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Assistente técnico da parte

O perito é um cidadão qualquer com curso superior na área em que se desenrolar a


perícia. Ele é de confiança da justiça e escreverá um laudo que será uma prova no
processo. O assistente técnico é contratado e pago pela parte para representá-la na
perícia, sendo de confiança dela e podendo ser também qualquer um.
O assistente técnico escreverá um relatório que igualmente constará no processo. O
juiz deverá fundamentar a sua sentença com uma ou mais provas constantes no
processo, que poderão ser o laudo do perito ou o parecer do assistente técnico.
Desta forma, existem dois mercados de trabalho na perícia judicial: o do perito e o
do assistente.
O perito e o assistente técnico não necessitam fazer concurso, curso de pós-
graduação ou qualquer curso de capacitação, assim como fazer parte de associação,
instituto, conselho ou outra agremiação de peritos para desempenhar a função.
Pode-se ser perito judicial em um processo e assistente em outro. Não há limite de
processo para se atuar nas duas funções.

• Missão
O assistente tem 03 missões cruciais: escrever o seu parecer, tal qual o perito
escreve o laudo; tentar convencer o perito da tese que possui sobre o objeto da
perícia; por último, fazer crítica negativa, pontual, a cada detalhe que não concorda
com o laudo do perito, ou citar os trechos positivos que ajudam sua tese.

• Negociação de honorários
O perito tem como vantagem receber honorários que normalmente propõe e não
ser pressionado pelo conteúdo do laudo que escreverá. No caso do assistente
técnico, esse deve negociar o valor de seus honorários com a parte, e poderá se
sentir pressionado por ela pelo que conterá o parecer. É importante o assistente
firmar um contrato com a parte a fim de ficar resguardado.

• O que é melhor: perito ou assistente?


É mais fácil se começar como perito do que como assistente. A atuação como
assistente técnico eventual de uma parte pode não ser tão vantajosa como a de
perito no mesmo processo. Porém, se o profissional tem um cliente que lhe confere
serviços periódicos de assistência em processos, isso é excelente. Curiosamente, as
empresas que se vêm envolvidas com processos contratam como assistente técnico
habitual aquele profissional que viu atuar como perito.

• Diretos do assistente na perícia


O assistente técnico tem o mesmo acesso que o perito tem a documentos relativos à
perícia. O assistente não depende do perito para escrever o parecer. O assistente
deve procurar por embasamentos, assim como o perito procura. O Perito e
assistente técnico estãao no mesmo nível, um não é mais importante que o outro.
• Parecer técnico
O laudo do perito e os pareceres dos assistentes técnicos das partes estarão no
processo quando o juiz for proferir a sentença. Na grande maioria de vezes há
divergências entre o que diz o perito e os assistentes, o que é bem natural. A
divergência poderá ser total ou parcial. O assistente não é obrigado a entregar o
parecer.

• Encontro com o perito


O perito se reúne com os assistentes técnicos no início de perícia (início de
produção de prova) e em reuniões subsequentes, caso o perito os convidar, porém é
possível ele apenas coletar informações, sem emitir verbalmente qualquer conceito,
em todos os encontros.

• Divergência e concordâncias com o perito


Se o perito não falar o que pensa na vistoria ou noutros encontros, o assistente só
tomará conhecimento quando ele entregar seu laudo no processo. A partir daí, o
assistente tem dez dias para examinar o laudo, fazer as críticas positivas e
negativas sobre o trabalho do perito, e entregar o parecer técnico.

Nomeação do assistentes técnicos


As partes têm direito a nomear um assistente técnico cada uma, se quiserem, na
perícia judicial. Se a matéria da perícia envolver mais de um conhecimento
distinto, como medicina e ciências contábeis, é admitido as partes nomearem um
assistente para cada matéria. Mesma coisa para a nomeação do perito pelo juiz;
haverá peritos diferentes para áreas distintas.
Na fase da perícia no processo, cada assistente técnico pode preparar um parecer,
assim como o perito prepara um laudo, sobre o mesmo tema. Nada impede que os
assistentes técnicos assinem juntos o laudo do perito, quando concordam com ele.
Eles expressam a concordância com o laudo do perito através de petições ou
pareceres isolados. O termo parecer para designar o trabalho escrito do assistente,
está determinado no Código de Processo Civil – CPC, art. 433, porém chama-se
ainda essa redação técnica de laudo.
Como no mesmo artigo do CPC, o de número 433, é dito que o assistente técnico
apresentará seu parecer em até dez dias depois de o perito entregar o laudo, é
provável entender o leitor, que o trabalho do assistente será exclusivamente rebater
ou apoiar as convicções do perito através do seu parecer, porém, o trabalho do
assistente pode ser completo, oferecendo a elucidação dos fatos que cercam a
perícia, da mesma forma como o perito deverá fazer no seu.
Comparando o trabalho do perito e do assistente, chega a parecer que o assistente
tem um trabalho comum ao do perito: o de esclarecer os fatos; e outro extra: o de
contestar ou concordar com o laudo do perito. A partir daí, obtêm-se condições de
depreender a importância de que é revestido o trabalho do assistente técnico, cujo
conhecimento dos recursos, da rotina e da burocracia nas perícias, tem potencial
de virar totalmente o teor do laudo do perito, a favor de sua parte.
Mercado de trabalho do assistente técnico
O mercado de trabalho dos peritos é vasto. Devido as suas características, está
sempre em constante renovação. O profissional que queira se especializar nesse
espaço, possui grandes chances de fazer carreira, se houver dele a manifesta
intenção de prestar um trabalho de boa qualidade dentro de suas atribuições
profissionais, junto ao propósito de cumprir os prazos que os juízes determinam.
Basta então, para tanto, ter-se conhecimentos sobre a prática e a rotina forense em
que implica a ocupação do perito.
Assim como o mercado de perito é vasto, o de assistente técnico não deixa de andar
junto. Os casos mais comuns de profissionais que trabalham como assistentes
técnicos com relativo sucesso, são exatamente aqueles que se originaram da prática
de perito. Eles se tornaram conhecidos como peritos a ponto de prestarem serviços
como assistentes das partes, de particulares ou empresas de todos os portes. E,
ainda, como decorrência do conhecimento obtido no trato com empresas e
particulares, realizam serviços extraperícias, atuando como profissionais liberais
ou através de suas próprias pequenas empresas.
Os elementos essenciais para a atividade de perito e assistente técnico são
exaustivamente apresentados no livro Manual de Perícias – ora segundo um ponto
de vista, ora segundo outro, que, ao serem lidos no todo, darão ao estudante da
questão, uma visão global. As diversas óticas de abordagem de um mesmo tema
nele apresentado, oportunizam segurança para aquele que quer ingressar na
função.
Após o começo da atividade de perito, é suscetível surgir um leque de
oportunidades para novos tipos de serviços extrajudiciais.
O mercado de assistente técnico é grande. Significativa porção das nomeações
pelas partes caem em profissionais sem os conhecimentos aqui mencionados,
motivo da grandeza do mercado, já que se torna fácil a colocação daqueles mais
preparados.
Inicialmente, é passível de ocorrerem quatro formas mais comuns de o profissional
ser nomeado como assistente técnico pelas partes em processos:
– sendo ele distinguido como perito judicial, portanto com experiência na área –
as partes sabedoras disso o procuram para atuar como pessoa de conhecimento
técnico-científico de sua confiança no processo;
– a parte, como tem direito a indicar um assistente técnico, procura qualquer
pessoa que conheça do segmento em que se desenrola a perícia; às vezes, acaba por
indicar um amigo que não lhe cobrará nada pelo encargo que exercerá;
– a empresa privada ou a administração pública nomeia um funcionário de seus
quadros sem conhecimento de perícias;
– em processos vultosos, a parte, geralmente empresas, contrata profissionais
experts na matéria específica da perícia, porém sem prática forense ou em perícias.
Na escolha do primeiro tipo, a parte terá melhores chances na elaboração da prova
pelo perito, pois o assistente o acompanhará em seu trabalho, podendo evitar
equívocos que esse possa cometer. Além disso, a parte estará amparada pelo
parecer do seu assistente, ao fazer eventuais críticas às alegações técnicas do perito,
quando o assistente não concordar com a exploração e abordagem dos fatos que o
perito fez no laudo.
No segundo tipo, a parte estará visando não gastar com assistente ou ignora ser
importante o conhecimento mínimo que o profissional tenha sobre perícias, entre
outros motivos. Ela desconhece que é necessário o assistente ter noção sobre o
exercício da função para então esse diligenciar com o intento de representá-la
adequadamente. Por ocasiões, a parte nomeia um amigo seu, que tem a intenção de
ajudá-lo muito, porém durante os encontros com o perito e o outro, ou os outros
assistentes, sente-se inseguro por não desfrutar do domínio da realidade da
burocracia exigida. O resultado disso são perdas importantes de intervenções
durante reuniões, vistorias e exames, realizados conjuntamente com o perito.
Assim, o assistente deixa rolar o andamento das teses do perito e do outro, ou dos
outros assistentes, sem suas intervenções. A escolha errada do profissional pela
parte envolvida no processo, em grande parte, é devida à falta de orientação correta
do seu advogado.
No terceiro caso, a empresa escolhe o assistente técnico entre os funcionários que
dispõe, justo aquele cuja área da perícia exige conhecimento. Custa, aos
proprietários e diretores das empresas, compreender que não basta simplesmente
nomear um técnico qualquer para desempenhar as formalidades do encargo. Entre
outras condições, este também necessita ter prática ou conhecimento sobre
perícias para representar a parte com bons resultados. Costuma-se ver processos
onde a disputa de valores é alta, e no entanto, a empresa é representada
insatisfatoriamente.
Da mesma forma, sobrevêm feitos idênticos nas administrações públicas.
Prefeituras e suas autarquias, departamentos estaduais de estradas ou de
abastecimento de água e saneamento, entre outros, têm este hábito, o de nomear
profissionais de seus quadros. Esses, além de não possuírem experiência, sentem-
se desmotivados, porque não recebem pelo serviço extra, que não é de sua
atribuição imediata.

Tarefas do assistente técnico na perícia


1. Prestar assessoramento técnico e científico ao advogado na montagem inicial
do processo.
2. Sugerir ao advogado os quesitos que serão apresentados no processo.
3. Interagir com os funcionários da empresa ligados ao objeto da perícia
judicial.
4. Informar ao advogado acerca da necessidade de apresentação de quesitos
suplementares, pois ele é a pessoa mais indicada para detectar a sua
utilidade e o momento certo de apresentação. (quesitos suplementares têm
como função cercar melhor os assuntos específicos da perícia).
5. Observar a necessidade da apresentação de quesitos suplementares, com a
consequente apresentação dos mesmos pelo advogado, possibilita que o
processo tome nova direção, favorável a sua parte.
6. Conhecer todos os prazos relativos a si e ao perito.
7. Saber como os peritos costumam pensar e agir.
8. Alertar o perito sobre as possíveis distorções, ajudando-o a esmiuçar os
quesitos e suas respostas, para que não venham a ocorrer danos graves,
tendo em vista que a parte adversa tende a distorcer os fatos com os seus
próprios quesitos, levando à confusão do perito e podendo, assim, obter um
laudo técnico favorável a sua parte.
9. Aapós a entrega do laudo por parte do perito nomeado pelo juiz, quando não
concordar com este, apresenta o seu parecer nos autos em separado, no qual
fará críticas, ponto a ponto, ao laudo do perito.
10.Complementar e advertir o laudo do perito, quando o mesmo, por lapso,
apresentar cálculos equivocados e, involuntariamente, omitir ou distorcer
fatos e técnicas importantes.
11. Após a entrega do laudo do perito, quando não concordar com este,
apresentar o seu parecer nos autos em separado, no qual fará críticas, ponto
a ponto, ao laudo do perito.
12. Advertir o laudo do perito, quando o mesmo, por lapso, apresentar cálculos
equivocados e, involuntariamente, omitir ou distorcer fatos e técnicas
importantes.

Assistente técnico sem conhecimento de


perícia judicial se torna inseguro
A falta de conhecimento do assistente em perícias judiciais leva-o a ter uma
posição em que se sinta, até mesmo, bastante inferior à autoridade que o perito
possa efetivamente representar em relação a ele.
Em alguns casos, percebe-se que os assistentes técnicos nem chegam a abrir o
processo para que estão nomeados, deixando correrem as diligências e conclusões
a bel prazer do perito.
A principal característica do assistente técnico não treinado é a falta de firmeza.

Aceitação do parecer do assistente técnico


A aceitação incondicional do laudo preparado pelo perito, por parte de alguns
juízes, desprezando os laudos dos assistentes técnicos, tem sido rejeitada nos
tribunais, demonstrando, com isso, a importância do assistente técnico no
processo.
O juiz pode utilizar o que está no laudo do assistente técnico e não utilizar coisa
alguma do contido no laudo do perito.
Assistente técnico de empresa sem a
qualificação necessária
A empresa em que é parte em processo tem o direito a nomear um assistente
técnico. Em nome do exercício desse direito, os dirigentes da empresa indicam, na
grande maioria dos casos, um funcionário de seu quadro para desempenhar tal
função. O dirigente de empresa particular ou estatal ou de um órgão público
normalmente não tem noção de que, ao nomear como assistente técnico na perícia
um profissional que não conheça a prática e a burocracia de uma perícia judicial,
poderá estar causando um grave dano a sua empresa ou instituição no processo em
que a mesma se encontra envolvida.
Isso porque é necessário que o assistente técnico da empresa ou do órgão público
tenha conhecimento dos meandros e particularidades da perícia judicial para
realizar um trabalho eficiente. Caso contrário, a perda para a empresa, no processo,
poderá ser bastante grande.
Além da necessidade do assistente técnico ser capacitado, a aempresa deve treinar
os funcionários dos setores que atendem os assistentes, pois eles saberão dar um
melhor suporte aos assistentes técnicos indicados pela empresa.

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