1- Oque é eritropoetina? Como a mesma regula o crescimento
extramedular dos eritrócitos?
A eritropoetina é uma glicoproteína produzida principalmente nos rins
em resposta à hipóxia, que é a condição de baixa concentração de oxigênio nos tecidos. Sua principal função é estimular a produção de eritrócitos na medula óssea, o que aumenta a quantidade de oxigênio transportado pelo sangue para os tecidos corporais. Quando os níveis de oxigênio nos tecidos diminuem, e isso é detectado pelas células renais, elas respondem secretando eritropoetina na corrente sanguínea. A eritropoetina então viaja para a medula óssea, onde se liga aos receptores de eritropoetina nas células progenitoras dos eritrócitos. Essa ligação aos seus receptores estimula a proliferação e a diferenciação das células progenitoras dos eritrócitos, aumentando assim a produção de eritrócitos maduros. Esse processo é conhecido como eritropoiese. Portanto, a eritropoetina regula o crescimento extramedular dos eritrócitos ao estimular a produção dessas células na medula óssea em resposta à hipóxia tecidual.
2- Qualé a forma de absorção do ferro pelo organismo? Onde
ocorre?
A absorção do ferro pelo organismo ocorre principalmente no intestino
delgado, mais especificamente no duodeno e no jejuno. Existem duas formas principais de ferro dietético que podem ser absorvidas: Ferro heme: Esta é a forma de ferro encontrada em alimentos de origem animal, como carne vermelha, peixe e aves. Este está ligado à molécula de heme, que é parte da estrutura da hemoglobina e mioglobina encontradas nos tecidos musculares e no sangue dos animais. Este ferro é absorvido intacto pelas células intestinais através de um transporte específico mediado por receptores. Ferro não-heme: Esta forma de ferro é encontrada em alimentos de origem vegetal, bem como em produtos de origem animal. Este, por sua vez, pode estar presente na forma de íons ferrosos (Fe2+) ou férricos (Fe3+). A absorção de ferro não-heme é regulada de forma mais complexa. O ferro férrico precisa ser reduzido a ferro ferroso antes de ser absorvido. Esta redução ocorre principalmente na superfície das células intestinais através de uma enzima chamada ferro redutase. Após a redução, o ferro ferroso é transportado ativamente para dentro das células intestinais pelo transportador de metal divalente 1 (DMT1). Independentemente da forma de ferro, uma vez dentro das células intestinais, o ferro é armazenado na forma de ferritina ou exportado para a circulação sanguínea através do transportador de ferro. Dentro da circulação sanguínea, o ferro é transportado pela proteína transferrina para ser entregue às células do corpo que necessitam de ferro para funções metabólicas importantes, como a síntese de hemoglobina nos eritrócitos.
3- Quala relação do ferro circulante e a ferritina? Onde é
depositado no organismo?
O ferro circulante no organismo está principalmente ligado à proteína
transferrina, que transporta o ferro na corrente sanguínea e o entrega às células para várias funções metabólicas, como a síntese de hemoglobina. O ferro também pode ser armazenado no organismo na forma de ferritina. A ferritina é uma proteína de armazenamento de ferro que se encontra principalmente nas células do fígado, baço e medula óssea. Ela atua capturando e armazenando o excesso de ferro que não está atualmente sendo utilizado pelo organismo. Ela é composta por uma cápsula proteica que envolve moléculas de ferro em seu interior. Essas moléculas de ferro podem ser liberadas conforme necessário para a síntese de hemoglobina e outras funções celulares. Quando os níveis de ferro circulante estão elevados, o ferro é capturado pelas células do fígado e do baço e armazenado dentro da ferritina. Isso ajuda a manter os níveis de ferro no sangue em equilíbrio e evita a sobrecarga de ferro nos tecidos. Em contrapartida, quando os níveis de ferro circulante estão baixos, o ferro é liberado das moléculas de ferritina para ser utilizado pelas células. Portanto, a ferritina desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo do ferro no organismo, atuando como um reservatório para armazenar e liberar ferro conforme necessário. Ela permite que o organismo mantenha os níveis de ferro adequados para suas funções fisiológicas, evitando tanto a deficiência quanto a sobrecarga de ferro.
4- Sabemos que os eritrócitos circulam em media120 dias e
posteriormente entra em ação os macrófagos (sistema fagocitário). Pergunta-se: neste evento de morte eritrocitária, os produtos das hemácias são degradados em quais outros produtos? Como este ocorre?
Quando os eritrócitos envelhecem e são removidos da circulação pelo
sistema fagocitário, seus componentes são degradados e reciclados. Os produtos resultantes da degradação das hemácias incluem principalmente hemoglobina, que é decomposta em seus componentes básicos. Especificamente, é quebrada em globina e heme. A heme é então metabolizada pela enzima heme oxigenasse, resultando na produção de biliverdina, que é convertida em bilirrubina. A bilirrubina é liberada na corrente sanguínea e posteriormente captada pelo fígado para conjugação com ácido glicurônico, formando a bilirrubina conjugada. A bilirrubina conjugada é então excretada na bile e eliminada nas fezes. Por outro lado, a globina é degradada em seus aminoácidos constituintes e reciclada para a síntese de novas proteínas. Este processo de degradação dos produtos das hemácias ocorre principalmente nos macrófagos do sistema fagocitário, especialmente nos tecidos do sistema retículo-endotelial, como o baço e o fígado.
5- Explique a síntese da Timina. Correlacione com a dependência da vitamina B12 e ácido fólico dizendo qual a consequência hematológica que pode ocorrer.
A síntese de timina, que é uma das quatro bases nitrogenadas
presentes no DNA, ocorre como parte do processo de replicação do DNA. A síntese da timina ocorre em várias etapas, começando com a conversão do di-hidro-orotato em orotidina-5'-fosfato (OMP) pela enzima orotidina-5'-fosfato descarboxilase. O OMP é então fosforizado para formar uridina-5'-monofosfato (UMP). A última etapa envolve a conversão de UMP em difosfato de uridina (UDP) e, em seguida, em trifosfato de uridina (UTP). O UTP é subsequentemente metiladopara formar trifosfato de timidina (TTP), que é então convertido em desoxitrifosfato de timidina (dTTP) pela remoção de um grupo hidroxila. A síntese de timina, assim como outras bases nitrogenadas, é essencial para a replicação do DNA e, portanto, para o crescimento e a divisão celular. A vitamina B12 e o ácido fólico são importantes cofatores no processo de síntese de timina. A vitamina B12 é necessária para a conversão do metiltetraidrofolato (forma ativa do ácido fólico) em tetraidrofolato, que é necessário para a síntese de timidina. Além disso, tanto a vitamina B12 quanto o ácido fólico são importantes para a formação de células sanguíneas saudáveis. A deficiência de vitamina B12 e ácido fólico pode levar a uma diminuição na síntese de timina e, consequentemente, a uma diminuição na replicação do DNA. Isso pode resultar em uma diminuição na produção de células sanguíneas, levando a uma condição chamada anemia megaloblástica. Na anemia megaloblástica, as células sanguíneas apresentam um tamanho anormalmente grande (megaloide) devido à maturação anormal das células progenitoras na medula óssea. Isso pode causar sintomas como fadiga, fraqueza, falta de ar e palidez, devido à diminuição na quantidade de células sanguíneas funcionais circulantes.
6- Escreva e explique todas alterações de forma dos eritrócitos.
As alterações de forma dos eritrócitos, conhecidas como morfologia
eritrocitária anormal, podem ocorrer devido a uma variedade de condições patológicas e podem ser classificadas em diferentes tipos: Esferócitos: são eritrócitos que adquirem uma forma esférica ou globular, em contraste com a forma bicôncava normal. Isso geralmente ocorre devido a alterações na membrana celular, resultando em uma redução na relação superfície-volume e, portanto, uma menor capacidade de deformação. Os esferócitos são frequentemente vistos em distúrbios como esferocitosehereditária e algumas formas de anemia hemolítica autoimune. Esquizócitos: são eritrócitos fragmentados que apresentam bordas irregulares ou espiculadas. Essas irregularidades são causadas por traumas mecânicos nos vasos sanguíneos, resultando na fragmentação dos eritrócitos. Os esquizócitos são comumente observados em condições como microangiopatias trombóticas, como a púrpura trombocitopênica trombótica e a síndrome hemolítico-urêmica. Acantócito: são eritrócitos que apresentam projeções irregulares ou espiculares em sua superfície. Essas projeções são causadas por alterações na membrana celular e são frequentemente associadas a distúrbios hepáticos, como doença hepática crônica ou obstrução biliar. Drepanócitos (ou células falciformes): são eritrócitos que assumem uma forma alongada e em forma de foice devido a uma mutação no gene da hemoglobina, resultando na produção de hemoglobina S. Essa forma anormal dos eritrócitos pode levar à obstrução dos vasos sanguíneos e à diminuição do fluxo sanguíneo, resultando em crises de dor e outros sintomas associados à anemia falciforme. Codócitos (ou células de alvo): são eritrócitos que exibem uma aparência alvo quando observados em microscopia devido à presença de uma área central mais clara cercada por um anel periférico escuro, que por sua vez é cercado por uma área clara novamente. Essa morfologia é observada em condições como talassemias, anemia ferropriva e algumas doenças hepáticas. Eliptócito: também conhecido como ovalócitoalongado, o eliptócito é um eritrócito que apresenta uma forma elíptica ou oval alongada. Essa alteração morfológica pode ser causada por distúrbios genéticos, como a eliptocitose hereditária, ou por doenças adquiridas que afetam a morfologia dos eritrócitos. Ovalócito: é um eritrócito que possui uma forma oval ou ovalada em vez da forma bicôncava normal. Essa alteração pode ser encontrada em condições como anemia megaloblástica, talassemias e algumas doenças hepáticas. Dacriócito: é um eritrócito que apresenta uma forma de lágrima ou gota. Essa morfologia anormal pode ser observada em distúrbios hematológicos como mielofibrose, leucemia mieloide aguda e outras condições que afetam a medula óssea. Estomatócito: são eritrócitos que apresentam uma abertura ou fenda central na membrana celular, resultando em uma aparência semelhante a uma boca (estoma). Essa alteração pode ser observada em condições como anemia estomatocítica hereditária ou em resposta a certos medicamentos. Equinócito: é um eritrócito que apresenta múltiplas projeções pontiagudas em sua superfície, semelhante a espinhos ou espinhos de ouriço. Essa morfologia é frequentemente associada a condições de esquizocitose, como a púrpura trombocitopênicatrombótica e a síndrome hemolítico-urêmica. Queratócito: é um eritrócito que apresenta projeções espículas ou espinhosas em sua superfície, semelhantes a tentáculos ou dedos de coral. Essa morfologia pode ser observada em condições como hemoglobinúria paroxística noturna, em que os eritrócitos são sensíveis à ação do complemento. Picnócito: são eritrócitos que apresentam uma aparência densa, pequena e esférica, resultante de uma condensação excessiva do citoplasma. Essa morfologia é frequentemente observada em eritrócitos envelhecidos ou danificados e pode estar associada a condições como anemias hemolíticas e algumas anemias megaloblásticas. Cada uma delas pode estar associada a diferentes condições patológicas. Essas alterações morfológicas dos eritrócitos podem ser identificadas através da análise de esfregaços de sangue periférico e podem ser úteis no diagnóstico e monitoramento de diversas condições hematológicas.
7- Oque são reticulócitos? Como são visualizados? Qual sua
implicação clinica e quando pode ser solicitado pelo médico?
Reticulócitos são eritrócitos imaturos liberados pela medula óssea
para a corrente sanguínea. Eles são assim chamados devido à presença de material reticular residual (RNA) em seu citoplasma, resultante da síntese ativa de hemoglobina antes da completa maturação dos eritrócitos. Os reticulócitos podem ser visualizados no sangue periférico através de técnicas laboratoriais especiais, como coloração supra vital com corantes como o azul de cresil brilhante ou a coloração de Wright. Estes corantes se ligam ao RNA presente nos reticulócitos, permitindo que sejam diferenciados dos eritrócitos maduros. Clinicamente, os reticulócitos são importantes indicadores da atividade eritropoética da medula óssea. Sua contagem reflete a taxa de produção de eritrócitos novos e pode ser útil no diagnóstico e monitoramento de distúrbios hematológicos, como anemias, hemólise, deficiência de ferro, deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, e doenças da medula óssea. Um médico pode solicitar a contagem de reticulócitos quando há suspeita de uma condição que afeta a produção ou destruição de eritrócitos. Por exemplo, em casos de anemia, a contagem de reticulócitos pode ajudar a determinar se a medula óssea está respondendo adequadamente à demanda aumentada por eritrócitos. Além disso, após tratamentos para certas condições, como anemia por deficiência de ferro ou tratamento de hemólise, a contagem de reticulócitos pode ser solicitada para avaliar a resposta ao tratamento.