícula.

Se uma partícula for relativamente pequena, a concentração da amostra, na qual


esta partícula está contida, será somente um pouco superior àquelas amostras sem

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esta partícula contaminada. Além do tamanho, também exercem influência sobre a


totalidade da concentração da amostra:
• a concentração das substâncias nocivas na partícula;
• a distribuição de tamanho de partícula; e
• a quantidade das partículas contaminadas.

Estas influências devem ser levadas em consideração para a denominação do


tamanho mínimo da amostra de solo. Além disso, as substâncias nocivas podem
estar enriquecidas seletivamente em determinados tamanhos de grânulos. Neste
caso, a distribuição da granulometria na amostra tem uma influência decisiva no teor
geral da amostra.

A concepção de amostragem e a aplicação são determinadas pela finalidade da


análise:
• para o registro e identificação de áreas suspeitas de degradação,
• como análise paralela para o acompanhamento do desenvolvimento da
concentração em ações de recuperação em andamento,
• como medição de controle em ações de recuperação finalizadas,

Para a constatação dos pontos de amostragem num levantamento técnico devem


ser observados e avaliados os seguintes pontos:
• decurso temporal do dano,
• condições geológicas (estrutura e tipo de subsolo),
• utilização antiga e atual do terreno (cabos, munição, tanques, espectro
de substâncias nocivas etc.),
• posição de poços de monitoramento de água subterrânea, quaisquer
poços já existentes com perfis de perfuração.
• condições da água subterrânea (nível do lençol freático, direção e
velocidade do fluxo, e espessura do aquífera).

Disto podem ser derivados:


• posição ideal (também profundidade) de pontos de amostragem
direcionados,
• número dos parâmetros e métodos de análise,
• escolha do tipo amostragem.

2. MÉTODOS ANALÍTICOS

Na elaboração de um programa para testes analíticos devem ser observados alguns


itens, como:
• os parâmetros analíticos necessários;
• a escolha dos processos analíticos a serem empregados;
• os processos de preparação de amostras a serem previstos;
• os créditos de escolha das amostras parciais para a análise.

Os testes analíticos através de processos químicos e físicos são utilizados sobretudo


para identificar e qualificar substâncias que causam danos ao meio ambiente. No

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caso de deposições antigas, ou seja, em regiões que foram utilizadas como


depósitos de resíduos, pode ser investigada a composição destes resíduos através
dos ensaios analíticos.

Uma análise objetiva das substâncias nocivas específicas será facilitada se já


estiverem disponíveis informações sobre os resíduos depositados, ou sobre as
respectivas características suspeitas. Porém, apesar de em alguns casos haver
conhecimento sobre os diversos tipos de resíduos que foram depositados, a
princípio os dados abrangentes e detalhados sobre o conteúdo destas deposições
não estão disponíveis. Por isso, não é possível antecipar quais substâncias nocivas
podem ser encontradas nestas deposições.

No solo, nas águas de infiltração e mesmo em aterros, deveriam ser investigadas


uma série de substâncias, o que não é possível em função da grande quantidade de
áreas suspeitas de contaminação e da quantidade de análises praticamente não
executáveis. Sendo assim, é necessário um procedimento ponderado e sistemático
para levantar as substâncias nocivas existentes.

Em sítios contaminados, ao contrário de deposições antigas, é mais fácil presumir


quais substâncias nocivas podem ocorrer, uma vez que geralmente é conhecido o
ramo de atividade da área industrial ou o tipo de prestação de serviços
anteriormente instalado. Desta circunstância resultam duas diferentes estratégias em
testes analíticos:
• no caso de haver disponíveis informações preliminares e características
suspeitas é possível uma análise objetiva de determinadas substâncias;
• para a constatação e identificação de substâncias desconhecidas é
necessária uma análise sistemática.

Quando se trata de uma localidade com poucas informações preliminares em função


dos custos, é analisada uma seleção objetiva de algumas amostras, porém de valor
informativo representativo quanto a parâmetros de soma, grupos e orientativos.
Estas determinações de visualização geral têm como objetivo delimitar o espectro
das substâncias com um dispêndio analítico justificável. Deve ser encontrado um
caminho viável, com um custo aceitável para detectar as substâncias nocivas para o
meio ambiente.

Os parâmetros podem ser classificados da seguinte forma:

PARÂMETRO DE SOMA:
Registro de substâncias orgânicas com um componente estrutural
comum (por exemplo, carbono) ou com característica comum de
capacidade de oxidação com consumo de oxigênio (02).

PARÂMETRO DE GRUPO:
Registro de substâncias semelhantes quanto à sua constituição ou
efeito, sem levar em consideração a diferenciação em substâncias
individuais.

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PARÂMETRO ORIENTATIVO
Registro de classes individuais de substâncias ou misturas isômeras,
ou de uma substância individual como substância representativa para a
respectiva classe.

Após o perito ter feito uma seleção das amostras já no local, estas são devidamente
acondicionadas em recipientes e rotuladas para serem encaminhadas ao laboratório.
Nesta fase é muito importante que seja definido quais parâmetros serão analisados
para cada amostra. Considerando que, por exemplo, para a investigação de uma
área contaminada de porte médio é necessário coletar até 100 amostras diferentes
(ar do solo, água, solo), não devem acontecer enganos. Deve ser definido com o
responsável do laboratório:
• quais amostras devem ser pesquisadas quanto a parâmetros de soma,
grupo ou orientativos,
• quais amostras devem ser analisadas quanto a parâmetros individuais,
• se, e quantas, amostras devem ser armazenadas (para análises
posteriores).

As amostras sólidas necessitam de uma preparação prévia para a determinação


analítica. O objetivo desta preparação de amostras é:
• a produção de uma amostra representativa,
• a separação de porção da amostra da matriz original, de modo que a
quantidade a ser analisada seja compatível com o método e com o
equipamento utilizado, mantendo a representatividade da matriz.
• a concentração ou diluição das substâncias em questão, de acordo com
a sensibilidade do método analítico utilizado.

O procedimento da preparação de amostras depende geralmente do estado de


agregação da amostra. Grandes quantidades de amostras devem ser reduzidas e no
caso de amostras sólidas o material deve ser misturado e triturado através de várias
etapas. A trituração é necessária para produzir uma amostra representativa quando
da utilização de apenas uma porção para os ensaios analíticos. Os métodos
analíticos são diferenciados em:
• determinações organolépticas (odor, cor, turbidez);
• métodos químicos - via úmida - (gravimetria, volumetria);
• métodos físicos - instrumentais;
• métodos biológicos.

Os métodos físicos instrumentais podem ser divididos em quatro grupos principais:


• eletroquímicos;
• espectrométricos;
• cromatográficos;
• físico-atômicos.

Estes métodos são utilizados principalmente para a determinação de traços de


compostos orgânicos, através de técnicas e equipamentos especiais. Muitas vezes

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para se obter respostas adequadas, devido à seletividade e sensibilidade do teste,


deve-se utilizar uma combinação de dois processos analíticos diferentes.

3. MÉTODOS BIOLÓGICOS

Os métodos biológicos podem ser realizados com os seguintes objetivos:


• identificar o tipo da substância nociva (Biomonitoring);
• possibilidade de identificar uma eliminação de substâncias nocivas por
processos biológicos;
• determinar os procedimentos principais da descontaminação ou
remediação.

A base da participação de reações biológicas no ajuste do equilíbrio no meio


contaminado é a disponibilidade biológica das substâncias nocivas. Isto é
influenciado pela:
• solubilidade em água.
• tamanho das moléculas, partículas e poros,
• pela estrutura química das substâncias nocivas (por exemplo polaridade,
carga).

Um dos principais determinantes do efeito de uma substância tóxica em um


ecossistema é a concentração da exposição e o tempo em que ela é mantida. Para
avaliar a relação entre exposição/duração nestes, é imprescindível considerar as
características físicas e químicas do sistema receptor, bem como a natureza e a
localização dos organismos presentes.

O destino dos produtos químicos que entram em um ecossistema é, em parte,


determinado pelas propriedades físico-químicas do elemento ou do composto. A
solubilidade, a pressão de vapor e os coeficientes de partição do material
estabelecem a concentração da fase e o tempo de residência. Absorção/liberação,
volatilização, transformação química devido a reações redox, hidrólise ou
degradação fotoquímica e transformações provocadas pela atividade metabólica dos
organismos no ecossistema são processos específicos que afetam a concentração
de uma substância tóxica em determinado local.

As instalações para a realização de testes variam em função do tamanho dos


organismos a serem testados. O uso de pequenos invertebrados pode ser facilmente
conduzido em uma bancada, embora deva haver espaço adicional no laboratório
para sua cultura e o controle da temperatura e do período com luz durante os testes
e a cultura sejam críticos. Os peixes são os organismos aquáticos mais utilizados em
testes. Sua cultura requer o fornecimento de água não contaminada e espaço
suficiente para abrigar os peixes durante sua aclimatação às novas condições.

Em testes estáticos os recipientes devem permitir troca com a atmosfera. A


concentração de oxigênio em cada câmara de teste deve permanecer entre 60% e
100% de saturação durante as primeiras 48 horas e entre 40% e I00% após esse
período. Durante esse tipo de teste, as soluções podem ser suavemente aeradas,

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caso as concentrações de tóxicos nas câmaras de testes aeradas, ao final do teste,


não sejam inferiores a 20% daquelas de uma câmara não aerada.

Quando se utiliza aeração, deve-se realizar simultaneamente um teste sem aeração,


a fim de determinar se ela afeta os resultados. Caso sejam feitos testes com água
corrente, as vazões devem ser ajustadas de forma a garantir um mínimo de cinco
substituições de 90% do volume de água, em cada câmara de teste, em 24 horas. A
taxa de substituição deve manter a concentração de oxigênio necessária.

A seleção das concentrações de teste depende do objetivo das análises. Por


exemplo, caso o objetivo dos testes seja determinar se a toxidade encontra-se acima
ou abaixo de uma concentração específica, bastam um controle e uma
concentração. São necessários 30 organismos para conferir a realidade estatística
nos resultados desse procedimento de teste. Quando a toxidade é desconhecida,
utilizam-se testes para definir seu intervalo ali para identificação.

Os testes para determinação do intervalo tóxico empregam de três a cinco


concentrações tóxicas bem espaçadas entre si e um controle de cinco organismos
com duração de 8 a 24 horas. Os testes para identificação são utilizados em
efluentes. Neles, cinco ou dez organismos são expostos a uma concentração de
efluente de IOO% por 24 horas. Uma vez realizados os testes para definir o intervalo
ou identificar poluentes, seleciona-se a concentração existente. A maior
concentração é selecionada com base nos resultados de determinação do intervalo.

As espécies selecionadas para testes de toxidade devem obedecer aos seguintes


critérios:
• ser sensíveis ao material ou aos fatores ambientais:
• apresentar vasta distribuição geográfica, abundância e disponibilidade ao
longo de todo o ano;
• ter importância recreacional, econômica ou ecológica:
• haver disponibilidade de métodos para sua cultura e reprodução;
• estar em boas condições físicas, livres de parasitas e doenças. Embora
boas técnicas laboratoriais possam ter por objetivo os itens 4 e 5, os de I
a 3 são igualmente importantes para a seleção de espécies para testes.
Essas espécies podem ser indicadoras de orientação para o
gerenciamento ou alvo dos estudos (orientação ecossistêmica).

Espécies indicadoras são aquelas comumente encontradas, ou não, sob


determinadas condições ambientais, cuja presença ou ausência é capaz de "indicar"
qualidades ambientais. Espécie indicadora deve apresentar as seguintes
características:
• capacidade de acumular várias substâncias tóxicas;
• ser comum;
• apresentar grande distribuição geográfica;
• ser facilmente coletada;
• ter tamanho adequado, que permita novas amostras de tecido;
• estar presente na área de impacto e em áreas não poluídas;
• ter correlação com níveis ambientais de substâncias tóxicas.

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Espécies ou grupos-alvo são, de maneira geral, indicadores ecológicos. Presume-se


que o comprimento de determinados requisitos ambientais das espécies ou grupos-
alvo protegerá o ecossistema de base, garantindo a proteção ambiental. Na seleção
das espécies ou grupos-alvo deve-se entender que cada espécie responde de
maneira diferente a uma substância tóxica, porém os grupos, ou agregados de
espécies com características parecidas, podem apresentar respostas similares às
mesmas substâncias.

A comunidade é o agregado de espécies mais comumente utilizado. Uma definição


rápida de comunidade seria que ela é composta por grupos de organismos que
interagem entre si em um habitat específico. Avaliações de comunidades
normalmente servem de indicador das respostas de um ecossistema. São normais
determinações das alterações estruturais e funcionais das condições de uma
comunidade. Uma forma de aumentar o realismo ambiental é utilizar diversas
espécies.

Microcosmos é uma parcela restrita de um ecossistema empregado para


experiências laboratoriais e apresenta um passo inicial na direção de teste mais
realísticos. Geralmente os microcosmos têm volume total inferior a 10 litros e contém
composição definida de espécies adequadas à determinação dos efeitos de
substâncias tóxicas e lagos e reservatórios. A natureza definida do microcosmo
permite a replicação de testes e o controle experimental, porém a pouca diversidade
de espécies presentes e a falta de provisão para alguns processos ecológicos
(colonização, por exemplo) reduzem o realismo ambiental dessa técnica de ensaio.

Os testes com mesocosmos releem elementos de experimentos controlados, mas


não controlam de maneira estrita todas as condições ambientais. No que diz respeito
à análise de substâncias tóxicas, eles aumentam o realismo experimental, mas não
são facilmente replicáveis.

A concepção do programa de coleta de amostras deve obedecer a critérios definidos


no sentido de assegurar qualidade aceitável para seus resultados.

4. MÉTODOS MATEMÁTICOS

As equações matemáticas representando os processos físicos ou químicos


constituem a forma mais abstrata de um análogo. Estas propiciam acessar as
técnicas que auxiliam minimizar, embora não eliminar, os riscos da inconsistência
lógica em um modelo. Assim como em muitos outros estágios no processo de
abstração, elas encontram a simplificação. Dessa maneira, as pressuposições
devem ser checadas para avaliar se os processos incluídos são adequadamente
descritos e se foram incluídos todos os processos essenciais.

A análise de sistema constitui um procedimento para se examinar a inteireza do


modelo, focalizando atenção sobre a presença ou ausência de relações entre as
partes do mundo real ou dos sistemas estruturados no modelo. A literatura ambiental

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encontra-se cheia de diagramas com caixas-e-setas, os quais representam um ponto


de partida para a análise de sistemas. Constituem uma etapa útil na construção de
um modelo efetivo para aumentar a compreensão e para propiciar previsões; isto é,
um modelo com bases mais físicas do que puramente estatísticas. Os diagramas de
caixas-e-setas geralmente representam o primeiro estágio na sequência da
elaboração de modelos e, por esse motivo, possuem utilidade limitada a si mesmos.
O uso pleno da análise de sistemas é, todavia, instrumento poderoso e amplamente
aplicável ao desenvolvimento de modelos de todos os tipos.

O acelerado desenvolvimento tecnológico da informática está propiciando recursos


técnicos cada vez mais potentes, permitindo que programas específicos possam ser
cada vez mais utilizados para se fazer previsões, usando-se a análise de dados por
meio de modelos estatísticos padrões e pela construção de modelos de simulação,
com base maior ou menor nas informações sobre os processos físicos.

Os computadores e os programas oferecem vantagens para a elaboração em


qualquer modelo que foi abstraído ao nível das equações matemáticas ou lógica
formal, embora não possam facilmente manusear modelos verbalizados. As
vantagens dos cálculos rápidos e confiáveis não podem ser superestimadas, mas a
relação custo-benefício na construção de modelos direcionou-se fundamentalmente
dos modelos concretos em laboratórios para os modelos em computador,
começando mais intensamente a serem implementados durante a década de 1970.

Os modelos por computador propiciam um espectro muito mais amplo das condições
a serem simuladas do que as permitidas nos experimentos de laboratório, e os
modelos podem ser rodados e repetidos com crescente facilidade, mas tais
vantagens não devem levar à irrelevância nem à substituição das bases lógicas do
modelo. A importância de pressupostos apropriados e da estrutura lógica permanece
tão relevante como em todos os outros procedimentos.

O procedimento guia para a construção de modelos consiste numa sequência de


normas, de passos para a caminhada, levando à produção de um modelo, à
implementação em algum tipo de linguagem formal, ao estabelecimento de
inferências prevendo as consequências do modelo e a avaliação dessas inferências
em face da adequabilidade e uso para o qual o modelo foi construído.
Subjacentemente, o procedimento encaminha para a obtenção de respostas às
quatro indagações cientificas básicas delineadas para a solução de problemas
matemáticos:
• Compreender o problema (isto é, qual é a questão?);
• estabelecer um plano para a solução do problema (isto é, como se pode
resolvê-Io?);
• executar o plano (isto é, qual é a resposta?);
• checar a adequação da resposta (isto é. a resposta está correta?).

As etapas relacionadas com o procedimento guia são as seguintes:

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Objetivos:
O iniciar do procedimento é representado pelo enunciado dos objetivos ou
propósitos do modelo a ser construído. É a fase que demonstra o conhecimento do
problema. Se os enunciados para a construção do modelo não forem expressos com
clareza há demonstração de que ainda não se possui compreensão adequada do
problema e tornar-se-á difícil encontrar as soluções. Os enunciados sobre os
objetivos devem constituir respostas às seguintes indagações:
• Qual é o sistema a ser modelizado?
• Quais são as principais questões a serem focalizadas pelo modelo?
(como o modelo poderá ser aplicado?)
• Qual é a regra para finalizar a atividade da modelagem? (Qual a
eficiência do modelo? Com quais modelos ele deverá ser comparado?)
• Como os produtos (outputs) do modelo serão analisados, sumariados e
usados?

Hipóteses:
A segunda etapa consiste em transladar os objetivos e o conhecimento disponível
do sistema em enunciados de hipóteses. Geralmente, tais enunciados são verbais,
mas também podem expressar relações quantitativas. Exemplo: sob condições
climáticas constantes, o aumento da área da bacia hidrográfica implicará em
aumento proporcional da vazão média anual.

Formulação matemática:
As hipóteses qualitativas podem ser convertidas em relações mais específicas,
matematizadas. Corresponde ao segundo estágio da proposta, que representa a
etapa de estabelecer um plano para o problema. Para as hipóteses formuladas
(verbalizadas ou matematizadas), nessa etapa deve-se usar das informações
disponíveis para a construção do modelo e avaliar a correção dos enunciados e das
equações que descrevem o comportamento dinâmico dos elementos e processos do
sistema. Sob a perspectiva da matematização, ela requer que as formulações e os
conceitos vagos sejam definidos sob o critério da precisão e do rigor matemáticos.

Verificação:
A quarta etapa corresponde ao conjunto de atividades necessárias para verificar a
precisão dos enunciados e das equações propostas. Um procedimento comum é o
uso de técnicas numéricas, o que, na atualidade, significa resolver as questões pelo
uso de procedimentos computadorizados. A verificação corresponde ao processo de
verificar se os algoritmos e os códigos computacionais estão corretos para as
definidas relações matemáticas. Os projetos de modelagem que não necessitam de
soluções numéricas das equações ou dos enunciados devem ser verificados pela
revisão das atividades realizadas durante o estágio da formulação.

Calibragem:
Após a implementação do modelo, pode-se estabelecer a fase da produção de
resultados. A calibragem do modelo consiste em estabelecer parâmetros para as
entradas e condições internas do sistema, a fim de se verificar a adequação das
respostas.

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Análise e avaliação do modelo:


Depois que o modelo foi calibrado, pode-se utilizá-lo para produzir as respostas
almejadas nos objetivos que foram especificados. Essa fase corresponde à
execução de projeto. Para os modelos numéricos, corresponde ao uso dos
programas de computação para registrar os resultados produzidos. Para os modelos
qualitativos, a análise deve ser feita em relação aos pressupostos teóricos e ao
conhecimento disponíveis sobre a estrutura e os processos do sistema. Para os
modelos numéricos e qualitativos, as respostas devem ser avaliadas em sua
qualidade de acordo com os objetivos especificados. É a fase da checagem.

Os modelos quantitativos podem ser considerados sob três nuances, que não são
mutuamente exclusivas:
• os de "caixa preta",
• os baseados nos balanços de massa e de energia,
• os de direcionamento estocástico ou determinístico.

Os modelos em "caixa preta" relacionam previsões sobre os output com base nos
dados dos inputs, mas sem explicitamente enunciar quais são as relações
existentes. Nenhum sistema do mundo real é totalmente conhecido, de modo que
sempre haverá algum elemento em "caixa preta" a seu respeito, embora em muitos
modelos essa caixa é matizada de "cinza" porque o modelo fisicamente representa
pelo menos alguns dos processos internos atuantes.

Na perícia de passivos ambientais os modelos matemáticos de transporte das


substâncias nocivas (poluentes) constituem atualmente um instrumento útil de
avaliação. Nem sempre é possível formar uma imagem suficiente da situação no
subsolo mediante a utilização de métodos convencionais de análise, como por
exemplo, as perfurações. Prognósticos temporais e espaciais de propagações de
poluentes são interessantes em alguns casos. Assim pode, por exemplo, ser
interessante no planejamento de recuperações das águas subterrâneas prognosticar
a extensão da fronteira de poluentes em relação ao tempo. Pode ser também que se
pretenda estimar o tempo necessário para que os poluentes coloquem em risco um
bem utilizável.

Deve-se atentar para o fato de que modelos matemáticos de transporte de poluentes


só podem ser tão bons quanto a qualidade dos dados investigados no local. Esse é
também o ponto fraco desses modelos teóricos.

Em muitos problemas a serem resolvidos em passivos ambientais os pressupostos


da aplicação de soluções matemáticas não existem mais. No caso de relações não-
homogêneas no subsolo e no caso de relações complexas de correntezas, isto é, no
caso de complexas condições iniciais de entorno, os procedimentos numéricos são
utilizados com ajuda de softwares específicos.

No caso de modelos numéricos o espaço é decomposto em elementos parciais


homogêneos (células ou elementos). Distingue-se aqui diferentes procedimentos de
cálculo. No caso do procedimento de diferenças a decomposição de uma área-
modelo resulta em células retangulares. Com relação ao período de tempo

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apreciado efetua-se, considerando-se o enunciado de preservação de massa para


cada célula, um balanço de massa. Da soma de todos os balanços, das
concentrações iniciais e das condições de entorno resulta para o respectivo
momento um quadro espacial da distribuição do poluente na área-modelo.

5. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA

A valoração econômica não é necessariamente expressa em termos monetários,


embora, sem dúvida, isso seja desejável. Deve-se ter em vista que frequentemente a
obtenção de estimativas monetárias não contribui para uma percepção abrangente
das implicações de certo curso de ação envolvendo o ambiente.

VaIorar monetariamente os impactos econômicos e sociais de grandes projetos,


como usinas hidrelétricas, pode ser virtualmente impossível no que se refere a
certos aspectos específicos, a não ser que se admitam hipóteses simplificadoras,
através das quais podem ser simulados caminhos alternativos.

Ademais, os impactos não podem ser considerados somente no que diz respeito à
implantação e operação de empreendimentos. Deve-se levar em conta também,
quando for o caso, os impactos indiretos decorrentes do uso dos bens e serviços
produzidos. Uma análise abrangente da geração de energia hidrelétrica, por
exemplo, deveria considerar, em oposição aos danos ambientais decorrentes da
construção e da operação de usinas, os benefícios obtidos pela substituição de
outras fontes energéticas, notadamente carvão, lenha e petróleo.

Duas dificuldades principais se interpõem à estimação do valor do ambiente e, em


especial, aos custos e benefícios da ação antrópica sobre este.

Em primeiro lugar, enfrenta-se uma incapacidade teórica da Economia para lidar


com a questão, porque tanto a Teoria do Valor Trabalho quanto a Teoria
Neoclássica não são suficientes. Quanto à primeira, afirma-se que o valor tem
origem exclusivamente no trabalho humano. A consequência teórica disso é que
apenas o Ambiente Construído possui valor e toda ação antrópica sobre o Ambiente
Natural representa, portanto, aumento de valor. Essa implicação é claramente
inaceitável.

Quanto à segunda, o valor seria determinado no mercado pela interação entre oferta
e procura. Os estudiosos que seguem essa abordagem reconhecem as falhas de
mercado na valoração do Ambiente, o que na realidade é o caso geral.

Por outro lado, a Economia Ambiental, assim como a Economia da Educação e a


Economia da Saúde, enfrenta dificuldades relacionadas à enorme complexidade dos
objetos de análise e à virtual impossibilidade de se obterem modelos confiáveis para
representar a sequência dinâmica de todos os efeitos decorrentes de certa alteração
inicial.

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Não se deveria esperar mensurações econômicas precisas e definitivas no estado


atual do conhecimento, embora seja internacionalmente reconhecido que as
tentativas nesse sentido podem contribuir para melhor orientar a política econômica
e, em especial, a própria política ambiental.

A questão referente à valoração do ambiente pode ser assim formulada: as espécies


vivas e o meio físico em que vive a humanidade possuem valor por si mesmos ou o
valor é somente uma relação entre sujeito e objeto? Essa questão pode ser
apresentada de forma mais radical como: Na ausência da humanidade, ainda assim
o Ambiente apresentaria algum valor?

Observa-se entre os economistas uma forte tendência a responder afirmativamente


a respeito da existência de valor independente dos usos e das preferências da
espécie humana. Entretanto, se, por um lado, há expressivo consenso quanto à
existência desse valor do Ambiente por si mesmo, sua expressão em termos
monetários é um problema que está longe de receber solução geral.

Conforme apresentado na literatura especializada, a Economia Ambiental desagrega


o Valor Econômico do Recurso Ambiental (VERA) em Valor de Uso (VU) e Valor de
Não Uso (VNU).

VERA = (VUD + VUI + VO) + VNU

Valor de Uso (VU): valor que os indivíduos atribuem a um recurso ambiental pelo
seu uso presente ou pelo seu potencial de uso futuro. O valor de uso pode ser
subdividido em três categorias:
• Valor de Uso Direto (VUD): valor que os indivíduos atribuem a um
recurso ambiental em função do bem-estar que ele proporciona através
do uso direto. Por exemplo, na forma de extração, de visitação ou outra
atividade de produção ou consumo direto.
• Valor de Uso Indireto (VUI): valor que os indivíduos atribuem a um
recurso ambiental quando o benefício do seu uso deriva de funções
ecossistêmicas. Por exemplo, a contenção de erosão, o estoque de
carbono nas florestas tropicais.
• Valor de Opção (VO): valor que os indivíduos estão dispostos a pagar
para manterem a opção de um dia fazer uso, de forma direta ou indireta,
do recurso ambiental. Por exemplo, o benefício advindo de fármacos
desenvolvidos com base em propriedades medicinais, ainda não
descobertas, de plantas de florestas tropicais .

Valor de não uso (VNU) ou valor de existência (VE), é o valor que está dissociado
do uso (embora represente o consumo ambiental) e deriva de uma posição moral,
cultural ou ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies não
humanas ou de preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não
representem uso atual ou futuro para o indivíduo. Um exemplo claro deste valor é a
grande mobilização da opinião pública para o salvamento dos ursos panda ou das
baleias, mesmo em regiões em que a maioria das pessoas nunca poderá estar ou
fazer qualquer uso de sua existência.

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É importante destacar que as pessoas atribuem aos valores acima descritos, a


avaliação que fazem da singularidade e da irreversibilidade da destruição do meio
ambiente, associadas à incerteza da extensão dos seus efeitos negativos. O Quadro
abaixo apresenta uma síntese da classificação dada aos valores do meio ambiente

Fonte: Almeida, 2008

Do ponto de vista da economia, é fundamental ressaltar que a deterioração do


Ambiente diminui temporária ou definitivamente sua capacidade de desempenhar
suas funções. Essas funções podem ser agrupadas em três categorias:
• prover materiais e energia;
• prover bens e serviços naturais:
• assimilar detritos.

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Essas funções são concorrentes entre si não apenas enquanto categorias, pois em
cada caso os usos alternativos dentro de cada categoria são inúmeros e algumas
vezes mutuamente excludentes. Portanto, as alocações que se fazem dos recursos
da natureza, além de serem em geral irreversíveis, representam escolhas entre
alternativas frequentemente incompatíveis. Por isso, há necessidade de estudos e
pesquisas no sentido de levantar e avaliar os seus impactos, de tal forma que os
Valores de Uso Direto, de Opção e de Existência sejam levados em conta.

As decisões sobre o Ambiente podem ser analisadas segundo o Princípio do Custo


de Oportunidade, que incorre em custo de oportunidade sempre que uma decisão é
tomada sobre o uso de algum recurso disponível. Nesse caso, o "recurso disponível"
é exatamente o Ambiente com sua capacidade atual de desempenhar suas funções.
Em uma situação hipotética de escolha sem incerteza e sem riscos, seria possível
ordenar as alternativas de uso do Ambiente de acordo com o retorno social de cada
uma. O custo de oportunidade de uma decisão seria, então, representado pela
melhor oportunidade não escolhida.

Percebe-se desde logo que, embora valiosa e elucidativa, a ideia de custo de


oportunidade não pode ser aplicada diretamente aos processos de decisão, porque
a informação é sempre incompleta e as situações tipicamente envolvem riscos e
incertezas, que devem ser levados em conta.

A escolha do horizonte temporal constitui outra questão relevante, uma vez que os
usos atuais do Ambiente, ao modificar as condições de vida, modificam o padrão de
interação entre os sistemas natural e social constituindo uma sequência de efeitos
ao longo do tempo.

Diante da falta de conhecimento científico capaz de estabelecer com segurança a


cadeia de impactos ao longo do tempo, pode-se utilizar técnicas de decisão que
consistem em considerar cenários alternativos, aos quais são atribuídas
probabilidades, optando-se pela decisão ótima segundo algum critério pré-
estabelecido. Entretanto, o fato de os efeitos se distribuírem no tempo faz com que,
além de estabelecer os seus valores econômicos, seja necessário calcular os seus
valores atuais.

A forma de valoração oscilará necessariamente entre avaliações


predominantemente tecnocráticas e avaliações coletivas envolvendo as
comunidades interessadas. As avaliações baseadas nas comunidades interessadas
tendem a se afastar do que seria ideal do ponto de vista tecnocrático, pois essas
avaliações refletem aspectos culturais, políticos e sociais.

Portanto, o objetivo da valoração econômica de um recurso ambiental consiste em


inferir em quanto melhorou ou piorou o bem-estar das pessoas devido às mudanças
na quantidade de bens e serviços ambientais, seja na apropriação por uso ou não
uso.

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Cabe ao analista que vai ora explicitar com exatidão os limites dos valores
estimados e o grau de validade de suas mensurações para o fim desejado. A
adoção de cada método dependerá:
• do objetivo da valoração;
• das hipóteses assumidas;
• da disponibilidade de dados;
• do conhecimento da dinâmica ecológica do objeto que está sendo
valorado.

5.1. Valoração econômica de impactos ambientais

Adiante se encontra uma revisão dos métodos para valoração econômica de


impactos ambientais. A facilidade de utilização e a robustez dos resultados de cada
método dependem, em grande parte, da qualidade dos dados disponíveis. Algumas
são baseadas em dados de mercado, podendo ser tomadas como medidas dos
benefícios ou perdas decorrentes da mudança no recurso ambiental e mais fáceis de
obter.

5.2. Método da Produtividade Marginal

Busca medir mudanças na produtividade de sistemas resultantes de mudanças nas


condições ambientais, frequentemente avaliadas a preços de mercado. Esta
abordagem é útil para avaliar impactos ambientais que afetam a produtividade da
atividade pesqueira, florestal, agrícola e de outros ativos.

5.3. Despesas de Reposição

Consideram os gastos adicionais para a reposição, reparo ou manutenção de ativos


físicos em decorrência dos impactos ambientais ou gerenciamento inapropriado, só
sendo aplicável em situações em que a magnitude do dano pode ser dimensionada
e a medida corretiva é possível. Aplicações em correções de danos a solos agrícolas
utilizam-se desta abordagem.

5.4. Despesas de Relocalização

São uma variante das despesas de reposição. Aborda o custo de realocar uma
atividade produtiva cuja eficiência operacional no local de origem tenha sido
prejudicada por mudança da qualidade do meio ambiente. Uma aplicação típica
refere-se à movimentação de populações quando da construção de represas, cujos
custos devem tentar incluir, ainda que qualitativamente, aspectos psicológicos e
sociais da reIocalização.

Os métodos acima citados, quando aplicados, apresentam algumas limitações -


vieses - pois subestimam o valor total do recurso ambienta!, nos casos onde os
valores de opção e existência são significativos: sendo assim, apenas são captados
os valores de uso (direto e indireto) do recurso ambienta!. Em relação às despesas
de reposição, a validade do resultado encontrado depende da inclusão de todos os

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custos considerados relevantes e de todos os fatores envolvidos na reposição de um


recurso ambiental.

5.5. Despesas de Prevenção/Mitigação

Avaliam o dano causado pela degradação ambiental de acordo com os gastos que
as pessoas têm na tentativa de evitar um dano ambiental ou outras atividades
ofensivas ao bem-estar humano ou ao meio ambiente. O estudo das técnicas
alternativas de gerenciamento do solo para aumentar a produtividade agrícola
demonstra o uso deste método, cujo valor gasto pelo fazendeiro para se prevenir
contra a erosão do solo e as perdas com a agricultura devem ser no mínimo maiores
que os custos incorridos para a construção de diques.

5.6. Despesas de Proteção

Consistem em identificar os comportamentos econômicos que reflitam indiretamente


o valor pago para se proteger de algum dano ambiental. Um exemplo clássico é o da
demanda por materiais para isolamento acústico na vizinhança do aeroporto de
Heathrow, em Londres. Esta abordagem pode subavaliar o dano, pois no caso do
aeroporto, por exemplo, o isolamento acústico poderia ser obtido apenas
parcialmente e, mesmo assim, em recintos fechados.

Na inexistência de mercados específicos para produtos e serviços ambientais,


mercados substitutos ou hipotéticos são utilizados para medir diretamente a
demanda pela qualidade ambiental. Neste caso, as preferências poderão ser
reveladas através de situações reais onde bens e serviços ambientais são afetados
por impactos ambientais nos quais os indivíduos fazem uma escolha entre o impacto
ambiental e outros bens ou renda.

Para este tipo de preferência, utilizam-se os métodos de custo de viagem e de


preços hedônicos. Entretanto, existem casos em que os impactos ambientais não
podem ser valorados desse modo, mesmo indiretamente através do comportamento
do mercado. A alternativa é construir mercados hipotéticos para várias opções de
redução de danos ambientais e realizar questionamentos diretos acerca dos
impactos aos envolvidos, usando o método da valoração contingente. Esta
alternativa revela a preferência associada através de mercados hipotéticos.

5.7. Método de Custo de Viagem

É aplicável para locais de acesso público, portanto sem indicação de propensão a


pagar por parte dos usuários. Busca derivar uma curva de demanda usando os
custos de deslocamento até o local como proxy para os preços de entrada,
determinando dessa forma o valor do bem ou serviço ambiental.

A identificação do uso efetivo de locais de recreação/lazer/acesso público pode ser


mensurada normalmente durante as visitas de turistas que são entrevistados nas
áreas de lazer, buscando informações referentes ao local de estada do visitante,
distância viajada, frequência e custo de viagem das visitas. Este método se

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apresenta como uma metodologia muito prática quando há um controle do fluxo


turístico para áreas naturais, como parques nacionais, estaduais ou municipais.

5.8. Método de Preços Hedônicos

Busca medir os impactos ambientais identificando seus efeitos sobre os preços das
propriedades. Baseia-se no conceito de que o valor de uma propriedade é
diretamente relacionado ao fluxo futuro de benefícios dela esperado. Tem sido
amplamente aplicado na avaliação de impactos sobre residências, mas pode ser
também utilizado para propriedades rurais e outras.

Este método requer um levantamento de dados minuciosos, como informações


sobre atributos referentes a propriedade, além dos ambientais, que influenciam o
preço desta. Torna-se difícil a utilização, pois os preços de propriedade não
internalizam as futuras melhoras (ou pioras) ambientais. É possível que os preços de
propriedade sejam subestimados por razões fiscais para reduzir os valores de
impostos incidentes.

5.9. Método da Valoração Contingente

É aplicável em situações em que não são disponíveis dados de mercado, o que é


comum em impactos ambientais. Baseia-se no pressuposto de que os consumidores
podem determinar e irão revelar sua disposição em pagar por bens ou serviços para
os quais não existe mercado, se colocados diante de um mercado hipotético.
.
O método da valoração contingente tem merecido atenção crescente como
instrumento para avaliação de impactos ambientais, permitindo inclusive a avaliação
dos valores de opção e valores de existência dos bens/serviços ambientais, que não
poderiam ser obtidos por outros meios, como a diversidade genética. A aplicação
desta técnica não é trivial e envolve custos elevados de pesquisa.

As preferências reveladas nas pesquisas refletem as decisões que os agentes


tomariam de fato caso existisse um mercado para o bem ambiental descrito, que
serão expressas em valores monetários. Esses valores são obtidos a partir de
informações que são adquiridas de um questionário que revela a disposição a pagar
dos indivíduos para garantir a melhoria de bem-estar ou quanto estariam dispostos a
aceitar em compensação para suportar uma perda de bem-estar, além de dados
socioeconômicos e informações sobre o conhecimento dos entrevistados a respeito
da questão ambiental.

Alguns vieses afetam a confiabilidade do método, mas podem ser minimizados pelo
perfil do questionário e da amostra.

Não se deve negar a dificuldade de se realizar a valoração econômica de recursos


ambientais, por conta da irreversibilidade das condições ambientais preexistentes,
da singularidade dos ecossistemas e do desconhecimento do futuro. Porém, devido
a verdadeiros desastres (acidentes, vazamentos etc.) ocorridos no Brasil e no

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mundo, verificou-se a necessidade de se estabelecer formas de contabilizar esses


danos ambientais.

5.11. Grupos de impactos ambientais

Em um contexto abrangente, os impactos ambientais podem ser classificados em


dois grandes grupos:
• Impactos Naturais: compreendendo os fenômenos da própria Natureza,
como terremotos, inundações, incêndios naturais, ativação de vulcões e
tufões.
• Impactos Antrópicos: decorrentes da ação do homem sobre a natureza,
que correspondem aos impactos provenientes de atividades de produção
e consumo que modificam o Ambiente, como implantação de indústrias,
projetos de urbanização, construção de usinas hidrelétricas, uso de
agrotóxicos e veículos automotores.

Os impactos naturais e antrópicos, em princípio, são passíveis de mensuração


econômica, embora alguns aspectos, especialmente os mais subjetivos ou abstratos,
sejam de difícil mensuração.

O processo de valoração econômica de bens e impactos naturais, pressupõem


inicialmente a decisão político-administrativa de instrumentar entidades e órgãos
governamentais a procederem a valoração. A crescente conscientização geral a
respeito da acelerada degradação do ambiente, bem como a exaustão de recursos
naturais, serve de base para essa decisão.

6. MÉTODOS DE QUALIFICAÇÃO DE AGRAVOS AMBIENTAIS

Devemos considerar os atributos dos dados pesquisados que exercem influência na


formação dos preços e, consequentemente, no valor. Os dados amostrais são
submetidos à inferência estatística, feitos através de um modelo matemático
adequado, conhecido como modelo de regressão que, submetido a diversos testes
previstos em Norma, transmite à avaliação a confiabilidade do estatístico.

Devido à raridade do bem avaliado e a consequentemente inexistência de amostras


que contemplem os atributos inerentes às características especiais do bem e,
considerando a necessidade de calcular o valor indenizatório de desapropriação, a
metodologia é baseada no método comparativo de dados de mercado. Neste tipo de
avaliação, consideramos a existência de dois componentes. quais sejam:
Tabela 1 : Cálculo da Avaliação geral
VG = VI + VC
VG = valor global
VI = valor inicial (valor da área, desconsiderando a singularidade
VC = Valor cênico (valor da singularidade)

Para calcular o valor cênico partimos do valor inicial do imóvel avaliando, fazendo
incidir sobre este alguns fatores inerentes à sua situação fática.

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VALOR CÊNICO (V C)

Para o cálculo de VC, consideramos a existência de três componentes:


Tabela 2 : VC = VI X RA X FC
VI => valor inicial
RA => coeficiente de raridade / atratividade
FC = > fator coercitivo

Estabelecemos, inicialmente, para definirmos o valor cênico do imóvel avaliando


(VC), um coeficiente que represente a raridade do bem e sua atratividade em
relação à população (RA). Para isso, foram criados os níveis de representatividade
municipal, estadual e nacional. Aos níveis foram estabelecidas notas que expressam
o grau de RARIDADE / ATRATIVIDADE e, para caracterizar a influência sobre a
população, foram aplicados pesos de 3/6 para municipal, 2/6 para estadual e 1/6
para nacional.
Tabela 3: Raridade e Atratividade em Nível
Nível Municipal- RAm
Nível Estadual- RAe
Nível Nacional- RAn
1 = comum
2 = raro
3 = exclusivo

Tabela 4

Fonte: Almeida, 2008

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Para exemplo de imóvel avaliando, foram aplicadas as seguintes notas:


RAm (raridade/atratividade municipal) => 3
RAe (raridade/atratividade estadual) = > 2
RAn (raridade/atratividade nacional) = > 1
Aplicamos a fórmula: RA = (3 x RAm + 2 x RAc + RAn)/6
Resultados: RA (raridade/atratividade) = 2,33
Utilizamos fatores corretivos (FC), diminutivos ou não, envolvendo quatro variáveis,
com seus respectivos percentuais e pesos.

Para exemplo de imóvel avaliando, registramos os seguintes dados:

Fatores Externos
Ac (acessibilidade) = 50%
Rt (reputação turística da região) = 25%

Fatores Internos
Fu (facilidade de uso) = 75%
Vp (visual paisagístico) = 50%

Aplicamos a fórmula: FC = [(Ac + 2Rt)/3 + (Fu + 2Vp )/3112

Resultado: FC = (fator de correção) = 0,45

Como: VC = V I x RA x FC

Tendo em vista os diversos valores reportados, aplicamos a fórmula do valor global:

VG = VI + VC

A metodologia é bastante simples e divide o ambiente em seis aspectos: ar, água,


solo e subsolo, fauna, flora e paisagem. Para cada aspecto do ambiente, são
descritos dois tipos de danos. E para cada tipo de dano são descritos e qualificados
diversos agravos.

O perito-avaliador, ao vistoriar o local do dano, definirá os aspectos do ambiente


envolvido e, para cada um deles, os tipos de danos. Feito isso, analisará cada
agravo citado, qualificando-os de acordo com os critérios pré-estabelecidos.

A definição dos tipos de danos e os critérios de qualificação dos agravos são


descritos em separado para cada um dos aspectos do ambiente. De acordo com os
critérios de qualificação dos agravos, eles recebem um correspondente numérico
que varia de 0 a 3.

Ao finalizar a análise, o técnico-avaliador terá, para cada um dos seis aspectos do


ambiente, um índice numérico correspondente à qualificação dos agravos e,
portanto, corresponde ao dano ambiental que está sendo analisado.

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Correlaciona-se os índices numéricos obtidos, com o fator de multiplicação que será


utilizado no cálculo da indenização.

O perito-avaliador, de posse dos índices numéricos referentes a cada aspecto do


ambiente, dará ou obterá, para cada aspecto, um fator de multiplicação. A somatória
dos fatores de multiplicação será utilizada no cálculo da indenização, conforme
segue:

INDENIZAÇÃO = FATOR DE MULTIPLICAÇÃO X VALOR DE EXPLORAÇÃO

Como valor de exploração, entendemos o valor de mercado dos bens apropriados


ou lesados pelo réu, quando do dano ambiental. Por exemplo: o valor de mercado
da tara de lenha proveniente de um desmatamento, ou ainda o valor da areia
proveniente da exploração de um porto de areia irregular.

Claro está que determinados danos ambientais implicam a degradação de bens que
não têm valor de mercado. Como, por exemplo, o ar que é poluído por determinada
indústria.

Diante da inexistência de um valor de mercado para o bem lesado, como no


exemplo, propomos que o valor de exploração seja substituído pelo valor de
recuperação do bem ou recurso lesado.

Nestes casos, então, o cálculo da indenização deve ser alterado para:

INDENIZAÇÃO = FATOR DE MULTIPLICAÇÃO x VALOR DE RECUPERAÇÃO

Isto significa dizer que, ainda de acordo com o exemplo citado, no cálculo daquela
indenização, multiplicaríamos a somatória dos Fatores de Multiplicação pelo valor
monetário da recuperação da qualidade do ar.

O perito-avaliador deveria estudar qual o método de recuperação mais adequado


para aquela situação e, a partir daí, estimar o custo de recuperação.

Não se pode deixar de admitir que alguns tipos de danos ambientais cuja valoração,
quer seja através da correlação com o valor de exploração ou com o valor de
recuperação, é bastante difícil de mensurar ou até mesmo impossível. Tome-se, por
exemplo, o dano causado com a morte de um animal cuja espécie esteja ameaçada
de extinção, ou a destruição de um patrimônio tombado.

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C. LEGISLAÇÕES, FERRAMENTAS E CASOS

1. CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-


2014/2012/Lei/L12727.htm

2. PLANO DIRETOR DE CASCAVEL

Disponível em: <http://www.cascavel.pr.gov.br/secretarias/seplan/pagina.php?id=60>

3. GEOPORTAL DE CASCAVEL

Disponível em: <http://geoportal.cascavel.pr.gov.br:10080/geo-view/faces/sistema/geo.xhtml>

4. SHOPPING CATUAI – CASCAVEL/PR

Disponível em: < http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=principal>


Agravo de Instrumento Nº 5003209-49.2014.4.04.0000 (Processo Eletrônico - E-Proc V2 - TRF)
Originário: Nº 5005069-90.2012.4.04.7005 (Processo Eletrônico - E-Proc V2 - PR)

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2º MÓDULO

15 HORAS

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A. SUBSÍDIOS PARA A AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE IMPACTOS AMBIENTAIS

O presente módulo possui como referência Cunha (2009), especialmente no capítulo


5 da obra referenciada, capítulo esse de autoria de Pedro Paulo de Lima e Silva,
Antonio José Teixeira Guerra e Luiz Eduardo Duque Dutra.

1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

Uma população mundial de quase seis bilhões de pessoas em contínuo crescimento


consiste, por si só, num fator de preocupação. Se considerarmos que cada um dos
seis bilhões anseia por melhor qualidade de vida, aquele crescimento potencializa
algum tipo de colapso (como um esgotamento da capacidade regenerativa natural)
nos sistemas de manutenção da vida que nos fornecem ar, água e solo para
sobreviver. Na verdade, algumas pontas desse iceberg de desequilíbrio são
observadas em diversas partes do planeta, como a destruição do ecossistema do
Lago Vitória, na África, a tendência de desaparecimento do Mar Aral, na Rússia, a
falta de água potável em diversas partes do mundo, a destruição da Mata Atlântica e
da Floresta Amazônica, no Brasil, entre muitos outros. O problema do Mar Aral, por
exemplo, recebeu um considerável aporte financeiro do Banco Mundial (US$ 300
milhões), na tentativa de impedir seu completo desaparecimento e os consequentes
efeitos danosos para a população do entorno.

Mas a relação seres humanos-ambiente, sem dúvida profundamente preocupante e


central, não é feita somente de desastres. Há atividades produtivas de impactos
relevantemente positivos: a gestão responsável das unidades de conservação
(parques e reservas), o reflorestamento de áreas degradadas, a cultura de plantas e
animais (o que minimiza a coleta predatória), os chamados "negócios vertks"
(reciclagem, produtos biodegradáveis, serviços de recuperação, etc.) e, por último,
mas não menos importante, a gestão responsável do problema ambiental dentro das
empresas. O objetivo final é evitar o esgotamento dos estoques naturais, mitigar a
geração de rejeitos pelas empresas, e assim responder às necessidades de
sustentabilidade do desenvolvimento.

O círculo virtuoso de responder prontamente às necessidades de sustentabilidade,


sintetizado na composição alerta-ação-resposta-correção, deve ser contínuo, uma
vez que as metas desta sustentabilidade estão décadas à frente, com muitas
incertezas em jogo.

O sistema social, visto como um todo, ainda age de forma visivelmente


insustentável: os estoques de poluentes ainda são crescentes, a taxa de conversão
de terras naturais em pastos e plantações também, e o crescimento exponencial da
população mais pobre é o problema do século XXI. Se, ao que tudo indica, a relação
entre a taxa de crescimento de uma população humana e sua qualidade de vida é
inversa (correlação negativa), então as questões macroeconômicas de distribuição
de riqueza, recursos e tecnologia progressivamente caminham para o primeiro plano
das preocupações mundiais, e deve sobrepujar mesmo questões religiosas, étnicas

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ou disputas territoriais. Aqui analisaremos apenas os impactos ambientais negativos,


que são a nossa preocupação do momento.

Quando um estudo patrocinado pelo Clube de Roma, em 1972 (Relatório Meadows),


afirmou que o mundo poderia entrar num colapso por volta de 2020, dadas
determinadas premissas, houve uma avalancha de críticas, a grande maioria
qualificando aquelas previsões de fantasiosas e alarmistas.

Hoje, 27 anos depois, a maioria dos pesquisadores concorda que o problema da


poluição e degradação ambientais foi subestimado, e diversos governos estão
mesmo trabalhando no sentido de ajustar seus planejamentos na direção de um
desenvolvimento sustentável. A Rio-92, reunião da ONU que trouxe representantes
e chefes de estado de 166 nações ao Rio de Janeiro, foi o evento que mais países
reuniu em toda a história da humanidade, e vem na sequência de uma série de
reuniões e acordos internacionais iniciados na década de 1970, e cuja preocupação
principal tem sido a proteção do meio ambiente.

Aliado ao crescimento populacional, a pressão ambiental e social fez-se sentir, e


trouxe à tona a necessidade de um desenvolvimento que não conduza à exaustão
dos recursos naturais, nem degrade perigosamente os sistemas de manutenção da
vida. A viabilidade deste projeto de sociedade ocorrerá mais rápida e facilmente se a
sociedade, como um todo, incluindo administradores, agentes econômicos e
representantes civis, considerar seriamente os custos associados aos danos
ambientais. Em outros termos, o planeta é finito, e na verdade está ficando pequeno
para os seres humanos.

Esta mudança de paradigma em relação ao ambiente e, portanto, dos hábitos


sociais, depende, primeiro, da utilização, pela Economia e pelo Planejamento, de
métodos da Teoria Geral de Sistemas que permitam identificar as complexas inter-
relações ambiente x produção, e assim valorar os custos envolvidos. Em seguida, é
necessária a definição de uma estratégia apropriada de utilização de instrumentos
econômicos (taxas, tributos e normas) como um mecanismo indireto de proteção do
ambiente. Isto exige, porém, uma avaliação correta dos danos ambientais e também
uma discussão a nível ético do que deve ou não ser valorado monetariamente.

2. IMPACTOS AMBIENTAIS NO PRESENTE

A princípio, qualquer atividade humana causa impactos ambientais. Por conseguinte,


a exploração de recursos naturais tem causado uma gama variada de danos
ambientais. Diversos têm sido os autores preocupados com essas questões, os
quais têm exposto de diversas maneiras, através dos seus trabalhos, a avaliação
dos danos oriundos dessa exploração, do que acontece quando não se levam em
conta os riscos dos impactos.

Atualmente, existe uma preocupação maior com os riscos ambientais do que no


século passado. As pontas dos icebergs de desequilíbrio são detectadas aqui e ali,
numa grande diversidade de macrofenômenos como o da eventual destruição da

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camada de ozônio em várias partes da atmosfera do planeta. Além disso, questões


como o aquecimento global, a poluição das águas, do ar e dos solos também têm
sido consideradas pelos pesquisadores. Ou seja, existe uma preocupação constante
em como explorar recursos naturais e, ao mesmo tempo, conseguir-se atingir o
desenvolvimento sustentável.

As mudanças ambientais têm sido tema de estudo em diversos ramos do saber,


quer seja na Geologia, Geomorfologia (Geografia), Ecologia (Biologia), Engenharia,
Economia, Ciências Ambientais e da Terra, como um todo. O interesse pelas
mudanças ambientais tem sido uma consequência dos debates políticos e da
percepção da sociedade em relação aos danos que têm ocorrido na Natureza, em
especial nas últimas três décadas. Isso tem levado a várias descobertas científicas
sobre o funcionamento do ambiente, mas muito ainda se está por descobrir, em
especial no que diz respeito às mudanças ambientais.

Para se compreender essas mudanças e, ao mesmo tempo, fazer previsões do que


poderá ocorrer no futuro, não basta apenas entender a mecânica dos processos de
mudanças, mas também as ligações entre os diversos componentes do sistema.
Conceitos como limites de mudança, frequência, magnitude, taxas de mudança e de
recuperação são de grande relevância para se compreender as mudanças
ambientais como um todo. Através dessa base teórico-conceitual, acredita-se poder
entender os danos ambientais nas áreas impactadas.

Dessa forma, esse item pretende identificar os diversos tipos de recursos naturais
existentes, bem como avaliar os danos ambientais causados pela exploração desses
recursos, tanto nas encostas como sobre os corpos líquidos, nas áreas urbanas e
nas áreas rurais. Finalmente, algumas formas de degradação ambiental serão
também abordadas conjuntamente com alguns procedimentos de recuperação
dessas áreas.

2.1. Tipos de recursos naturais

Os recursos podem ser divididos em renováveis e não-renováveis. A maioria dos


recursos naturais da terra são não-renováveis. A exploração indiscriminada de
alguns deles tem levando-os à extinção, o que ocorre com espécies vegetais,
animais e minerais.

Recursos Minerais

A grande maioria dos minerais está enquadrada no grupo dos recursos naturais não-
renováveis e, portanto, sua exploração deve ser objeto de um planejamento que
considere seu caráter finito, aproveitando-o de forma mais eficiente e com menos
desperdício. Os recursos minerais estão presentes em quase tudo na nossa vida.

Numa típica residência urbana, tudo é feito, direta ou indiretamente, com minerais,
desde os materiais de construção (areia, pedra, cimento, ferro, alumínio, argila,
vidro, etc.), passando pelos materiais de encanamento (cobre, chumbo e ferro), de
pintura (pigmentos como ferro, zinco e titânio), as ferragens para banheiro e cozinha

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(ferro, cobre e muitos outros metais), a mobília (fibras sintéticas feitas de carvão e
petróleo, molas de aço, etc.) e outros itens como janelas, lâmpadas, utensílios
domésticos, etc. Além disso, os minerais estão presentes também nas nossas vidas
através do seu uso, por exemplo, nos remédios, cosméticos, roupas e até alimentos.

Os minerais têm também aplicações industriais muito diversas. Na produção de


metais e novos materiais, que podem ser abundantes (ferro, alumínio, cromo,
manganês, titânio e magnésio) ou escassos (cobre, chumbo, zinco, ouro, prata,
platina, urânio, mercúrio e molibdênio). São ainda utilizados como agregados para
concreto (rochas, areia e calcário, cimento), argila para telhas e tijolos. Finalmente,
existem aqueles utilizados nas indústrias petroquímicas que são a base para a
produção de fertilizantes e de pesticidas para agricultura.

Dada esta extensiva dependência em relação aos recursos minerais, concorrente


com sua natureza finita, critérios cuidadosos devem pautar a sua utilização. Além
disso, a exploração, o transporte e o manuseio dos minerais podem causar uma
série de danos ambientais. Outro elemento a ser considerado é que a exploração
deve ser economicamente racional pois, se não o forem, geram um fluxo de caixa
positivo apenas por alguns anos, no máximo duas a três décadas, quando as
reservas são realmente grandes.

Os fatores acima estão particularmente presentes quando se trata de alguns


minerais que são fonte de energia, escassos e ainda responsáveis por grande parte
da poluição atmosférica e líquida, como o carvão e o petróleo. Observe que, embora
finitos, poucos creem que eles se esgotarão. As maiores dificuldades estão
relacionadas aos custos sociais envolvidos em sua queima. Incluem-se desde a
poluição atmosférica e as chuvas ácidas, até os acidentes de trânsito e as horas
perdidas nos congestionamentos. São fundamentais, não só por representarem
elevados dispêndios que não param de crescer, mas também porque quem arca
com eles não são nem os consumidores nem os produtores, mas a sociedade como
um todo, donde seu enquadramento como custo social.

Recursos Florísticos

Os recursos florísticos, ou vegetais, apesar de serem enquadrados no grupo dos


recursos renováveis, podem se esgotar, em especial em áreas onde sua exploração
não leve em conta os riscos e os danos associados a um aproveitamento imediatista
e irracional. Isso porque as atividades desenvolvidas pelos seres humanos tendem a
promover o desmatamento de grandes áreas. A conversão de terras para as
atividades agropecuárias na Amazônia é uma ilustração atual.

Sabe-se que os organismos vivos podem sobreviver dentro de certos limites,


definidos pela co-evolução das espécies e das condições ambientais em processos
bastante complexos e específicos. O sistema agrícola maneja as condições naturais,
criando artifícios que simulam as características do meio ótimo para uma
determinada planta ou animal. Assim, a agricultura irrigada, a calagem, a adubação
e as estufas são, efetivamente, alterações do meio para se chegar a condições que
estejam dentro do intervalo de tolerância das espécies cultivadas.

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O problema é que, constantemente, essas alterações não levam em conta os limites


do próprio ambiente. Muitas vezes as consequências são irreversíveis para o meio,
como, por exemplo, o desaparecimento de algumas espécies vegetais e a
desertificação de amplas regiões, causando desequilíbrios na natureza social e
cultural.

O que está em questão nesta exploração irracional dos recursos vegetais é a


evidente redução da diversidade genética, das espécies e dos ecossistemas. Nunca
a biodiversidade, assim entendida, foi tão ameaçada como no presente. Cem por
cento das planícies selvagens dos Estados Unidos estão, hoje, perdidas. Noventa
por cento, no caso da Nova Zelândia. E o problema não é exclusivo dos países ricos.
Oitenta por cento das savanas do Burundi e de Madagascar também estão perdidas.
Outro dado estarrecedor é sobre o recuo das zonas úmidas nos países industriais.
Na antiga Alemanha do Oeste e nos Países Baixos, mais da metade simplesmente
desapareceu entre 1950 e 1980.

Estes problemas podem parecer distantes, apesar dos números e da sua dimensão,
mas a biodiversidade tem-se revelado também um elemento estratégico. Isto
porque, além das perdas na vida selvagem, observa-se em paralelo uma perda
significativa entre as variedades vegetais há muito conhecidas pelo homem. Assim,
catalogaram-se mais de dez mil espécies e subespécies vegetais cultivadas na
História; hoje, no entanto, os agricultores plantam menos que uma centena. Nos
Estados Unidos, por exemplo, 96% das variedades classificadas no início do século
não são atualmente encontradas nos supermercados, 86% das variedades de
maçãs e 88% das de peras igualmente sumiram.

A revolução tecnológica trouxe a agricultura de altos rendimentos, mas baseada em


um número extremamente reduzido de variedades. A homogeneização genética em
excesso, por um lado, aumenta os riscos de ocorrência de parasitos e doenças e,
por outro, diminui as possibilidades de enfrentá-los, ao eliminar as milhares de
opções antes oferecidas pela natureza. As ameaças à biodiversidade envolvem
então uma crescente incerteza: é viável continuar indefinidamente nesta via de
uniformização? Uma boa resposta é essencial, uma vez que se trata da segurança
alimentar do mundo.

No Brasil, sem dúvida, o principal problema hoje são as ameaças à biodiversidade


causadas pela expansão da agropecuária na Amazônia. Esta atividade requer
sempre grandes extensões de terra para o seu desenvolvimento. Oferece, em
contrapartida, pouquíssimas oportunidades de trabalho, o que gera ocupações
provisórias e anárquicas. Em geral, é acompanhada por um extrativismo vegetal
predatório para a fauna e flora da região, além de não trazer benefícios em longo
prazo. Este foi o caso dos ciclos extrativistas no nosso país.

Uma recente ilustração deste tipo de mau aproveitamento dos recursos vegetais tem
sido dada pela exploração indiscriminada das madeiras de lei. Grandes extensões
de florestas são cortadas por madeireiras estrangeiras que visam somente ao
mercado externo, sem considerar a capacidade natural de regeneração da floresta,

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e aproveitando-se da carência de controle destas atividades por parte do Estado. A


recuperação do estoque dos recursos dessas madeiras torna-se então inexequível,
em função de custos impraticáveis.

Por fim, as florestas equatoriais e tropicais têm sido grande fonte de recursos para a
população nativa, quer seja através da exploração de madeiras, quer seja através do
aproveitamento de outras riquezas naturais: borracha, babaçu, castanha-do-pará,
carnaúba, erva-mate, etc.; nem todas de forma predatória. Ao contrário, há uma
tendência de o pequeno coletor de recursos extrativos vegetais manter o equilíbrio
ecológico existente na área de exploração, até porque ele depende diretamente
daqueles recursos para sua sobrevivência. Além disso, a conservação das áreas de
mata proporciona também a manutenção dos recursos animais ali existentes, dos
solos, da qualidade dos mananciais e dos rios e, como consequência, dos
ecossistemas como um todo.

Recursos Faunísticos

Os recursos faunísticos, ou animais, são altamente vulneráveis, e várias espécies


têm sido extintas em consequência da caça predatória e das atividades econômicas,
que tendem a não levar em conta os riscos de suas extinções. Importante lembrar
que a extinção é irreversível, não há recuperação e, portanto, o custo econômico é
infinito. Mais uma vez, a agropecuária é uma das atividades que mais causa danos à
fauna silvestre, uma vez que requer grandes extensões de terra para desenvolver
suas atividades.

Sendo assim, o desmatamento generalizado, além de causar impactos à flora,


também provoca impactos à fauna, uma vez que uma depende da outra para seu
desenvolvimento. Muitos caçadores não se dão conta de que a destruição dos
animais é um dos caminhos para a extinção da flora, pois grande parte das plantas
depende dos animais para a disseminação de suas sementes.

Eventualmente alguns animais conseguem adaptar-se a condições adversas do


ambiente. Em muitos casos, apesar dos animais não desaparecerem de uma
determinada região, acabam vivendo sob estresse. Deste modo, tornam-se mais
suscetíveis a doenças e morte prematura, o que aumenta significativamente seu
risco de extinção. AIém disso, o encadeamento das relações naturais é altamente
complexo.

Um, dentre os inúmeros exemplos, encontra-se no caso do povoamento do Lago


Vitória pela perca do Nilo. Há vários anos este peixe foi introduzido naquele grande
lago do leste da África com o propósito bem intencionado de proporcionar comida
adicional para os moradores da região, além de uma receita adicional para a
balança comercial. Como simples princípios ecológicos foram ignorados, o resultado
foi a virtual destruição de toda a pesca no lago. Até a introdução da perca, o lago
sustentava peixes endêmicos de diversas espécies, mas principalmente ciclídeos,
que se alimentam de detritos e plantas. A perca do Nilo é carnívora, portanto se
alimentando de peixes menores como os ciclídeos.

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Como energia é perdida em cada nível da cadeia alimentar (predadores consomem


muito mais energia do que presas), peixes predatórios não podem ser produzidos
numa taxa tão alta quanto espécies herbívoras; o equilíbrio dinâmico (meta-
equilíbrio) não se sustenta dessa forma (observe as populações de predadores e
presas em todo ambiente natural; os predadores são sempre em número muito
menor do que as presas). Além disso, os ciclídeos do lago não evoluíram com as
percas e, portanto, não possuíam qualquer espécie de mecanismo de defesa
correspondente. Inevitavelmente a perca aniquilou as populações de ciclídeos,
destruindo toda a pesca nativa, incluindo sua própria fonte de alimento.

Devido a isso, seus hábitos vorazes trouxeram sua própria derrocada como um
peixe comercialmente explorável. É verdade que a pesca local já estava um tanto
quanto sobre explorada, consequência da explosão populacional humana local e das
tecnologias avançadas de pesca. Contudo, a solução teria sido um adequado
manejo dos ciclídeos, e nunca a introdução de um predador eficiente sobre eles.

Outras consequências transformaram essa história numa tragicomédia de erros. A


carne da perca não é aprovada pela população local, acostumada à textura e sabor
dos peixes nativos. Mais ainda: a oleosidade da perca requer defumação para ser
preservada, em vez de secagem ao sol, e assim as florestas locais estão sendo
rapidamente cortadas para produzir fogueiras. Devido à perca ser maior e mais forte,
exige redes mais sofisticadas, e os pescadores locais de subsistência não
conseguem competir com estrangeiros mais prósperos, mais bem preparados para a
pesca comercial.

A lição é trágica, mas simples: os seres humanos são uma parte importante da
ecologia do Lago Vitória. A pesca local tradicional manteve-se em harmonia por
milhares de anos, até que a explosão populacional e a necessidade de
desenvolvimento incitaram a uma decisão ecologicamente insana, que prenuncia um
desastre econômico e social.

A eventual extinção de certos animais, devido à destruição de seus habitats ou à sua


caça predatória, pode ser revertida caso haja uma fiscalização mais rigorosa. O
jacaré no Pantanal Mato-grossense é ilustrativo da importância do controle público.
Além disso, muitas vezes o estímulo da criação desses animais, com fins comerciais
e regulamentados por uma legislação específica, pode reduzir bastante o risco de
extinção de certas espécies. A criação de jacaré em cativeiro tem possibilitado tanto
o aproveitamento da carne quanto do couro, diminuindo bastante a pressão pre-
datória e, consequentemente, diminuindo também os riscos de sua extinção. A ação
do Estado, nesse caso, através da regulamentação adequada, foi providencial e
decisiva.

3. DANOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA EXPLORAÇÃO DE RECURSOS


NATURAIS

As implicações do aquecimento global nos processos geomorfológicos e a


sensibilidade dos sistemas a essas mudanças são questões importantes. Uma das

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questões de maior sensibilidade refere-se aos impactos potencialmente irreversíveis,


ou, ainda, aos impactos de reversão extremamente difícil, longa e custosa. Este
tema, que tem preocupado os pesquisadores e algumas autoridades, relaciona-se
em especial às mudanças ambientais em regiões tropicais, ao uso de água em
zonas áridas e semiáridas, e à degradação do ambiente como um todo.

Ainda não é bem conhecido como o efeito estufa pode interferir com o clima, e
consequentemente, afetar a qualidade dos solos em várias partes do mundo. Sendo
assim, é relevante a necessidade de se desenvolver uma metodologia que possa ser
utilizada para o estudo dos impactos das mudanças climáticas sobre a qualidade dos
solos.

3.1 Danos nas encostas

As encostas sofrem bastante com a exploração de recursos naturais e com as várias


formas de uso que os seres humanos têm dado a elas. Os solos, que são a parte
mais externa do relevo, acumulam toda a sorte de danos, em função de não se levar
em conta, na maioria das vezes, os riscos associados à sua utilização, o que se
torna crítico, por exemplo, nas relações entre as encostas e as calhas fluviais.

O que acontece numa encosta acaba se refletindo sobre as calhas fluviais, podendo
causar, por exemplo, o assoreamento desses corpos líquidos, diminuindo a
qualidade e a quantidade de água. Assim, um corte de encosta para a construção de
uma estrada, por exemplo, precisa levar em conta esses fatores, porque do contrário
incorrerá em custos de manutenção ou recuperação altíssimos, quando mais tarde a
encosta vier a desabar por falta de planejamento adequado e diagnóstico preciso.

As características ambientais locais serão, por fim, internalizadas a um custo muito


mais elevado. Um caso conhecido no Sudeste brasileiro é o da Estrada Rio-Santos,
onde incontáveis desabamentos ocorrem todos os anos. As florestas protegem as
encostas contra a ação dos processos erosivos e dos movimentos de massa. O
desmatamento de uma área, com fins de sua utilização agropastoril ou para a
expansão de uma cidade, ou ainda para a exploração de um determinado recurso
natural, por si só pode ser bastante impactante.

As relações existentes entre os condicionantes geológicos e geomorfológicos dos


movimentos de massa são bem exemplificadas pela série de deslizamentos
ocorridos na cidade do Rio de Janeiro por ocasião dos fortes temporais de fevereiro
de 1996. Ficou enfatizado também o papel dos seres humanos na desestabilização
das encostas, quando fazem cortes de taludes para construírem casas, ruas,
prédios, em especial numa cidade que possui morros em quase toda a sua extensão
e um regime de chuvas com frequentes temporais nos meses de verão. A cobertura
vegetal não é intocável, no entanto, seu corte precisa, decididamente, ser precedido
de um diagnóstico das condições ecológicas, pedológicas, geomorfológicas e
geológicas locais; ou seja, é preciso conhecer os riscos de deslizamento associados
ao uso das encostas.

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A cobertura vegetal nas encostas tem um papel preponderante, não só através da


proteção contra o impacto direto das gotas de chuva, diminuindo assim a erosão por
splash, mas também na produção de húmus (produto da decomposição parcial dos
restos vegetais na primeira camada do solo), que proporciona melhor estrutura para
os solos. Contribui também para diminuir as taxas de erosão, porque aumenta a bio-
porosidade, aumentando em consequência a permeabilidade desses solos; ou seja,
graças a isso os solos florestais possuem maior capacidade de infiltração. As raízes
igualmente contribuem para a infiltração das águas. Dessa forma, a remoção das
florestas nas encostas, quer seja para a agricultura, quer seja para a expansão
urbana, tende a promover uma aceleração dos processos erosivos e dos
movimentos de massa, tanto em termos de magnitude quanto frequência.

A recuperação de uma área erodida, como temos visto em relação às enxurradas


frequentes ocorridas no Rio de Janeiro, principalmente a última de 1996, resulta num
alto custo econômico (despesas dos governos com recuperações emergenciais),
social (perdas de lares e áreas de lazer) e ambiental (perdas de plantas, animais e
solo); custo este que poderia ter sido evitado se os riscos inerentes houvessem sido
considerados no planejamento da ocupação da terra.

3.2. Danos nos corpos líquidos

Há abundância de água na superfície terrestre; o problema está na sua


disponibilidade no lugar e hora certos. O volume total é algo de colossal:
aproximadamente 1,4 bilhão km3, No entanto, 97% dessas águas são salgadas, o
que as torna impróprias ao uso nas residências, nos campos e nas usinas.

A água doce representa apenas 3% do total, e não está toda disponível: mais de
80% dela encontram-se presos nas calotas polares, geleiras e lençóis freáticos muito
profundos. Assim, descontando os percentuais de água dos oceanos e das geleiras,
menos de 1 % está realmente disponível à população mundial através dos rios,
lagos, nascentes e águas subterrâneas, o que relativiza bastante a abundância
citada acima.

Além disso, o consumo de água ao longo do século XX cresceu num ritmo firme e
contínuo, entre 4% e 8% ao ano, em razão do acelerado crescimento econômico de
algumas regiões. Por conseguinte, nos países mais ricos o uso industrial da água
responde atualmente por mais da metade do consumo, enquanto que, na África, é o
uso agrícola que responde por mais de 80% do consumo. De fato, apenas 8% da
demanda mundial de água correspondem hoje às utilizações doméstica e municipal.
É essa utilização cada vez mais intensiva da água como fator de produção que
revela a natureza esgotável de um recurso outrora disponível livremente.

Os corpos líquidos sofrem toda sorte de danos, resultantes da exploração de


recursos naturais e da simples ocupação humana em determinadas áreas. O ciclo
hidrológico é totalmente alterado, na maioria das vezes através do mau uso da terra,
como desmatamento e uso agrícola, ou sobre a área urbana, que resulta em que as
águas tendam a se escoar mais na superfície do que se infiltrar, iniciando processos
erosivos. Além disso, o lençol freático pode diminuir em qualidade e quantidade,

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bem como ser contaminado através da poluição. Nesse caso, pode haver o risco de
contaminação também de mananciais, pois o lençol d' água abastece os mananciais.
Sua recuperação é muito difícil, ou mesmo impossível, pois se trata de água
existente em sub-superfície.

Com a redução da quantidade de água nos lençóis freáticos, certamente haverá


problemas em relação ao seu abastecimento. As áreas em questão acabarão por ser
abandonadas, ou, o que é pior, nos países mais pobres a água poluída continuará
sendo utilizada.

Os riscos de cheias são outro fator que precisa receber atenção. porque essas áreas
tendem a sofrer a ação do escoamento superficial, e assim um maior volume de
água pode inundar as planícies. Durante o período da estiagem o problema de abas-
tecimento de água se agrava, porque o lençol freático não é suficiente para atender
à demanda em função de ter tido o seu nível reduzido.

A maior fonte das águas subterrâneas são as chuvas que se infiltram no terreno,
indo abastecer os lençóis freáticos. Dessa forma, é de fundamental importância que
os solos sejam preservados, para que essa água continue a se infiltrar e,
consequentemente, continue a abastecer as nascentes e os rios. Neste sentido, os
recursos líquidos são ameaçados particularmente de três maneiras:
• desmatamento generalizado, diminuindo a infiltração e aumentando o
escoamento;
• contaminação dos lençóis freáticos, através da poluição dos solos, tanto
em áreas urbanas quanto rurais;
• em alguns locais, o uso excessivo desses recursos, através do
bombeamento para irrigação, ou em grandes empreendimentos indus-
triais, e nas cidades.

A questão da água já é crítica na Europa desde a década de 1990. A agricultura


comercial em larga escala e intensiva em fertilizantes e pesticidas, por um lado,
demandou volumes crescentes de água, levando ao esgotamento desses lençóis e,
por outro, acabou por contaminar aqueles que ainda subsistiam próximos à
superfície. O resultado foi a instituição de uma taxa de utilização da água, onde ela
não existia, e uma forte elevação do preço onde já se pagava pelo seu fornecimento.
Em todos os casos, a definição de um preço é a evidência objetiva da escassez do
recurso.

A poluição direta das águas, sejam elas salgadas ou doces, por atividades
industriais é outro elemento crucial. Frequentemente, ocorre uma diminuição drástica
da qualidade dos recursos hídricos, a ponto de se fazer necessário um grande
investimento financeiro para despoluir lagoas, rios e baías. O caso da Baía de
Guanabara é um exemplo atual.

Os custos de recuperação são quase sempre muito maiores do que os de


preservação, e muitas situações são irreversíveis. Essa realidade tende a se agravar
em certos microssistemas, se continuarmos tratando esses recursos como se fos-

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sem renováveis, ou seja, na ilusão de que sempre estarão à nossa disposição,


mesmo sem um manejo adequado.

3.3. Danos nas áreas urbanas

A população mundial tem cada vez mais se urbanizado, em especial no século XX.
O crescimento das cidades tem se dado, de maneira geral, da forma a mais
desordenada possível, causando naturalmente uma série de impactos ao ambiente.
Esses impactos, por sua vez, proporcionam uma gama variada de prejuízos, tanto
no que diz respeito ao ambiente urbano, quanto aos próprios habitantes das
metrópoles.

Na realidade, as cidades têm crescido tanto que, atualmente, possuem seus


problemas ambientais particulares, e isso ocorre não só nos países desenvolvidos
como também nos países em desenvolvimento. O agravante é que a continuidade
do crescimento desordenado, em especial nos países mais pobres, pode acabar por
inviabilizar o próprio processo de modernização da sociedade.

Os danos ambientais são mais alarmantes nas grandes cidades, onde a densidade
de habitantes é bem maior. Elas tendem a atrair cada vez mais habitantes de outras
cidades menores e do campo e, no Terceiro Mundo, esta expansão tem sido
catastrófica. Como consequência desse crescimento acelerado e desordenado, uma
série de impactos tem sido registrada. Para citar um exemplo, temos os grandes
deslizamentos ocorridos no Rio de Janeiro, onde o desmatamento e os cortes
indiscriminados dos taludes causam diversos impactos, provocando perdas materiais
e de vidas humanas.

Além disso, o desmatamento associado às construções de prédios e o surgimento


de ruas e avenidas causam uma impermeabilização das encostas, fazendo com que
as inundações sejam cada vez mais constantes nessas cidades. São Paulo também
sofre com os temporais, que em poucos minutos provocam o alagamento de suas
ruas e a destruição de casas. O volume de água que cai, não tendo por onde se
infiltrar vai se acumulando exponencialmente.

Outra consequência grave do crescimento urbano desordenado é a poluição


atmosférica. A propósito disso, a cidade de São Paulo tem adotado, desde 1996,
uma medida de restrição da circulação de veículos automotivos, que conforme o final
da placa tem permissão de transitar somente em determinados dias. No entanto, é
importante observar que esta medida aliviou apenas parcialmente o problema. Isto
porque, nas áreas urbanas, os problemas tornam-se mais agudos, não só em função
da maior densidade populacional, mas porque esta é acompanhada de maior
concentração de atividades industriais.

3.4. Danos nas áreas rurais

As áreas rurais são bastante afetadas pelos danos ambientais. São aquelas de
maior abrangência na transformação do ambiente, pois, via de regra, consomem
grandes extensões de terra para as atividades agropecuárias. Isso ocorre, em

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especial, nos países em desenvolvimento, onde estamos diante de extensas


lavouras comerciais voltadas para o mercado externo.

Um bom exemplo é a cultura da soja, que é praticada no Planalto Central. Grandes


extensões do Cerrado são desmatadas para dar lugar a esta lavoura mecanizada, o
que acarreta diversos tipos de danos ambientais; desde a erosão dos solos,
passando pela contaminação de lençóis freáticos, até o assoreamento de rios. Os
custos de recuperação envolvem um volume grande de recursos que, na maioria das
vezes, faz com que os proprietários de terra simplesmente abandonem certas
fazendas. A recuperação dos rios também se torna praticamente inviável. Os
mesmos têm sido cada vez mais poluídos pelos defensivos agrícolas, bem como
assoreados pela grande quantidade de sedimentos oriundos dos processos erosivos
acelerados, os quais se estabelecem nas encostas.

Vários pesquisadores têm demonstrado os riscos causados nas áreas rurais, em


função do desmatamento de grandes extensões de terra, sem levar em conta a
suscetibilidade dos solos aos processos erosivos. É bastante discutido o que
acontece nos solos com a retirada da vegetação e o uso agrícola, sem levar em
consideração estratégias de conservação.

Em primeiro lugar, desaparece a proteção dos solos, proporcionada anteriormente


pela cobertura vegetal, o que é praticamente inevitável diante da necessidade de se
cultivar. Daí ser necessária a prática de uma agricultura em curva de nível, com
terraceamento, além da utilização de outras técnicas que diminuam
consideravelmente os impactos causados pelas águas das chuvas.

Em segundo lugar, a retirada da cobertura vegetal aumenta a ação do salpicamento


dos agregados dos solos, que se rompem, causando a formação de crostas no topo
dos solos. Em consequência, dificulta a infiltração de água e aumenta o
escoamento, o qual, por sua vez, provoca a ação dos processos erosivos.

As características das encostas são importantes para os processos erosivos, não


apenas quanto à declividade, como também quanto ao comprimento e forma.
Observa-se que a natureza da vegetação (altura, estrutura e espaçamento) é de
extrema relevância no controle dos processos erosivos, reduzindo mais ou menos a
quantidade de chuva que chega aos solos, bem como diminuindo
correspondentemente o efeito do impacto das gotas de chuva sobre a superfície.
Com uma cobertura vegetal natural, há uma menor probabilidade da ocorrência de
processos erosivos acelerados, como, por exemplo, as voçorocas. São
afundamentos que ocorrem quando canalizações naturais de água se formam em
sub-superfície, por exemplo, minando a estrutura do solo.

Uma vez estabelecida esta erosão, é necessário que seja feita a sua recuperação,
algumas vezes através de obras que envolvem recursos financeiros e tecnologia
capazes de não só diminuir o efeito do escoamento, mas também de diminuir o
avanço desses fenômenos. Uma solução possível seria através da construção de
pequenas barragens, ou diques, dentro das voçorocas, de forma a diminuir a ação
do escoamento superficial e, simultaneamente, provocar assoreamento dentro da

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voçoroca. Este assoreamento induzido possibilitaria a criação de uma nova


superfície, a qual permitiria, com a ajuda de obras de engenharia, recuperar a área
degradada.

Mas isso por si só poderia não resolver o problema. É importante conter a energia
das águas na área que circunda a voçoroca, para que essa não receba um volume
muito grande de água. Caso contrário, sua evolução seria difícil de ser controlada, e
as obras sugeridas acima não surtiriam os efeitos desejados.

Como vemos, há necessidade de se fazer um diagnóstico ambiental de uma área


com fins agropastoris. A partir do conhecimento das propriedades físicas e químicas
dos solos, bem como das características das encostas e regime de chuvas, é
possível fazer um prognóstico do que deverá ocorrer. A partir deste prognóstico é
possível estimar os processos erosivos resultantes e as técnicas conservacionistas
necessárias para evitar esses processos ou, pelo menos, minimizar seus efeitos.

4. FORMA DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. MANEJO ADEQUADO E


RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

A degradação ambiental ocorre em toda parte, com maior ou menor intensidade,


dependendo das técnicas utilizadas na exploração dos recursos naturais, e da
preocupação local com a conservação desses recursos. Isso tem gerado uma série
de danos, não só ao ambiente natural, como aos seres humanos, que têm convivido
com toda sorte de riscos.

Para evitar os danos ambientais é preciso que seja feito um manejo adequado da
exploração dos recursos naturais, bem como das outras atividades econômicas
desenvolvidas na superfície terrestre. Esse manejo está relacionado ao
planejamento do uso da terra, que deve seguir certas regras básicas, prevenindo
danos, ou pelo menos os minimizando.

Antes que qualquer atividade seja realizada deve ser feito um diagnóstico da área,
devendo-se prever os impactos ambientais que possam acontecer, como, por
exemplo, riscos de inundações, deslizamentos e erosão dos solos. Devem também
ser levados em conta os objetivos do planejamento.

Se a ocupação for de uma bacia hidrográfica, por exemplo, o planejamento deve


incluir os seguintes aspectos: proteção das vidas humanas e propriedades; proteção
da qualidade e reservas de água; proteção da vida selvagem e dos ecossistemas;
cuidado com o acesso às áreas mais frágeis e gerenciamento das áreas de lazer
dentro de uma perspectiva de sustentabilidade do sítio a ser preservado.

Como, na maioria das vezes, os cuidados com o planejamento e manejo ambientais


não são seguidos, os danos têm ocorrido cada vez com maior frequência, e,
consequentemente, requerem a recuperação das áreas degradadas. Isso envolve,
quase sempre, grandes gastos de recursos financeiros para recuperar encostas,
rios, baías, lagoas, etc. Os habitantes da cidade do Rio de Janeiro, em particular, e

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da Região Sudeste do Brasil têm observado isso no seu cotidiano. Por exemplo,
centenas de encostas têm sido contidas através de muros de arrimo, construídos
tanto nas estradas como nas áreas urbanas.

Durante as três últimas décadas, um grande esforço tem sido feito no sentido de se
mensurar as taxas nas quais os vários tipos de movimentos de massa (movimentos
de solos e rochas superficiais) operam. Esta mensuração ainda está sendo feita de
forma incipiente no Brasil, e por isso ainda não sentimos seus efeitos em termos
práticos, ou seja, os modelos de predição de ocorrência desses movimentos estão
sendo pouco utilizados pelo Poder Público.

As áreas urbanas sempre são as que mais sofrem com esses processos, em
especial porque vidas humanas são perdidas, construções são danificadas e
ecossistemas são afetados pelos movimentos de massa. Sua recuperação envolve
obras de engenharia, que demandam um grande volume de recursos financeiros.

Mesmo assim, uma vez estabelecido um movimento de massa numa determinada


encosta, a cicatriz resultante desse processo é uma área de instabilidade, que pode
ser reativada no futuro, mesmo que essa encosta tenha passado por obras de
recuperação.

A dificuldade intrínseca dos problemas ambientais pode ser claramente percebida


nas obras de desassoreamento de rios, lagos e reservatórios, necessárias devido ao
grande volume de sedimentos que se depositam nesses corpos líquidos. Em geral,
essa deposição é função do desmatamento generalizado das encostas destes
corpos, ou das encostas dos rios que os alimentam. Isso sem considerar a poluição
que compromete a qualidade da água, da flora e da fauna que vivem nessas áreas.

Um bom exemplo é o atual Projeto de Despoluição da Baía de Guanabara, que,


mesmo restringindo-se a um projeto basicamente de saneamento, vai levar quatro
anos para ser completado. Se incluísse efetivamente a despoluição dos sedimentos
no fundo da baía, elevaria seus custos a níveis insuportáveis, e seu tempo de
execução a décadas.

As inundações causadas pelas chuvas têm sido cada vez mais frequentes, em
especial nas áreas urbanas de vários países. Devido à ocupação desordenada do
solo, pequenas quantidades de chuvas já são suficientes para causar danos
ambientais, com perdas de vidas e bens materiais. Isso se deve não só ao
desmatamento das encostas, como também à construção em áreas de grande risco,
muito próximas aos rios e em áreas de talude (terreno instável na base de uma
encosta), sem levar em conta os riscos associados.

Concluindo, como nos casos anteriores, os custos com obras de recuperação de


áreas afetadas por danos ambientais têm sido cada vez maiores e com a tendência
de aumentar, a menos que sejam tomadas medidas preventivas e que o
planejamento e manejo ambientais sejam seguidos com rigor.

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5. IMPACTOS AMBIENTAIS DE PROJETOS

Estimar o impacto ambiental de uma atividade que se encontra na fase de projeto é,


até certo ponto, um jogo de adivinhação, o qual requer do analista conhecimento
científico, visão abrangente, bom senso e objetividade. Requer, sobretudo, a
consciência de que os modelos usados, embora ferramentas poderosas na
avaliação dos fenômenos, são sempre uma imitação pobre da realidade, e devem
ser aplicados, e seus resultados interpretados à luz do estado da arte, e dentro das
limitações impostas pelos próprios modelos e pelas condições de contorno do
problema.

Podemos classificar os danos ambientais causados por um empreendimento em


dois tipos de fenômenos muito diversos:
• os impactos advindos da operação normal de uma atividade
• os impactos advindos de eventos acidentais.
Estes dois tipos de impactos têm intensidades, durações e frequências muito
diferentes e, portanto, conduzem a técnicas, metodologias e modelos radicalmente
diversos sendo, por isso, tratados em separado.

A importância dos acidentes tende a ser sobrevalorizada pelo público em relação


aos danos cotidianos, e isso é facilmente explicado pelo impacto que causam na
indignação popular os acidentes divulgados na mídia, principalmente se vierem
acompanhados de mortes e danos catastróficos. Por outro lado, analisando-se os
grandes danos causados à natureza pelas atividades humanas, encontramos
florestas derrubadas para agropecuária, rios mortos por poluentes liberados
cotidianamente, atmosfera poluída por emissões de gases, e todas estas atividades
operando dentro de suas condições "normais" de funcionamento.

Em síntese, a maior parte da destruição do ambiente natural da Terra pelos


humanos tem sua causa primeira na operação normal das atividades humanas.

Assim, seguindo uma abordagem sistêmica, esta avaliação deve atentar tanto para
os eventos acidentais quanto para os cotidianos. Uma visão abrangente deve
integrar as consequências da geração de produtos e seus rejeitos associados
(sólidos, líquidos e gasosos) dentro do "sistema econômico" e liberados no "sistema
natural". E, para tanto, a noção de capacidade de suporte dos sistemas naturais é
crucial para um melhor entendimento da questão.

A geração de produtos e rejeitos associados pelas atividades econômicas não


ocorre sob o controle das leis naturais e, portanto, tende a superar a capacidade de
recuperação do meio. Este limite, a partir do qual o sistema natural não consegue
mais manter ou recuperar suas funções por completo, é denominado de capacidade
assimilativa ou de suporte. Refere-se à quantidade máxima de agente externo
(poluente) que os sistemas naturais de certa região conseguem regenerar ou reciclar
num dado tempo, sem que haja acumulação ou perturbação danosas para suas
funções vitais.

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Dito de outra forma: a taxa de poluição precisa ser igual ou menor do que a taxa de
regeneração do meio e de "metabolização" do poluente. E o volume máximo de
poluente transitando no meio natural que manteria tal condição de forma sustentável
seria a capacidade de suporte desse meio. Modelos econômicos que consideram
isso têm sido desenvolvidos, e estão disponíveis na literatura internacional.

A Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) é a denominação moderna do estudo que


abrange os impactos ambientais causados por toda a cadeia produtiva relacionada
com uma determinada atividade. Inicialmente, esta avaliação focalizava apenas os
produtos; mas diversos estudos estenderam-na também para analisar os impactos
gerados pelo ciclo de vida da própria instalação, fazendo o que em parte está no
espírito do EPIA-RIMA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental, Relatório de Impacto
no Meio Ambiente), que teoricamente estima o impacto da implantação da
instalação, porém se restringe apenas ao sítio principal.

As instalações, figurativamente, também nascem, crescem e, eventualmente,


morrem. Determinados empreendimentos, mormente na indústria de base, causam
significativo impacto durante os processos de "nascimento" (implantação,
construção) e "morte" (descomissionamento, desmontagem).

Neste texto relativo à poluição, por simplicidade denominaram-se de impacto as


cargas de substâncias tóxicas provenientes de efluentes líquidos, sólidos ou
gasosos - as doses - e de danos os efeitos nocivos daí decorrentes (mortes,
doenças, etc.). Importante observar que, diferentemente da questão da poluição, o
consumo de recursos naturais (queimadas para geração de pasto; "consumo de
solos", por utilização inadequada de fertilizantes e agrotóxicos; consumo de água
doce, etc.) é simultaneamente impacto porque representa interferência humana
direta no meio, e danos, porque destrói recursos importantes. Lembramos ainda que,
neste texto, tratamos apenas da avaliação dos impactos negativos.

5.1. Impactos ambientais do ciclo de vida do produto

Uma Avaliação de Ciclo de Vida - ACV é, basicamente, uma tentativa de inventariar


todos os possíveis danos ambientais causados por um produto e sua cadeia
produtiva. Daí ser uma análise focalizada no produto, e denominada assim,
convenientemente, de análise "do-berço-ao-túmulo", onde se consideram os
impactos ambientais causados desde a obtenção da matéria-prima necessária,
passando pela produção em si, pela utilização do produto e, finalmente, os impactos
da necessidade de um destino final.

Podemos exemplificar essa questão com uma observação sobre o comércio de joias
de ouro. O impacto ambiental direto desta atividade é pequeno, mas a consideração
da cadeia completa, com a contaminação por mercúrio causada pelos garimpeiros, o
desmatamento de florestas, e a modificação do leiro dos rios, torna seu impacto total
significativo. Análises prévias do impacto ambiental, de caráter abrangente como
uma ACV, objetivam exatamente minimizar os danos potenciais que possam ser
previstos, minimizando assim o custo social das diversas atividades econômicas
necessárias ao desenvolvimento da sociedade.

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Os usuários têm definido quatro componentes para uma ACV completa:


• formulação de escopo e metas, durante a qual os objetivos e as
fronteiras da análise são determinadas;
• inventário, que identifica as entradas (consumo) e saídas (efluentes) de
energia e matéria em cada estágio do ciclo de vida;
• avaliação de impacto, que caracteriza e avalia os impactos ambientais -
ecológicos e humanos - das entradas e saídas identificadas no
inventário;
• avaliação de aprimoramentos, que estuda oportunidades de medidas
mitigadoras daqueles impactos, não restritas a mitigação em si, mas
abrangendo também oportunidades de negócios, como o aproveitamento
econômico da reciclagem e uma maior produtividade de tecnologias mais
modernas.

A ACV tem como uma de suas motivações o fato de que muitos programas de
proteção ambiental do passado simplesmente transferiam poluição de um meio para
outro, por exemplo, dos efluentes líquidos para os gasosos, 0u dos gasosos para os
sólidos.

A preocupação mais recente com a prevenção da poluição tem levado as pessoas


na indústria a olharem para além de seus muros, tanto para montante como para
jusante do processo produtivo - abrangendo todo o ciclo de vida dos produtos e seus
constituintes.

Identificam-se três componentes, visualizados na figura, na avaliação de impacto


ambiental dentro de uma ACV:

Fonte: Cunha, 2009

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• Classificação: o processo de classificar os dados coletados no


inventário segundo um padrão de magnitude e severidade de impactos
ambientais;
• Caracterização: a avaliação quantitativa, dentro das possibilidades,
dessa magnitude e severidade dos impactos potenciais;
• Valoração: o processo explícito de alocar valores relativos,
categorizações, ou atribuir pesos através de métodos formais e informais.

Uma definição de impacto para os fins de uma ACV é "uma consequência potencial
ou final associada com um processo ou atividade identificada no inventário, a qual
pode se manifestar numa mudança no ambiente natural, um efeito na saúde
humana, ou uma mudança (possivelmente, uma diminuição) na disponibilidade dos
recursos".

Esta definição contém duas questões importantes:


• A primeira, que avaliação de impacto ambiental para fins de ACV
endereça impactos potenciais e não reais. A Avaliação de Ciclo de Vida
apenas proporciona uma identificação de impactos que poderiam ocorrer,
dadas determinadas condições, e não informações que possam ser
usadas para avaliar impacto de áreas já afetadas num determinado local
e tempo.
• Segundo, a definição não inclui (embora também não exclua) o conceito
de risco ou previsão da probabilidade de o impacto ocorrer.

As limitações de uma ACV não são difíceis de serem percebidas. Esta atividade é
altamente consumidora de tempo e recursos. A obtenção de dados para toda a
cadeia produtiva é complexa, exaustiva e custosa, e os dados obtidos podem ser
pobres em qualidade e quantidade. A metodologia de avaliação de impacto não está
nem totalmente desenvolvida nem padronizada. Mesmo assim, a ACV é uma
ferramenta de uso crescente, e à medida que as técnicas de avaliação de impacto
evoluírem, tende a se tornar uma poderosa arma para a melhoria do desempenho
ambiental de qualquer organização.

5.2. Impactos ambientais do ciclo de vida da instalação

A avaliação de todos os impactos ambientais de um empreendimento inclui efeitos


provenientes de muitas atividades relacionadas com ele. Uma visualização dessa
ideia é mostrada na figura.

Uma parte dos efeitos danosos de empreendimentos, frequentemente relegada a


segundo plano pelas partes interessadas, são os danos advindos da implantação ou
construção, de um lado, e de descomissionamento, ou desmontagem e
encerramento da atividade, de outro. Implantar uma atividade requer a ocupação de
uma área, consumo de recursos naturais e geração de poluição, muitas vezes maior
do que apenas o funcionamento normal da atividade principal durante sua vida útil.

As usinas geradoras de energia elétrica são um exemplo importante desta questão.


Um estudo da Agência Internacional de Energia Atômica mostra que, quando o ciclo

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de vida de uma usina hidrelétrica é levado em conta, a emissão atmosférica total do


processo de produção de energia pelo meio hídrico gera um impacto por poluição
atmosférica usualmente desprezado, porém relevante em comparação com outras
formas de geração de energia.

Isto se dá porque às emissões de gases de estufa pela represa formada somam-se


as emissões realizadas durante o processo de construção de uma barragem. O
cimento fabricado para construir uma barragem, assim como o petróleo queimado
para a enorme movimentação de terras necessária, somam-se, ou deveriam ser
somados, num impacto final significativo. A modelagem desses impactos não é
simples, mas métodos aproximados já existem em algumas áreas e têm sido
estendidos a outras.

Fonte: Cunha, 2009

5.3. Impactos ambientais de acidentes

Outra questão relevante sobre a estimativa de impactos potenciais de


empreendimentos refere-se à avaliação das consequências dos eventos
inesperados, não-planejados ou indesejados, ou seja, os acidentes. Acidentes são

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eventos intrinsecamente ruins, porém funcionam como uma força motriz em direção
a uma maior segurança pública e cuidados com o ambiente, porque atingem a
indignação popular. É nesses momentos que o público toma consciência dos riscos
que a tecnologia impõe à nossa própria espécie, diretamente, e ao nosso planeta.

Acidentes são aqueles eventos que não estão programados para ocorrer dentro do
processo normal de produção, e que se caracterizam por uma sequência de eventos
inicialmente descontrolados, provocados por uma falha qualquer, de equipamento,
humana ou externa, e que podem ocasionar danos inesperados, expressados tanto
como prejuízos financeiros diretos (perda de produção, destruição de equipamentos,
etc.), quanto danos ambientais, incluídas aí as vidas humanas.

Os danos acidentais, provocados pelo comissionamento de uma atividade produtiva


(início de produção ou fornecimento de serviços), podem ser avaliados através de
diversas técnicas, e uma das mais utilizadas é a Análise de Risco. Há várias
metodologias por detrás dessas palavras, e alguns esclarecimentos são
necessários. Em primeiro lugar, estamos nos referindo aqui aos riscos físicos, e não
financeiros.

5.4. Papel da análise de risco ambiental

Os pesquisadores, em sua maioria, atribuem o conceito de:


• Análise de Risco Ambiental à avaliação dos riscos que as atividades
humanas impõem ao ambiente;
• Análise de Risco Ecológico visa aos riscos às espécies ou
ecossistemas;
• Análise de Risco Humano, na área de saúde pública ou na toxicologia,
refere-se às probabilidades de efeitos indesejados à saúde humana em
função da incorporação de substâncias tóxicas.
Existe ainda um quarto conceito de Análise de Risco, muito utilizado na área
industrial e militar, usada para avaliar riscos tecnológicos acidentais,
denominada aqui de:
• Análise de Risco Tecnológico Acidental. Este tipo de análise, utilizado
pelas indústrias, restringe-se a avaliar danos humanos. No entanto, uma
análise tecnológica poderia ser utilizada como ponto de partida para
estimar a frequência esperada de eventos acidentais (explosões,
incêndios, liberação de tóxicos, etc.) originados em atividades produtivas,
e a partir daí os danos ambientais (incluindo os humanos) poderiam ser
estimados.

A Análise de Riscos Acidentais é uma metodologia probabilística porque trabalha


com variáveis randômicas que são essencialmente as probabilidades de falha dos
equipamentos (ou suas frequências esperadas de falha) e probabilidades de falha
humana. Essas falhas, quando ocorrem, criam os chamados eventos iniciadores
com potencial de dano. Eventualmente, uma sequência de acontecimentos
indesejáveis, partindo de um evento iniciador, pode ser interrompida no início, seja
porque a falha é inconsequente, seja porque um operador atento corrige o problema
antes que se torne grave. No entanto, existe uma probabilidade de que uma

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sequência prossiga num caminho perigoso e, embora as probabilidades de


catástrofes sejam baixas, dado um tempo longo de exposição (chance de ocorrer),
associado a um número grande de instalações, as catástrofes acontecem.

Exemplos retumbantes disso permeiam toda a história humana. Para citar alguns
recentes:
• tem-se o acidente com o navio Exxon Valdez no Alasca, em 24 de março
de 1989, que derramou mais de 40.000 toneladas de petróleo no mar, e
custou à Exxon mais de US$ 13 bilhões (exemplo de alto impacto
financeiro);
• o da fábrica de pesticidas da Union Carbide em Bhopal, Índia, em 3 de
dezembro de 1984, que matou mais de 4.000 pessoas imediatamente, e
mais de 15.000 até hoje, segundo dados não oficiais. Prejudicou, de
alguma forma, mais de 500.000 pessoas que abriram processos criminais
(exemplo de alto custo em vidas humanas);
• o de Chernobyl, em 26 de abril de 1986, na Ucrânia, que inutilizou uma
área de 1.200 km2 por talvez mais de 300 anos para qualquer utilização,
além de contaminar os solos e alimentos por uma vasta área de toda a
Europa cerca de 25.000 km2 estão com níveis de radioatividade acima
dos limites considerados seguros (exemplo de impacto de grande
extensão territorial).

Uma Análise de Risco pode prever uma série de possibilidades acidentais e, se


medidas mitigadoras são tomadas, evitar ou minimizar suas consequências. Serve
assim como uma técnica de aprendizado para os responsáveis pela instalação dos
riscos envolvidos.

Um método muito usado numa Análise de Risco é a avaliação por Árvore de


Eventos. Ela começa com a definição e seleção dos eventos iniciadores potencial-
mente danosos. Qualquer instalação, por mais simples que seja, possui muitas
possibilidades de falhas, que podem chegar aos milhares. Os responsáveis pela
instalação, junto com os analistas de risco, discutem e chegam a um consenso,
descartando as possibilidades muito remotas, ou que conduzem a consequências
nitidamente inócuas e desprezíveis. Após a seleção dos eventos iniciadores, cada
um deles é analisado separadamente.

Considere a situação hipotética ilustrada na Figura 4. Uma pequena instalação


trabalha com um gás altamente inflamável, presente em tanques e tubulações
metálicas. O escapamento deste fluido formará uma pluma (nuvem) de gás que,
transportada pelo vento, poderia ter quatro consequências: (1) incendiar-se,
queimando materiais, vidas, equipamentos, ninhos ou casas porventura em seu
caminho; (2) explodir, destruindo tudo; (3) não explodir, nem incendiar-se, por falta
de fonte de ignição, e assim prosseguir dispersando-se inofensivamente; (4) explodir
ou incendiar-se numa área onde não haja qualquer tipo de vida ou material relevante
para ser destruído. A linha pontilhada indica o único dos possíveis.

Definido o evento iniciador, associa-se-Ihe uma frequência esperada de ocorrência,


através de análise de confiabilidade ou banco de dados disponível. Por exemplo,

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num caso do vazamento, descobre-se que ele pode ocorrer uma vez a cada 30
anos. Daí segue-se pelos ramos da árvore, multiplicando-se a frequência esperada
inicial pelas probabilidades no caminho de cada um dos ramos da árvore. Ao final de
cada sequência obter-se-á uma frequência esperada ponderada pelas
probabilidades daquele caminho.

A partir dessa frequência esperada ponderada, pode-se estimar a frequência do


dano, multiplicando-se a frequência ponderada deste ramo pelas suas
consequências. Se a consequência desse ramo fosse a morte de 10 pessoas, então
teríamos (5/1.000) x (morte de 10 pessoas) = 5 mortes a cada 100 anos, que
corresponde a 0,05 mortes/ano, ou, como é mais usado em Engenharia, 5,00xl0-2
mortes/ano.

Associando cada consequência (neste caso a morte de uma pessoa), a um valor


monetário, digamos US$ 10 milhões, facilmente chegaríamos ao custo anual dos
acidentes gerados por este evento iniciador, que resultariam em:
risco (anual) x custo da consequência = custo anual
(0,05 mortes/ano) x (custo da morte, $10 milhões) = US$ 500 mil/ano.

Observe-se que o alto valor obtido neste resultado provém principalmente de duas
hipóteses básicas:
• a de que um único evento provoque a morte de 10 pessoas a cada 30
anos,
• que cada morte corresponda ao custo de US$ 10 milhões.

Acontece que, se considerarmos o conjunto de eventos acidentais numa dada região


industrial, a Baixada Fluminense, por exemplo, esse resultado está em razoável
acordo com as estatísticas, não considerando as mortes por acidentes de veículos,
que fariam estes números aumentarem multo.

Quanto ao valor usado para a vida humana, este varia, segundo as avaliações de
riscos em todo o mundo, entre US$ 100 mil e US$ 10 milhões. É evidente, por
exemplo, se confirmadas as estimativas sobre o acidente de Bhopal, já citado acima,
que matou mais de 4.000 pessoas, os custos para a Union Carbide, somente
devidos às mortes, teria sido de mais de US$ 400 milhões, baseando-se no custo
mínimo de US$ 100 mil por vida.

No entanto, não há notícia sobre a indenização paga pelos mortos. A compensação


decidida pela corte indiana de US$ 470 milhões para os reclamantes (vivos até
então), distribuiu, teoricamente, cerca de US$ 855 por pessoa, mas não levou em
conta todas as consequências neurológicas pós-traumáticas da intoxicação, as
anormalidades reprodutivas, nem pelas crianças nascidas desde então com
problemas relacionados.

Importante considerar que tratava-se de indianos, pobres, e com pouca capacidade


de reação, além de uma legislação frágil de defesa de direitos individuais. Na
ocorrência de um acidente equivalente num país desenvolvido, por exemplo,
poderíamos esperar uma valoração de vidas humanas, muito diferente.

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Num estudo de riscos realizado em 1995 para a Petrobrás, com objetivos de


alocação e dimensionamento de detectores de gases em plataformas de petróleo no
Brasil, o valor de US$ 10 milhões foi utilizado pela empresa consultora, e o estudo
aprovado e adotado pela Petrobrás. Mas é fundamental observar que uma coisa é o
valor que se atribui à vida humana num estudo de avaliação prévia, outro bem
diferente é o valor atribuído quando da ocorrência de um acidente real.

Salienta-se a importância da diferença, em termos de consequências ambientais,


entre os acidentes e a operação normal. De uma forma geral, os acidentes impõem
uma dose aguda, isto é, um efeito pontual no tempo, enquanto a operação normal
de uma atividade econômica impõe uma dose crônica, ou seja, uma carga tóxica ou
fisicamente danosa de caráter contínuo ou bastante frequente.

Em geral, um sistema natural pode suportar uma dose aguda (um evento singular)
muito mais alta do que uma crônica (evento cotidiano ou proximamente cotidiano) de
um elemento tóxico, porque no primeiro caso ele terá tempo para se recuperar dos
efeitos, regenerar suas funções e reciclar o tóxico, se for o caso. Isso ocorrerá se os
efeitos acidentais não ultrapassarem os limites da capacidade de suporte do
ecossistema atingido, ou não consumirem recursos não-renováveis. Em se tratando
de impacto ambiental, cada caso é um caso singular.

6. ESTIMATIVA DE CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS

A estimativa dos danos ambientais provenientes de atividades humanas é uma


tarefa complexa sob diversos aspectos. Não conhecemos as relações entre dose e
efeito de todas as substâncias tóxicas (até porque criamos novas substâncias todos
os dias), não conhecemos estas relações sequer de uma única substância para
todas as espécies (até porque não conhecemos todas as espécies), e não
conhecemos todos os efeitos da perda ou diminuição de uma população qualquer
sobre os ecossistemas (até porque não conhecemos com precisão sua dinâmica) e,
portanto, estamos muito longe de quantificar sequer aproximadamente todos os
danos da poluição ao ambiente.

A elaboração de modelos é uma tarefa complexa, que lida sempre com falta de
dados e informações insuficientes. Os modelos são imitações pobres da natureza,
mas extremamente úteis quando suas limitações são cuidadosamente consideradas,
e suas respostas adequadamente interpretadas diante de suas premissas. Começa-
se por onde há consenso, e daí em diante as pesquisas fazem o assunto evoluir em
direção a resultados mais realistas e complexos. No caso da avaliação de danos
futuros, há controvérsias, mas há pleno consenso em relação à existência de danos.
E se existem danos, existe um dano mínimo em torno do qual podem-se construir
consensos.

Por exemplo, existem curvas dose-resposta para um número enorme de substâncias


poluentes para os humanos, e relações entre poluição atmosférica e doenças
respiratórias em algumas grandes cidades. Assim, podemos utilizar estes efeitos
conhecidos em humanos, juntos com efeitos nocivos a algumas espécies

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conhecidas, e quantificar um dano mínimo. Este dano mínimo poderia ser valorado e
os resultados utilizados para critérios de licenciamento e normatização. À medida
que mais relações espécies-poluentes sejam conhecidas, elas poderão ser agre-
gadas aos modelos, tornando-os cada vez mais precisos em direção a resultados
mais realistas.

6.1. Critério de valor mínimo

O critério do valor mínimo baseia-se na ideia de que, até há pouco tempo, nenhum
valor monetário era atribuído aos recursos naturais e, assim, julgados pela
sociedade como sendo nulos. À medida que um valor mínimo lhes seja atribuído, os
danos aos recursos naturais passarão a ter um custo associado, e poderão ser
reclamados, por exemplo, em ações civis públicas, segundo a legislação atualmente
em vigor no Brasil, baseada na Constituição Federal de 1988.

6.2. Operações normais

Uma avaliação a priori dos danos ambientais de um empreendimento econômico


exige a utilização de modelos de previsão de impacto. Estes, como qualquer modelo
que pretenda simular uma realidade complexa, têm seus limites de aplicabilidade, e
a validade de suas conclusões estará sempre sujeita a uma análise crítica.

Para avaliar os danos de operações normais é preciso focalizar a taxa de consumo


de recursos naturais e de degradação ambiental causadas pelo empreendimento em
análise. O consumo per se de recursos naturais (água, ar, minérios, recursos não-
renováveis, etc.) pode ser obtido diretamente do processo produtivo, e passado para
os modelos de valoração. Mas é preciso avaliar os efeitos deste consumo nos
ecossistemas de onde foram extraídos. Por exemplo, a exploração de minérios
provocará, no mínimo, uma perda de área para o ecossistema de onde foi retirado,
com suas consequentes perdas de todos os valores associados a isso.

Para os diversos tipos de poluição, os modelos fornecem os valores de exposição


para os poluentes na área de influência - concentrações médias na atmosfera, solos
e águas. Com estes valores podem-se estimar as doses crônicas assimiladas pelo
sistema natural da região impactada. Uma matriz poderia então ser montada com as
linhas representando cada corpo receptor e as colunas cada poluente previsto. Em
cada célula desta matriz de impacto (não confundir com as matrizes de ElA/RIMA)
podemos colocar as doses estimadas pelos modelos, tal como mostrado.

Local Poluente
Espécie Poluente 1 Poluente 2 Poluente 3 Poluente 4
Espécie 1 Valor A Valor B Valor C Valor D
Espécie 2 Valor E Valor F Valor G Valor H
Espécie 3 Valor I Valor J Valor K Valor L
Espécie 4 Valor M Valor N Valor O Valor P
Fonte: Cunha, 2009

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Os modelos geralmente fornecem uma distribuição de concentrações, isto é,


concentrações que variam espacialmente e, portanto, há necessidade de uma
análise de local a local, classificando-os, por exemplo, de LOCAL#1, LOCAL#2, etc.
Com o auxílio de curvas dose-resposta para as espécies (relações entre dose e
dano), podemos chegar a um valor de perda ou degradação (por exemplo, em
termos de uma fração do ecossistema perdido, uma fração da biodiversidade
perdida, etc.).

É perceptível que não existem relações simples para a avaliação de danos, mas
diversos estudos em andamento indicam que algumas relações entre doses e efeitos
no ambiente podem e estão sendo derivadas. A filosofia do dano mínimo também
precisa ser aplicada neste caso. Não seria viável avaliar-se perdas nas populações
de todas as espécies, até porque não são todas conhecidas, e as curvas dose-
resposta só existem para uma pequena fração da fauna e da flora.

Assim, espécies relevantes para cada ecossistema, denominadas bio-indicadores,


fornecem um índice de saúde daquele ecossistema, e podem ser usadas com este
objetivo. Para estas existem diversas curvas dose-resposta, e diversas outras estão
sendo levantadas. Em relação especificamente aos riscos humanos, existe uma
enorme quantidade de relações semelhantes, cujos danos, como doenças e mortes,
possuem modelos de valoração bem sedimentados e aceitos pela sociedade. Esses
danos podem ser inseridos em modelos e previstos com base na poluição potencial
de um empreendimento.

6.3. Acidentes

Cada impacto ambiental tem um efeito específico, e diferentes efeitos eventualmente


serão avaliados por diferentes modelos de valoração. Quando os efeitos ambientais
de um acidente são "apenas" mortes de pessoas, a avaliação do dano é simples de
realizar (deixadas à parte questões éticas e morais). Mas quando esses efeitos
incluem a destruição ou degradação de recursos naturais, a complexidade de
avaliação dos danos de curto, médio e longo prazos cresce exponencialmente. Para
fixar a ideia, vamos exemplificá-la com a queima de uma floresta tropical, com o
impacto - incêndio - e o consequente consumo de um recurso natural bastante
conhecido em nosso país - as florestas.

Cada tipo de floresta tem determinadas características, baseadas nas quais um


incêndio se propagará mais ou menos (o que, só para citar um dos possíveis
complicadores, é dependente da direção e velocidade do vento), e no mínimo
podemos identificar dois atributos dos danos potenciais:
• a extensão do dano, que estaria relacionada com o tamanho da área
queimada;
• a bioabrangência do dano, ou seja, o quanto da biodiversidade teria sido
destruído, que poderia trazer conclusões acerca da capacidade de auto
regeneração do ecossistema.

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Em relação à extensão do dano, o simples tamanho da área destruída já é um dado


para os modelos de valoração em termos de perdas diretas, como a madeira
queimada e outras. As perdas quantitativas na biodiversidade podem se dar:
• tanto de forma indireta - pela perda de área, em cujo caso poderiam ser
estimadas com base em modelos como a Teoria da Biogeografia da Ilha;
• quanto de forma direta, pelo modo seletivo com que o fogo destrói a biota
e/ou pela resistência das espécies em relação ao fenômeno.

O ecossistema do Cerrado, por exemplo, pode resistir a incêndios naturais sem


maiores problemas, desde que estes ocorram naturalmente, e não induzidos pelos
humanos. Por outro lado, uma clareira aberta no ecossistema da Mata Atlântica
pode necessitar de 150 anos para se recuperar e, dependendo do tamanho e
posição da área, não se recuperar nunca mais. Estes danos podem ser incorporados
a modelos de impacto potencial antes de o empreendimento se concretizar. Neste
caso, os danos mínimos podem ser contabilizados em termos de frequência de
áreas destruídas por acidentes, danos irreversíveis a ecossistemas, e por
conseguinte às espécies endêmicas contidas neles. As mortes humanas também
podem ser contabilizadas e incorporadas ao dano mínimo.

Proposta de estrutura de análise do impacto ambiental valorável


Fonte: Cunha, 2009

À medida que os danos acidentais ao sistema natural forem sendo mais bem
conhecidos, os modelos de impactos acidentais serão aprimorados, da mesma
maneira que os modelos de impacto de operações normais e, consequentemente,
uma avaliação mais realista dos bens naturais degradados será progressivamente

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obtida. Assim, mesmo problemas muito complexos podem ter solução através do
critério de dano mínimo. Os danos diretos, visíveis e consensualmente aceitos,
podem ser utilizados para quantificar estes danos mínimos, e a partir daí valorá-Ios
de acordo com modelos disponíveis.

Para finalizar essa análise dos impactos potenciais, é apresentado um quadro que
fornece uma proposta de estrutura para aquela parte dos danos ambientais que
poderiam ser valorados. Uma vantagem da valoração é que ela permite que os entes
valorados sofram uma comparação entre seus custos e seus benefícios, a bem
conhecida análise custo-benefício da Economia. Assim, de forma sistêmica, esses
complexos fenômenos, fatores e efeitos passam a conectar os mundos econômico e
ecológico numa estrutura que explicita suas diversas influências anteriormente des-
prezadas. A complexidade pode ser percebida não apenas devido às suas inúmeras
vias de impactos, mas também ao fato de esses impactos provirem de fenômenos
essencialmente diversos.

7. MODELOS DE VALORAÇÃO

A empreitada de valorar bens naturais não é simples, mas nem por isso menos
necessária. Uma boa norma de conduta em modelagem é começar estabelecendo
modelos simples que, embora não sejam tão abrangentes ou realistas quanto seria
desejável, podem ser derivados de início para considerar minimamente a avaliação
dos impactos. Modelos assim podem avaliar apenas os danos mais visíveis e óbvios,
resultando em valoraçães subdimensionadas, ou seja, a valores monetários
menores do que aqueles intuitivamente percebidos. Mas isso é um avanço em
relação à antiga prática de considerar tanto o consumo de recursos naturais quanto
a produção de poluição como um custo nulo, e, consequentemente, não impondo
limites a estas atividades.

Atualmente já existem diversas técnicas de valoração dos recursos naturais, e a


literatura está plena de propostas, tanto em relação a técnicas propriamente ditas
quanto a mecanismos de governo capazes de sinalizar para a sociedade custos
ambientais embutidos no funcionamento das diversas atividades produtivas. A
propósito, a década de 1990 tem sido pródiga na produção de artigos e livros sobre
o tema da Economia Ambiental, dos quais podemos retirar diversos modelos de
valoração úteis, mas que devem ser aplicados considerando-se suas limitações.
Dentre estas diversas propostas, serão citados alguns princípios e modelos que vêm
sendo postos em prática em áreas relativas às questões ambientais:

7.1. Princípio do poluidor-pagador

De acordo com este princípio, deve haver uma taxação sobre os poluidores,
proporcional ao custo da poluição gerada por eles. Sua intenção é óbvia; inibir a
geração de rejeitos através do incipiente de torná-Ia uma atividade custosa,
tornando visível o custo da degradação ambiental para o poluidor.

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7.2. Modelo da disposição-a-pagar

É um dos chamados métodos de contingência e estima o preço implícito das coisas


através dos conceitos de substituição e complementaridade. É levado a efeito
através de consulta popular e tratamento estatístico dos resultados desta consulta:
• primeiro, confronta a pessoa com uma situação de ameaça de perda do
bem, forçando-a a decidir-se por uma determinada alternativa (uma
opção de contingência);
• segundo, a questão é tratada como uma possibilidade (o que está sendo
proposto jamais pode tornar-se realidade);
• terceiro, depende de cada pessoa consultada e do número de pessoas
consultadas.
Pode ser usado para fornecer a valoração de um bem natural, tal como um bosque
onde as pessoas mantêm atividades de lazer. Basicamente, o modelo busca
descobrir o quanto as pessoas estariam dispostas a pagar para não deixar de poder
usufruir daquele recurso. O somatório do valor indicado por todas as pessoas
consultadas (interessadas na área) fornece um valor monetário para o recurso sendo
analisado, ou em outras palavras, é possível assim definir a função de demanda do
recurso em questão.

7.3. Modelo da disposição-a-receber

Semelhante ao anterior, sendo também de contingência. Porém, inverte de certa


forma a proposta do modelo acima, buscando descobrir quanto as pessoas exigiriam
receber em troca da perda de um determinado recurso natural. Em outras palavras,
por quanto uma população "venderia" aquele recurso natural. Por exemplo, poderia
ter sido aplicado ao caso do afogamento do Salto de Sete Quedas pela represa de
Itaipu.

7.4. Modelo de custo-de-viagem

Desenvolvido por Clawson e Knetsch, entre 1964 e 1966, relaciona o custo para se
alcançar um sítio com a disposição das pessoas de pagarem pela conservação do
mesmo. Assim, quanto mais longa for a viagem supõe-se que maior seria a
disposição-a-pagar. Segundo essa idéia, existe uma relação direta entre o prazer
oferecido pelo sítio e o valor que a população atribui ao local, o que o faz apropriado,
particularmente, para a valoração de sítios com fins recreacionais.

7.5. Modelo de valoração mercantil

Ao invés de valorar um sítio pelo todo, este modelo procura estabelecer o valor
econômico dele, através da avaliação dos preços de mercado de cada uma de suas
partes constituintes. Por exemplo, no caso de uma reserva florestal, seleciona todos,
ou a maioria relevante dos bens existentes numa floresta e que possuem valor de
mercado, quantificando-os e, em seguida, buscando seus preços de mercado. Uma
floresta inclui árvores, que têm valor pela sua madeira, nutrientes fertilizantes, como
o fósforo e o nitrogênio, plantas ornamentais, caça que pode ser coletada e vendida,
tanto para alimento como para enfeite e troféu, minerais que porventura existam ali,

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e assim por diante. O somatório de todos estes valores constituiria um valor mínimo
para o sítio.

7.6. Modelo de preço hedônico

É um método indireto, estatístico, que busca valorar um recurso através do


relacionamento de alguns de seus atributos (bela paisagem, alto risco) com o preço
da terra ou do trabalho. A partir da diferença nos preços entre bens semelhantes,
pode-se inferir estatisticamente o preço de um atributo presente num deles e
ausente no outro. Por exemplo, a diferença entre o preço de uma casa com um
bosque ao lado e o preço de uma casa semelhante, com um terreno degradado ao
lado, pode conduzir a um valor para o bosque.

7.7. Modelo de avaliação direta

É um modelo de difícil experimentação, porque precisa de que uma situação real


seja criada para que a resposta do público possa ser então avaliada e transformada
em valor. É possível, por exemplo, estabelecer uma taxa de cobrança para verificar
se o público de uma localidade pagaria a taxa para visitar um sítio natural. Outra
aplicação seria, por exemplo, estabelecer em duas cidades próximas uma
diferenciação de custos e qualidade da água. Por exemplo, numa cidade poder-se-ia
cobrar uma taxa mais alta para fornecer uma água de qualidade bem superior, e em
outra água de qualidade inferior por uma taxa mais baixa. A preferência das pessoas
por uma ou outra cidade indicaria o quanto elas estariam dispostas a pagar por uma
melhor saúde ambiental.

7.8. Títulos de poluição ambiental

O órgão regulador do ambiente estabelece um limite para determinados poluentes


numa região. Emite títulos que correspondem, no seu conjunto, a toda a poluição
que seria admissível na região, derivada de estudos de avaliação da capacidade de
suporte para aqueles poluentes. Estas "ações" de poluição são negociadas em
bolsa. À medida que uma empresa, a qual adquiriu alguns desses títulos para poder
poluir, muda sua tecnologia para uma menos poluente, ela pode revender esses
títulos para outra indústria que esteja se estabelecendo na região. Este
procedimento tem duas grandes vantagens:
• primeira, trabalha com a capacidade de suporte da área, o que guarda
uma forte relação com a realidade local, e ainda permite ajustes futuros;
• segunda, que abre espaço para que entidades de defesa ambiental
adquiram parte dos títulos, efetivamente retirando poluição do mercado.
Na prática os títulos vão se valorizando com o tempo, porque a
tendência é que mais empresas entrem na área aumentando a disputa
pelos títulos, e o consequente aumento do preço dos títulos tende a inibir
a geração de mais poluentes. Já está em uso com sucesso em algumas
áreas dos Estados Unidos.

É natural que cada uma dessas técnicas apresente suas falhas, e todas elas são, de
uma forma ou de outra, deficientes na captura de um suposto verdadeiro valor

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atribuído pela sociedade como um todo para um determinado recurso natural. Por
exemplo, tanto a disposição-a-pagar quanto a disposição-a-receber têm uma falha
óbvia: elas dependem da quantidade de pessoas consultadas, e da quantidade de
pessoas interessadas na área específica a ser valorada. Mas não deixam de ser
válidos porque são métodos simples que inevitavelmente chegam a um valor,
mesmo que não seja de todo preciso.

Existem, no entanto, métodos muito mais sofisticados, que buscam agregar valor
através da determinação de um preço-sombra (preço que não emergiu das relações
de oferta e procura), e que embute funções que consideram, por exemplo, as
limitações impostas pela capacidade de suporte de uma região. Modelos assim
ainda estão em plena discussão e desenvolvimento, e ainda têm um longo caminho
de testes, validações e viabilidades a ser trilhado.

Para finalizar, é importante observar que estes modelos, sofisticados ou simples,


mais antigos ou ainda recentes, devem ser amplamente aplicados, tanto para valorar
as áreas já impactadas, quanto as áreas a serem impactadas por futuros
empreendimentos.

8. ANÁLISES CONCLUSIVAS

Os impactos ambientais, tanto no que concerne à realidade atual, quanto aos


projetos de empreendimentos futuros, foram discutidos de forma a prover uma visão
abrangente dessa questão complexa. Alguns insights sobre avaliações de impacto
ambiental específicas foram fornecidos, e como pontas de um iceberg procuraram
fornecer alguma visibilidade da enorme tarefa da avaliação econômica dos impactos
ambientais que nos aguarda à frente. Mas é uma tarefa que deve ser enfrentada
com energia, porque, se não fosse considerada em todas as atividades humanas,
sustentaria as previsões catastróficas divulgadas na década de 1970, algumas das
quais já dolorosamente transformadas em realidade em alguns lugares deste
planeta.

É importante mesmo alertar para o risco de se cair na armadilha de menosprezar as


tentativas sérias de previsão do futuro, desde que cientificamente embasadas. Deve-
se considerar que catástrofes de fato ocorrem, previstas ou não, e também que,
muitas vezes, alertas sobre catástrofes potenciais tornam-se exatamente uma das
causas de seu não-acontecimento. É o exemplo clássico inverso da previsão que se
torna ela mesma uma retroalimentação negativa do sistema, impedindo que este
entre num desequilíbrio perigoso. Particularmente na problemática ambiental, não se
pode correr o risco de que haja uma pequena, mas não desprezível, chance de uma
catástrofe acontecer, porque as consequências de danos irreversíveis podem
representar custos infinitos e, na prática, impossíveis. Não custa lembrar que
extinção é para sempre.

A discussão da complexidade da avaliação econômica dos impactos ambientais teve


o objetivo de mostrar que uma avaliação precisa, detalhada, abrangente, integrada
de toda a imbricada teia de fenômenos naturais não é uma tarefa para poucos, nem

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para curto prazo. É uma tarefa para os cidadãos da pátria Terra; é uma tarefa para
muitas gerações. Mas sua grandiosidade não deve desmotivar os trabalhos
individuais, cuja integração sinérgica (onde o todo é maior que a soma das partes)
pode "virar o jogo", isto é, reequilibrar nossas relações com o planeta, dando
condições a ele de sustentar, simultaneamente, nosso bem-estar econômico e a
saúde do ecossistema planetário.

Há caminhos sendo abertos por pesquisadores, em todo o mundo, sobre uma ava-
liação mais precisa, consistente e realista dos impactos ambientais das atividades
humanas. Alguns desses caminhos foram comentados, sem perda de generalidade
para muitas outras técnicas e teorias, atuais e futuras, na busca de soluções para a
sustentabilidade.

À medida que um conhecimento maior da extensão dos danos ambientais e de seus


mecanismos de atuação for surgindo, os métodos de avaliação e valoração se
tornarão mais concretos, precisos, abrangentes e aceitos; uma maior parcela de
valores e critérios será progressivamente agregada, fazendo com que o resultado
final do "custo ambiental" seja cada vez mais parecido com a realidade percebida do
problema, e que, simultaneamente, nossa percepção seja progressivamente mais
abrangente.

Tudo indica que na área da avaliação dos impactos ambientais caminha-se para
uma multidiversidade de critérios, a qual não prescindirá de uma ainda longa e árdua
discussão ética e moral sobre o que deve ou não ser valorado monetariamente, e
assim considerado adequadamente na Economia e no Planejamento dos países e
das organizações.

Olhando para o passado, parece ser inútil discutir se o culpado pelos danos
ambientais foi a Economia, que falhou em não valorá-Ios corretamente, ou a
Engenharia, que falhou em não prevê-Ios corretamente em seus projetos. Tudo leva
a crer que trata-se essencialmente de uma crise de percepção humana, incapazes
que fomos de atinar para o risco de usar e abusar de um sistema tão complexo
quanto o natural, desconsiderando que o metaequilíbrio de Gaia, conseguido através
de longas eras de mudanças-reações-ajustes-ações, não poderia ser abalado sem
consequências danosas para a biosfera.

B. PERÍCIA DO SEGURO AMBIENTAL

O presente módulo possui como referência Almeida (2005), especialmente na parte


5 da obra referenciada. Para complementação de conceitos, apresenta-se os
definidos pelo Núcleo Interdisciplinar de Perícia Ambiental – NPA.

De acordo com a NPA, a Perícia Ambiental tem como principal objeto a diligência
sobre o dano ou ameaça ao meio ambiente, visto que, na área ambiental, as
informações e documentos não são suficientes para elucidar a verdade, sendo
necessária a atuação de profissionais especializados na área, os peritos.

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Podem ser peritos os profissionais de nível superior com registro em seus


respectivos Conselhos Regionais e que, por qualidades e conhecimentos pessoais,
estão aptos a esclarecer fatos ou assuntos que se pretende por em evidência, na
busca de uma solução justa e verdadeira.

Via de regra, profissionais de todas as áreas de conhecimento podem realizar


perícias, o que é desejável, pois, não raramente, faz-se necessário o envolvimento
de diversos especialistas para a resolução de um único caso. Cita-se, a titulo de
exemplo, os acidentes de trânsito, cuja elucidação pode envolver médicos,
engenheiros e profissionais de vários segmentos da área ambiental.

Ainda para a NPA, a Perícia Securitária tem por objetivo determinar o valor de
indenização de um bem material, levando em consideração a conciliação de valores
em risco e da importância segurada.

1. SEGURO AMBIENTAL

Praticamente a cobertura para poluição em quase todos os países se limita a


acidentes ou descargas repentinas, súbitas e/ou inesperadas, excluindo os danos
causados por acumulações graduais/paulatinas. A cobertura mais abrangente
envolvendo o risco de poluição gradual é de difícil subscrição pejos Mercados
Internacionais de seguros e de resseguros.

A cobertura por qualquer responsabilidade relacionada com danos ao meio ambiente


é, normalmente, excluída do escopo padrão da cobertura de uma apólice de
Responsabilidade Civil Geral, podendo ser coberta de forma acessória em,
praticamente, todos os países do mundo.

1.1. Responsabilidade civil por danos ambientais

Experiências passadas de extensão mundial cada vez mais comprovam que uma
abordagem na avaliação, e tarifação do risco de danos ao meio ambiente é de vital
importância para a Seguradora de responsabilidade civil. Alguns aspectos
importantes e fundamentais estão dificultando a concessão de coberturas
incidentais, implícitas e/ou do tipo cobertura para clientes comerciais/industriais. São
eles:
• o potencial de determinados locais e propriedades historicamente
poluídos, particularmente em mercados onde certas indústrias,
tradicionalmente, mantiveram as suas instalações de produção e/ou
armazenagem nos mesmos locais durante muitas décadas (exemplo: gás
sulfuroso, solventes, óleo (diesel), metal pesado, hidro carbonos
clorados, PCB etc.);
• problemas relacionados com a avaliação de qual a extensão que os
poluidores individuais potenciais contribuíram para danos ambientais
específicos;

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• falhas na adoção de padrões adequados antipoluentes, bem como de


medidas preventivas individuais;
• tendência de uma legislação cada vez mais severa (inclusive
responsabilidade objetiva);
• riscos de sinistros tardios, inerentes às reclamações por poluição e sua
severidade;
• medidas cada vez mais sofisticadas para detectar e medir a poluição;
• aumento da conscientização do direito de reclamar e da percepção
pública.

Ainda no tocante às empresas de serviços públicos privatizadas, outros aspectos se


somam aos já apresentados:
• Infraestruturas velhas e portanto, obsoletas;
• a falta de dados estatísticos exatos etc.;
• a forte concorrência do mercado.

Qualquer cobertura do risco ambiental, mesmo em base limitada, tem de estar


sujeita a uma abordagem perfeita de apreciação/avaliação do risco em consideração
aos fatores mencionados. Isso é feito em praticamente todo o mundo de
seguros/resseguros. A base da aceitação de um risco por meio dos clausulados
específicos de cobertura está fundamentada nas informações apresentadas pelo
Segurado no Questionário e adicionalmente pelas informações constantes do
Relatório de Inspeção Ambiental que contém todos os dados relevantes das (pé-)
condições de terrenos/locais e da natureza das substâncias/produtos tratados.
manuseados, armazenados e manufaturados pelo Segurado e sob a consideração
específica do seu potencial de risco em relação à poluição do ar, da água e do solo.

Para a concessão da cobertura para o risco relativo à poluição gradual, inspeções


criteriosas são levadas a efeito com maior rigor, por razões óbvias. A cobertura para
poluição gradual pode ser encontrada em alguns países, tais como Itália, França,
Espanha, Suíça, Bélgica, Suécia, EUA e Alemanha. No Brasil, a responsabilidade
civil concernente aos danos causados pela poluição está disciplinada em vários
diplomas legais, notadamente pela Constituição Federal de 1988.

Há o entendimento de que a legislação ambiental brasileira, com base no art. 14,


parágrafo 10 da Lei n° 6.938/81, consagra o princípio da responsabilidade objetiva
(independentemente da existência de culpa). A aplicação da responsabilidade
objetiva visa pôr um fim na prática da socialização do prejuízo e da privatização do
lucro. Dessa forma, aquele que lucra com uma atividade deve também responder
pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes.

1.2. Cobertura do seguro

O Mercado Segurador Brasileiro oferece uma gama de coberturas pertinentes aos


riscos da poluição. Assim como é usual em outros mercados, o risco é alocado em
vários ramos de seguros, de acordo com o tipo de atividade do Segurado. Os
principais seguros disponíveis hoje no Brasil são:

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• para os riscos de vazamento/poluição, durante o transporte rodoviário de


mercadorias. SEGURO: Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos -
RCFV.
• para os riscos de derrame de petróleo c/ou derivados por navios.
SEGURO: Cascos (embarcações), com as coberturas acessórias de
Responsabilidade Civil e Poluição.
• para os riscos decorrentes da prospecção c produção de petróleo.
SEGURO: Riscos do Petróleo.
• para os riscos decorrentes da produção de energia nuclear. SEGURO:
Riscos Nucleares.
• para os riscos comerciais/industriais (pela existência, uso e conservação
de plantas comerciais e industriais).
• para a cobertura exclusiva do risco de poluição súbita: Seguro de
Responsabilidade Civil Estabelecimentos Comerciais c/ou Industriais -
RCG.
• para a cobertura do risco de poluição súbita/gradual: Seguro de
Responsabilidade Civil de Poluição Ambiental.

A apólice de Seguro RC - Poluição Ambiental, instituída no Brasil em 26.12.91, de


natureza estritamente facultativa, oferece as seguintes coberturas:
• Poluição Súbita.
• Poluição Gradual.
• Despesas de Contenção (para neutralizar ou limitar as consequências de
um acidente, evitando o sinistro propriamente dito).
• Custas Judiciais e Honorários Advocatícios (para a defesa do Segurado
na esfera cível).
• Despesas com a defesa do Segurado na esfera criminal (a critério da
Seguradora).

A apólice garante a indenização ao Segurado das quantias pelas quais o mesmo


vier a ser responsável civilmente, relativas a reparações por danos pessoais ou
materiais causados a terceiros, em decorrência de poluição ambiental provocada
pelas operações dos estabelecimentos industriais previstos no contrato. Definindo o
risco coberto - poluição ambiental- a apólice consagra os termos a seguir:

"A emissão, dispersão ou depósito de substância ou produto que


venha a prejudicar as condições existentes da atmosfera, das águas e
do solo, tais como se apresentavam antes do fato poluente: e/ou A
produção de odores, ruídos. vibrações, ondas, radiações. emanações
ou variações de temperatura que ultrapassem os limites de tolerância
legalmente admitidos, EXCLUÍDOS, CONTUDO, OS DANOS
RELACIONADOS COM RADIAÇÕES IONIZANTES OU COM
ENERGIA NUCLEAR."

A responsabilidade da Seguradora fica limitada ao capital indicado na apólice, sob o


título de "Importância Segurada", cujo valor é determinado pelo próprio Segurado,
quando da contratação do referido seguro. Para a contratação do Seguro, o
Proponente (a Empresa) preenche um questionário padrão, para a análise preliminar

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do risco pela Seguradora. Esta providencia uma inspeção criteriosa (inspeção


técnica dos riscos) nos locais que deverão ser abrangidos pelo seguro, constituindo,
tal inspeção, uma espécie de "auditoria ambiental". Neste contexto cita-se vários
benefícios que podem gerar uma auditoria ambiental para a empresa, tais como:
aumento da credibilidade externa em relação à empresa.
• estabelece critérios de emergência, no caso de acidentes.
• minimiza a produção de resíduos.
• assegura aos diretores, acionistas e investidores que medidas estão
sendo tomadas para controlar a possibilidade de ocorrer acidentes
indesejáveis.
• detecta e corrige maus procedimentos em relação à estocagem de
produtos perigosos e outros.
• proporciona, enfim, segurança à empresa.

O Seguro de Responsabilidade Civil - Poluição Ambiental, só pode ser


operacionalizado através de uma cooperação conjunta, aberta e verdadeira, entre o
Segurador e o Segurado no decorrer de um longo período de tempo. O Segurado
deverá forçosamente estar preparado para abrir a sua empresa ao Segurador,
revelando todos os dados necessários à análise do risco, assim como deverá
processar todas as recomendações feitas visando a melhoria do mesmo. Em geral
dano ao meio ambiente é entendido como sendo uma mudança duradoura no
estado natural do solo, da atmosfera ou da água, inclusive a água que emana da
terra (subsolo), causada pela emissão, descarga, liberação, dispersão, infiltração ou
escapamento de elementos contaminantes ou irritantes, sólidos, líquidos ou
gasosos, que tenham conexão com as atividades comerciais e industriais
desenvolvidas pelo Segurado, no local indicado na apólice e segurado pela mesma.
Tal conceito basicamente consta de todas as apólices mundiais.

Por constituir uma categoria de risco com tendência de sinistros catastróficos, o


custo (tarifação) deste seguro é elevado, no Brasil e no Exterior. Vários são os
fatores considerados na análise do risco e na composição do custo dos prêmios
correspondentes. Podem ser destacados os seguintes:

• LOCALIZAÇÃO DO RISCO SEGURÁVEL


o Tipo de Atividade desenvolvida pelo Segurado.
o Tipos de Processos aplicados na indústria.
o Tipos de Emissões -Atmosfera - Água - Solo.
o Tipo de Tratamento aplicado para os resíduos.
o Quantidade de Poluentes estocada.
o Tipo de utilização dos recursos naturais.
o Proteções e Planos Emergenciais disponíveis.

• EXTENSÃO PROVÁVEL
o Tipo de Vizinhança: Densidade da população existente.
o Valores acumulados na circunvizinhança: Naturais e Edificados
Serviços Públicos existentes.
o Transporte das Emissões: Condições geológicas, hidrológicas e
atmosféricas.

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A metodologia de avaliação do risco se divide, praticamente. em duas etapas:


• A primeira considera os fatores de emissão dos poluentes e os fatores de
riscos representados pela empresa em si.
• A segunda considera o potencial de sinistros presentes na
circunvizinhança da empresa, determinando o impacto de uma possível
ocorrência. Tais fatores apresentam uma pontuação e, dependendo do
resultado alcançado, o risco será aceito ou não. A pontuação servirá,
também, de fator de agravação aplicável ao prêmio básico previamente
determinado na tarifa do seguro.

1.3. Rede de cobertura de riscos ambientais

O tema da cobertura para os riscos ambientais recomeça a ser questionado com


mais propriedade, pois um novo cenário se apresenta no país:
• A globalização da economia brasileira.
• As fusões e aquisições, com investimentos externos.
• A evolução da legislação de proteção ao meio ambiente. a qual exerce
extrema força contra o empresário. Exemplo: a Lei de Crimes Ambientais
(Lei n° 29.605/98, a qual atendeu recomendações insertas na Carta da
Terra e na Agenda 21, aprovadas na Conferência do Rio de Janeiro). A
citada Lei prevê, até mesmo, a responsabilidade penal da pessoa jurídica
como sujeito ativo do crime ecológico (art. 3°), já adotada por outros
países como os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá,
França e Venezuela.
• A abertura do Mercado de Seguros Brasileiro e a desmonopolização do
resseguro.

Somados tais fatores de mudança de cenário e considerando-se que a poluição


ambiental é de natureza um risco latente, com prescrição vintenária no Brasil, com
certeza o que parece tranquilo e pacífico hoje poderá não ser em curto espaço de
tempo. O empresariado recomeça a questionar a sua exposição ao risco e o
Mercado Segurador Brasileiro precisa apresentar soluções adequadas. Dentre as
soluções encontradas por alguns países. desponta o pool de resseguro para a
subscrição de riscos ambientais.

A subscrição individualizada pela Seguradora apresenta uma série de


desvantagens, notadamente neste segmento de risco onde o fator "concorrência"
parece ficar em segundo plano, face não só à alta exposição do mesmo, como
também pelo fato de requerer investimentos na área de subscritos. A concessão de
coberturas mais abrangentes e que vão além da tradicional poluição
súbita/acidental, não pode prescindir da técnica adequada sob pena de total
fracasso. O ressegurador internacional, com certeza, não apoia iniciativas ousadas
nessa área, sem o devido respaldo técnico recomendável, até mesmo pelas
experiências negativas já vivenciadas em outros países, em outras épocas.

Diante de tais dificuldades, Seguradores e Resseguradores de outros países se


alinharam na busca de soluções comuns. Neste sentido, vários pools de Resseguro

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foram formados em alguns países da Europa - França, Itália, Holanda e na Espanha.


Algumas vantagens na formação de um pool podem ser destacadas:
• maior capacidade de oferta de resseguro para os riscos inerentes.
• facilidade de subscrição de riscos e coberturas mais complexas -
poluição gradual, por exemplo.
• representatividade política perante os Órgãos do Meio Ambiente e outros.
• maior possibilidade de compra de excessos de resseguro pelo pool.
• uniformização de estatísticas, disposições tarifárias, clausulados etc.
• minimização dos custos operacionais e administrativos na subscrição de
riscos.

Basicamente prevalecem os seguintes pré-requisitos para a formação de um pool:


• Adesão de Resseguradores e Seguradoras - cada qual com uma cota
($) de participação.
• Administração profissional e independente do Pool - Administrativa,
Financeira e Técnica especializadas.
• Formação de profissionais técnicos multidisciplinares para as áreas de
inspeções de riscos, monitoramento e regulação de sinistros equipe
própria a serviço do pool, com a consequente minimização dos custos
inerentes a tais atividades. Neste item repousam grande parte dos
problemas inerentes a este segmento de seguro - os custos com as
inspeções prévias. De maneira isolada, ou seja, cada Seguradora
procurando atender aos seus respectivos clientes e contratando firmas
especializadas para a realização das inspeções, os custos obviamente
serão super-projetados. As inspeções de riscos não podem ser feitas de
maneira amadorística e por profissionais não afetos a essa área.
Requerem sim, alta especialização e uma equipe multidisciplinar, com o
envolvimento de engenheiros, biólogos, sanitaristas, médicos, geólogos,
hidrólogos etc. Provavelmente nenhuma Seguradora terá à sua inteira
disposição e por conta própria uma equipe assim formada, devendo
valer-se de serviços contratados. Os custos iniciais de uma inspeção
prévia devem, em princípio, correr por conta do próprio Proponente do
seguro. Somente após a solidificação de uma carteira de Seguros RC -
Poluição Ambiental é que as Seguradoras poderão, em tese, assumir
parte de tais custos. A formação de uma equipe profissional a serviço
exclusivo do pool propiciará a minimização dos custos inerentes,
resolvendo grande parte dos problemas encontrados nessa área.
• Compromisso das Seguradoras aderentes a ressegurarem os riscos no
pool.
• Estipulação pelo pool dos formulários padronizados de coberturas. Tal
pressuposto propiciará a resolução de grande parte dos problemas
afetos à subscrição de tal segmento de risco, pois que, além do pool ter
mais condições de acompanhar a evolução do tema, modificando
sempre que necessário os clausulados pertinentes, evitará também
questões polêmicas no âmbito judicial, pois que fatalmente a
multiplicação de textos de coberturas para um mesmo segmento sempre
conduz às mais diversas interpretações dos juízes. As Seguradoras.

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Isoladamente, certamente não estarão atentas às modificações


necessárias e no tempo certo.
• Subscritos de todos os riscos pelo pool. Diante do conhecimento geral
de todos os riscos brasileiros e concentrados em uma mesma base
estatística e sendo analisados por um mesmo grupo de subscritos, com
certeza a fixação das bases de aceitação dos mesmos poderão ser mais
realistas dentro da técnica recomendável. Nesta área toda especial de
risco, as Seguradoras que pretenderem comercializá-Io em larga escala
e isoladamente, necessitarão manter uma equipe própria de
subscritores, dada a especialização requerida e as constantes
alterações dos cenários Iegislativo e judiciário, além das inovações
tecnológicas introduzidas nos próprios riscos sujeitos às coberturas do
seguro.

A idealização de um pool brasileiro para a subscrição de riscos ambientais, nos


moldes dos europeus, não significa o último recurso a ser almejado pelo mercado
segurador do país. O Mercado Brasileiro tem certo ceticismo em relação aos pools.
Os pools europeus para riscos ambientais, entretanto, nada se assemelham aos
mecanismos brasileiros, gozando de autonomia administrativa, financeira e técnica,
Além disso, são de natureza facultativa quanto à adesão aos mesmos,
evidentemente técnica.

Mesmo naqueles Mercados onde o tema Seguros de RC - Poluição AmbientaI


apresenta um estágio muito mais avançado do que no Mercado Brasileiro e até
mesmo porque as questões e as necessidades relativas ao desenvolvimento do
seguro começaram muito antes que no Brasil, vários problemas são encontrados. A
evolução é constante e os Mercados Internacionais alteram as suas bases de
aceitação dos riscos de acordo as necessidades que se apresentam.

Existe muita ambiguidade nos conceitos encontrados nos termos da legislação


mundial pertinente ao meio ambiente. Equacionar tal problema no âmbito do
clausulado de uma apólice de seguro RC - Poluição Ambiental não é uma matéria
das mais fáceis. Considerando-se o objeto do seguro (a proteção), a relação jurídica
(da responsabilidade civil e as bases legais existentes) e o contrato (bases técnicas
da apólice de seguro) toma-se difícil conciliar todos esses fatores quando os
conceitos legais pertinentes ao meio ambiente são extremamente complexos e nada
objetivos, na maioria das vezes. São encontrados, na maior parte da legislação
mundial, conceitos abrangentes tais como: "deterioração do meio ambiente", "danos
toleráveis" qualquer degradação física, química ou biológica importante do meio
ambiente etc.

O Conselho da Comunidade Europeia definiu "Meio Ambiente", através do


Documento 112, em 20/ 12/73 como sendo "A combinação de elementos cujas
complexas inter-relações estabelecem o marco e as condições da vida, tal como são
ou como são percebidos, pelos indivíduos e pela sociedade". Por tais razões, não
existe um tratamento uniforme entre os países e cada qual adota um procedimento
típico em relação aos diversos temas, quando da elaboração dos seus respectivos
clausulados de coberturas.

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Tal conceito é crucial quanto à abrangência ou não da cobertura de uma apólice de


seguro de RC - Poluição Ambiental e tem movimentado os mercados internacionais
em acirradas discussões. Entra, basicamente, no aspecto do chamado dano
ecológico puro, ou seja, abrange ou não a cobertura relativa a danos ou perdas
causados/sofridos por bens sem titularidade e/ou propriedade concreta - exemplo, a
fauna de um rio e/ou de um bosque.

2. RISCOS, ACIDENTES, DANOS E CUSTO AMBIENTAL

A conceituação de poluição acidental estabelece que a poluição gerada por


acidentes causados no transporte, manuseio e armazenagem de produtos perigosos
pode pôr em risco a saúde humana e o meio ambiente em geral. Acidente
Ambiental, dentro dessa categoria de eventos, é aquele ocorrido durante a
manipulação, armazenamento ou transporte de produtos químicos, que promova
alterações nas condições do meio ambiente, provocando a degradação da qualidade
ambiental e prejudicando a saúde, a segurança e o bem-estar da população,
podendo ainda criar condições adversas às atividades econômicas e sociais. Os
acidentes que ocorrem dentro das indústrias, nas zonas portuárias, aeroportos etc.,
somente se consideram nessa categoria de acidentes ambientais, se além da injúria
ou danos às pessoas físicas que os manipulam, eles promoverem também danos à
população com um todo e ao meio ambiente em geral. Não sendo assim, serão
enquadrados numa categoria denominada acidentes de trabalho, cujas normas e
regras, atinentes à Saúde Ocupacional, são promovidas e fiscalizadas pelos
Ministérios do Trabalho e da Saúde.

2.1. Acidente ambiental

Os acidentes com produtos químicos voláteis que se espalham por toda a


circunvizinhança de uma fábrica, injuriando os membros da comunidade, são um
exemplo muito comum de ocorrências do chamado grupo de acidentes ambientais.

Um caminhão-tanque levando produtos a granel que capota em uma rodovia e


espalha seu produto na rede de drenagem. e daí para o riacho mais próximo, que
vai desaguar num rio que fornece água para a região, configurando o acidente
ambiental.

O ar atmosférico, as águas superficiais e subterrâneas, os mares, as florestas, o


solo, o subsolo e a biosfera não pertencem ao Governo, sendo bens que pertencem
a todos os cidadãos e fazem parte do patrimônio comum. Pelo Decreto-lei n° 6.938
de 31/08/81, são patrimônio público na forma do artigo 2°, parágrafo I. A
Constituição Federal Brasileira, no seu artigo 4° inclui entre os bens da União: as
águas (lagos, mares e rios), a plataforma continental e o mar territorial.

Fato que dificulta a avaliação de danos ao meio ambiente, é decorrente das


dificuldades que existem em verificar as alterações nas propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio em relação às anteriormente encontradas, pela falta

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de dados de referência, ou seja, dados levantados antes do acidente ambiental.


Portanto, a metodologia de análise dos efeitos causados pelo acidente ambiental no
meio biofísico (clima, ar, recursos naturais, hidrologia. geologia, solos, flora e fauna
etc.), deve atender a alguns requisitos básicos:
• ser modelada no sentido de poder avaliar o problema ocorrido pelos seus
aspectos mais relevantes;
• população afetada;
• flora e fauna afetadas;
• recursos naturais afetados;
• modificações nos sistemas ambientais (quantitativos e qualitativos);
• prejuízos imediatos;
• outros efeitos a médio e a longo prazos.

2.2. Riscos de acidentes

Os acidentes previsíveis são devidos a falhas humanas, defeitos de fabricação de


peças, erros de operação etc. São de pequena grandeza, porém se associados,
podem provocar danos consideráveis. A Nationaal Regulatory COmmission - NCR
separou em classes os acidentes críveis:
• Classe I: eventos de moderada frequência (ocorrência de antecipação
operacional);
• Classe 2: eventos de pequena probabilidade de ocorrência (com
pequeno potencial);
• Classe 3: potencialmente severos (acidentes de probabilidade
extremamente baixa de ocorrência). Eventos nessa categoria são
avaliados por suposições conservativas, isto é, múltiplo sistema de
falhas.

Nos acidentes fortuitos as suposições de sucessivas falhas podem ser levadas ao


ponto em que os sistemas de segurança se mostrem insuficientes para fazer frente
aos acidentes postulados. Esses acidentes são geralmente de causas naturais
incontroláveis. São, portanto, aqueles de ocorrência não prevista, tais como
terremotos, furações, inundações, etc., em intensidades anormais.

Na teoria dos erros (Gauss) estão assentadas todas as similaridades necessárias à


interpretação das ocorrências dos acidentes operacionais. A teoria dos erros é um
ramo da estatística que determina numericamente as quantidades físicas a medir, os
valores verdadeiros das grandezas em relação aos erros cometidos nas medições, o
grau de confiabilidade em termos da probabilidade que se atribui a cada estimativa,
e ainda analisa os diversos tipos de erros humanos cometidos, aqueles que podem
ser eliminados e os que não podem, pois são frutos da casualidade.

Da mesma forma que se erra nas medições, erra-se também na operação e


manipulação dos sistemas industriais e de controle. Os acidentes operacionais
dentro desses sistemas assemelham-se aos erros grosseiros e sistemáticos da
teoria de erros que podem e devem ser eliminados, pois são de causas conhecidas.
Eles são decorrentes da falta de cuidado e da imperfeição de métodos operacionais
ou de fabricação de peças. Por outro lado, os erros acidentais, ditos randômicos na

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teoria de erros, são aqueles não previstos, de causas desconhecidas, que dão
origem à dispersão e seguem a curva normal de Gauss.

Os acidentes potencialmente mais severos são aqueles justamente que apresentam


a mais baixa probabilidade de ocorrência. À medida que diminuem de severidade,
aumenta a probabilidade de ocorrência. Com relação aos riscos, podem ser:
• Risco voluntário: aquele que cada um assume voluntariamente. Como
exemplo, podemos citar excesso de fumo e excesso de peso.
• Risco involuntário: aquele que a sociedade não quer. O risco que a
população está submetida por ano é o produto da frequência de
ocorrência de determinado evento/ano pela magnitude da ocorrência
(consequência por evento).
• Risco social: frequência x magnitude; eventos/ano x consequências por
evento. Se duas pessoas morrem em média por ano em cada acidente
numa determinada linha de trem e, se há em média 10 acidentes por
ano, então o risco social será de 20 mortes/ano atribuídas àquela linha
de trem.
• Risco individual: a probabilidade do evento é a relação do risco social
dividido pela população. No exemplo acima, se a população for de 2.500
pessoas, o risco individual é de 0,8%.
• Risco Potencial: o maior risco de acidente hipotético (ainda não
ocorrido), que poderá vir a ocorrer se não forem tomadas as medidas
preventivas necessárias, quando se manipulam ou processam
substâncias perigosas.

Na fase preventiva dos estudos de risco é que se analisam as ocorrências de


acidentes de todos os tipos já ocorridos nos estabelecimentos fabris ou em
estabelecimentos similares. Após a ocorrência dos acidentes, faz-se sua
contabilização para o cálculo das probabilidades. Os acidentes que envolvem
substâncias perigosas e seus riscos ainda têm duas hipóteses de análise de risco
que podem ser separadas:
• substâncias ou produtos com baixo perigo e com alta probabilidade de
ocorrência;
• substâncias ou produtos com alto perigo e baixa probabilidade de
ocorrência.
Na primeira hipótese, os estudos se desenvolvem através de metodologias como a
Árvore de Eventos para uma tomada de decisão dentro da indústria. No caso
nuclear, seu estudo segue o segundo enfoque.

2.3. Avaliação de risco ambiental em empreendimentos marítimos

As recentes demandas advindas dos programas de gestão ambiental, do


gerenciamento dos riscos de processo, bem como das certificações internacionais,
vêm causando interesse das companhias de petróleo na investigação e
conhecimento dos riscos impostos ao meio ambiente. Por exemplo, o governo
norueguês, desde 1990, requer que instalações marítimas de petróleo sejam
avaliadas quanto aos riscos ao meio ambiente, advindos de vazamentos acidentais.
Para tal a operadora deverá definir critérios de aceitação dos riscos, devido às suas

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atividades de exploração ou produção, cujos resultados permitam priorizar ações de


mitigação e controle dos riscos.

A Avaliação de Risco Ambiental (ARA) estima e classifica os riscos mais prováveis


ao meio ambiente, causados por vazamentos acidentais, com base na frequência de
ocorrência (agressor x receptor) e na magnitude do impacto ao meio atingido. O
risco ambiental, por não estar diretamente relacionado ao risco do trabalhador da
instalação marítima, exige tratamento diferenciado: por exemplo, o vazamento
submarino no processo de exportação de óleo, não possui repercussão física sobre
os ocupantes da instalação. O processo da ARA implica no desenvolvimento de
várias etapas, tais como:
• Identificação das Fontes Acidentais,
• Toxicidade dos Produtos,
• Persistência dos Produtos,
• Modelagem do Transporte,
• Definição da Área de Estudo,
• Vulnerabilidade e Recuperação Ambiental,
• Critérios de Aceitação dos Riscos.

2.4. Riscos de incêndio em unidades de conservação

Os incêndios florestais têm sido uma das maiores preocupações na proteção das
unidades de conservação dos biomas, devido à grande probabilidade de ocorrência
em certas épocas do ano e aos prejuízos irrecuperáveis que ocasionam nestas
áreas. Outro grande problema nas unidades de conservação é a questão fundiária
nas ocupações nelas existentes, permitindo assim uma vulnerabilidade no
monitoramento e no controle de atividades ambientais dentro destas áreas e no
entorno.

A maior parte dos índices utiliza parâmetros meteorológicos, principalmente


precipitação e umidade relativa e temperatura do ar, para determinar as condições
da vegetação, pois medidas diretas de unidade de vegetação são complexas e
requerem custosas amostragens espaciais. Já o principal problema associado com
medidas meteorológicas é a distribuição geográfica esparsa dos pontos de
observações. Geralmente as estações estão distantes das áreas estudadas e as
interpolações que são realizadas não são adequadas, principalmente para terrenos
com topografia complexa. Isso pode fazer com que os índices não expressem os
valores corretos para os pontos desejados.

De uma forma geral, o risco de incêndios é a medida da probabilidade de ocorrência


de incêndios em uma determinada área. O sistema geográfico de informações - GIS
- constitui-se numa ferramenta apropriada para responder a essas necessidades,
pela associação de dados geográficos a banco de dados alfanuméricos. No mapa de
risco, podem-se observar as regiões de maior risco, onde os esforços para
prevenção de incêndios devem ser concentrados, reduzindo custos operacionais e
diminuindo a chance de novas ocorrências.

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C. QUESITOS JUDICIAIS

Exercício Pratico

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA........ª VARA CÍVEL/CRIMINAL DE (CIDADE-ESTADO)

AUTOS N°....../..........AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

REQUERENTES: ..........................................................................................

REQUERIDO: ...............................................................................................

............................ <nome>..........,............<graduação>...............,Portador da carteira (conselho de


classe) sob n° ..........................., perito judicial (inserir nome e dados dos assistentes técnicos, se o
laudo for conjunto) nomeado(s) nos presentes Autos, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência para apresentar o presente Laudo Pericial.

Objeto da Perícia:
Pista sul da Av. Antonio Kucinski, Cascavel, PR, na obra de transposição do Corrego Bezerra.

Em relação aos quesitos formulados pelos Requerentes às fls.......a ........ dos presentes Autos,
responde-se na mesma ordem, balizando a resposta pela legislação Federal, Estadual e Municipal.

I) Foi alterado o leito do rio, para a obra?


Resposta:

2) A obra mantem a faixa de preservação permanente ao longo do Córrego?


Resposta:

3) No entorno da obra, está mantida a vegetação nativa?


Resposta:

À disposição de Vossa Excelência para outras informações que julgar pertinentes.

(cidade) ................................

_________________________________________
Perito judicial
(conselho regional) n° .
Anotação ou Registro Responsabilidade Técnica – ART ou RRT n°

_________________________________________
Assistente técnico - defesa
(conselho regional) n° .
Anotação ou Registro Responsabilidade Técnica – ART ou RRT n°

_________________________________________
Assistente técnico - acusação
(conselho regional) n° .
Anotação ou Registro Responsabilidade Técnica – ART ou RRT n°

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Faculdade Assis Gurgacz
Especialização em engenharia de avaliações e perícias

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DO PERITO

Portugal (s.d.) apresenta uma sequência natural para a confecção do Laudo de


Perícia Ambiental. O autor esclarece que esta sequência trata-se de um caso
hipotético. Na realidade, na maioria dos casos não se tem ou não são necessários
todos os elementos abaixo listados. Para cada caso específico são importantes os
itens mais relacionados com o problema ambiental em estudo.

1. EXAME DO LOCAL

1.1. Localização da Área: Plotar a área a ser periciada mapograficamente e


em escala(s) compatível(s). Utilizar preferencialmente as coordenadas
geográficas em UTM.

1.2. Situação Legal da Área: Verificar se a área é pública ou privada, a qual


unidade(s) da federação pertence. Descrever sucintamente a que se
destina e qual o seu uso atual.

1.3. Clima: Realizar o levantamento climatológico regional.

1.4. Recursos Hídricos: Inventariar os recursos hídricos superficiais


subterrâneos e mapear os corpos d’água.

1.5. Geomorfologia e Geologia: Descrever o relevo e relacionar os recursos


minerais.

1.6. Solos: Mapear os solos, com considerações sobre a pedologia e a


edafologia.

1.7. Vegetação: Descrever a mapear as principais formas de vegetação. Listar


as plantas, principalmente as de interesse econômico. Constatar a
ocorrência de espécies raras ou endêmicas.

1.8. Fauna: Levantar principalmente os vertebrados, dando ênfase às espécies


endêmicas, raras, migratórias e cinegéticas.

1.9. Ecossistemas: Identificar e descrever os principais ecossistemas da área,


nos seus componentes abióticos e bióticos.

1.10. Áreas de interesse histórico ou cultural: Listar e descrever locais de


interesse histórico, culturais e jazidas fossilíferas que estejam num raio de
50 km.

1.11. Área de Preservação: Constatar se o local descrito está inserido em


área protegida por lei (Parques Nacional ou Estadual, Estação Ecológica,
Reserva Biológica, etc.).

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1.12. Infraestruturas: Descrever as infraestruturas existentes no local (núcleo


habitacional, telefonia, estrada, cooperativas, etc.).

1.13. Atividades previstas, ocorridas ou existentes na área: Relatar as


tecnologias a serem utilizadas nas fases de implementação e operação do
empreendimento. Listar insumos e equipamentos.

2. DISCUSSÃO

2.1. Diagnóstico Ambiental da área

2.1.1. Uso atual da terra: Constatar o uso atual da terra, dar o


percentual utilizado pela agropecuária.

2.1.2. Uso atual da água: Constatar o uso atual da água, bem como
obras de engenharia (canal, dique, barragem, drenagem, etc.).
Verificar se ocorrem fontes poluidoras.

2.1.3. Avaliação da situação ecológica atual: Realizar o levantamento


das ações antrópicas anteriores e atuais, bem como relatar a situação
da vegetação e fauna nativas. Com os dados obtidos inferir sobre a
estabilidade ecológica dos ecossistemas da área.

2.1.4. Avaliação sócio econômica: Analisar a situação sócio econômica


da área, através de uma metodologia compatível com a realidade
regional.

2.2. Impactos Ambientais esperados para a área

2.2.1. Impactos ecológicos: Listar e analisar os impactos ecológicos,


levando em consideração a saúde pública e a estabilidade dos
ecossistemas naturais, principalmente se está em áreas protegidas
por lei.

2.2.2. Impactos sócio econômicos: Avaliar os impactos sócio


econômicos da área, levando em consideração os aspectos médicos
e sanitários.

2.2.3. Perspectivas da evolução ambiental da área: Inferir sobre qual


seria a evolução da área com ou sem o empreendimento.

2.3. Considerações Complementares (quando for o caso)

2.3.1. Alternativas tecnológicas e locacionais: Optar por alternativas


menos impactantes para o meio ambiente, tanto em termos
tecnológicos como locacionais.

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2.3.2. Recomendações para minimizar os impactos adversos e


incrementar os benéficos: Listar as recomendações específicas para
minimizar os impactos negativos e incrementar os benéficos.

2.3.3. Recomendações para o monitoramento dos impactos ambientais


adversos: Desenvolver e implantar programas de biomonitoramento,
de controle de qualidade da água, de controle de erosão, etc.

2.4. Apreciação dos quesitos: Como geralmente há quesitos formulados pelo


Promotor, Juiz ou Delegado, neste subitem eles deverão ser claramente
discutidos e esclarecidos.

3. CONCLUSÃO

Deve ser elaborada de forma sucinta, mas, sempre que possível, conclusiva,
abrangendo os aspectos ambientais anteriormente discutidos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Perito Criminal deve evitar ao máximo de entrar no mérito estritamente legal


da questão ambiental, isto é, citar lei, artigo, parágrafo, etc. Qualquer deslize
"legal" que o Perito venha por ventura cometer poderá comprometer todo o
trabalho durante o julgamento da questão. A Perícia de Meio Ambiente, assim
como qualquer trabalho na área ambiental, deve ser preferencialmente
efetuada por uma equipe multidisciplinar de Peritos, e que atuem
interdisciplinarmente. Em função disto, os Institutos de Criminalística devem
procurar diversificar as formações universitárias dos seus membros.

D. MATERIAL DE APOIO

Disponível em: http://www2.fag.edu.br/professores/solange/PERICIA_AMBIENTAL/

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. Perícia ambiental, judicial e securitária: impacto,


dano e passivo ambiental. 1. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: Thex, 2008.
CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antonio José Teixeira (organizadores).
Avaliação e perícia ambiental. 9. ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2009.
DANTAS, Rubens Alves. Engenharia de avaliações: uma introdução à
metodologia científica. São Paulo: Pini, 1998.
GONZÁLEZ, Marco Aurélio Stumpf. Laudo pericial judicial. UNISINOS [s.d.]
Disponível em: <www.exatec.unisinos.br/~gonzalez/valor/pericias/laudo.html>
Acesso em: 06 jun. 2009
PORTUGAL, Gil. Aspectos técnicos da perícia ambiental (comp.). [s.l.] [s.d.]
Disponível em: www.gpca.com.br/gil/art94.htm. Acesso em 07 jun. 2009.

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Especialização em engenharia de avaliações e perícias

VARGAS, Caroline. Área de interesse ambiental: ocupar ou preservar? In:


Forma, imagem, texto e contexto: TCC CAUFAG 2008. Disponível em:
<http://www.fag.edu.br/graduacao/arquitetura/ >, produção acadêmica, TCC
2008. Cascavel: Smolarek Arquitetura Ltda, 2009.

Professora Arquiteta Solange Irene Smolarek Dias – Drª 92

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