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Glândulas vestibulares
Existem três tipos de glândulas que desembocam no vestíbulo:
As glândulas vestibulares maiores (de Bartholin) são encontradas de cada lado do vestíbulo. Elas são homólogas às
glândulas bulbouretrais no sexo masculino e servem para lubrificar a vulva durante a relação sexual
As glândulas vestibulares menores estão localizadas entre os orifícios uretral e vaginal. Essas glândulas são
homólogas à próstata masculina.
Vascularização sanguínea e inervação da região externa
A genitália externa é irrigada pelas artérias pudendas (internas e externas), que são ramos das artérias ilíacas
internas e das artérias femorais, respetivamente. A drenagem venosa é realizada pelas veias pudendas internas e
externas.
A região anterior da vulva recebe inervação sensitiva do nervo ilioinguinal e do nervo genitofemoral. A região
posterior é inervada pelo nervo pudendo e pelo nervo cutâneo posterior da coxa. O bulbo vestibular e o clitoris
recebem inervação parassimpática do plexo nervoso uterovaginal.
A linfa proveniente da genitália externa é drenada para os linfonodos inguinais superficiais e profundos, ou
diretamente para os linfonodos ilíacos internos.
GENITALIA INTERNA
Vagina
A vagina é um canal tubular fibromuscular de 10 cm de comprimento, alinhado com a túnica mucosa que se estende
do exterior do corpo até o colo do útero). Ela é o receptáculo para o pênis durante a relação sexual, a saída para o
fluxo menstrual e a via de passagem para o parto. Situada entre a bexiga urinária e o reto, a vagina é dirigida
superior e posteriormente, onde se insere no útero. Um recesso chamado fórnice da vagina circunda a inserção
vaginal ao colo do útero. Quando corretamente inserido, um diafragma contraceptivo se apoia no fórnice, onde é
mantido cobrindo o colo do útero.
A túnica mucosa da vagina é contínua com a do útero. Histologicamente, consiste em epitélio escamoso estratificado
não queratinizado e tecido conjuntivo areolar que se encontra em uma série de pregas transversais chamados rugas
vaginais. As células dendríticas na túnica mucosa são células apresentadoras de antígeno. Infelizmente, também
participam na transmissão de vírus – como por exemplo o HIV (o vírus que causa a AIDS) – para uma mulher durante
a relação sexual com um homem infectado.
A túnica mucosa da vagina contém grandes estoques de glicogênio, cuja decomposição produz ácidos orgânicos. O
meio ácido resultante retarda o crescimento microbiano, mas também é prejudicial ao espermatozoide.
Componentes alcalinos do sêmen, principalmente das glândulas seminais, elevam o pH do líquido na vagina e
aumentam a viabilidade do espermatozoide.
A túnica muscular é composta por uma camada circular externa e uma camada longitudinal interna de músculo liso,
que pode se distender consideravelmente para acomodar o pênis durante a relação sexual e a criança durante o
parto.
A túnica adventícia, a camada superficial da vagina, é constituída por tecido conjuntivo areolar. Ela ancora a vagina
aos órgãos adjacentes, como a uretra e a bexiga urinária anteriormente e o reto e o canal anal posteriormente.
Uma fina prega de túnica mucosa vascularizada, chamada hímen, forma uma margem em torno da extremidade
inferior da abertura vaginal para o exterior (o óstio da vagina), fechandoa parcialmente. Depois de sua ruptura,
geralmente após a primeira relação sexual, permanecem apenas remanescentes do hímen. Às vezes, o hímen
recobre completamente o óstio da vagina, em uma condição chamada hímen imperfurado. Pode ser necessária uma
cirurgia para abrir o óstio da vagina e possibilitar a saída do fluxo menstrual
Útero
O útero serve como parte da via para o espermatozoide depositado na vagina alcançar as tubas uterinas. É também
o local da implantação de um óvulo fertilizado, desenvolvimento do feto durante a gestação e trabalho de parto.
Durante os ciclos reprodutivos, quando a implantação não ocorre, o útero é a fonte do fluxo menstrual.
Situado entre a bexiga urinária e o reto, o útero tem o tamanho e o formato de uma pera invertida. Nas mulheres
que nunca engravidaram (nuligestas), tem aproximadamente 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de
espessura. O útero é maior em mulheres que estiveram grávidas recentemente, e menor (atrofiado) quando os
níveis de hormônios sexuais são baixos, como ocorre após a menopausa. As subdivisões anatômicas do útero
incluem (1) uma parte em forma de cúpula superior às tubas uterinas chamada de fundo do útero, (2) uma parte
central afilada chamada de corpo do útero e (3) uma parte inferior estreita chamada de colo do útero, que se abre
para o interior da vagina. Entre o corpo do útero e o colo do útero está o istmo do útero, uma região de
aproximadamente 1 cm de comprimento. O interior do corpo do útero é chamado de cavidade uterina, e o interior
do colo do útero é chamado de canal do colo do útero. O canal do colo do útero se abre para a cavidade uterina no
óstio histológico interno do útero e na vagina no óstio externo do útero.
Normalmente, o corpo do útero se projeta anterior e superiormente ao longo da bexiga urinária em uma posição
chamada anteflexão. O colo do útero se projeta inferior e posteriormente e penetra na parede anterior da vagina em
um ângulo aproximadamente reto. Vários ligamentos que são extensões do peritônio parietal ou cordões
fibromusculares mantêm a posição do útero. O par de ligamentos largos do útero são pregas duplas de peritônio que
fixam o útero em ambos os lados da cavidade pélvica. O par de ligamentos uterossacros, também extensões
peritoneais, encontramse em cada lado do reto e ligam o útero ao sacro. Os ligamentos transversos do colo estão
localizados inferiormente às bases dos ligamentos largos e se estendem da parede pélvica ao colo do útero e vagina.
Os ligamentos redondos são bandas de tecido conjuntivo fibroso entre as camadas do ligamento largo; estendem se
de um ponto no útero imediatamente inferior às tubas uterinas até uma parte dos lábios maiores do pudendo da
genitália externa. Embora os ligamentos normalmente mantenham a posição de anteflexão do útero, também
possibilitam movimentação suficiente de seu corpo útero, de modo que o útero pode tornarse mal posicionado. A
inclinação posterior do útero, chamada retroflexão, é uma variação inofensiva da posição normal do útero. Muitas
vezes não há causa para esta condição, mas ela pode ocorrer após o parto.
Ramos da artéria ilíaca interna chamados artérias uterinas fornecem sangue para o útero. As artérias uterinas
emitem ramos chamados artérias arqueadas que estão dispostas em formato circular no miométrio. Estas artérias se
ramificam em artérias radiais, que penetram profundamente no miométrio. Pouco antes de os ramos entrarem no
endométrio, eles se dividem em dois tipos de arteríolas: as arteríolas retas irrigam o estrato basal com os materiais
necessários para regenerar o estrato funcional; as arteríolas espirais irrigam o estrato funcional e se alteram
acentuadamente durante o ciclo menstrual. O sangue que deixa o útero é drenado pelas veias uterinas para as veias
ilíacas internas. A substancial irrigação sanguínea do útero é essencial para possibilitar o crescimento de um novo
estrato funcional após a menstruação, a implantação de um óvulo fertilizado e o desenvolvimento da placenta.
Tubas Uterinas
As mulheres têm duas tubas uterinas, que se estendem lateralmente a partir do útero. As tubas, que medem
aproximadamente 10 cm de comprimento, encontramse no interior das pregas do ligamento largo do útero. Elas
fornecem uma via para os espermatozoides chegarem até o óvulo e transportam os oócitos secundários e óvulos
fecundados dos ovários até o útero. A parte em forma de funil de cada tuba, chamada de infundíbulo da tuba
uterina, está próxima do ovário, mas se abre para a cavidade pélvica. Ela termina em franjas de projeções
digitiformes chamadas fímbrias da tuba uterina, que estão ligadas à extremidade lateral do ovário. Do infundíbulo, a
tuba uterina se estende medialmente e, eventualmente, inferiormente, e se insere no ângulo lateral superior do
útero. A ampola da tuba uterina é a sua parte mais larga e mais longa, constituindo os dois terços laterais do seu
comprimento. O istmo da tuba uterina é a parte curta, estreita, mais medial e de paredes espessas, que se une ao
útero.
Ovários
Os ovários, que são as gônadas femininas, são um par de glândulas semelhantes a amêndoas sem casca em tamanho
e forma; são homólogas aos testículos. (Neste caso, homóloga significa que dois órgãos têm a mesma origem
embrionária.) Os ovários produzem (1) gametas, os oócitos secundários que se desenvolvem em óvulos maduros
após a fertilização, e (2) hormônios, incluindo a progesterona e os estrogênios (hormônios sexuais femininos), a
inibina e a relaxina.
Os ovários, um em cada lado do útero, descem até a margem da parte superior da cavidade pélvica durante o
terceiro mês de desenvolvimento. Vários ligamentos os prendem em sua posição (Figura 28.12). O ligamento largo
do útero, que é uma prega do peritônio parietal, se insere aos ovários por uma dobra de duas camadas de peritônio
chamada de mesovário. O ligamento úteroovárico ancora os ovários no útero, e o ligamento suspensor do ovário os
insere na parede pélvica. Cada ovário contém um hilo, o ponto de entrada e saída para os vasos sanguíneos e nervos
com os quais o mesovário está ligado.
Cada ovário consiste nas seguintes partes (Figura 28.13):
• O epitélio germinativo é uma camada de epitélio simples (prismático baixo ou escamoso) que recobre a superfície
do ovário. Sabese agora que o termo epitélio germinativo em seres humanos não é correto, porque esta camada não
dá origem aos óvulos; o nome surgiu porque, antigamente, acreditavase que originasse os óvulos. Descobriuse
recentemente que as células que produzem os óvulos surgem a partir do saco vitelino e migram para os ovários
durante o desenvolvimento embrionário.
• A túnica albugínea é uma cápsula esbranquiçada de tecido conjuntivo denso irregular localizada imediatamente
profunda ao epitélio germinativo
• O córtex do ovário é a região imediatamente profunda à túnica albugínea. Ele consiste em folículos ovarianos
(descritos adiante) circundados por tecido conjuntivo denso irregular que contém fibras colágenas e células
semelhantes a fibroblastos chamadas células estromais
• A medula do ovário é profunda ao córtex do ovário. A margem entre o córtex e a medula não pode ser distinguida,
mas a medula é constituída por tecido conjuntivo mais frouxamente disposto e contém vasos sanguíneos, vasos
linfáticos e nervos.
• Os folículos ovarianos estão no córtex e consistem em oócitos em várias fases de desenvolvimento, além das
células que os circundam. Quando as células circundantes formam uma única camada, são chamadas células
foliculares; mais tarde no desenvolvimento, quando se formam diversas camadas, elas são chamadas células
granulosas. As células circundantes nutrem o oócito em desenvolvimento e começam a secretar estrogênios
conforme o folículo cresce.
• O folículo maduro é um folículo grande, cheio de líquido, que está pronto para romper e expulsar seu oócito
secundário, em um processo conhecido como ovulação
• O corpo lúteo contém os restos de um folículo maduro após a ovulação. O corpo lúteo produz progesterona,
estrogênios, relaxina e inibina, até que se degenera em um tecido cicatricial fibroso chamado corpo albicante.
2. Caracterizar os aspectos histológicos do ovário, tubas uterinas, útero, vagina, glândulas vestibulares e órgãos
externos.
(JUNQUEIRA)
1) OVÁRIOS
Os ovários têm a forma de amêndoas, medindo aproximadamente 3 cm de comprimento, 1,5 cm de largura e l cm
de espessura (Figuras 22.2 e 22.3). A sua superfície é coberta por um epitélio pavimentoso ou cúbico simples, o
epitélio germinativo (Figura 22.5). Sob o epitélio germinativo há uma camada de tecido conjuntivo denso, a túnica
albugínea, que é responsável pela cor esbranquiçada do ovário. Abaixo da túnica albugínea há uma região chamada
cortical, na qual predominam os folículos ovarianos. Folículo é o conjunto do ovócito e das células que o envolvem.
Os folículos se localizam no tecido conjuntivo (estroma) da região cortical, o qual contém fibroblastos dispostos em
um arranjo muito característico, formando redemoinhos. Esses fibroblastos respondem a estímulos hormonais de
um modo diferente dos fibroblastos de outras regiões do organismo. A parte mais interna do ovário é a região
medular, que contém tecido conjuntivo frouxo com um rico leito vascular. O limite entre a região cortical e a
medular não é muito distinto (Figura 22.3).
As células foliculares continuam proliferando e originam um epitélio estratificado também chamado de camada
granulosa, cujas células (células da granulosa) frequentemente se comunicam por junções comunicantes (gap). O
folículo é então chamado folículo primário multilaminar ou folículo pré-antral (Figuras 22.4 e 22.7). Uma espessa
camada amorfa, chamada zona pelúcida, composta de várias glicoproteínas, é secretada e envolve todo o ovócito
(Figuras 22.4, 22.7). Acredita-se que o ovócito e as células foliculares contribuam para a síntese da zona pelúcida.
Delgados prolongamentos de células foliculares e microvilos do ovócito penetram a zona pelúcida e estabelecem
contato entre si por junções comunicantes.
2) TUBAS UTERINAS
As tubas uterinas (ovidutos, antigamente denominadas trompas
de Falópio) são dois tubos musculares de grande mobilidade,
medindo cada um aproximadamente 12 cm de comprimento.
Uma de suas extremidades – o infundíbulo - abre-se na
cavidade peritoneal próximo ao ovário e tem prolongamentos
em forma de franjas chamados fímbrias; a outra extremidade -
denominada intramural - atravessa a parede do útero e se abre
no interior deste órgão. A parede da tuba uterina é composta
de três camadas: (1) uma mucosa; (2) uma espessa camada
muscular de músculo liso disposto em uma camada circular ou espiral interna e uma camada longitudinal externa;
(3) uma serosa formada de um folheto visceral de peritônio.
A mucosa tem dobras longitudinais que são muito numerosas na ampola. Em razão dessas pregas, o lúmen da
ampola se assemelha a um labirinto em seções transversais da tuba (Figura 22.17). Essas dobras tornam-se menores
nos segmentos da tuba mais próximos ao útero. Na porção intramural, as dobras são reduzidas a pequenas
protuberâncias e a superfície interna da mucosa é quase lisa. A mucosa é formada por um epitélio colunar simples e
por uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo. O epitélio contém dois tipos de células, um é ciliado e o outro é
secretor (Figura 22.18).
Os cílios batem em direção ao útero, movimentando nesta direção uma película de muco que cobre sua superfície.
Este Líquido consiste principalmente em produtos das células secretoras. No momento da ovulação, a tuba uterina
exibe movimentos ativos decorrentes de sua musculatura lisa, e a extremidade afunilada da ampola (com numerosas
fimbrias) se coloca muito perto da superfície do ovário. Isso favorece a captação do ovócito que foi ovulado. A
secreção tem funções nutritivas e protetoras em relação ao ovócito. A secreção também promove ativação
(capacitação) dos espermatozoides.
A contração de músculo liso e a atividade das células ciliadas transportam o ovócito ou o zigoto ao longo do
infundíbulo e do restante da tuba. Este movimento também impossibilita a passagem de microrganismos do útero
para a cavidade peritoneal. O transporte do ovócito ou do zigoto para o útero é normal em mulheres com síndrome
de cílio imóvel, indicando que a atividade ciliar não é essencial para este transporte.
3. ÚTERO
O útero tem a forma de uma pera, em que o corpo do útero é a
porção dilatada cuja parte superior, em forma de cúpula, é
chamada fundo do útero; a sua porção estreitada, que se abre na
vagina, é a cérvice ou colo uterino. A parede do útero é
relativamente espessa e formada por três camadas.
Externamente há uma delgada serosa - constituída de mesotélio
e tecido conjuntivo - ou, dependendo da porção do órgão, uma
adventícia - constituída de tecido conjuntivo sem revestimento
de mesotélio. As outras camadas uterinas são o miométrio, uma
espessa camada de músculo liso, e o endométrio, ou mucosa
uterina revestindo a cavidade uterina.
3.1 Miométrio
O miométrio, a camada mais espessa do útero, é composto de
pacotes ou grandes feixes de fibras musculares lisas separadas
por tecido conjuntivo. Os pacotes de músculo liso se distribuem
em quatro camadas não muito bem definidas. A primeira e a
quarta camadas são compostas principalmente de fibras
dispostas longitudinalmente, isto é, paralelas ao eixo longo do
órgão. Pelas camadas intermediárias passam os grandes vasos
sanguíneos que irrigam o órgão. Durante a gravidez o miométrio
passa por um período de grande crescimento como resultado de
hiperplasia (aumento no número de células musculares lisas) e
hipertrofia (aumento no tan1anho das células). Durante esta
fase, muitas células musculares lisas adquirem características
ultra estruturais de células secretoras de proteínas e sintetizam
ativamente colágeno, cuja quantidade aumenta
significantemente no útero. Após a gravidez há degeneração de
algumas células musculares lisas, redução no tamanho de outras e degradação enzimática de colágeno. O útero
reduz seu tamanho para as dimensões aproximadas de antes da gravidez.
3.2 Endométrio
O endométrio consiste em um epitélio e uma lâmina própria que contém glândulas tubulares simples que às vezes se
ramificam nas porções mais profundas (próximo do miométrio). As células que revestem a cavidade uterina se
organizam em um epitélio simples colunar formado por células ciliadas e células secretoras. O epitélio das glândulas
uterinas é semelhante ao epitélio superficial, mas células ciliadas são raras no interior das glândulas. O tecido
conjuntivo da lâmina própria é rico em fibroblastos e contém abundante matriz extracelular. As fibras de tecido
conjuntivo são constituídas principalmente de colágeno de tipo 111.
O endométrio pode ser subdividido em duas camadas que não podem ser bem delimitadas morfologicamente: ( l ) a
camada basal, mais profunda, adjacente ao miométrio, constituída por tecido conjuntivo e pela porção inicial das
glândulas uterinas; (2) a camada funcional, formada pelo restante do tecido conjuntivo da lâmina própria, pela
porção final e desembocadura das glândulas e também pelo epitélio superficial. Enquanto a camada funciona l sofre
mudanças intensas durante os ciclos menstruais, a basal permanece quase inalterada.
Os vasos sanguíneos que irrigam o endométrio são muito importantes para o fenômeno cíclico de perda de parte do
endométrio durante a menstruação. Das artérias arqueadas, que se orientam circunferencialmente nas camadas
médias do miométrio, partem dois grupos de artérias que proveem sangue para o endométrio: as artérias retas, que
irrigam a can1ada basal, e as artérias espirais, que irrigam a camada funcional.
4. VAGINA
A parede da vagina não tem glândulas e consiste em três camadas: mucosa, muscular e adventícia. O muco existente
no lúmen da vagina se origina das glândulas da cérvice uterina. O epitélio da mucosa vaginal de uma mulher adulta é
estratificado pavimentoso e tem uma espessura de 150 a 200 μm. Suas células podem conter uma pequena
quantidade de queratina, porém não ocorre queratinização intensa com transformação das células em placas de
queratina, como nos epitélios queratinizados típicos (Figura 22.24).
Sob estímulo de estrógenos, o epitélio vaginal sintetiza e acumula grande quantidade de glicogênio, que é
depositado no lúmen da vagina quando as células do epitélio vaginal descamam. Bactérias da vagina metabolizam o
glicogênio e produzem ácido láctico, responsável pelo pH da vagina, que é normalmente baixo. O ambiente ácido
tem uma ação protetora contra alguns microrganismos patogênicos.
A lâmina própria da mucosa vaginal é composta de tecido conjuntivo frouxo muito rico em fibras elásticas. Dentre as
células da lâmina própria há quantidades relativamente grandes de linfócitos e neutrófilos. Durante certas fases do
ciclo menstrual, esses dois tipos de leucócitos invadem o epitélio e passam para o lúmen da vagina.
A camada muscular da vagina é composta principalmente de conjuntos longitudinais de fibras musculares lisas. Há
alguns pacotes circulares, especialmente na parte mais interna (próximo à mucosa). Externamente à camada
muscular, uma camada de tecido conjuntivo denso, a adventícia, rica em espessas fibras elásticas, une a vagina aos
tecidos circunvizinhos. A grande elasticidade da vagina se deve ao grande número de fibras elásticas no tecido
conjuntivo de sua parede. Neste tecido conjuntivo há um plexo venoso extenso, feixes nervosos e grupos de células
nervosas.
(TORTORA)
A túnica mucosa da vagina é contínua com a do útero. Histologicamente, consiste em epitélio escamoso estratificado
não queratinizado e tecido conjuntivo areolar que se encontra em uma série de pregas transversais chamados rugas
vaginais. As células dendríticas na túnica mucosa são células apresentadoras de antígenos. Infelizmente, também
participam na transmissão de vírus – como por exemplo o HIV (o vírus que causa a AIDS) – para uma mulher durante
a relação sexual com um homem infectado.
A túnica muscular é composta por uma camada circular externa e uma camada longitudinal interna de músculo liso,
que pode se distender consideravelmente para acomodar o pênis durante a relação sexual e a criança durante o
parto.
A túnica adventícia, a camada superficial da vagina, é constituída por tecido conjuntivo areolar. O hímen caracteriza-
se por uma fina prega de túnica mucosa vascularizada.
5. GENITÁLIA EXTERNA
A genitália externa feminina ou vulva consiste em clitóris, pequenos lábios e grandes lábios, além de algumas
glândulas que se abrem no vestíbulo, o espaço que corresponde à abertura externa da vagina, delimitado pelos
pequenos lábios.
O clitóris e o pênis são homólogos em origem embrionária e estrutura histológica. O clitóris é formado por dois
corpos eréteis que terminam em uma glande clitoridiana rudimentar e um prepúcio.
O clitóris é coberto por um epitélio estratificado pavimentoso. Os lábios menores são dobras da mucosa vaginal que
têm tecido conjuntivo penetrado por fibras elásticas. O epitélio estratificado pavimentoso que os cobre tem uma
delgada camada de células queratinizadas na superfície. Glândulas sebáceas e sudoríparas estão nas superfícies
internas e externas dos lábios menores, cujo revestimento é, portanto, intermediário entre pele e mucosa.
Os lábios maiores são dobras de pele que contêm uma grande quantidade de tecido adiposo e uma delgada camada
de músculo liso. Sua superfície interna tem estrutura histológica semelhante à dos lábios menores. A superfície
externa é coberta por pele e por pelos espessos e ondulados. Glândulas sebáceas e sudoríparas são numerosas em
ambas as superfícies.
A genitália externa é abundantemente provida de terminações nervosas sensoriais táteis, além de corpúsculos de
Meissner e de Pacini, que contribuem para a fisiologia do estímulo sexual.
(TORTORA – IMAGEM)
A puberdade feminina inicia-se em média aos 9,7 anos, mais precocemente quando comparada aos meninos (10,9
anos). A primeira manifestação clínica na menina é o aparecimento do broto mamário (telarca) em resposta ao início
da produção estrogênica pelos ovários.
Nas jovens, a partir do início da puberdade e por ação dos esteroides sexuais, começam a ocorrer as modificações
corporais que vão redundar em um indivíduo com capacidade reprodutiva estabelecida. Assim, as meninas, além do
aumento das mamas, começam a apresentar outras mudanças na forma corporal com aumento dos depósitos de
gordura na região dos quadris e das mamas. A menarca ocorre cerca de 2 anos após o início da puberdade (M2),
geralmente no estágio M4 de Tanner, portanto, em época de desaceleração do crescimento. O crescimento é
limitado a, em média, 4 a 6 cm nos anos subsequentes. Os ciclos iniciais da adolescente podem apresentar certa
irregularidade nos primeiros 2 a 4 anos (ciclos anovulatórios). Além da ativação gonadal e do desenvolvimento dos
caracteres sexuais secundários, o crescimento na adolescência envolve mudanças na composição corporal e
desenvolvimento dos sistemas cardiovascular e circulatório e, na fase final do processo, desaceleração e parada do
crescimento.
➢ Na avaliação da puberdade, costuma-se utilizar a avaliação das características das mamas e dos pelos púbicos nas
meninas
Mamas
1. Estágio 1: pré-adolescente, apenas elevação do mamilo.
2. Estágio 2: estágio do botão mamário, elevação da mama e do mamilo, como um
pequeno monte. O diâmetro da aréola apresenta-se um pouco maior que no estágio 1.
3. Estágio 3: tanto a mama quanto a aréola estão maiores e mais elevadas que no
estágio 2, mas sem distinção.
4. Estágio 4: a aréola e a papila formam um contorno secundário, destacando-se do
resto da mama.
5. Estágio 5: estágio maduro, apenas o mamilo se projetando, com a aréola seguindo o
contorno da mama
Pelos púbicos nas meninas e nos meninos
1. Estágio 1: pré-adolescente, sem pelos púbicos.
2. Estágio 2: pelos finos, longos, lisos ou curvos, esparsos, mas com maior
concentração ao longo dos lábios.
3. Estágio 3: mais escuros, espessos e curvos, os pelos espalham-se pelo púbis.
4. Estágio 4: pelos do tipo adulto, mas em menor quantidade. Não atingem as coxas.
5. Estágio 5: pelos do tipo adulto em quantidade e tipo
(GUYTON)
O sistema hormonal feminino, assim como o masculino, consiste em três hierarquias de hormônio, a saber: 1. O
hormônio de liberação hipotalâmica, chamado hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). 2. Os hormônios
sexuais hipofisários anteriores, o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos
secretados em resposta à liberação de GnRH do hipotálamo. 3. Os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona,
que são secretados pelos ovários, em resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise anterior. Esses
diversos hormônios são secretados com intensidades drasticamente distintas, durante as diferentes partes do ciclo
sexual feminino mensal.
A quantidade de GnRH liberada pelo hipotálamo aumenta e diminui de modo bem menos drástico durante o ciclo
sexual mensal. Esse hormônio é secretado em pulsos curtos, em média uma vez a cada 90 minutos, como ocorre nos
homens.
FUNÇÕES DOS HORMÔNIOS OVARIANOS — ESTRADIOL E PROGESTERONA
Os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos são os estrogênios e as progestinas. Sem dúvida, o mais importante
dos estrogênios é o hormônio estradiol, e a mais importante das progestinas é a progesterona. Os estrogênios
promovem, essencialmente, a proliferação e o crescimento de células específicas no corpo, responsáveis pelo
desenvolvimento da maioria das características sexuais secundárias da mulher. As progestinas atuam, basicamente,
preparando o útero para a gravidez e as mamas para a lactação.
QUÍMICA DOS HORMÔNIOS SEXUAIS:
Estrogênios: Na mulher não grávida normal, os
estrogênios são secretados em quantidades
significativas apenas pelos ovários, embora
quantidades mínimas também sejam secretadas pelos
córtices adrenais. Durante a gravidez, uma quantidade
enorme de estrogênios também é secretada pela
placenta. Apenas três estrogênios estão presentes,
em quantidades significativas, no plasma feminino: b-
estradiol, estrona e estriol. O principal estrogênio
secretado pelos ovários é o b-estradiol. Pequenas
quantidades de estrona também são secretadas, mas
grande parte é formada nos tecidos periféricos de
androgênios secretados pelos córtices adrenais e
pelas células tecais ovarianas. O estriol é um
estrogênio fraco; é um produto oxidativo, derivado do
estradiol e da estrona, e a sua conversão se dá,
principalmente, no fígado. A potência estrogênica do
b-estradiol é 12 vezes a da estrona e 80 vezes a
do estriol. Considerando essas potências
relativas, podemos ver que o efeito estrogênico
total do b-estradiol, normalmente, é várias vezes
a potência dos outros dois em conjunto. Por essa
razão, o b-estradiol é considerado o estrogênio
principal, muito embora os efeitos estrogênicos
da estrona não sejam desprezíveis.
Progestinas: Sem dúvida, a progestina mais
importante é a progesterona. Entretanto,
pequenas quantidades de outra progestina, a 17-
ahidroxiprogesterona, são secretadas em
conjunto com a progesterona e têm,
essencialmente, os mesmos efeitos. Contudo,
para fins práticos, é razoável normalmente
considerar a progesterona como a progestina
mais importante. Na mulher não grávida,
geralmente a progesterona é secretada em
quantidades significativas, apenas durante a
segunda metade de cada ciclo ovariano, pelo
corpo lúteo. Grande quantidade de progesterona também é secretada pela placenta durante a gravidez,
especialmente depois do quarto mês de gestação.
SÍNTESE DE ESTROGÊNIOS E PROGESTINAS: Observe, nas fórmulas químicas de estrogênios e progestinas que todos
são esteroides sintetizados nos ovários, principalmente do colesterol derivado do sangue, mas também, de certa
forma, da acetil coenzima A, cujas múltiplas moléculas podem se combinar, formando o núcleo esteroide
apropriado. Durante a síntese, basicamente progesterona e androgênios (testosterona e androstenediona) são
sintetizados primeiro; em seguida, durante a fase folicular do ciclo ovariano, antes que esses dois hormônios iniciais
possam deixar os ovários, quase todos os androgênios e grande parte da progesterona são convertidos em
estrogênios pela enzima aromatase, nas células da granulosa. Como as células da teca não têm aromatase, elas não
podem converter androgênios em estrogênios. No entanto, os androgênios se difundem das células da teca para as
células da granulosa adjacentes, onde são convertidos em estrogênios pela aromatase, cuja atividade é estimulada
por FSH. Durante a fase lútea do ciclo, muito mais progesterona é formada do que pode ser totalmente convertida, o
que responde pela grande secreção de progesterona no sangue circulante nesse momento. Além disso, cerca de
1/15 a mais de testosterona é secretado no plasma da mulher pelos ovários, do que é secretado no plasma
masculino pelos testículos.
Estrogênios e Progesterona São Transportados no Sangue Ligados às Proteínas Plasmáticas: Tanto estrogênios
quanto progesterona são transportados no sangue, ligados principalmente à albumina plasmática e a globulinas de
ligação específica a estrogênio e progesterona. A ligação entre esses dois hormônios e as proteínas plasmáticas é
fraca o bastante para que sejam rapidamente liberados aos tecidos, durante período de aproximadamente 30
minutos.
Funções do Fígado na Degradação do Estrogênio. O fígado conjuga os estrogênios para formar glicuronídeos e
sulfatos, e cerca de um quinto desses produtos conjugados é excretado na bile; grande parte do restante é excretada
na urina. Além disso, o fígado converte os potentes estrogênios estradiol e estrona no estrogênio quase totalmente
impotente estriol. Portanto, a redução da função hepática, efetivamente, aumenta a atividade dos estrogênios no
corpo, por vezes causando hiperestrinismo.
O Destino da Progesterona. Poucos minutos após ter sido secretada, quase toda a progesterona é degradada em
outros esteroides que não têm qualquer efeito progestacional. Assim como no caso dos estrogênios, o fígado é
especialmente importante para essa degradação metabólica. O principal produto final da degradação da
progesterona é o pregnanediol. Cerca de 10% da progesterona original são excretados na urina nessa forma. Assim,
é possível estimar a formação de progesterona no corpo a partir dessa excreção.
FUNÇÕES DOS ESTROGÊNIOS — SEUS EFEITOS NAS CARACTERÍSTICAS SEXUAIS FEMININAS PRIMÁRIAS E
SECUNDÁRIAS
Uma função primária dos estrogênios é causar proliferação celular e crescimento dos tecidos dos órgãos sexuais e
outros tecidos relacionados com a reprodução.
O Efeito dos Estrogênios no Útero e os Órgãos Sexuais Femininos Externos. Durante a infância, os estrogênios são
secretados apenas em quantidades mínimas, mas, na puberdade, a quantidade secretada na mulher sob a influência
dos hormônios gonadotrópicos hipofisários aumenta em 20 vezes ou mais. Nessa época, os órgãos sexuais femininos
se alteram dos de criança para os de adulto. Os ovários, as trompas de Falópio, o útero e a vagina aumentam de
tamanho várias vezes. Além do mais, a genitália externa aumenta, com depósito de gordura no monte pubiano e nos
grandes lábios, além de aumento dos pequenos lábios. Além disso, os estrogênios alteram o epitélio vaginal do tipo
cuboide para o tipo estratificado, considerado mais resistente a traumas e infecções do que o epitélio das células
cuboides pré-púberes. Infecções vaginais em crianças quase sempre podem ser curadas pela administração de
estrogênios, simplesmente por causa da maior resistência do epitélio vaginal resultante. Durante os primeiros anos
da puberdade, o tamanho do útero aumenta de duas a três vezes, porém mais importante do que o aumento no
tamanho do útero são as alterações que ocorrem no endométrio uterino, sob a influência dos estrogênios. Eles
causam proliferação acentuada do estroma endometrial e grande desenvolvimento das glândulas endometriais, que
posteriormente ajudarão no fornecimento de nutrição ao óvulo implantado.
Efeitos dos Estrogênios nas Trompas de Falópio: Os efeitos dos estrogênios no revestimento mucoso das trompas
de Falópio são semelhantes aos efeitos no endométrio uterino. Os estrogênios fazem com que os tecidos
glandulares desse revestimento proliferem; e, o mais importante, aumentam o número de células epiteliais ciliadas
que revestem as trompas de Falópio. Além disso, a atividade dos cílios é consideravelmente intensificada. Esses cílios
sempre batem na direção do útero, ajudando a propelir o óvulo fertilizado nessa direção.
Efeito dos Estrogênios nas Mamas: As mamas primordiais de homens e mulheres são exatamente iguais. De fato,
sob a influência de hormônios apropriados, a mama masculina, durante as primeiras 2 décadas de vida, pode se
desenvolver o suficiente para produzir leite, da mesma maneira que as mamas femininas. Os estrogênios causam (1)
desenvolvimento dos tecidos estromais das mamas; (2) crescimento de um vasto sistema de ductos; e (3) depósito
de gordura nas mamas. Os lóbulos e alvéolos das mamas se desenvolvem até certo ponto sob a influência apenas
dos estrogênios, mas é a progesterona e a prolactina que determinam o crescimento e a função final dessas
estruturas. Em suma, os estrogênios dão início ao crescimento das mamas e do aparato produtor de leite. Eles são
ainda responsáveis pelo crescimento e pela aparência externa característicos da mama feminina adulta. Entretanto,
não finalizam a tarefa de converter a mama em órgãos produtores de leite.
Efeito dos Estrogênios no Esqueleto: Os estrogênios inibem a atividade osteoclástica nos ossos e, portanto,
estimulam o crescimento ósseo. Pelo menos parte desse efeito é devido à estimulação de osteoprotegerina,
também chamada fator inibidor da osteoclastogênese, citocina que inibe a reabsorção óssea. Na puberdade, quando
a mulher entra em seus anos reprodutivos, seu crescimento em altura torna-se rápido durante muitos anos.
Entretanto, os estrogênios têm outro efeito potente no crescimento esquelético: causam a união das epífises com a
haste dos ossos longos. Esse efeito do estrogênio na mulher é bem mais forte do que o efeito semelhante da
testosterona no homem. Consequentemente, o crescimento da mulher geralmente cessa muitos anos antes do
crescimento do homem. A mulher eunuca, desprovida da produção de estrogênio, geralmente cresce muitos
centímetros a mais do que a mulher normal madura, porque suas epífises não se uniram no tempo normal.
Obs.: Osteoporose dos Ossos Causada por Deficiência de Estrogênio na Velhice: Depois da menopausa, quase
nenhum estrogênio é secretado pelos ovários. Essa deficiência leva a (1) uma maior atividade osteoclástica nos
ossos; (2) diminuição da matriz óssea; e (3) menos depósito de cálcio e fosfato ósseos. Em algumas mulheres, esse
efeito é extremamente grave, e a condição resultante é a osteoporose. Uma vez que a osteoporose pode
enfraquecer muito os ossos e levar a fraturas ósseas, especialmente fratura das vértebras, muitas mulheres na pós-
menopausa são tratadas profilaticamente com reposição de estrogênio para prevenir os efeitos osteoporóticos.
Os Estrogênios Aumentam Ligeiramente o Depósito de Proteínas: Os estrogênios causam leve aumento de proteína
corporal total, evidenciado por um ligeiro equilíbrio nitrogenado positivo, quando estrogênios são administrados.
Esse efeito resulta, essencialmente, do efeito promotor do crescimento de estrogênio nos órgãos sexuais, ossos e
alguns poucos tecidos do corpo. O maior depósito de proteínas causado pela testosterona é bem mais geral e,
muitas vezes, mais potente do que o causado pelos estrogênios.
Os Estrogênios Aumentam o Metabolismo Corporal e o Depósito de Gordura: Os estrogênios aumentam
ligeiramente o metabolismo de todo o corpo, mas apenas cerca de um terço a mais que o aumento causado pelo
hormônio sexual masculino testosterona. Causam também depósito de quantidades maiores de gordura nos tecidos
subcutâneos. Por conseguinte, a porcentagem de gordura corporal no corpo da mulher é consideravelmente maior
do que no corpo do homem, que contém mais proteína. Além do depósito de gordura nas mamas e nos tecidos
subcutâneos, os estrogênios causam depósito de gordura nos glúteos e nas coxas, o que é característico da
aparência feminina.
Os Estrogênios Têm Pouco Efeito na Distribuição dos Pelos: Os estrogênios não afetam muito a distribuição de
pelos. Entretanto, os pelos efetivamente se desenvolvem na região pubiana e nas axilas, após a puberdade. Os
androgênios, formados em quantidades crescentes pelas glândulas adrenais femininas, após a puberdade, são os
principais responsáveis por esse desenvolvimento de pelo.
Efeito dos Estrogênios na Pele: Os estrogênios fazem com que a pele desenvolva textura macia e normalmente lisa,
mas, mesmo assim, a pele da mulher é mais espessa que a da criança ou da mulher castrada. Além disso, os
estrogênios fazem com que a pele se torne mais vascularizada, o que, muitas vezes, está associado à pele mais
quente, promovendo também maior sangramento nos cortes superficiais do que se observa nos homens.
Efeito dos Estrogênios no Equilíbrio Eletrolítico: A semelhança química entre hormônios estrogênicos e hormônios
adrenocorticais já foi apontada. Os estrogênios, assim como a aldosterona e alguns outros hormônios
adrenocorticais, causam retenção de sódio e água nos túbulos renais. Esse efeito dos estrogênios é, em geral,
brando e só raramente tem significância, mas, durante a gravidez, a enorme formação de estrogênios pela placenta
pode contribuir para a retenção de líquidos no corpo.
FUNÇÕES DA PROGESTERONA
A Progesterona Promove Alterações Secretoras no Útero: Uma função importante da progesterona é promover
alterações secretoras no endométrio uterino, durante a última metade do ciclo sexual feminino mensal, preparando
o útero para a implantação do óvulo fertilizado. Essa função será discutida adiante, em conexão com o ciclo
endometrial do útero. Além desse efeito no endométrio, a progesterona diminui a frequência e a intensidade das
contrações uterinas, ajudando, assim, a impedir a expulsão do óvulo implantado.
Efeito da Progesterona nas Trompas de Falópio: A progesterona promove também aumento da secreção pelo
revestimento mucoso das trompas de Falópio. Essas secreções são necessárias para nutrir o óvulo fertilizado e em
divisão, enquanto ele passa pela trompa de Falópio, antes de se implantar no útero.
Progesterona Promove o Desenvolvimento das Mamas: A progesterona promove o desenvolvimento dos lóbulos e
alvéolos das mamas, fazendo com que as células alveolares proliferem, aumentem e adquiram natureza secretora.
Entretanto, a progesterona não faz com que os alvéolos secretem leite; o leite só é secretado depois que a mama
preparada é adicionalmente estimulada pela prolactina da hipófise anterior. A progesterona também faz com que as
mamas inchem. Parte desse inchaço deve-se ao desenvolvimento secretor nos lóbulos e alvéolos, mas, em parte,
resulta também do aumento de líquido no tecido.
Os eventos posteriores em um ovário que ovulou um oócito dependem se o óvulo foi fertilizado. Se o óvulo não foi
fertilizado, o corpo lúteo tem uma vida útil de apenas 2 semanas. Em seguida, a sua atividade secretora declina, e ele
se degenera em um corpo albicante. À medida que os níveis de progesterona, estrogênios e inibina diminuem, a
liberação de GnRH, FSH e LH aumenta, em decorrência da perda da supressão por feedback negativo pelos
hormônios ovarianos. O crescimento folicular é retomado e começa um novo ciclo ovariano.
Se o oócito secundário for fertilizado e começar a se dividir, o corpo lúteo persiste além de sua duração normal de 2
semanas. Ele é “resgatado” da degeneração pela gonadotropina coriônica humana (hCG). Este hormônio é produzido
pelo cório do embrião, começando aproximadamente 8 dias após a fertilização. Como o LH, o hCG estimula a
atividade
secretora do corpo lúteo. A determinação de hCG no sangue ou na urina materna é um indicador de gravidez e é o
hormônio detectado pelos testes de gravidez de venda livre.
EVENTOS NO ÚTERO. A progesterona e os estrogênios produzidos pelo corpo lúteo promovem o crescimento e
enrolamento das glândulas uterinas, a vascularização do endométrio superficial e o espessamento do endométrio
até 12 a 18 mm. Em decorrência da atividade secretora das glândulas uterinas, que começam a secretar glicogênio,
este período é denominado fase secretora do ciclo uterino. Estas alterações preparatórias alcançam seu pico
aproximadamente 1 semana após a ovulação, no momento em que um óvulo fertilizado pode chegar ao útero. Se a
fertilização não ocorrer, os níveis de progesterona e estrogênios declinam, em decorrência da degeneração do corpo
lúteo. A interrupção na progesterona e nos estrogênios provoca a menstruação.
A Figura 28.26 resume as interações hormonais e mudanças cíclicas nos ovários e útero durante os ciclos ovariano e
uterino.
OBS INTERESSANTE NO MOORE:
Ciclos menstruais anovulatórios
O ciclo menstrual típico, ilustrado na Figura 2-11, nem sempre acontece porque o ovário pode não produzir um
folículo maduro e a ovulação não ocorre. Nos ciclos anovulatórios, as mudanças endometriais são mínimas; o
endométrio proliferativo se desenvolve da forma usual, mas não ocorre ovulação nem formação do corpo lúteo.
Consequentemente, o endométrio não progride para a fase secretora (lútea); permanece na fase proliferativa até o
início da menstruação. Os ciclos anovulatórios podem ser resultado de uma hipofunção ovariana. O estrogênio, com
ou sem progesterona, presente em contraceptivos orais (pílulas de controle de natalidade) agem no hipotálamo e na
hipófise, inibindo a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina, do FSH e do LH, essenciais para que ocorra a
ovulação.
FARMACOLOGIA:
I) Inibidores dos hormônios gonadais
1) Inibidores de síntese
1.1) Agonistas e antagonistas do GnRH
Em condições fisiológicas, o hipotálamo libera GnRH de forma pulsátil. A frequência dos pulsos de GnRH controla a
liberação relativa de LH e FSH pela adeno-hipófise. Em contrapartida, a administração contínua de GnRH suprime a
atividade dos gonadótrofos hipofisários, em lugar de estimulá-la. É possível suprimir o eixo hipotálamo-hipófise-
gônadas com administração contínua de análogo do GnRH (leuprolida, gosserrelina ou nafarrelina) ou administração
de antagonista do receptor de GnRH (cetrorrelix ou ganirrelix). A administração contínua de um agonista do GnRH é
utilizada no tratamento de tumores dependentes de hormônio, como câncer de próstata e, em alguns casos, câncer
de mama. Análogos de GnRH atualmente disponíveis são peptídios e administrados por vias não orais, como injeção
ou spray nasal. Um antagonista do GnRH não peptídio e administrado por via oral, elagolix, está em fase final de
ensaios clínicos para tratamento de dor pélvica causada por endometriose.
1.2) Inibidores da aromatase
Como os estrógenos são sintetizados a partir de precursores androgênicos por meio da ação da aromatase, o
bloqueio dessa enzima pode inibir efetivamente a formação de estrógeno. Essa abordagem é utilizada para inibir o
crescimento de tumores dependentes de estrógeno, como câncer de mama positivo para receptor de estrógeno
(RE). Recentemente, foram desenvolvidos diversos inibidores altamente seletivos da aromatase. Anastrozol e
letrozol são inibidores competitivos da aromatase, enquanto exemestano e formestano se ligam de modo covalente
à aromatase. Na atualidade, todos esses agentes estão sendo utilizados no tratamento do câncer de mama
metastático e na prevenção de recidivas em cânceres primariamente tratados com cirurgia e radioterapia. Ensaios
clínicos recentes sugerem que inibidores da aromatase são mais efetivos que antagonistas dos receptores de
estrógeno, como tamoxifeno, no tratamento do câncer de mama. Entretanto, os inibidores da aromatase produzem
supressão profunda da ação estrogênica, e o estrógeno constitui importante regulador da densidade óssea. Por
conseguinte, mulheres em uso de inibidores da aromatase correm risco aumentado de fraturas osteoporóticas.
2) Antagonistas de receptores
2.1) Moduladores seletivos de receptor de estrógeno
O termo modulador seletivo do receptor de estrógeno (MSRE) baseia-se na observação de que certos fármacos
denominados antiestrogênicos não são antagonistas puros, e sim agonistas/antagonistas mistos (Tabela 29.2). Esses
agentes farmacológicos inibem efeitos estrogênicos em alguns tecidos, enquanto promovem efeitos estrogênicos em
outros. A base da seletividade tecidual pode incluir vários mecanismos. Em primeiro lugar, há dois subtipos de
receptores de estrógeno, REα e REβ, cuja expressão é específica do tecido. Em segundo lugar, a capacidade do
receptor estrogênico de interagir com outros cofatores da transcrição (coativadores e correpressores) depende da
estrutura do ligante que está acoplado ao receptor. A Figura 29.7 fornece um exemplo. É suposto que a ligação de
17β-estradiol (denominado “estrógeno” na figura) ao receptor de estrógeno induza mudança na conformação do
receptor, a fim de que dois cofatores de transcrição, X e Y, possam ligar-se também ao receptor. Esse complexo
pode, então, ativar três genes: dependente de X, dependente de Y e dependente de X e Y. Por outro lado, a ligação
de um MSRE ao receptor de estrógeno produz alteração diferente na conformação do receptor, de modo que o fator
de transcrição X é capaz de se ligar, mas não o fator de transcrição Y. Em consequência, o complexo MSRE-receptor X
pode ativar o gene dependente de X, mas não o gene dependente de Y nem o gene dependente de (X + Y).
Além disso, é suposto que os fatores de transcrição X e Y sejam expressos nas células ósseas, enquanto as células
mamárias só expressam o fator de transcrição Y. Na mama, esse MSRE atua como antagonista, uma vez que: (1) a
incapacidade de Y de associar-se com o complexo MSRE-receptor de estrógeno impede o MSRE de ativar quaisquer
efeitos dependentes de estrógeno; e (2) a ligação de MSRE ao receptor de estrógeno inibe de modo competitivo a
ligação do estrógeno endógeno ao receptor. Todavia, no osso, esse MSRE atua como agonista parcial, na medida em
que pode ativar genes dependentes de X, mas não genes dependentes de Y.
Essas ações teciduais específicas dos MSRE têm implicações importantes tanto para os efeitos desejados quanto
para os efeitos adversos dos agentes farmacológicos. Se fosse possível projetar um MSRE capaz de inibir o
crescimento do carcinoma de mama dependente de estrógeno sem causar hiperplasia endometrial induzida por
estrógeno, os efeitos adversos indesejáveis do tamoxifeno (discutidos adiante) poderiam ser reduzidos. MSRE com
especificidade aprimorada terão implicações importantes no tratamento de osteoporose, câncer de mama e, talvez,
até mesmo, doença cardiovascular. Os três MSRE de uso clínico atual são tamoxifeno, raloxifeno e clomifeno.
Tamoxifeno é o único MSRE atualmente aprovado para uso em tratamento e prevenção do câncer de mama.
Tamoxifeno vem sendo utilizado no tratamento paliativo do câncer de mama metastático e como terapia adjuvante
após nodulectomia. O tamoxifeno é antagonista dos receptores de estrógeno no tecido mamário, porém agonista
parcial em endométrio e osso. Esses efeitos farmacodinâmicos resultam em inibição do crescimento do câncer de
mama dependente de estrógeno, mas também na estimulação do crescimento endometrial. Em consequência deste
último efeito, a administração de tamoxifeno está associada a aumento de quatro a seis vezes na incidência de
câncer endometrial. Por conseguinte, para minimizar o risco de câncer endometrial iatrogênico, tamoxifeno é
geralmente administrado por período que não deve ultrapassar 5 anos.
Raloxifeno é MSRE mais recente, que apresenta atividade agonista no receptor de estrógeno no osso, porém
atividade antagonista em tecidos mamário e endometrial. Seu mecanismo de ação é ilustrado na Figura 29.7 e sua
estrutura molecular é mostrada na Figura 29.8. De acordo com esse perfil de especificidade tecidual, raloxifeno não
parece aumentar a incidência de câncer endometrial. A atividade agonista do raloxifeno no osso diminui a
reabsorção óssea e, por conseguinte, retarda ou impede a progressão da osteoporose em mulheres pós-
menopáusicas (discutida de modo mais pormenorizado no Capítulo 31). O raloxifeno é aprovado para uso em
prevenção de câncer de mama e em prevenção e tratamento de osteoporose. Em ensaio clínico de grande porte,
que comparou raloxifeno e tamoxifeno na prevenção de câncer de mama em mulheres de alto risco, ambos os
agentes resultaram em redução de 50% no desenvolvimento de câncer de mama invasivo. O tratamento com
tamoxifeno associou-se a maior número de casos de hiperplasia endometrial, câncer endometrial, cataratas e
trombose venosa profunda que raloxifeno. Tamoxifeno, porém, impediu mais casos de câncer de mama não invasivo
que raloxifeno.
Clomifeno é MSRE utilizado para induzir ovulação. O fármaco atua como antagonista do receptor de estrógeno em
hipotálamo e adeno-hipófise e como agonista parcial nos ovários. A atividade antagonista de clomifeno em
hipotálamo e adeno-hipófise resulta em alívio da inibição de retroalimentação negativa imposta pelo estrogênio
endógeno e, por conseguinte, em liberação aumentada de GnRH e gonadotrofinas, respectivamente. Os níveis
elevados de FSH estimulam o crescimento folicular, resultando em sinal deflagrador de estrógeno, surto de LH e
ovulação. O principal efeito adverso do clomifeno consiste na capacidade de induzir crescimento de múltiplos
folículos, resultando em aumento de tamanho do ovário. Todavia, ao contrário da administração de FSH exógeno
(ver Capítulo 26), o uso do clomifeno raramente se associa à síndrome de hiperestimulação ovariana.
Muitos novos MSRE se encontram em fase final de ensaios clínicos. Bazedoxifeno está sendo desenvolvido para
tratamento de osteoporose. Ospemifeno está sendo desenvolvido para tratamentode atrofia vulvovaginal e
ressecamento vaginal em mulheres na menopausa.
2.2) Antagonistas dos receptores de andrógenos
Antagonistas dos receptores de andrógenos inibem competitivamente a ligação de andrógenos endógenos ao
receptor de andrógeno. Por esse mecanismo, os antagonistas dos receptores bloqueiam as ações de testosterona e
di-hidrotestosterona sobre seus tecidos-alvo. Antagonistas dos receptores de andrógenos incluem flutamida e
espironolactona. Flutamida foi aprovada apenas para tratamento de câncer de próstata metastático, porém o
fármaco também é utilizado terapeuticamente no tratamento de hiperplasia prostática benigna. Espironolactona,
originalmente aprovada como antagonista dos receptores de aldosterona (ver Capítulo 20), também apresenta
atividade antagonista significativa no receptor de andrógenos. À semelhança de flutamida, espironolactona pode ser
utilizada como inibidor competitivo da ação da testosterona. Srta. J foi tratada com espironolactona para
antagonizar a excessiva estimulação androgênica de seus folículos pilosos, melhorando, assim, o hirsutismo. Um
composto derivado da espironolactona, drospirenona, tem efeitos tanto progestacionais quanto antiandrogênicos. É
utilizada como progestágeno em alguns contraceptivos combinados (estrógeno-progestágeno).
2.3) Antagonistas dos receptores de progesterona
Mifepristona (também conhecida como RU-486) é antagonista dos receptores de progesterona, utilizada para
indução de aborto a partir do dia 63 de gravidez. Conforme assinalado, progesterona é de suma importância para a
manutenção do endométrio durante a gravidez; o hormônio estabiliza o revestimento uterino e promove o
crescimento dos vasos e as atividades secretoras da decídua. Mifepristona inibe a ação da progesterona por meio de
ligação competitiva no receptor de progesterona. O bloqueio da ação da progesterona resulta em deterioração e
morte da decídua, e a falta de nutrição proveniente da decídua leva à morte do blastocisto, que se desprende do
útero. Como o blastocisto não está mais secretando hCG, o corpo lúteo involui, e essa involução determina redução
em síntese e secreção de progesterona.
Mifepristona é comumente administrada em associação com misoprostol, análogo de prostaglandina (ver Capítulo
42). Misoprostol estimula as contrações uterinas, e os efeitos combinados do antagonismo de progesterona e das
contrações uterinas são mais de 95% efetivos no término da gravidez de primeiro trimestre.
Como mifepristona é administrada em dose única, os efeitos adversos relacionados com o antagonismo da
progesterona são raros. Com efeito, o principal risco de complicações está relacionado com aborto subsequente,
que pode resultar em sangramento vaginal excessivo. Além disso, a coadministração de misoprostol pode causar
náuseas e vômitos.
Asoprisnil é um novo antagonista do receptor de progesterona que não causa aborto, mas que inibe o crescimento
dos tecidos derivados de endométrio e miométrio. Estudos preliminares indicam que asoprisnil pode ser efetivo no
tratamento de endometriose e liomiomas uterinos (fibroides). As diferenças na especificidade tecidual de
mifepristona e asoprisnil devem-se, provavelmente, às diferenças em sua ação de influenciar a ligação de cofatores
de transcrição ao complexo do receptorde progesterona.
II) Hormônios e análogos hormonais para contracepção
1) Contraceptivos combinados
Combinações de estrógeno-progestágeno suprimem a secreção de GnRH, LH e FSH e o desenvolvimento folicular,
inibindo a ovulação. A combinação de um estrógeno e um progestágeno constitui o método mais potente conhecido
de suprimir a secreção de GnRH, LH e FSH. A coadministração de estrógeno e progestágeno também pode inibir a
gravidez por vários mecanismos secundários, incluindo alterações em peristaltismo tubário, receptividade
endometrial e secreções de muco cervical. Essas últimas ações juntas poderiam inibir o transporte apropriado de
óvulo e espermatozoides, mesmo se tivesse ocorrido ovulação. Em conjunto, esses mecanismos explicam a eficácia
de > 95% dos contraceptivos orais combinados.
Os estrógenos utilizados nos contraceptivos combinados consistem em etinilestradiol e mestranol (Figura 29.9). O
uso de estrógenos “sem oposição” promove crescimento endometrial, e estudos iniciais de anticoncepcionais com
predomínio estrogênico estabeleceram que esses agentes aumentam o risco de câncer endometrial. Em decorrência
desse achado, estrógeno é sempre administrado concomitantemente com progestágeno para limitar a extensão do
crescimento endometrial.
São utilizados numerosos progestágenos (Figuras 29.10 e 29.11) nos contraceptivos combinados, e todos são
potentes agonistas dos receptores de progesterona. O progestágeno ideal deveria apresentar apenas atividade nos
receptores de progesterona; entretanto, quase todos os progestágenos atualmente disponíveis também exibem
alguma reatividade cruzada androgênica. Progestágenos variam quanto à sua atividade androgênica. Em base molar,
norgestrel e levonorgestrel são os que apresentam maior atividade androgênica, enquanto noretindrona e acetato
de noretindrona (Figura 29.10) apresentam atividade androgênica mais baixa. Progestágenos de terceira geração –
etinodiol, norgestimato, gestodeno e desogestrel (Figura 29.11) – exibem reatividade cruzada ainda menor com
receptores de andrógeno. Drospirenona é progestágeno sintético que também exibe atividade antiandrogênica.
Contraceptivos combinados estão disponíveis em três sistemas de liberação: anel vaginal, adesivos transdérmicos e
comprimidos orais. O anel vaginal consiste em cilindro de silicone contendo etinilestradiol e progestágeno, o
etonogestrel. Os esteroides são liberados com cinética deordem zero (ver Capítulo 3). O anel é aplicado na vagina,
onde permanece por 21 dias. Em seguida, é removido, e, 7 dias depois, coloca-se novo anel. Durante os 7 dias após a
remoção do anel vaginal, pode ocorrer menstruação (ver adiante). O anticoncepcional transdérmico consiste em
matriz que libera continuamente etinilestradiol e progestágeno sintético, a norelgestromina. O adesivo é trocado
semanalmente, durante 3 semanas. Na quarta semana, o adesivo não é utilizado, e pode ocorrer menstruação.
Os esquemas clássicos de anticoncepcionais orais combinados consistem na administração de comprimidos durante
21 dias, seguidos de 7 dias de pílula placebo. O período de 7 dias com placebo remove a estimulação hormonal
exógena, promovendo a descamação do endométrio e consequente sangramento. Como a administração de
progestágeno durante todo o ciclo inibe o crescimento proliferativo do endométrio, a maioria das mulheres tem
períodos menstruais menos intensos quando fazem uso de anticoncepcionais orais combinados, e, com frequência, o
ciclo menstrual torna-se mais regular. A formulação do ciclo 21-7 teve por objetivo simular um ciclo de 28 dias;
todavia, é relativamente arbitrário. Existe também a possibilidade de combinar embalagens de pílulas, obtendo
“ciclos longos” de 42 pílulas ativas (42 dias) seguidas por 7 dias sem hormônio ou 63 dias de pílulas hormonais ativas,
seguidos por 7 dias sem hormônio. Os esquemas com “ciclos longos” reduzem a frequência do sangramento
menstrual, mas aumentam a frequência do chamado sangramento de escape. É possível instituir ciclo ainda mais
longo com etinilestradiol e levonorgestrel, no qual a associação é administrada durante 84 dias e seguida por 7 dias
de placebo. Essa formulação, que apresenta eficácia contraceptiva igual à do esquema clássico, reduz para 4 o
número total de ciclos menstruais por ano. Dispõe-se também de formulações que contêm 24 pílulas de hormônios
diários, com 4 dias de placebo. Uma vantagem dessa formulação é que a ovulação não tende a ocorrer se a mulher
se esquecer de iniciar seu novo ciclo de pílulas por 3 ou 4 dias.
As formulações de anticoncepcionais orais combinados incluem esquemas hormonais monofásico e trifásico. A
formulação padrão, utilizada pela maioria das mulheres, consiste em dose constante (monofásica) de estrógeno e
progestágeno durante 21 dias. As preparações trifásicas incorporam dose constante de estrógeno com dose de
progestágeno que aumenta a cada semana durante os 21 dias do ciclo. A principal vantagem da administração
trifásica é que a quantidade total de progestágeno administrada a cada mês é reduzida. Com efeito, a tendência
geral nesses últimos anos tem sido diminuir as quantidades de estrógeno e progestágeno ao menor nível necessário
para inibir a ovulação. Entretanto, não existe nenhuma diferença claramente estabelecida em efeitos adversos ou
eficácia clínica da terapia monofásica em comparação com a trifásica. Em geral, prefere-se a menor dose efetiva de
etinilestradiol, uma vez que se acredita que o estrógeno em baixa dose tem a capacidade de reduzir o risco de
trombose venosa profunda (ver adiante).
Vários estudos foram conduzidos para avaliar os efeitos adversos do uso prolongado de contraceptivos. Esses
estudos mostraram que a incidência de trombose venosa profunda e embolia pulmonar aumenta com a
contracepção oral combinada. Essas complicações ocorrem raramente, e o número absoluto de eventos adversos é
baixo. É interessante mencionar que gravidez está associadaa risco maior de trombose venosa profunda e embolia
pulmonar que o tratamento com contraceptivos orais combinados. Estudos não conseguiram demonstrar nenhum
aumento (ou redução) na incidência de câncer de mama. O uso dos anticoncepcionais orais se associa a aumento na
incidência de doença da vesícula biliar, visto que estrógenos aumentam a concentração biliar de colesterol em
relação com a dos sais biliares, e a consequente redução na solubilidade do colesterol promove a formação de
cálculos vesiculares. Anticoncepcionais orais não devem ser administrados a mulheres com mais de 35 anos de idade
que fumam, visto que a administração de contraceptivos a essa população está associada a aumento na incidência
de eventos cardiovasculares trombóticos.
Estudos recentes se concentraram mais nos benefícios que nos efeitos adversos dos anticoncepcionais orais. Os
modernos anticoncepcionais orais combinados reduzem o risco de câncer endometrial, provavelmente pelo fato de
a administração concomitante de progestágeno inibir o crescimento endometrial. Além disso, a administração
exógena de uma associação de estrógeno/progestágeno diminui o risco de câncer ovariano, provavelmente ao
reduzir os níveis circulantes de gonadotrofinas. De modo global, o consenso é de que anticoncepcionais orais
apresentam mais efeitos clínicos benéficos que prejudiciais.
2) Contracepção apenas com progestágenos
Em situações nas quais o estrógeno possa estar contraindicado, é possível justificar o uso contínuo de progestágenos
orais em baixas doses. Nos EUA, os dois anticoncepcionais orais só com progestágeno disponíveis, comumente
designados como “minipílula”, são norgestrel e noretindrona.
A contracepção oral só com progestágenos impede a ocorrência de ovulação em 70 a 80% das vezes, provavelmente
porque os progestágenos alteram a frequência dos pulsos de GnRH e diminuem a responsividade da adeno-hipófise
ao GnRH. A despeito da frequência relativamente alta de ovulação, esse método de contracepção tem eficácia de 96
a 98%, sugerindo que certos mecanismos secundários também atuam, como alterações em muco cervical,
receptividade do endométrio e peristaltismo das tubas. Como a progesterona inibe a proliferação do endométrio e
promove sua secreção, é também possível que o ovo seja incapaz de se implantar em endométrio continuamente
exposto a progestágeno. Mulheres que tomam esses fármacos geralmente não menstruam, porém é comum a
ocorrência de sangramento inesperado e de períodos menstruais irregulares e de pouca intensidade durante o
primeiro ano de administração.
Contraceptivos apenas com progestágenos também estão disponíveis em formas injetáveis e implantes. Acetato de
medroxiprogesterona (formulado em 104 mg para injeção subcutânea ou 150 mg para injeção intramuscular) pode
ser administrado por via parenteral a cada 3 meses (Figura 29.10). Esse modo de dosagem mostra-se
particularmente efetivo para mulheres que têm dificuldade em se lembrar de tomar medicamento diariamente
(pílula) ou aplicá-lo semanalmente (adesivo transdérmico). Dispõe-se também de implante de silicone que libera
etonogestrel; esse método mostra-se efetivo por 3 anos. O implante normalmente é inserido na face dorsal do
antebraço.
3) Contracepção de emergência (do dia seguinte)
Contracepção de emergência refere-se à administração de medicamentos para impedir a gravidez após falha de
contraceptivo de barreira (ruptura de preservativo) ou relação sexual desprotegida recente (incluindo estupro).
Historicamente, os comprimidos de estrógeno-progestágeno eram administrados para contracepção de emergência.
Ensaios clínicos recentes demonstraram que o contraceptivo de emergência mais eficaz e com menos efeitos
adversos é levonorgestrel oral de 1,5 mg, administrado em dose única, o mais rápido possível após a exposição. O
esquema é mais efetivo se for administrado dentro de 120 h após a exposição. Levonorgestrel é potente
progestágeno capaz de bloquear o surto de LH, interrompendo a ovulação normal, e de produzir alterações
endometriais que impedem a implantação.
Resultados que podem ser encontrados no exame citopatológico e conduta a ser adotada:
Negativo para câncer: se esse for o primeiro resultado negativo, a mulher deverá fazer novo exame preventivo um
ano depois. Se ela já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a
três anos;
A Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) não é câncer e sim uma lesão precursora, que dependendo de sua gravidade,
poderá ou não evoluir para câncer. NIC I é a alteração celular que acomete as camadas mais basais do epitélio
estratificado do colo do útero (displasia leve). Cerca de 80% das mulheres com esse tipo de lesão apresentarão
regressão espontânea. NIC II é a existência de desarranjo celular em até três quartos da espessura do epitélio,
preservando as camadas mais superficiais (displasia moderada). NIC III é a observação do desarranjo em todas as
camadas do epitélio (displasia acentuada e carcinoma in situ), sem invasão do tecido conjuntivo subjacente. As
lesões precursoras de alto grau (NIC II e III) são encontradas com maior freqüência na faixa etária de 35 a 49 anos,
especialmente entre as mulheres que nunca realizaram o exame citopatológico (Papanicolaou). No resultado
compatível com NIC I recomenda-se a repetição do exame citopatológico após 6 meses. Não se esqueça de agendar
esta próxima consulta. Nos resultados compatíveis com NIC II ou NIC III recomenda-se o encaminhamento imediato
para a colposcopia, para confirmação histopatológica de que não há invasão do tecido conjuntivo.
O que é efeito citopático compatível com o HPV? O exame citopatológico não diagnostica a infecção pelo HPV e nem
o seu tipo, mas existem alterações celulares que sugerem a presença deste vírus, tais como células paraceratóticas,
escamas anucleadas, coilocitose, cariorrexis ou núcleos hipertróficos com cromatina grosseira. Neste caso,
recomenda-se a repetição do exame citopatológico (Papanicolaou) após 6 meses.
Amostra insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. Ela deve repetir o exame logo que for
possível.
Independente desses resultados, a mulher pode ter alguma outra infecção que será tratada. Deve seguir o
tratamento corretamente e, às vezes pode ser preciso que o seu parceiro também receba tratamento. Nesses casos,
é bom que ele vá ao serviço de saúde receber as orientações diretamente dos profissionais de saúde.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS
(GUYTON)
Anormalidades da Secreção pelos Ovários
Hipogonadismo — Secreção Reduzida pelos Ovários. A secreção abaixo do normal pelos ovários pode resultar de
ovários malformados, ausência de ovários ou ovários geneticamente anormais que secretam os hormônios errados,
devido à falta de enzimas nas células secretoras. Na ausência congênita dos ovários ou quando eles se tornam não
funcionais antes da puberdade, ocorre o eunuquismo feminino. Nessa condição, as características sexuais
secundárias usuais não aparecem, e os órgãos sexuais permanecem infantis. Especialmente característico dessa
condição é o crescimento prolongado dos ossos longos porque as epífises não se uniram às hastes tão cedo quanto
ocorre nas mulheres normais. Consequentemente, a mulher eunuca é basicamente tão alta quanto ou talvez até um
pouco mais alta que seu par masculino de base genética semelhante. Quando os ovários de uma mulher totalmente
desenvolvida são removidos, os órgãos sexuais regridem até certo ponto, de maneira que o útero fica quase infantil
em tamanho, a vagina fica menor e o epitélio vaginal fica fino e mais passível de sofrer lesões. As mamas se atrofiam
e adquirem aspecto pendular, e os pelos pubianos afinam. As mesmas mudanças ocorrem na mulher depois da
menopausa.
Irregularidades da Menstruação e Amenorreia Causada por Hipogonadismo. Conforme apontado na discussão
anterior sobre menopausa, a quantidade de estrogênios produzida pelos ovários precisa aumentar acima de um
valor crítico para causar ciclos sexuais rítmicos. Por conseguinte, no hipogonadismo ou quando as gônadas estão
secretando quantidades pequenas de estrogênios devido a outros fatores como, por exemplo, o hipotireoidismo, o
ciclo ovariano, geralmente, não ocorre de maneira normal. Em vez disso, muitos meses podem se passar entre os
períodos menstruais, ou a menstruação pode cessar completamente (amenorreia). Ciclos ovarianos prolongados
estão frequentemente associados à ausência de ovulação, talvez devido à secreção insuficiente de LH no momento
do pico pré-ovulatório de LH, que é necessário à ovulação.
Hipersecreção pelos Ovários. A hipersecreção extrema de hormônios ovarianos pelos ovários é entidade clínica rara,
já que a secreção excessiva de estrogênios automaticamente diminui a produção de gonadotropinas pela hipófise, o
que limita a produção de hormônios ovarianos. Por conseguinte, a hipersecreção de hormônios feminilizantes, em
geral, é reconhecida clinicamente apenas no desenvolvimento eventual de tumor feminilizante. Um raro tumor de
células da granulosa pode se desenvolver no ovário, ocorrendo com mais frequência após a menopausa do que
antes dela. Esses tumores secretam grandes quantidades de estrogênios, que exercem os efeitos estrogênicos
usuais, incluindo hipertrofia do endométrio uterino e sangramento irregular desse endométrio. Na verdade, o
sangramento, com frequência, é a primeira e única indicação da existência de tal tumor.
Condições Anormais que Causam Esterilidade Feminina
A causa mais comum de esterilidade feminina é a falta de ovulação, que pode resultar de hipossecreção de
hormônios gonadotrópicos, caso em que a intensidade dos estímulos hormonais, simplesmente, é insuficiente para
causar ovulação, ou pode resultar de ovários anômalos que não permitem a ovulação. Por exemplo, cápsulas
ovarianas espessas ocasionalmente revestem os ovários, dificultando a ovulação.
Devido à incidência elevada de anovulação em mulheres estéreis, métodos especiais muitas vezes são usados para
determinar se ocorre ovulação. Esses métodos se baseiam principalmente nos efeitos da progesterona no corpo,
pois o aumento normal da secreção de progesterona, em geral, não ocorre durante a última metade dos ciclos
anovulatórios. Na ausência de efeitos progestacionais, pode-se assumir que o ciclo é anovulatório.
Um desses testes é, simplesmente, analisar a presença de pico de pregnanediol, o produto final do metabolismo da
progesterona na urina, durante a última metade do ciclo sexual; a ausência dessa substância indica anovulação.
Outro método de avaliação comum é a mulher medir sua temperatura corporal durante todo o ciclo. A secreção de
progesterona, na última metade do ciclo, eleva a temperatura corporal em cerca de 2,7°C (0,5°F), e o aumento da
temperatura se dá subitamente, no momento da ovulação.
A ausência de ovulação, causada por hipossecreção dos hormônios gonadotrópicos hipofisários, pode, às vezes, ser
tratada pela administração temporal adequada de gonadotropina coriônica humana, um hormônio (a ser discutido
no Capítulo 83) secretado pela placenta humana. Esse hormônio, embora secretado pela placenta, tem quase os
mesmos efeitos que o LH e, por isso, é um poderoso estimulador da ovulação. Entretanto, o uso excessivo desse
hormônio pode causar a ovulação de vários folículos simultaneamente, resultando em fetos múltiplos, efeito que já
causou o nascimento de até oito bebês (natimortos, em muitos casos) de mães inférteis,tratadas com o hormônio.
Uma das causas mais comuns de esterilidade feminina é a endometriose, condição comum na qual o tecido
endometrial, quase idêntico ao endométrio uterino normal, cresce e menstrua na cavidade pélvica ao redor do
útero, das trompas de Falópio e dos ovários. A endometriose ocasiona fibrose por toda a pelve, e essa fibrose, às
vezes, envolve de tal maneira os ovários, que impossibilita a liberação de óvulo na cavidade abdominal. Com
frequência, a endometriose obstrui as trompas de Falópio, seja nas terminações fimbriadas ou em outra parte de sua
estrutura. Outra causa comum de infertilidade feminina é a salpingite, ou seja, inflamação das trompas de Falópio,
causando fibrose nas trompas e obstruindo-as. Antigamente, essa inflamação ocorria, particularmente, em
decorrência de infecções gonocócicas. Entretanto, com as terapias modernas, trata-se, hoje, de causa menos
prevalente de infertilidade feminina.
Outra causa ainda de infertilidade é a secreção anormal de muco pelo colo uterino. Geralmente, no momento da
ovulação, o meio hormonal do estrogênio causa secreção de muco com características especiais que permitem a
rápida mobilidade dos espermatozoides para o útero, efetivamente guiando os espermatozoides pelos “filamentos”
mucosos. Anormalidades do próprio colo uterino, como infecções ou inflamações de baixo grau, ou estimulação
hormonal anômala do colo uterino, podem criar tampão de muco viscoso que impede a fertilização.
(ROBBINS)
Vulvite: Uma das causas mais comuns de vulvite é a inflamação reativa em resposta a um estímulo exógeno, seja um
irritante (dermatite irritante de contato), seja um alérgeno (dermatite alérgica de contato). O traumatismo induzido
pelo ato de coçar, secundário à “coceira” (prurido) intensa associada, muitas vezes agrava a condição primária. A
dermatite eczematosa irritante de contato manifesta-se como exsudação eritematosa bem definida e pápulas e
placas crostosas, podendo ser uma reação a urina, sabões, detergentes, antissépticos, desodorantes ou álcool. A
dermatite alérgica tem aparência clínica semelhante e pode resultar de alergia a perfumes, aditivos em cremes,
loções e sabonetes, tratamentos químicos no vestuário e outros antígenos. A vulvite também pode ser causada por
infecções que, nesse caso, muitas vezes são sexualmente transmissíveis.
Vaginite: A vaginite é uma condição relativamente comum, geralmente transitória e sem consequência clínica. Está
associada à produção de corrimento vaginal (leucorreia). Grande variedade de microrganismos está envolvida,
incluindo bactérias, fungos e parasitas. Muitos são comensais normais que se tornam patogênicos apenas em caso
de diabetes, antibioticoterapia sistêmica (que causa perturbação da flora microbiana normal), imunodeficiência,
gravidez ou aborto recente. Nos adultos, a infecção primária gonorreica da vagina é incomum. Os únicos outros
microrganismos dignos de menção, porque são agressores frequentes, são Candida albicans e Trichomonas vaginalis.
Vaginite por Candida (monilial) é caracterizada por corrimento branco coalhado. Esse microrganismo é parte da flora
vaginal normal em cerca de 5% das mulheres, de modo que o aparecimento de infecção sintomática quase sempre
envolve uma das influências predisponentes citadas anteriormente ou superinfecção por uma cepa nova e mais
agressiva. O T. vaginalis produz um corrimento aquoso e abundante verde-acinzentado onde os parasitas podem ser
identificados por microscopia. Trichomonas também podem ser identificadas em cerca de 10% das mulheres
assintomáticas; assim, a infecção ativa geralmente decorre da transmissão sexual de uma nova cepa.
Cervicite: As condições inflamatórias do colo do útero são extremamente comuns e estão associadas a corrimento
vaginal purulento. As cervicites podem ser subclassificadas como infecciosas ou não infecciosas, embora a
diferenciação seja difícil devido à presença de uma flora vaginal normal que inclui aeróbios e anaeróbios vaginais
incidentais, estreptococos, estafilococos, enterococos e Escherichia coli. Muito mais importantes são Chlamydia
tracomatis, Ureaplasma urealyticum, T. vaginalis, Candida spp., Neisseria gonorrhoeae, HSV-2 (o agente do herpes
genital) e determinados tipos de HPV, sendo que todos são, muitas vezes, sexualmente transmissíveis. O C.
trachomatis é de longe o mais comum desses patógenos, representando até 40% dos casos de cervicite encontrados
na clínica de doença sexualmente transmissível (DST). Embora menos comuns, as infecções herpéticas são notáveis
porque a transmissão entre bebê e mãe durante o parto pode resultar em infecção herpética sistêmica grave e, às
vezes, fatal no recém-nascido. A cervicite comumente chama a atenção no exame de rotina ou devido à leucorreia. A
cultura do corrimento deve ser interpretada com cautela porque (como mencionado anteriormente) microrganismos
comensais estão praticamente sempre presentes. Apenas a identificação de patógenos conhecidos é útil.
Neoplasias de colo de útero: A maioria dos tumores de colo do útero é de origem epitelial e é causada por cepas
oncogênicas do papilomavírus humano (HPV). Durante o desenvolvimento, o epitélio colunar mucossecretor da
endocérvice é unido à cobertura epitelial escamosa da ectocérvice na abertura do colo do útero. Com o início da
puberdade, a junção escamocolunar sofre eversão, tornando o epitélio colunar visível na ectocérvice. As células
colunares expostas, no entanto, subsequentemente sofrem metaplasia escamosa, formando uma região chamada
zona de transformação. Lesões pré-cancerosas do colo do útero estão associadas a anormalidades em preparações
citológicas (exame de Papanicolau) que podem ser detectadas muito antes que qualquer anormalidade seja visível
na inspeção macroscópica. A detec- ção precoce de alterações displásicas é a razão para o teste de Papanicolau
(PAP), no qual as células são raspadas da zona de transformação e microscopicamente examinadas. Até hoje, o
exame de Papanicolau continua sendo o teste de triagem para câncer mais bem-sucedido já desenvolvido. Nos
Estados Unidos, o teste de Papanicolau reduziu drasticamente a incidência de tumores invasivos do colo do útero
para cerca de 12.000 casos por ano, com mortalidade de cerca de 4.000 por ano; na verdade, o câncer do colo do
útero não está mais classificado entre as 10 principais causas de morte por câncer em mulheres americanas.
Paradoxalmente, a incidência de NIC aumentou para o seu atual nível de mais de 50.000 casos por ano. O aumento
da detecção certamente contribuiu para isso. A recém-introduzida vacina quadrivalente contra o HPV para os tipos
6, 11, 16 e 18 é muito eficaz na prevenção de infecções de HPV e, com isso, espera-se que reduza em muito a
frequência das verrugas genitais e cânceres de colo de útero associados a esses sorotipos de HPV. Apesar da sua
eficácia, a vacina não substitui a necessidade do exame de rotina para o câncer de colo de útero — muitas mulheres
em situação de risco já estão infectadas, e a vacina protege apenas contra alguns dos muitos sorotipos oncogênicos
de HPV.
Adenomiose: A adenomiose refere-se ao crescimento da camada basal do endométrio para dentro do miométrio.
Ninhos de estroma endometrial, glândulas ou ambos são encontrados profundamente no miométrio interpostos
entre os feixes musculares. A presença aberrante de tecido endometrial induz hipertrofia reativa do miométrio,
resultando em útero globular alargado, muitas vezes com parede uterina espessa. Como as glândulas na adenomiose
derivam do estrato basal do endométrio, elas não passam por sangramento cíclico. No entanto, adenomiose
acentuada pode produzir menorragia, dismenorreia e dor pélvica antes do início da menstruação.
Endometriose: A endometriose é definida pela presença de glândulas e estroma endometriais em local fora do
endomiométrio. Ela ocorre em até 10% das mulheres em seus anos reprodutivos e em quase metade das mulheres
com infertilidade. É frequentemente multifocal e muitas vezes envolve estruturas pélvicas (ovários, bolsa
retouterina, saco de Douglas, ligamentos uterinos, tubas e septo retovaginal). Menos frequentemente, áreas
distantes da cavidade peritoneal ou tecidos periumbilicais estão envolvidas. Raramente, locais distantes, como
linfonodos, pulmões e até mesmo coração, músculo esquelético ou osso, são acometidos. Três hipóteses foram
formuladas para explicar a origem dessas lesões dispersas (Fig. 18-9). A teoria da regurgitação, que é defendida
atualmente, propõe que o refluxo menstrual através das tubas uterinas conduz à implantação. A teoria metaplásica,
por outro lado, postula a diferenciação endometrial do epitélio celômico (de onde o endométrio se origina) como a
fonte. Essas duas teorias não podem, no entanto, explicar as lesões nos linfonodos, músculo esquelético ou
pulmões. Assim, a teoria de disseminação vascular ou linfática foi invocada para explicar os implantes extrapélvico
ou intranodal. Concebivelmente, todos os caminhos poderiam ser válidos em casos individuais. Estudos recentes
sugerem que o tecido de endometriose não é apenas deslocado, mas também anormal. Em comparação com o
endométrio normal, tecidos de endometriose exibem níveis aumentados de mediadores inflamatórios,
particularmente prostaglandina E2, e aumento da produção de estrogênio devido à elevada atividade aromatase das
células estromais. Essas alterações aumentam a sobrevivência e a persistência do tecido de endometriose dentro de
uma localização externa (uma característica-chave na patogenia da endometriose) e ajudam a explicar os efeitos
benéficos dos inibidores de COX-2 e inibidores de aromatase no tratamento da endometriose.
Doença do ovário policístico: A doença do ovário policístico (anteriormente chamada de síndrome de Stein-
Leventhal) é um distúrbio no qual múltiplos folículos císticos nos ovários produzem androgênios e estrogênios em
excesso. Ela geralmente chama a atenção após a menarca em adolescentes ou adultos jovens que apresentam
oligomenorreia, hirsutismo, infertilidade e, às vezes, obesidade. Os ovários geralmente têm duas vezes o tamanho
normal, branco-acinzentados com córtex exterior liso e guarnecido de cistos de 0,5-1,5 cm de diâmetro. O exame
histológico revela uma cápsula ovariana fibrótica e espessa que recobre inúmeros folículos císticos revestidos por
células da granulosa com teca interna luteinizada hiperplásica. Há uma notável ausência de corpo lúteo no ovário.
Na maioria dos pacientes, as principais anormalidades bioquímicas são produção excessiva de androgênios, altas
concentrações do hormônio luteinizante e concentra- ções baixas de hormônio folículo-estimulante. As origens
dessas alterações são mal compreendidas, mas é proposto que os ovários elaboram androgênios em excesso, que
são convertidos em hormônios estrogênicos nos depósitos gordurosos periféricos, que inibem a secreção de
hormônio folículo-estimulante pela hipófise através do hipotálamo.