Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SISTEMA HEMATOPOÉTICO
HEMATOPOESE
ERITRÓCITOS
ERITROPOESE
METABOLISMO DO FERRO
METABOLISMO DA HEMOGLOBINA
A hemoglobina é uma proteína conjugada, composta pela globina, uma proteína simples, e por
um núcleo protético do tipo porfirina, o heme, que tem como principal elemento o ferro na
forma de ferro ferroso. Algumas substâncias agem no heme transformando o ferro ferroso em
ferro férrico e a hemoglobina passa à meta-hemoglobina, que não tem a capacidade de liberar
o oxigênio para os tecidos, provocando cianose. Substâncias capazes de agir na hemoglobina
desta forma incluem o acetaminofeno, anilina, sulfonamidas e nitratos.
O início da destruição e da reciclagem da hemoglobina começa no interior do macrófago,
ocorre o desmembramento da hemoglobina com a liberação do ferro, do heme e da globina e
formação da bilirrubina. A bilirrubina sai do macrófago e passa a circular no plasma onde se
liga à albumina plasmática, formando a chamada bilirrubina livre (bilirrubina indireta ou
hemobilirrubina), que circula pelo organismo do animal, mas não é capaz de ser eliminada pelo
rim, porque não atravessa o glomérulo. Uma característica importante da bilirrubina livre é
que ela é lipossolúvel.
Quando a bilirrubina livre chega ao fígado, ela abandona a albumina, e no interior dos
hepatócitos liga-se ao ácido glicurônico, formando o glicuronato de bilirrubina ou bilirrubina
conjugada (bilirrubina direta ou colibilirrubina). Esta sai dos hepatócitos e do fígado através
dos canalículos biliares, uma parte vai para o intestino e outra retorna à circulação pela veia
hepática. Opostamente à bilirrubina livre, a bilirrubina conjugada não é lipossolúvel e sim
hidrossolúvel.
A bilirrubina conjugada que chega ao intestino sofre a ação redutora de bactérias
transformando-se em urobilinogênio (cerca de 10%) e estercobilinogênio (cerca de 90%), os
que são eliminados pelos rins e pelo próprio intestino.
ANEMIAS
Anemias Pseudomacrocíticas
São as mais comuns e podem ser observadas em processos hemorrágicos ou hemolíticos que
levam à diminuição do número de eritrócitos maduros e consequente hipóxia tecidual; assim a
medula óssea libera na circulação células jovens, como os reticulócitos, metarrubrócitos e até
rubrócitos, que são maiores do que as hemácias maduras que são maiores por serem jovens,
estas células também ainda não possuem a quantidade adequada de hemoglobina em seu
interior e serão classificadas também como hipocrômicas.
Anemias Normocíticas
Anemias Microcíticas
Anemias Regenerativas
São causadas por um aumento da perda de eritrócitos maduros, enquanto a produção das
células jovens na medula óssea continua normal ou pode até ser estimulada; o que decorre de
dois tipos de eventos: hemorragias crônicas ou aumento da taxa de hemólise. Nas anemias
regenerativas, o número de reticulócitos circulantes encontra-se aumentado, o que serve de
indicador da regeneração medular.
Anemias Arregenerativas
São também chamadas não regenerativas ou aplásicas, pois são causadas por hipoplasia da
medula óssea, ou seja, diminuição da produção dos eritrócitos por diminuição do número de
precursores eritroides. Essas anemias são classificadas em normocíticas normocrômicas e a
presença dos reticulócitos é geralmente nula. São mais incomuns do que as regenerativas e
mais difíceis de tratar. Dividem-se em primárias e secundárias; no caso das primárias há uma
disfunção inicial da própria medula óssea, enquanto nas secundárias, a origem da anemia está
em outro órgão ou parte do sistema que desencadeia problemas na eritropoese.
Há apenas um tipo de anemia aplásica primária e que é extremamente rara nos animais
domésticos. Ainda não se sabe o que causa a hipoplasia da medula óssea, mas há uma
diminuição progressiva da eritropoese e consequente queda do número de eritrócitos
circulantes.
Estas anemias são causadas por processos patológicos que se iniciam em outros órgãos ou
partes do organismo, que não a medula óssea, mas afetam a eritropoese. As causas dessas
anemias podem ser diversas como falta de nutrientes importantes na formação dos
eritrócitos; ação de agentes físicos,
químicos ou biológicos; e também mecanismos nem sempre bem esclarecidos que envolvam
infecções ou processos degenerativos:
Anemias carenciais: podem ocorrer por deficiência de inúmeras substâncias
participantes da eritropoese, tais como vitaminas, minerais, aminoácidos e
proteínas, as anemias ferroprivas e também outros casos.
Ação de agentes físicos ou químicos: decorrentes do uso de radiação
(radioterapia) ou de produtos químicos, que determinam hipoplasia da medula
óssea, tais como benzeno, cloranfenicol, tetraciclina, aureomicina, penicilina,
estreptomicina, ácido acetilsalicílico, dipirona, sulfadiazina, vincristina,
cefalosporina, BHC (inseticida fitossanitário organoclorado persistente) e
álcool combustível. A lesão às células-tronco da medula óssea determinada por
estes agentes físico-químicos varia com a dose administrada, o tempo de exposição e
também depende da sensibilidade individual.
Neoplasias: vários tipos de câncer são acompanhados por anemia, geralmente
do tipo aplásica, mas os mecanismos que a provocam não estão bem claros.
Anemias presentes nas leucemias, pois nestas, a proliferação de células
leucêmicas dentro da medula óssea substitui os locais antes ocupados por
células eritropoéticas.
Distúrbios orgânicos: a insuficiência renal crônica pode levar à anemia por
deficiência na produção da eritropoetina e consequente falta de estímulo da
eritropoese. A insuficiência hepática crônica causaria anemia por mecanismos
semelhantes, já que se supõe que o precursor da eritropoetina é produzido no
fígado.
Endocrinopatias: diversas endocrinopatias podem causar anemia
arregenerativa por mecanismos diferentes;
Hipoandrogenismo: interfere na produção da eritropoetina;
Hiperestrogenismo: inibe o fígado a produzir o precursor da eritropoetina e
atrapalha a ação desta;
Hipopituitarismo, hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo: hormônios como
ACTH, TSH, STH, T3 e T4 aceleram o metabolismo celular elevando as
necessidades de oxigênio e estimulando indiretamente a eritropoese, assim
suas deficiências também prejudicam a medula óssea. Outro fato é que a
deficiência de tiroxina prejudica a fixação de oxigênio nas hemácias, causando
hipóxia tecidual.
Inflamações e infecções crônicas: nestes casos, vários mecanismos convergem
para agressão às hemácias. Estes mecanismos envolvem produção de
substâncias tóxicas que inibem a eritropoese, defeitos no metabolismo da
eritropoetina, diminuição da vida útil dos eritrócitos maduros, diminuição da
capacidade de regeneração medular, diminuição da capacidade de transporte de
ferro para a medula óssea e fagocitose deste mineral. Entre as principais inflamações
causadoras de anemia estão artrites e reumatismo; e entre as infecções estão
erlichiose monocítica canina, cinomose e parvovirose.
Anemias virais: felinos com o vírus da leucemia felina (FeLV) ou da
panleucopenia felina. Nos gatos com FeLV há diminuição do ferro plasmático e
da reserva de ferro, levando à anemia aplásica; além disso também pode
ocorrer neoplasia como linfoma.
POLICITEMIAS
POLICITEMIA VERDADEIRA
Quando não há alteração significativa no volume de líquido intravascular e sim real aumento
do número de hemácias, devido à maior produção destas pela medula óssea. A policitemia
verdadeira pode ser dividida em primária e secundária:
Primária: tem caráter neoplásico e até hoje só foi descrita em seres humanos;
Secundária: é causada por oxigenação insuficiente dos eritrócitos e consequente
insuficiência cardiorrespiratória. Se a hipóxia estimula a produção e a ação da
eritropoetina, há maior produção de eritrócitos, exatamente como ocorre nas anemias
regenerativas, porém sem hemólise. O resultado destes mecanismos é o aumento do
número de eritrócitos e instalação real da policitemia.
Policromatofilia ou Policromasia
Hipocromia e Microcitose
Anisocitose
Rouleaux e Hemoaglutinação
São grupos de eritrócitos que aparecem formando cadeias ou pilhas de células no rouleaux ou
agrupamentos desorganizados na hemoaglutinação. Eles ocorrem quando a proteína
plasmática total (PPT) está aumentada, tanto em processos inflamatórios, neoplásicos,
infecções e até na gestação.
O rouleaux acelera a velocidade de hemossedimentação, que mede a capacidade dos
eritrócitos se sedimentarem, a hemoaglutinação não é normal em nenhuma espécie; são
apontadas como alterações e também podem ser classificadas de acordo com sua intensidade,
em discreta, moderada e intensa.
Poiquilocitose
Excentrócitos
Esferócitos
São eritrócitos de forma esférica, que tem essa forma porque sofreram uma deformação de
sua membrana citoplasmática devido à ação de anticorpos antieritrócitos, são produzidos na
anemia hemolítica autoimune (AHAI) em cães, anemias hemolíticas causadas por drogas e
anemia hemolítica do neonato. Além da forma esférica, os esferócitos são menores do que as
células normais.
Hemácias – Fantasma
São eritrócitos de forma irregular, que podem ser vistos na forma de estrela e serra circular,
estão presentes em doenças renais e esplênicas, hemangiossarcomas e na cirrose.
Crenação
É considerada a alteração mais comum dos eritrócitos, na maioria das vezes não se trata de
uma alteração patológica e sim um artefato de técnica, geralmente causado pelo
anticoagulante, o EDTA. A crenação artificial não deve ser confundida com poiquilocitose e
uma das formas de diferenciá-la da crenação real é sua presença maciça nos eritrócitos,
enquanto a crenação real ou qualquer outra manifestação de poiquilocitose atinge
parcialmente as hemácias. Eritrócitos realmente crenados também são chamados de
equinócitos e devem-se a distúrbios metabólicos.
Eliptócitos
Ou ovalócitos são eritrócitos de formato oval com ou sem área central de palidez, que quando
está presente também é oval. Seu significado parece estar relacionado à herança genética que
compromete o citoesqueleto das hemácias.
Estomatócitos
Apresentam a área central de palidez com o formato de fenda e não arredondada. Estas
células ocorrem por defeito na membrana e geralmente estão presentes nas anemias
hemolíticas.
Esquistócitos
São hemácias deformadas ou apenas fragmentos destas, que aparecem sob formas diversas.
Os esquistócitos são resultado de defeito na produção das hemácias ou destruição acelerada
destas, podendo estar presente em processos de vasculite, CID, doenças renais ou esplênicas
crônicas e também nas anemias ferroprivas.
Queratócitos
São hemácias que apresentam duas protrusões citoplasmáticas que se assemelham a cornos.
Em alguns casos, além das projeções, o citoplasma forma uma espécie de arco entre elas;
nestes casos, as hemácias são chamadas de vesiculadas.
Dacriócitos
Inclusões intraeritrocitárias:
Corpúsculos de Howell-Jolly: esses corpúsculos são formados por resquícios de
núcleo no citoplasma, por isso denotam a liberação de células jovens na circulação e
estão presentes nas anemias regenerativas. Geralmente o baço acaba recolhendo
estas células da corrente sanguínea.
Corpúsculos de Heinz: estes corpúsculos são formados a partir da oxidação da
hemoglobina, que é vista na forma de projeções pálidas ou refratárias à coloração na
periferia dos eritrócitos. Eles surgem após o animal ter recebido algum tipo de
sustância oxidante (anemias hemolíticas tóxicas); também podem aparecer em gatos
com enteropatias graves causadas por agentes tóxicos.
Ponteado basófilo: trata-se da precipitação do RNA citoplasmático formando pontos
azuis ao longo da hemácia. Seu significado é o mesmo da policromatofilia, indica a
presença de um eritrócito jovem, um ponteado grosseiro, sem que o animal apresente
anemia ou esta seja muito discreta, indica intoxicação por chumbo, chamada
saturnismo, mais frequente em cães.
Inclusões virais: são de tamanho variável. Além dos eritrócitos, os leucócitos
também podem apresentar estas inclusões. No caso da cinomose, as inclusões
são chamadas corpúsculos de Sinegaglia-Lentz.
Parasitos de Eritrócitos
LEUCÓCITOS
Os únicos leucócitos que, portanto, não são mielócitos são os linfócitos. Os linfócitos são
células redondas ou ovais com núcleo que frequentemente acompanha o formato da célula e
pode ocupar quase a totalidade do citoplasma, possuem tamanho variável, sendo pouco
maiores do que os eritrócitos ou até mesmo do tamanho dos monócitos. As duas populações
de linfócitos, B e T, não podem ser distinguidas morfologicamente a partir de esfregaços
convencionalmente corados pelos corantes hematológicos, para isso são necessárias
colorações especiais baseadas em reações imuno-histoquímicas.
LEUCOCITOPOESE
A leucocitopoese e a saída das células maduras para a corrente sanguínea são reguladas pelas
necessidades do organismo, mas a maioria da população leucocitária permanece no interior
da medula óssea. Normalmente, a quantidade de neutrófilos produzidos pela medula óssea é
equivalente à migração destas células para os tecidos, havendo um controle fisiológico e
patológico sobre o processo. Este controle é exercido por meio das seguintes substâncias:
fator estimulante de colônia (FEC), glicoproteína estimuladora de mitoses, sintetizada por
macrófagos, leucócitos e células endoteliais; anticalone, substância presente no soro e que
também estimula as mitoses; prostaglandina I2 (PGI2) e lítio, estimuladores da granulopoese;
fator inibidor de colônia (FIC), que age inibindo o FEC; calone, produzido pelos segmentados,
inibe o anticalone e consequentemente as mitoses; e prostaglandina E1 (PGE1), prostaglandina
E2 (PGE2) e lactoferrina, que inibem a granulopoese.
Na corrente sanguínea, os leucócitos formam duas populações distintas, a população marginal,
que se encontra aderida à parede dos vasos sanguíneos e migra a uma velocidade mais lenta; e
a população circulante, que migra a uma velocidade maior, juntamente ao plasma e aos
eritrócitos. Em cães, o número de células no compartimento marginal e no compartimento
circulante são equivalentes, enquanto no gato, a população marginal é duas a três vezes maior
do que a circulante.
Diferentemente dos demais leucócitos, a formação de linfócitos, denominada linfopoese ou
linfocitopoese, não ocorre no interior da medula óssea. Uma célula originária da célula-tronco,
e que não segue a linhagem mielomonocítica, migra para o timo, onde sofre uma
diferenciação, e em seguida migra novamente para os demais órgãos linfáticos, nos quais
origina uma população de linfócitos timo- dependentes, os chamados linfócitos T.
Uma diferença dos demais leucócitos é o fato de que os linfócitos podem entrar e sair da
corrente sanguínea mais de uma vez, e sua vida média é significativamente mais longa que a
deles. Outra especificidade é que mesmo depois de maduros, os linfócitos podem retornar
a blastos e se dividir, aumentando a população; isto ocorre especialmente nos casos
em que há estimulação destas células a partir de determinados antígenos.
Os leucócitos chegam ao foco do processo inflamatório por diapedese, isto é, passando por
espaços entre as células endoteliais da parede dos vasos sanguíneos. Para isso são necessárias
substâncias que atraem estas células para o foco inflamatório, tais como componentes do
sistema complemento, especialmente C5, eosina, produtos de bactérias, complexos antígeno-
anticorpo e inclusive os detritos de neutrófilos que já morreram.
Os neutrófilos são geralmente os mais mobilizados nos processos inflamatórios; dos quais os
primeiros a migrarem são aqueles que se encontram na população marginal dos vasos, depois
os do compartimento de reserva da medula óssea e por fim, os do compartimento mitótico
da medula, o que pode desencadear a liberação de células ainda imaturas na corrente
sanguínea.
Um neutrófilo maduro permanece entre 6 e 14 horas na circulação, antes de migrar para o
processo inflamatório. Ali, após sua ação fagocítica, os neutrófilos são destruídos tanto pela
ação de toxinas liberadas pelos agentes fagocitados como pelas substâncias presentes no
próprio vacúolo citoplasmático onde retém o agente, chamado fagossoma. Esta fase é
considerada aguda no processo inflamatório.
Após a fase aguda, é o momento da atuação dos linfócitos, que anteriormente tinham
dificuldade de acessar o foco da inflamação pela presença de corticosteroides, que atuam
como linfodepressores. Os
linfócitos são estimulados conforme o antígeno presente no foco, isto é se o antígeno induz
resposta imunológica tipo T, estes linfócitos migrarão, já se o antígeno é imunogênico para
linfócitos B, estes também serão atraídos, porém sempre em menor número, visto que a
atuação dos linfócitos B é muito mais sistêmica do que localizada.
Praticamente em conjunto à chegada dos linfócitos, também ocorre a chegada dos monócitos
ao sítio da inflamação. Nos tecidos, os monócitos diferenciam-se em macrófagos e agem sobre
as partículas maiores e restos celulares, como dito anteriormente. Assim, o aumento do
número de monócitos circulantes geralmente está relacionado ao término da fase crítica da
inflamação.
Quanto aos eosinófilos, estes estão geralmente ausentes na fase aguda da inflamação, sendo
mais frequentes com o passar do tempo ou ainda em processos inflamatórios desencadeados
por alérgenos (reação de hipersensibilidade) e parasitas, especialmente os que agridem
tecidos. Os basófilos são raros, tanto na corrente sanguínea como na inflamação, sendo sua
presença considerada rara, mas geralmente estimulada pela presença dos eosinófilos.
LEUCOPENIA E LEUCOCITOSE
NEUTROFILIA
NEUTROPENIA
É o nome dado a situações onde aparecem neutrófilos circulantes que não possuem o núcleo
com 2 a 5 segmentos; ele pode ser de 2 tipos:
Aparecimento de células jovens, de núcleo pouco ou nada segmentado,
chamado desvio nuclear de neutrófilos à esquerda ou DNNE;
Aparecimento de células velhas, com núcleo hipersegmentado, chamado
desvio nuclear de neutrófilos à direita ou DNND.
O DNNE também pode ser classificado quanto à quantidade de células jovens em relação ao
número de células maduras, isto é, de acordo com a regeneratividade, sendo dividido em 2
tipos:
DNNE regenerativo: é o desvio que acompanha a neutrofilia, no qual o nº de bastões
ou outras células jovens (metamielócito, mielócito, promielócito e até mieloblasto) é
sempre menor do que o de neutrófilos adultos; esta condição geralmente representa
bom prognóstico e está de acordo com a evolução fisiológica dos processos
inflamatórios;
DNNE degenerativo: pode representar um aumento do número de bastões sem
aumento ou até diminuição do número de neutrófilos maduros ou quando a
quantidade de bastões supera a dos neutrófilos adultos, independente de que estejam
normais ou alterados. O DNNE degenerativo pode ocorrer por aumento da velocidade
de destruição dos neutrófilos fazendo com que a medula óssea não tenha tempo hábil
para repor estes números ou por alguma interferência direta na medula óssea que
prejudica o processo de maturação destes segmentados; em qualquer um dos casos, o
prognóstico não é bom e deve ser considerado de reservado a ruim.
O DNNE, regenerativo ou degenerativo, ainda pode ser classificado em 3 outras formas, desta
vez conforme o tipo de célula jovem presente na corrente sanguínea do animal:
DNNE discreto ou leve: esta forma de desvio nuclear de neutrófilos a esquerda se
refere à presença do número aumentado apenas de bastões;
DNNE moderado: quando estão presentes bastões em número mais elevado que o
esperado e também há a presença de metamielócitos;
DNNE acentuado ou intenso: nome dado à condição em que além da maior
quantidade de bastões há metamielócitos e mielócitos circulantes.
Algumas situações que podem provocar o DNND são: ocorrência de processo supurativo de
longa duração, no qual há um esgotamento da medula óssea, desencadeando tanto o desvio à
esquerda quanto o desvio à direita; corticoides endógenos ou exógenos, que agem sobre os
neutrófilos provocando a estabilidade da membrana destas células, dificultando e até
impedindo a diapedese, fazendo que estes permaneçam na circulação e sofram
hipersegmentação.
EOSINOFILIA
É o aumento do número de eosinófilos circulantes e não apresenta importância clínica tal qual
uma neutrofilia ou linfocitose, é observada quando há lesão em tecidos ricos em mastócitos,
como a pele, o tecido subcutâneo, o trato gastrointestinal, pulmões, trato genital feminino,
testículos, serosa peritoneal, e fígado (apenas nos cães).
Os mastócitos liberam histamina, substância vasoativa e quimiotática para os eosinófilos,
assim estes são mobilizados ao sítio do processo inflamatório e consequentemente também da
medula óssea para a circulação. As situações nas quais é observada eosinofilia são:
Término da fase aguda de processos inflamatórios, a eosinofilia denota
recuperação do organismo;
Reações alérgicas, em que há hipersensibilização, como asma brônquica,
edema angioneurótico, urticária e sensibilidade a medicamentos;
Doenças na quais a eosinofilia é considerada uma característica importante,
por exemplo, miosite eosinofílica, granuloma eosinofílico felino e gastrenterite
eosinofílica;
Dermatopatias parasitárias (sarna sarcóptica e outras), infecções parasitárias
com lesões teciduais profundas (triquinelose, equinococose, fasciolose),
dirofilariose e parasitoses intestinais;
Dermatopatias como pênfigo;
Infiltração eosinofílica pulmonar em doenças como aspergilose
broncopulmonar alérgica, pneumonia eosinofílica crônica e eosinofilia
pulmonar tropical;
Doenças hematopoiéticas: como leucemia mielocítica, leucemia eosinofílica,
policitemias e doenças tipo Hodgkin;
Enfermidades diversas: panosteíte (cães de grande porte, em fase de
crescimento), neoplasias acompanhadas de metástases, irradiação, artrites,
sarcoidose, envenenamentos, anomalia hereditária, e Síndrome Hipereosinofílico,
descrita em gatos, de causa desconhecida.
EOSINOPENIA OU ANEOSINOFILIA
BASOFILIA
MONOCITOSE
LINFOCITOSE
LINFOPENIA
Relacionada a uma queda da resposta imunológica do animal e pode ser consequência de:
Fase aguda de processo inflamatório: no período de incubação do agente e de
sua multiplicação exponencial geralmente há uma linfopenia transitória, que
pode estar associada a uma neutropenia também transitória. Posteriormente,
os valores quantitativos destas células voltam a se elevar, e no caso dos
linfócitos é comum até que ultrapassem os limites de referência nas fases
crônicas ou de convalescência da doença.
Linfopenia de doenças crônicas e progressivas: cirrose hepática; tuberculose
linfonodular; neoplasias; doenças mieloproliferativas, como doenças tipo
Hodgkin, linfossarcomas, reticulossarcomas, leucemia linfocítica do tipo
aleucêmica; blastomicose, hiperadrenocorticismo e hipotireoidismo.
Linfopenia iatrogênica: causada pelo uso de antagonistas do ácido fólico,
drogas antineoplásicas como trietilemelamina, e uso prolongado ou excessivo
de corticoides.
Comprometimento da produção de linfócitos por ação de quimioterápicos ou
irradiação.
Enteropatias, pois os intestinos são drenados por inúmeros vasos linfáticos, que
levarão a uma perda acentuada de linfa e também de linfócitos.
INCLUSÕES INTRANEUTRÓFILOS
PARASITAS DE LEUCÓCITOS
ENFERMIDADES DE LEUCÓCITOS
São afetados por doenças que os atacam de modo direto e específico. Essas enfermidades
podem ter três causas diferentes: congênita, infecciosa ou neoplásica:
Congênitas: são bastante raras, como a Anomalia de Pelger-Hüet onde ocorrem
neutrófilos com núcleo hipossegmentado com funcionalidade e quantidade
aparentemente normais. Outra enfermidade congênita dos leucócitos é a
neutropenia cíclica do Collie cinza. A célula-tronco de cães desta raça e desta pelagem
não consegue se diferenciar na linhagem granulocítica, provocando neutropenia,
assim estes cães morrem precocemente, em decorrência de infecções. A medula óssea
destes animais possui raros neutrófilos adultos ou estes estão ausentes;
Infecciosas: hemoparasitose causada pela bactéria Ehrlichia canis, transmitida pelo
carrapato com período de incubação variável entre 8 e 20 dias e podem ser distintas
três fases da doença. Na fase aguda, os sinais clínicos incluem febre, depressão,
anorexia, perda de peso, mucosas pálidas, corrimento oculonasal e linfadenopatia. As
alterações laboratoriais desta fase englobam trombocitopenia associada ao aumento
do número de macroplaquetas; anemia, regenerativa ou arregenerativa e contagens
leucocitárias diversas. Leucocitose, monocitose e presença das mórulas nos
monócitos e linfócitos são consideradas características. Na fase subclínica, muitos
animais tornam-se assintomáticos, permanecendo, entretanto, portadores, podem
apresentar trombocitopenia, anemia, leucopenia variável, hiperglobulinemia
progressiva e proteinúria. Na fase crônica, emagrecimento progressivo, depressão,
mucosas pálidas, sensibilidade abdominal e tendência a hemorragias são as
principais manifestações clínicas. Frequentemente são observadas coinfecções,
especialmente com outros patógenos transmitidos por artrópodes, tais como
Babesia canis, Hepatozoon canis, Anaplasma platys e Mycoplasma
haemocanis. A pancitopenia é o achado mais característico da fase crônica;
Parvovirose canina, o agente desta infecção, tem predileção por células e tecidos em
atividade mitótica intensa, por isso o vírus se estabelece principalmente no epitélio
intestinal, nos órgãos linfáticos e na medula óssea, transmitida por via oral e produz
nos cães infectados quadro de gastrenterite hemorrágica aguda acompanhada de
severa leucopenia, neutropenia, basofilia e corpúsculos de Dohle nos neutrófilos.
Atinge as células hematopoiéticas, provocando efeito citotóxico sobre elas,
simultaneamente a uma redução do compartimento de reserva da medula óssea,
devido ao aumento do consumo de leucócitos, especialmente neutrófilos, pela
gastrenterite e endotoxemia que se instalam. A neutropenia se torna mais grave
porque o pool marginal se eleva e os macrófagos da medula óssea fagocitam os
neutrófilos. Além disso, a hemorragia intestinal pode provocar anemia, de caráter
agudo, geralmente moderada, o que nem sempre possibilita que a regeneração
medular se destaque;
Pancitopenia felina: causada por parvovírus felino, é bastante resistente no
ambiente, é transmitido por via oral e tem preferência pelas células epiteliais e
linfáticas do intestino, produzindo viremia e assim alcançando a medula óssea e
outros órgãos. Na medula óssea, sua ação sobre as células hematopoiéticas
determina panleucopenia, ou seja, redução do nº dos 5 tipos de leucócitos,
sujeitando o animal a infecções frequentemente fatais. Podem apresentar
hemoconcentração com aumento do volume globular e das proteínas plasmáticas
totais ou pancitopenia, redução das quantidades de todas as linhagens de células do
sangue;
Leucemia Viral felina: está associado tanto a afecções neoplásicas como não
neoplásicas. Este vírus é eliminado pela saliva, urina, lágrima e leite, podendo ser
transmitido durante o contato com qualquer uma destas secreções, seja por meio de
briga ou fômites, o FeLV inicia ua replicação em tecidos linfoides das tonsilas e
linfonodos, alcançando linfócitos, especialmente os B, e macrófagos. Há uma
disseminação por todo o corpo do animal chegando ao intestino, baço, demais
linfonodos e na medula óssea, a qual passa a liberar células já infectadas para a
circulação causando anemia, neutropenia, trombocitopenia e se houver neoplasia
podem aparecer células leucêmicas.
Neoplásicas: há situações em que o nº de leucócitos ou de um de seus tipos aumenta
indiscriminadamente e sem objetivo real, estas são as neoplasias do sangue, chamadas
de leucemia, leucose ou doenças mieloproliferativas. As leucemias podem ser
classificadas de acordo com a presença e a quantidade de blastos, células precursoras
e jovens, na circulação sanguínea. Leucemias que apresentam grande nº de blastos
são chamadas de leucemias leucêmicas, aquelas com pequeno nº de blastos são
subleucêmicas e as que não liberam blastos para a corrente sanguínea são
denominadas aleucêmicas. As leucemias são também distribuídas conforme o tipo
celular mais afetado pela neoplasia. As mais frequentes são a linfocítica e a
mielocítica. A leucemia linfocítica também é conhecida como leucose, leucose linfoide,
linfossarcoma ou linfoma (utilizadas quando há o comprometimento dos órgãos
linfáticos, manifestando tumores sólidos, os quais podem ou não ser acompanhados
pela presença dos blastos na circulação). Os linfomas são a forma mais comum de
neoplasia hematológica nos animais, atingindo praticamente todas as espécies. Nos
felinos a causa mais comum dos linfomas é viral (FeLV), nos cães esse tipo de tumor é
comum. A manifestação desta neoplasia é semelhante nas espécies atingindo os
órgãos linfáticos (linfonodos, timo, baço), e depois fígado, rins, coração, pulmão, entre
outros. Os órgãos acometidos apresentam aumento de peso e volume, com perda da
cor habitual e pode ocorrer o derrame de líquidos no tórax e no abdômen. No linfoma,
a linfadenopatia, normalmente generalizada, pode chamar a atenção devido ao
aumento de tamanho extraordinário destes órgãos, porém estes não são quentes ou
doloridos ao toque, o que ocorre em processos de origem inflamatória. No
hemograma de um animal com leucemia linfocítica ou linfoma podem ser observadas
anemia não regenerativa com ou sem a presença dos linfoblastos. A leucemia
mieloide, também chamada granulocítica, tem incidência muito menor do que a
leucemia linfocítica, apesar disso, pode-se considerá-la como a segunda forma mais de
comum de leucemia nos animais. Os gatos são os mais afetados, especialmente
quando há infecção pelo FeLV, enquanto os outros animais são dificilmente
acometidos. Clinicamente ocorrem emagrecimento, hepatoesplenomegalia e febre
intermitente; a presença de coinfecções é comum devido à incapacidade de fagocitose
dos blastos, que agora são maioria na população granulocítica. Observa-se anemia
arregenerativa, trombocitopenia e no leucograma geralmente há leucopenia, já que
este tipo de leucemia é geralmente subleucêmica, com pequeno nº de mieloblastos
circulantes. O prognóstico é geralmente pior do que na leucemia linfocítica pela
presença frequente de infecções oportunistas.
A resposta leucocitária dos animais aos processos inflamatórios é semelhante, mas o quadro
leucocitário varia com a espécie animal. Esta variação se deve à leucometria diferencial normal
ser diferente entre as espécies de animais, as quantidades dos cinco tipos de leucócitos são
diferentes entre as espécies. Outro fator que diferencia a resposta leucocitária dos animais, é a
relação neutrófilo:linfócito em diferentes espécies é a seguinte:
Cães: 3,5 (isto é, normalmente os cães apresentam três vezes e meia mais
neutrófilos do que linfócitos);
Gatos: 1,8.
Quanto maior a demanda tecidual, mais intensa a neutrofilia; quanto maior a virulência do
patógeno, mais intenso o DNNE; apenas o cão apresenta monocitose na fase aguda de
processos inflamatórios; a neutrofilia na fase crônica não é tão intensa como na aguda; quanto
mais crônico o processo, maior a linfocitose.
PLAQUETAS
As plaquetas, também conhecidas como trombócitos, não são células e sim fragmentos do
citoplasma de sua célula precursora, o megacariócito.
Sua energia é obtida por glicólise anaeróbia e possuem três tipos de grânulos, os grânulos alfa,
os densos e os lisossômicos.Além destas, as plaquetas possuem as seguintes características:
São muito frágeis e até mesmo o contato entre elas pode provocar seu
rompimento, por isso a coleta deve ser cuidadosa.
Aderem-se ao vidro e ao colágeno, mas não ao plástico, silicone ou endotélio,
por isso, nas coletas para contagem de plaquetas deve-se coletar a amostra em
tubos de plástico ou vidro siliconado.
Aderem-se entre si pela ação conjunta do cálcio, fibrinogênio, ADP (adenosina
difosfato), tromboxano A2, prostaglandina G2 e H2, e fator de Von
Willebrand (fator VIII da coagulação).
Possuem antígenos específicos que são alvo de doenças imunomediadas como a
púrpura trombocitopênica.
MEGACARIOCITOPOESE
A megacariocitopoese é o processo de formação das plaquetas, que também é chamada
de trombocitopoese. As plaquetas são produzidas na medula óssea a partir da célula-
tronco e passa pelas seguintes etapas:
Megacarioblasto;
Promegacariócito;
Megacariócito;
Plaquetas: originadas de fragmentos do citoplasma de um megacariócito que
pode produzir de 2 a 8 mil plaquetas em um período de 3 a 12 dias.
HEMOSTASIA
Plaquetas na Coagulação
Fatores da Coagulação
São proteínas circulantes do sangue, atuando como enzimas, mas que normalmente
encontram-se inativas. Todo o processo desencadeado por estes fatores da coagulação
depende da ativação de um fator para ativação do seguinte, por isso, este processo
também é denominado de cascata da coagulação. O objetivo final de todas as ativações
dos fatores é a transformação do fibrinogênio em fibrina, com a formação de uma rede e
consolidação do plug plaquetário em um coágulo de caráter mais duradouro do que o
primeiro.
Fator destacável em toda a cascata da coagulação é o papel essencial da vitamina K na
ativação dos fatores II, VII, IX e X. Esses fatores são ditos vitamina K- dependentes,
pois são sintetizados na forma afuncional, acarboxilada, e a partir de uma reação de
carboxilação, na qual a vitamina K atua como cofator, produzem um centro de ligação
para o cálcio e então passam a sua funcionalidade normal. Nesta reação, a vitamina K é
convertida em metabólito inativo, chamada vitamina K- epóxido; e esta sofre a ação da
enzima epóxido-redutase, que a recicla e a torna novamente ativa. Por isso, as
necessidades diárias de vitamina K são bastante reduzidas e ação de anticoagulantes
sobre esta vitamina produz sangramentos tão expressivos.
Fibrinólise
ALTERAÇÕES DA HEMOSTASIA
IV Íons de cálcio - -
V Proacelerina Fígado, - 15 a 24
macrófagos, horas
megacariócitos
VII Proconvertina Fígado, + 1 a 6 horas
macrófagos
VIII:C Anti-hemofílico A Fígado - 2,9 dias
VIII:RA Fator de Von Células -
G Willebrand endoteliais e
megacariócitos
IX Fator de Christmas Fígado + 24 horas
(Anti-hemofílico B)
X Fator de Stuart- Fígado, + 32 a 48
Prower macrófagos horas
XI Antecedente da Fígado - 30 horas
tromboplastina (provável)
plasmática
(Anti-hemofílico C)
XII Fator de Hageman Fígado - 18 a 52
(provável) horas
XIII Fator estabilizador da Fígado - 4,5 a 7 dias
fibrina (provável)
Precalicr Fator de Fletcher Fígado - 35 horas
eína (provável)
Cininogênio de Fator de Fitzgerald Fígado - 6,5 dias
alto peso (provável)
molecular
Em outros casos, a medula também diminui a produção de plaquetas porque houve uma
substituição dos megacariócitos por outro tipo celular, condição chamada de metaplasia.
A metaplasia ocorre em diversos tipos de leucemias, linfoma, mieloma e mielofibrose.
Casos como estes, que ocorrem por acometimento da medula óssea, geralmente estarão
associados à pancitopenia, porque todos os tipos celulares serão afetados, a não ser nas
leucemias e o tipo celular leucêmico.
Outro fenômeno que ocorre na medula óssea é a trombocitopoese ineficaz, ou seja, há
produção normal de plaquetas, porém grande parte destas morre antes de alcançar a
corrente sanguínea; isto ocorre quando há deficiência de folato (vitamina B12).
Situações mais raras observadas entre as causas de trombocitopenia são a
trombocitopenia familiar e a primária. A trombocitopenia familiar é uma condição
congênita, de genética recessiva, muito rara nos animais; e a trombocitopenia primária
decorre de defeitos intrínsecos da medula óssea que afetem a trombocitopoese.
As trombocitopenias por aumento da destruição das plaquetas geralmente têm origem
imunológica, isto é, acontecem pela ação de anticorpos que atacam as plaquetas. Estas
trombocitopenias nem sempre estarão acompanhadas por pancitopenia e avaliação da
medula óssea será importante, para o tratamento e o prognóstico do animal. Esse tipo de
trombocitopenia pode ser causado por:
Administração de drogas capazes de sensibilizar ou destruir a membrana da
plaqueta, tais como a quinidina, derivados da sulfa, oxitetraciclina,
estreptomicina, eritromicina, penicilina, fenilbutazona e tiazidas;
Pela ação de aloanticorpos antiplaquetas (aloanticorpos são também chamados
de isoanticorpos, pois são produzidos contra antígenos provenientes de
indivíduos geneticamente diferentes, mas da mesma espécie), que surgem na
gestação ou após transfusões sanguíneas incompatíveis;
Pela ação de autoanticorpos produzidos em doenças imunomediadas como o
lúpus eritematoso sistêmico, anemia hemolítica imunomediada e a púrpura
trombocitopênica.
Morfologicamente, não ocorrem diversas alterações nas plaquetas, assim como ocorre
com os eritrócitos ou leucócitos. Quanto ao hemoparasitos, há apenas um que determina
exclusivamente alterações na morfologia das plaquetas, que é o Anaplasma platys
(antigo Ehrlichia platys).
As macroplaquetas, também chamadas de plaquetas de estresse ou megaplaquetas, são
metabólica e funcionalmente mais ativas do que aquelas de tamanho normal. Elas são
geralmente liberadas quando há demanda maior da medula óssea. Apenas nos gatos, a
presença de macroplaquetas não é considerada uma alteração morfológica e pode
ocorrer em qualquer estado, independente de uma doença ou não.
A presença de plaquetas ativadas geralmente se deve à demora na coleta, emitem
pequenas e finas projeções que são os psudópodes.
Os agregados plaquetários, em grande parte dos casos também se deve à demora na
coleta e ativação das plaquetas no interior da seringa ou do frasco de coleta, porém
algumas doenças, como as hemoparasitoses, podem desencadear esse processo. Os
agregados são observados como amontoados de plaquetas, próximas umas às outras,
geralmente ativadas e de difícil distinção individual entre elas.
A bactéria Anaplasma platys é a única a produzir alterações morfológicas, ou seja, a
presença de mórulas exclusivamente nas plaquetas. A bactéria Ehrlichia canis também
é capaz de produzir mórulas em plaquetas, porém sua preferência é por leucócitos,
especialmente os monócitos e os linfócitos. Como morfologicamente as mórulas de
ambas são indistinguíveis não será possível diferenciá-las apenas a partir de um
esfregaço sanguíneo, sendo necessária a utilização de exames mais específicos, como a
PCR (reação em cadeia de polimerase) para diferenciação da espécie.
A Anaplasma platys é o agente da trombocitopenia cíclica em cães, é transmitida por
carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus.
A deficiência do fator VII possui discreta tendência hemorrágica, que geralmente ocorre
após cirurgias. Afeta os Beagles mais comumente, mas já foi observada em outras
raças de cães. Laboratorialmente, essa coagulopatia se caracteriza por apresentar TAP
aumentado, enquanto as plaquetas e o TTPA se mantêm normais. As formas de
coagulopatias que acometem a cascata de coagulaçao são:
Intoxicação por dicumarínicos: especialmente a varfarina, um veneno bastante
utilizado contra ratos, à base de dicumarol ou antivitamina K. Animais
intoxicados com varfarina apresentam hemorragias em cavidades corporais, no
trato gastrintestinal, nos músculos e também no tecido subcutâneo, dificilmente
formam-se petéquias e a contagem de
plaquetas é geralmente normal. Em alguns casos, o TAP pode se apresentar
normal, o que levará à falha no diagnóstico. A administração de vitamina K
endovenosa dissolve o processo e geralmente normaliza o TAP em seis horas.
Deficiência de vitamina K: esta deficiência raramente é de origem alimentar e
geralmente tem relação com dificuldades em sua absorção, já que sua natureza
é lipídica e depende da atuação regular dos sais biliares, assim quando estes sais
estão diminuídos ou há alguma obstrução que impede a chegada dos sais biliares
ao intestino fica reduzida a absorção de vitamina K. Outra situação que pode
levar à deficiência da vitamina K é a utilização prolongada de antibióticos,
eliminando a flora bacteriana normal do intestino, responsável pela produção
desta vitamina, ou em hepatopatias que podem prejudicar a utilizar desta
vitamina. Clinicamente, as manifestações e o tratamento são semelhantes à
intoxicação por dicumarínicos. A saber, os fatores da coagulação dependentes da
vitamina K para serem ativados são II, VII, IX e X.
Hepatopatias graves: tendo em vista que o fígado é o principal local de produção
da maioria dos fatores da coagulação, caso este se encontre gravemente
comprometido, também estará comprometida a produção dos fatores da
coagulação. Clinicamente só ocorrem manifestações nos casos de hepatopatias
bastante graves. Um teste utilizado para avaliar esta condição é o teste de
depuração da bromosulfaleína, o qual aparece com tempo aumentado, e ainda a
determinação da atividade do fator VII (proconvertina), pois este é o fator da
coagulação que apresenta a vida média mais curta em comparação aos demais,
sendo útil no diagnóstico diferencial entre hepatopatias aguda ou crônica. É
válido citar que em gatos com lipidose hepática, as alterações nos fatores da
coagulação são observadas em cerca de metade dos animais.
Deficiência do fator X: esta deficiência é transmitida por um gene recessivo.
Nos casos dos homozigotos, estes nascem mortos ou morrem logo após o
nascimento, devido a hemorragias no cordão umbilical ou nas cavidades
corporais. Os heterozigotos possuem defeito discreto, geralmente observado
apenas após cirurgias; neles, entre 10 e 65% têm atividade normal do fator X.
Afeta cães das raças Cocker Spaniel e Jack Russel Terrier.
Deficiência do fibrinogênio: a deficiência do fibrinogênio geralmente se deve a
CID ou doenças graves do fígado. A deficiência congênita do fibrinogênio é
rara, mas já foi descrita em cães e caprinos, com sintomas de hemoartrose,
sangramento umbilical, nas mucosas e tecido subcutâneo. A intoxicação por
heparina pode disfarçar a deficiência do fibrinogênio.
Referem-se a todas as proteínas do plasma, que são compostas pela albumina e pelas
globulinas. As determinações das proteínas plasmáticas totais em acompanhamento ao
hemograma são úteis para avaliação dos líquidos e eletrólitos, e ainda no diagnóstico de
anemia.
A albumina é a proteína mais abundante do plasma, pois representa entre 35 a 50% de
todas as proteínas encontradas. Ela é sintetizada pelo fígado, assim como a maioria das
demais proteínas, em uma taxa diária de 150 a 200 mg/kg em todas as espécies de
animais domésticos, a meia vida emcães é de 8 dias; a taxa de produção da albumina
nunca é elevada, mas pode haver diminuição em problemas hepáticos, por exemplo. As
funções da albumina são:
Manter a pressão oncótica do plasma, onde se pode dizer que a albumina é
responsável por cerca de 75% da manutenção dos líquidos no interior dos vasos
sanguíneos;
Servir como o maior reservatório de aminoácidos do organismo;
Transportar a maior parte dos componentes do plasma, exceto aqueles que
possuem substâncias específicas para seu transporte, por exemplo, o ferro e o
cobre.
FIBRINOGÊNIO
ÍNDICE ICTÉRICO
COLETA DA AMOSTRA
A coleta de uma amostra de sangue é tão importante quanto a realização do exame em si, pois
uma coleta mal feita pode levar à rejeição da amostra por um laboratório ou pela obtenção de
resultados não confiáveis. O nome técnico para a punção de uma veia é flebotomia.
ANTICOAGULANTES
O EDTA, cuja sigla significa ácido etileno diamino tetracético, realiza o sequestro de cálcio
impedindo a coagulação sanguínea. A contagem dos eritrócitos, leucócitos ou reticulócitos, a
dosagem de hemoglobina e o hematócrito não mostram variações por até 48 horas em
sangues coletados com EDTA mantidos sob refrigeração.
A heparina impede a conversão da protrombina em trombina e mantém o sangue efetivo por
10 a 12 horas, porém uma de suas desvantagens é o custo, mais caro que o EDTA. A heparina
pode ser usada para as contagens de eritrócitos, mas não é recomendada para leucócitos, pois
interfere sobre eles causando sua agregação, alterando sua morfologia e dificultando sua
contagem. Este anticoagulante não é recomendado para testes de coagulação devido ao seu
mecanismo.
O citrato de sódio 3,8% não é utilizado para hemogramas, pois provoca deformação
morfológica das células sanguíneas. Os outros anticoagulantes são utilizados com outros fins,
que não a realização de hemogramas, entre eles estão o fluoreto de sódio, oxalato de cálcio,
oxalato de potássio, oxalato de amônia, entre outros.
As principais veias utilizadas para coleta de sangue nos animais são a jugular, localizada no
pescoço; a cefálica, localizada nos membros anteriores e a safena, localizada nos membros
posteriores. Contudo, esta preferência varia com a espécie e o porte do animal em questão.
O volume globular, isoladamente, também serve como critério para determinar a
necessidade ou não de um animal receber uma transfusão sanguínea. Para isso são tomados
valores como indicadores da necessidade de transfusão, os quais variam entre as espécies:
Gatos: Ht ≤ 10%;
Cães: Ht ≤ 12%.
INTERPRETAÇÃO DE HEMOGRAMAS
Caninos
Felinos