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SISTEMA GENITAL

SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................... 3
2. Desenvolvimento Das Gônadas........................... 4
3. Desenvolvimento Dos Testículos......................... 8
4. Desenvolvimento Dos Ovários............................11
5. Desenvolvimento Dos Ductos Genitais E
Glândulas Masculinas..................................................14
6. Desenvolvimento Dos Ductos Genitais,
Glândulas Femininas E Vagina.................................16
7. Desenvolvimento Das Genitálias
Externas Feminina E Masculina...............................21
8. Desenvolvimento Do Canal Inguinal, Deslocamento
Dos Testículos E Ovário...............................................25
Referências Bibliograficas..........................................31
SISTEMA GENITAL 3

1. INTRODUÇÃO O sexo cromossômico é determinado


pelo tipo de cromossomo que o es-
O sistema genital é derivado do sis-
permatozoide carrega, ou seja, X ou
tema urogenital, que também dá ori-
Y, determinando, respectivamente,
gem ao sistema urinário. Os dois sis-
que nasça um indivíduo do sexo fe-
temas têm a mesma origem durante
minino ou masculino. Isso porque, o
as primeiras semanas de desenvolvi-
óvulo (oócito) sempre carrega o cro-
mento embrionário, após a separação
mossomo X.
do tubo digestivo do seio urogenital,
através do septo urorretal. Vale pon- Nos estágios iniciais da gestação, as
tuar que o sistema urinário começa gônadas são indiferenciadas, e a par-
seu desenvolvimento antes do de- tir da 7ª semana se inicia a diferen-
senvolvimento genital, além de que ciação sexual, quando a gônada se
algumas estruturas que fazem parte direciona para formar os testículos,
da formação do sistema urinário tam- produtores de espermatozoides, ou
bém derivam estruturas que compõe ovários, produtores de oócitos.
o sistema genital.

MAPA MENTAL: EMBRIOGÊNESE DO SISTEMA GENITAL

EMBRIOGÊNESE
DO SISTEMA
GENITAL

SEIO UROGENITAL

SISTEMA URINÁRIO SISTEMA GENITAL

GÔNADAS

APARELHO GENITAL INTERNO

GENITÁLIAS EXTERNAS

GLÂNDULAS MASCULINAS
E FEMININAS
SISTEMA GENITAL 4

2. DESENVOLVIMENTO compondo a parte mais inicial da gô-


DAS GÔNADAS nada indiferenciada. O mesênquima
é proveniente do tecido conjuntivo
As gônadas, órgãos que produzem
embrionário, o qual recebe as células
as células sexuais, são derivadas de
germinativas. E as células germina-
três tecidos: mesotélio, mesênquima
tivas primordiais são células sexuais
subjacente e células germinativas
indiferenciadas, que migram da re-
primordiais. O mesotélio é deriva-
gião próximo da vesícula umbilical em
do do epitélio mesodérmico que re-
direção à região do mesênquima.
veste a parede abdominal posterior,

Mesentério
Ducto
urogenital
paramesonéfrico

Células germinativas
primordiais

Intestino posterior

Mesênquima

Figura 1. Gônadas indiferenciadas e os ductos paramesonéfricos. Fonte: MOORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG.
Embriologia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.

A gônada indiferenciada começa a gonadais, que são duas, as quais re-


se desenvolver a partir da 5ª sema- cebem as células primordiais indife-
na de gestação, com o espessamento renciadas, compondo a gônada pri-
do mesotélio no lado medial do me- mitiva indiferenciada.
sonefro (desenvolvimento urinário). Dentro das cristas gonadais há o sur-
Esse mesotélio se une ao mesênqui- gimento dos cordões gonadais, que
ma adjacente, originando as cristas é o epitélio digitiforme de onde se
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origina muitas estruturas genitais, es- Lembrando que neste estágio do de-
pecialmente do testículo. Nessa fase, senvolvimento embrionário ainda não
a gônada possui duas partes, que são se pode identificar qual será o sexo
o córtex (externa) e a medula (interna). do embrião.

Mesonefro Aorta

Ducto mesonéfrico

Primórdio da gônada
Células
Nível da secção C germinativas
primordiais
Vesícula umbilical Mesentério dorsal
Células
Alantoide germinativas
primordiais

Blastema Crista gonadal Ducto paramesonéfrico


Broto uretérico metanéfrico

Figura 2. Embrião de 5 semanas ilustrando a migração de células germinativas primordiais da vesícula umbilical para
o embrião com as gônadas indiferenciadas em desenvolvimento. Fonte: MOORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG.
Embriologia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.

As células germinativas sexuais são Na 6ª semana de desenvolvimento em-


grandes e esféricas, que começam a mi- brionário, as células germinativas primor-
grar da base da vesícula umbilical a partir diais são incorporadas aos cordões go-
de 24 dias de desenvolvimento embrio- nadais, quando começa a determinação
nário até a crista gonadal. Essa migração do sexo masculino a partir da 7ª semana.
ocorre através do mesentério dorsal do Se o sexo cromossômico do embrião em
intestino posterior para as cristas gona- desenvolvimento for X, serão originados
dais, onde essas células germinativas os ovários, a partir do córtex da gônada
são envolvidas, formando a gônada pri- indiferenciada e a medula involui. Se o
mitiva indiferenciada. Essa migração é sexo cromossômico for Y, serão origina-
estimulada pelos genes stella, fragilis e dos os testículos a partir da medula e o
BMP-4. Sem essa estimulação, a gônada córtex desta gônada involui. Isso ocorre a
primitiva não será funcional, ou seja, não partir da estimulação hormonal ou ausên-
produzirá gametas. cia dela e ação de fatores de crescimento.
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O fenótipo masculino é estimulado Sox 9. Assim, duas redes reguladoras


pela presença do cromossomo SRY, de genes impedem o desenvolvimen-
que determina a produção do fator to dos ovários na presença do gene
determinante de testículos (FTD), o SRY, que são as vias Wnt4, Foxl2, Fst
qual induz a diferenciação da gôna- e Rspo1, enquanto outras aumentam
das primitivas para se tornar os tes- o desenvolvimento testicular, que são
tículos. Aqui, os cordões gonadais se as vias Fgf9, Amh e Dhh.
transformam em cordões seminíferos, O sexo feminino começa a ser deter-
que são os primórdios dos túbulos minado a partir da 12ª semana, e se
seminíferos, os quais compreendem desenvolve na ausência desses hor-
as células germinativas produtoras mônios, principalmente do hormônio
dos espermatozoides. Além disso, a antimulleriano, e do fator determinan-
diferenciação sexual masculina tam- te dos testículos. Além disso, a deter-
bém é controlada pelos hormônios minação do sexo feminino depende
testosterona, Di-hidrotestosterona e da presença de dois cromossomos X
hormônio antimulleriano. O hormônio e vários genes estão envolvidos, pro-
antimulleriano promove o bloqueio do cesso que independe da existência
desenvolvimento do aparelho genital de ovários, apesar de que o estróge-
feminino. no participa da maturação das estru-
Além disso, o gene SRY ativa um po- turas sexuais femininas.
tencializador específico de testículo
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Desenvolvimento dos Desenvolvimento dos


testículos Agregação de células da crista neural Tubo neural ovários
Ducto mesonéfrico Gânglio simpático
Cordão sexual primário Aorta
Ducto paramesonéfrico
Células germinativas primordiais Primórdio da medula suprarrenal
Gônada indiferenciada Primórdio do córtex suprarrenal
Crista gonadal

Medula suprarrenal Córtex suprarrenal

Cordões corticais Cordões corticais


Cordões gonadais
iniciais

Mesovário Ducto paramesonéfrico


Ducto Células germinativas
Cordão seminífero Intestino posterior mesonéfrico primordiais
Cordões corticais
Mesórquio Ducto paramesonéfrico
Rede Rede ovariana
testicular em degeneração
Ducto e túbulo
Septo domesonéfrico
testículo Folículo ovariano
Cordão primordial
seminífero
Epitélio de Tuba uterina
superfície

Células estromais
(tecido conjuntivo)
Espermatogônia Oogônia

Figura 3. Determinação dos sexos. Fonte: MOORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG. Embriologia clínica. 10ª ed.
Elsevier, 2016.
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CÉLULAS
GERMINATIVAS
PRIMORDIAIS

+
MESOTÉLIO
(PAREDE ABDOMINAL MESÊNQUIMA
POSTERIOR)

Stella
Fragilis
BMP-4
CRISTAS
GONADAIS

A PARTIR DA
5ª SEMANA

GÔNADA CORDÕES
MESONEFRO
INDIFERENCIADA GONADAIS

CORDÕES trocar
SEMINÍFEROS
7ª SEMANA

CÓRTEX XY (MASCULINO) TESTÍCULOS

MEDULA XX (FEMININO) OVÁRIOS

12ª SEMANA

3. DESENVOLVIMENTO formam a rede testicular, se tornando


DOS TESTÍCULOS os túbulos seminíferos. A porção cen-
tral dessa rede testicular recebe toda
Como já mencionado, o desenvolvi-
a produção de espermatozoides.
mento dos testículos depende do fa-
tor determinante dos testículos (FDT), A camada externa é chamada de tú-
que induz os cordões seminíferos a se nica albugínea, também presente nos
condensarem na medula da gônada ovários, que consiste em uma cápsula
indiferenciada. A partir de ramifica- fibrosa que protege a estrutura germi-
ção e anastomoses, esses cordões se nativa e também permite a separação
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dos cordões seminíferos do epitélio e a androstenediona, que induzem


de superfície. O desenvolvimento da a diferenciação masculina dos duc-
túnica albugínea é o aspecto caracte- tos mesonéfricos e genitália externa,
rístico do desenvolvimento testicular cuja algumas estruturas são deriva-
Além disso, o crescimento do testículo das dos ductos mesonéfricos (desen-
durante o desenvolvimento embrio- volvimento do sistema urinário – seio
nário promove sua separação do me- urogenital). Além disso, a produção
sonefro, visto que inicialmente a gô- de testosterona ocorre entre a 8ª e
nada indiferenciada é muito próxima 12ª semanas de desenvolvimento
ao mesonefro. No entanto, é mantida embrionário estimulada pela gonado-
a conexão com a parede posterior do trofina coriônica humana (HCG).
embrião através do mesórquio, que Outro hormônio fundamental no de-
é um tipo de mesentério do testículo, senvolvimento dos testículos é o hor-
por onde passam os vasos sanguíne- mônio antimulleriano (HAM), que é
os e de onde, posteriormente, passa o produzido pelas células de Sertoli
ducto deferente que sai do epidídimo (células de sustentação), e que supri-
e permite a passagem dos esperma- mem o desenvolvimento dos ductos
tozoides na ejaculação. paramesonéfricos, que originam o
Os cordões seminíferos, estimulados útero e as tubas uterinas. O HAM é
pelo FDT, originam os túbulos seminí- produzido até a puberdade, quando o
feros, túbulos retos e rede testicular. desenvolvimento sexual passa a ser
Nos túbulos seminíferos é onde come- mais estimulado por outros hormô-
ça a produção dos espermatozoides, nios masculinos. Defeitos na produ-
que daí passam para os túbulos re- ção e receptores hormonais geram
tos, que desaguam na rede testicular, má formações importantes no desen-
a qual também participa do processo volvimento do embrião do sexo mas-
de maturação dos espermatozoides. culino, relacionadas com seu sistema
genital.
Os túbulos seminíferos são separa-
dos pelo mesênquima, que dá ori- Os túbulos seminíferos possuem a
gem às células de Leydig, que são luz obstruída até a puberdade, quan-
células intersticiais secretoras dos do ocorre apoptose das células que
hormônios androgênicos, fundamen- provocam essa obstrução. Além dis-
tais para as fases iniciais da embrio- so, esses túbulos são compostos ba-
gênese, pois, como já mencionado, sicamente pelas células de Sertoli,
estimula a diferenciação da gônada produtoras do HAM, e espermatogô-
indiferenciada masculina. Os hormô- nias, que são as células primitivas dos
nios androgênicos são a testosterona espermatozoides. As células de Ser-
toli formam a maior parte do epitélio
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seminífero no testículo fetal e são camada de células externa que pro-


derivadas do epitélio de superfície tege o testículo. Além disso, há a for-
do testículo, epitélio inicial que poste- mação da rede testicular, que recebe
riormente é separado da parte interna os espermatozoides prontos e se co-
dos ductos. As espermatogônias são munica com os 15 a 20 túbulos me-
derivadas das células germinativas sonéfricos, que se tornam os dúctu-
primordiais, após a migração delas até los eferentes, os quais, por sua vez,
a formação da gônada indiferenciada. se unem ao ducto mesonéfrico e se
Na fase final do desenvolvimento torna o ducto do epidídimo. Dentro do
do testículo, ocorre um achatamento epidídimo, os espermatozoides ama-
do epitélio de superfície do testícu- durecem e ganham o ducto do epidí-
lo (córtex), e formação do mesotélio, dimo durante a ejaculação.

MAPA MENTAL – DESENVOLVIMENTO DOS TESTÍCULOS

Wnt4 Foxl2 Fst Rspo1


(inibe ovários)
CROMOSSOMO
SRY
Fgf9 Amh Dhh
(estimula testículos)

Testosterona
H. antimulleriano
Di-hidrotestosterona
+ FTD

CORDÕES GONADAIS

CORDÕES SEMINÍFEROS
(MEDULA)

TÚBULOS
PRODUÇÃO DE
SEMINÍFEROS
ESPERMATOZOIDES
(REDE TESTICULAR)

CÉLULAS DE SERTOLI HORMÔNIOS


CÉLULAS DE LEYDIG
(SUSTENTAÇÃO) ANDROGÊNICOS

ESPERMATOGÔNIAS
(CÉLULAS H. ANTIMULLERIANO
GERMINATIVAS
PRIMORDIAIS)

SUPRESSÃO
DOS DUCTOS
PARAMESONÉFRICOS
SISTEMA GENITAL 11

4. DESENVOLVIMENTO A partir da 16ª semana, ocorre a rup-


DOS OVÁRIOS tura dos cordões corticais em grupos
de células isoladas para formação
O desenvolvimento da gônada femi-
dos folículos primordiais, que contém
nina é mais lento, começando a par-
uma oogônia (derivada da célula ger-
tir da 10ª semana, antes disso não é
minativa) em cada folículo. Os folícu-
possível identificar o ovário histologi-
los são rodeados por uma camada de
camente. Aqui, os cordões gonadais
células foliculares achatadas deriva-
não são proeminentes no ovário em
das do epitélio de superfície Diferen-
desenvolvimento, mas formam uma
te do sexo masculino, a mitose para
rede de canais na região medular,
produção de todas as oogônias ocor-
adentrando a gônada indiferencia-
re durante o período fetal, ou seja,
da, assim a essa rede normalmente
não há produção de folículos primor-
degenera.
diais novos após o nascimento, ape-
O desenvolvimento ovariano ocorre sar de que algumas oogônias dege-
a partir do crescimento dos cordões neram, porém cerca de 2 milhões de
corticais, que se estendem do epitélio oogônicas permanecem, crescem e
de superfície para o interior do me- se tornam oócitos primários. Duran-
sênquima adjacente ovariano durante te o ciclo menstrual, o oócito cresce
o período embrionário fetal. Esse epi- e rompe o folículo, sendo liberado na
télio é derivado do mesotélio do peri- tuba uterina para ser fecundado por
tônio e durante o crescimento desses um espermatozoide.
cordões, as células germinativas pri-
mordiais são incorporadas neles.
SISTEMA GENITAL 12

Ducto paramesonéfrico
em desenvolvimento Túbulos e ductos
mesonéfrico em
degeneração

Cordões corticais

Fímbrias
Estroma e vasos

Ovogônia
Células foliculares

Epoóforo
Oviduto Paroóforo

Cisto de Gartner
(remanescente do
ducto mesonéfrico)

Figura 4. Desenvolvimento dos ovários. Fonte: Schoenwolf, Gary C, et al. Larsen: Embriologia Clínica. 5ª ed. Elsevier
SISTEMA GENITAL 13

Assim como ocorre na formação do mesotélio do peritônio no hilo do ová-


testículo, nos estágios finais do de- rio, por onde entram e saem vasos e
senvolvimento do embrião do sexo nervos. A túnica albugínea separa o
feminino ocorre o achatamento do epitélio de superfície dos folículos do
epitélio de superfície bem como a for- córtex. O ovário fica suspenso lateral-
mação da túnica albugínea e separa- mente pelo mesovário, à medida qe
ção do mesonefro. O epitélio de su- se separa do mesonefro, e esse me-
perfície achatado forma uma camada sovárioque também funciona como
única de células contínuas com o um tipo de mesentério do ovário.

SE LIGA! O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e termina quando come-
ça o novo ciclo. Assim, a menstruação é o início do ciclo menstrual, que é compostos por dois
ciclos, um que ocorre no ovário e outro no útero. O ciclo ovariano possui a fase folicular e a
fase lútea, enquanto o ciclo uterino possui a fase menstrual, fase proliferativa e fase secretora.
Além disso, os dois ciclos compartilham a ovulação, que é a liberação o óvulo de seu folículo
(dominante – um dos folículos de um dos ovários que se tornam maior que todos na metade
da fase folicular). Na fase proliferativa, o estrógeno produzido pelos folículos ovarianos induz
o espessamento do endométrio, criando um ambiente propício para recepção do óvulo fe-
cundado. Depois da ovulação se inicia a segunda metade do ciclo, quando ocorrem as fases
lútea e secretora. Na fase lútea, o folículo que continha o óvulo liberado se transforma no cor-
po lúteo e começa a produzir progesterona e estrogênio, que darão suporte para a gravidez
inicial, caso ocorra. Na fase secretora, o útero libera substâncias, como as prostaglandinas,
que irão dar suporte à uma gravidez inicial, permitindo a fixação do óvulo fecundado. Se não
houver fecundação, o corpo lúteo deixa de produzir seus hormônios e essa baixa hormonal,
em conjunto com os efeitos da prostaglandina induzem a contração dos vasos sanguíneos e
liberação do endométrio, iniciando um novo ciclo com a menstruação.
SISTEMA GENITAL 14

MAPA MENTAL – DESENVOLVIMENTO DOS OVÁRIOS

GÔNADA
INDIFERENCIADA

INCORPORAÇÃO DE CRESCIMENTO DOS


CÉLULAS GERMINATIVAS CORDÕES CORTICAIS

A PARTIR DA 12ª SEMANA

RUPTURA DOS
CORDÕES CORTICAIS

A PARTIR DA 16ª SEMANA

FORMAÇÃO DOS
FOLÍCULOS PRIMÁRIOS

OOGÔNIAS

5. DESENVOLVIMENTO para o desenvolvimento dos ductos


DOS DUCTOS GENITAIS E do sistema reprodutor masculino.
GLÂNDULAS MASCULINAS
Por isso, ocorre o bloqueio hormonal
Até a 6ª semana do desenvolvimento do desenvolvimento da genitália fe-
embrionário, como já mencionado, as minina em embriões do sexo mascu-
gônadas são indiferenciadas, a par- lino a partir dos hormônios masculini-
tir desse período, como os estímulos zantes, principalmente a testosterona.
hormonais, ocorre a diferenciação dos Com isso, a partir da 6ª/7ª semana, há
ductos mesonéfricos (ductos de Wolf) a produção do hormônio antimulleria-
no pelas células de Sertoli, induzindo
SISTEMA GENITAL 15

a regressão dos ductos paramesoné- mesonéfrico. O seio urogenital forma


fricos, e a partir da 8ª semana, a pro- o epitélio glandular (endoderma), e
dução de testosterona pelas células evaginações do endoderma do seio
intersticiais estimula os ductos meso- urogenital crescem adentrando o
néfricos a formarem os ductos geni- mesênquima, que forma o estroma e
tais masculinos. músculo liso, ou seja, é aqui que são
Os ductos genitais masculinos, de- produzidas as secreções prostáticas
rivados do ducto mesonéfrico, são que também compõe o sêmen, sen-
os dúctulos eferentes, o epidídimo, o do importante para proteção e manu-
ducto do epidídimo e ducto deferente, tenção da viabilidade dos esperma-
próstata, ductos das glândulas semi- tozóides. Lembrando que a bexiga e
nais e ducto ejaculatório. Os esperma- a uretra é toda derivada do endoder-
tozoides produzidos nas células ger- ma (seio urogenital) também. Os ge-
minativas passam, respectivamente, nes Hox são fundamentais para o da
pelos ductos eferentes chegando ao próstata e das glândulas seminais.
epidídimo, onde são armazenados e Além disso, o sistema reprodutor
recebem o acrossomo e ganham ca- masculino também possui as glându-
pacidade de mobilidade, daí passam las bulbouretrais, que também pro-
pelo ducto do epidídimo que desem- duzem secreções que fazem parte do
bocam no ducto deferente. O ducto sêmem, e essas glândulas também
deferente atravessa a próstata e se são formadas a partir do endoderma,
une aos ductos das glândulas semi- por evaginações da parte esponjo-
nais, formando o ducto ejaculatório, sa da uretra que forma a o epitélio, e
que leva o sêmen até a uretra durante mesênquima, que compõe o estroma
a ejaculação. As glândulas seminais, e músculo liso. A secreção das glân-
também originadas do ducto meso- dulas bulbouretrais permitem a lubri-
néfrico, produzem secreção que nutre ficação e alcalinização da uretra, para
os espermatozoides. diminuir a acidez promovida pela uri-
A próstata é formada a partir de dois na, contribuindo para a viabilidade
derivados, o seio urogenital e ducto dos espermatozoides.
SISTEMA GENITAL 16

Ducto deferente

Ureter

Vesícula seminal

Próstata
Glândula
bulbouretral

Figura 5. Desenvolvimento da próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais. Fonte: Schoenwolf, Gary C, et al.
Larsen: Embriologia Clínica. 5ª ed. Elsevier

6. DESENVOLVIMENTO e caudalmente uma união na linha


DOS DUCTOS GENITAIS, mediana para formar o primórdio do
GLÂNDULAS FEMININAS E seio uterovaginal, de onde se origina
VAGINA o útero e a parte cranial da vagina.
Os ductos paramesonéfricos (ductos Como no desenvolvimento de um em-
de Muller) originam os ductos do sis- brião do sexo feminino não conta com
tema reprodutor feminino, ou seja, tu- a influência da testosterona, o ductos
bas uterinas, úteros e parte superior mesonéfricos femininos regridem, ao
da vagina, na ausência de estimulação passo que os ductos paramesonéfri-
hormonal. Esses ductos são laterais cos se desenvolve, graças à ausência
às gônadas (indiferenciadas) e aos do hormônio anti-mulleriano. Além
ductos mesonéfricos em cada lado a disso, não há necessidade da presen-
partir de invaginações longitudinais ça do ovário nem de hormônios fe-
do mesotélio lateral dos mesonefros, mininos, como o estrógeno, para que
cujas bordas se fundem formando os ocorra a formação da genitália interna
ductos paramesonéfricos. Esses duc- feminina. Porém, estrogênios produ-
tos apresentam cranialmente uma zidos pelos ovários e placenta esti-
abertura para a cavidade abdominal mula a maturação das tubas uterinas,
útero e vagina (porção superior).
SISTEMA GENITAL 17

MAPA MENTAL – DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS GENITAIS E GLÂNDULAS MASCULINAS

CÉLULAS DE SERTOLI CÉLULAS INTERSTICIAIS

Testosterona
H. antimulleriano

DUCTOS MESONÉFRICOS

DUCTOS EFERENTES

DUCTO DO EPIDÍDIMO EPIDÍDIMO

DUCTO DEFERENTE

PRÓSTATA Gene Hox GLÂNDULAS SEMINAIS

DUCTO EJACULATÓRIO

SEIO UROGNITAL URETRA (EJACULAÇÃO)

GLÂNDULAS
BULBOURETRAIS
SISTEMA GENITAL 18

ductos possuem uma abertura para


SE LIGA! O mesonefro é o segundo a cavidade abdominal, formando um
na sequência de conjuntos sucessivos tipo de cálice, local que capta o óvu-
de rins primordiais, que dão origem ao
lo maduro durante o ciclo menstrual,
rim definitivo. Diferente do pronefron, o
mesonefro já apresenta função filtrativa, ou seja, essa porção não se funde. Na
sendo aqui a formação dos glomérulos, porção caudal, os ductos parameso-
ductos e túbulos mesonéfricos e tam- néfricos se fundem na linha media-
bém os ductos paramesonéfricos. Os
túbulos mesonéfricos se tornam os dúc-
na (atrás do seio urogenital), dando
tulos eferentes do testículo, no embrião origem ao primórdio uterovaginal, de
de sexo masculino, enquanto os ductos onde é formado o útero e a parte su-
mesonéfricos geram os ductos do epidí- perior da vagina.
dimo, deferente e ejaculatório e vesícula
seminal (estruturas do apêndice do epi- O útero é formado, interiormente,
dídimo), e os ductos paramesonéfricos pelo endométrio e miométrio, que
derivam os ductos genitais femininos.
são derivados do mesênquima es-
plâncnico. Para seu desenvolvimento,
Assim, dos ductos paramesonéfri- ocorre o estímulo do gene Homeobox
cos são derivados as tubas uterinas, (HOXA10).
a partir da porção cranial não fundi-
da dos ductos, e nessa parte esses

Gônadas
Mesonefro Mesonefro

Cordões corticais

Ducto
mesonéfrico

Ducto
paramesonéfrico

Seio urogenital
(bexiga em
desenvolvimento)
Primórdio
uterovaginal
Primórdio do pênis
do homem ou do
clitóris na mulher
Metanefro
Metanefro
Parte fálica do
Ureter seio urogenital
Ureter
Primórdio
uterovaginal Tubérculo do seio Reto

Figura 6. Desenvolvimento dos ductos genitais femininos. Fonte: MOORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG. Embrio-
logia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.
SISTEMA GENITAL 19

Além disso, os ductos paramesoné- derivada do seio urogenital, que tam-


fricos também originam a bolsa vesi- bém origina a bexiga, a uretra femini-
couterina, entre a bexiga urinária e o na e ao vestíbulo da genitália externa
útero; o ligamento largo, que fica na feminina.
lateral do corpo uterino, mantendo- Na fase mais inicial, ocorrem protu-
-o fixo centralizado entre a bexiga e berâncias no seio urogenital, que são
o reto; e a bolsa retouterina, que fica chamadas de bulbos sinovaginais
entre o corpo uterino e o reto. Entre as (são 2 inicialmente), os quais se fun-
camadas do ligamento largo ocorre o dem na linha mediana formando a
desenvolvimento de células mesen- placa vaginal, e durante essa fusão,
quimais que dão origem ao paramé- recebem o primórdio uterovaginal.
trio, formado por tecido conjuntivo e Essa placa vaginal inicialmente está
músculo liso, estrutura importante na fechada, e com o desenvolvimento
sustentação do corpo uterino, fixan- ocorre a decomposição das células
do-o na parede lateral da pelve. centrais da placa para formar a luz
No sexo feminino, semelhante ao que vaginal. O mesênquima, também de-
ocorre no sexo masculino (derivados rivado dos ductos paramesonéfricos,
do ducto mesonéfrico), originam-se origina o tecido conjuntivo e muscu-
glândulas acessórias dos ductos me- lar vaginal, enquanto as células pe-
sonéfricos, que são as glândulas ure- riféricas da placa formam o epitélio
trais e parauretrais, a partir de evagi- vaginal.
nações do seio urogenital, formando Além disso, há o surgimento do hí-
o epitélio de revestimento dessas men, membrana que obstrui a cavi-
glândulas, que o local de produção de dade vaginal na porção distal, próxi-
sua secreção. O muco produzido por mo ao vestíbulo da vagina. O muco
essas glândulas lubrificam a uretra e produzido pelas glândulas femininas
da região externa da vagina. fica retido durante o desenvolvimen-
Também são formadas dessa manei- to embrionário, sendo eliminado du-
ra as glândulas vestibulares maiores, rante o período perinatal, a partir do
localizadas no terço inferior dos gran- aparecimento de pequenos orifícios
des lábios, e seu muco também par- no hímen. Ou seja, o hímen funciona
ticipa da lubrificação da parte externa separando e a parte originada do seio
da vagina. urogenital do ambiente externo, pro-
A vagina se desenvolve em duas tegendo-o, visto que a trompa uterina
partes. Como já mencionado, sua possui comunicação com o peritônio.
porção cranial deriva do primórdio O hímen é formado a partir de uma
uterovaginal, a porção mais caudal é invaginação da parede posterior do
seio urogenital.
SISTEMA GENITAL 20

MAPA MENTAL – DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS GENITAIS, GLÂNDULAS FEMININAS E VAGINA

ABERTURA
TUBAS UTERINAS PARA CAVIDADE
Ausência de ABDOMINAL
hormônios HOXA10
masculinizantes

ENDOMÉTRIO

MESÊNQUIMA
ESPLÂNCNICO
DUCTOS
PARAMESO- ÚTERO MIOMÉTRIO
NÉFRICOS

PRIMÓRDIO
UTEROVAGINAL
Maturação: VAGINA
Estrógeno (placenta) (parte cranial)
SEIO UROGENITAL
PLACA VAGINAL
(parte caudal)

GLÂNDULAS BULBOS
VESTIBULARES SINOVAGINAIS
DUCTOS GLÂNDULAS
MESONÉFRICOS ACESSÓRIAS
GLÂNDULAS
URETRAIS E
PARAURETRAIS

SAIBA MAIS!
Durante a conversão dos ductos mesonéfricos e paramesonéfricos em estruturas adultas, al-
gumas partes dos ductos permanecem como estruturas vestigiais, que raramente são vistas,
exceto quando há alterações patológicas, como os cistos dos ductos de Gartner originados
de vestígios de ductos mesonéfricos. Remanescentes dos ductos mesonéfricos nos homens
podem persistir como um apêndice do epidídimo, que usualmente situa-se afixado à cabeça
do epidídimo, ou paradídimo. Remanescentes dos ductos paramesonéfricos em homens po-
dem persistir como um apêndice vesicular do testículo. Já remanescentes do ducto parame-
sonéfrico em mulheres podem persistir como um apêndice vesicular, chamada de hidátide (de
Morgagni), enquanto remanescentes do ducto mesonéfrico nas mulheres podem se manter
como apêndice vesiculoso.
SISTEMA GENITAL 21

7. DESENVOLVIMENTO A partir da 4ª semana, há um grau


DAS GENITÁLIAS de diferenciação dos tecidos que dão
EXTERNAS FEMININA E origem à genitália externa, porém
MASCULINA ainda sem diferenciação. Esses teci-
dos geram algumas estruturas, das
A genitália começa a se desenvolver
quais serão derivados as estruturas
a partir da 9ª semana de desenvolvi-
das genitálias externas. Uma dessas
mento embrionário, momento em que
estruturas é o tubérculo genital, ori-
ela é indiferenciada. A partir da 12ª
ginado do mesênquima, que é o pri-
semana, começa a diferenciação da
mórdio do pênis ou clitóris, localizado
genitália externa para o sexo femini-
na extremidade cranial da membrana
no ou masculino. O ectoderma cloacal
cloacal. As outras duas estruturas são
é a fonte para o sinal de diferenciação
as saliências labioescrotais, que são
genital através da expressão do Fgf8,
mais externas à membrana cloacal, e
que é uma via de sinalização celular.
as pregas uretrais, que a porção mais
interna.

Tubérculo genital
Tubérculo genital Prega uretral

Membrana
Saliência cloacal
Pregas uretrais labioescrotal
Estágio
indiferenciado
Falo primordial
Saliências
labioescrotais Membrana
Prega urogenital urogenital

Saliência
labioescrotal Membrana anal

Glande do pênis em
Placa uretral Glande do clitóris em
desenvolvimento
desenvolvimento
Ectoderma
Pregas uretrais Pequenos lábios
fundidas
Saliências
Prega uretral Sulco uretral
Sulco uretral labioescrotais
fundidas

Períneo

Figura 7. Genitália externa na fase indiferenciada e nas fases iniciais de diferenciação. Em C, genitália masculina e em
D, genitália feminina. Fonte: MOORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG. Embriologia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.
SISTEMA GENITAL 22

O desenvolvimento da genitália ex- vai se afastando da genitália externa,


terna masculina depende do estímu- e formação da rafe do períneo. Além
lo da testosterona, que promove o disso, os lábios escrotais formam as
alongamento e crescimento do falo bolsas escrotais no sexo masculino,
primordial, que dará origem ao pênis. crescendo e dando espaço para os
As pregas uretrais, que também são testículos, que irão migrar para essa
estimuladas a se alongarem, formam região.
as paredes laterais do sulco uretral As duas saliências labioescrotais
na superfície ventral do pênis. Esse crescem uma em direção a outra e se
sulco é revestido por uma prolifera- fundem para formar o escroto. A linha
ção de células endodérmicas, a pla- de fusão dessas pregas é a rafe es-
ca uretral, a qual se estende a partir crotal. Além disso, vale lembrar que a
da parte fálica do seio urogenital. As porção da uretra da glande é origina-
pregas uretrais se fundem uma com da do cordão ectodérmico, que cresce
a outra ao longo da superfície ven- na direção da raiz do pênis, e se fun-
tral do pênis para formar a uretra es- de com a uretra esponjosa. Também
ponjosa. Asssim, pregas uretrais são ocorre o reposicionamento do orifício
importantes para a uretra peniana e uretral externo para a ponta da glan-
formação do corpo esponjoso, a par- de. O prepúcio é uma invaginação cir-
tir da fusão na porção mediana ven- cular de ectoderma ao redor da glan-
tral do pênis, fechando e alongando de, o qual cresce para cobrir a glande.
a uretra junto com o crescimento pe-
niano. Lembrando que a porção inter- Já os corpos cavernosos e esponjo-
na da uretra é derivada do endoder- so são derivados do mesênquima do
ma, cujas células se proliferam para falo primordial, que vai crescendo e
formar o epitélio uretral a partir da se alongando. Os corpos cavernosos
placa uretral. O ectoderma superficial são responsáveis pelo entumesci-
se funde no plano mediano do pênis mento peniano durante o ato sexual
para formar a rafe peniana, fechando e o corpo esponjoso protege a uretra.
o corpo esponjoso, e ocorre o confina- As vias de sinalização para o desen-
mento da uretra esponjosa dentro do volvimento da genitália masculina é
pênis. Nesse processo, também ocor- através dos genes HOX, FGF e Shh.
re o desenvolvimento do ânus (outro
derivado da membrana cloacal), que
SISTEMA GENITAL 23

Cordão
ectodérmico
Glande do pênis Glande do pênis
Sulco uretral
Sulco uretral Pequenos lábios
Pregas uretrais
Grandes lábios
fundidas Escroto
Rafe
peniana Ânus Frênulo dos
Uretra esponjosa
pequenos lábios

Corpo cavernoso Prepúcio Monte pubiano


Orifício uretral
Clitóris
Uretra esponjosa externo
Comissura
Orifício uretral
anterior
externo
Corpo Escroto
Hímen
esponjoso Rafe peniana
(linha de fusão Rafe escrotal Orifício vaginal
das pregas (linha de fusão Comissura labial
uretrais) das saliências posterior
labioescrotais)

Figura 9. Estágios de desenvolvimento da genitália externa masculina (E e G) e feminina (F e H). Fonte: Fonte: MOORE
KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG. Embriologia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.

SE LIGA! Hipospádia é um defeito comum no desenvolvimento do pênis, provocado por erro


na fusão das pregas uretrais e saliências labioescrotais. Aqui, o orifício externo da uretra fica
a porção ventral, quando deveria estar na ponta da glande, ou até mesmo se abrir no pênis,
no escroto ou na região perineal, a depender do momento de desenvolvimento que ocorreu
o defeito.
SISTEMA GENITAL 24

Figura 10. Hipospádia. Fonte: https://bit.ly/3n7q6zW

No sexo feminino, o clitóris se deriva As pregas labioescrotais no sexo fe-


do falo primordial na ausência de es- minino permanecem não fusionadas
tímulo dos hormônios androgênicos. e originam o monte do púbis e a co-
E aqui, não ocorre a fusão das pre- missura labial anterior, e na parte cra-
gas uretrais complemente, ocorrendo nial que é fusionada é formada a co-
uma fusão cranial que dá origem ao missura labial posterior. Essas pregas
frênulo dos pequenos lábios. Os pe- também não se fusionam completa-
quenos lábios são a parte não fusio- mente, e a parte não fusionada origi-
nada dessas pregas. na os grandes lábios.
SISTEMA GENITAL 25

MAPA MENTAL – DESENVOLVIMENTO DAS GENITÁLIAS EXTERNAS

MASCULINA FEMININA

TUBÉRCULO
GENITAL PÊNIS CLITÓRIS
(CRANIAL)

PAREDES LATERAIS
ECTODERMA PREGAS URETRAIS DO SULCO URETRAL/ FUSÃO CRANIAL:
(Fgf8) (INTERNAS) CORPO ESPONJOSO PEQUENOS LÁBIOS
(RAFE PENIANA)

COMISSURAS
SALIÊNCIAS
RAFE ESCROTAL/ LATERAIS ANTERIOR
LABIOESCROTAIS
RAFE DO PERÍNEO E POSTERIOR/
(EXTERNAS)
GRANDES LÁBIOS

8. DESENVOLVIMENTO gubernáculo, chamado no sexo mas-


DO CANAL INGUINAL, culino de gubernaculum testis, que é
DESLOCAMENTO DOS um ligamento fibroso que sai do polo
TESTÍCULOS E OVÁRIO inferior do testículo e passa através
das camadas da parede abdominal
O canal inguinal é um caminho que
anterior, caminhando por todo o peri-
permite a migração dos testículos da
tônio, se fixando na porção mais cau-
parede abdominal, onde se desenvol-
dal da bolsa escrotal no sexo mascu-
vem, até a bolsa escrotal. Este canal
lino. Esse ligamento funciona como o
tem desenvolvimento igual em ambos
fio guia da descida do testículo até a
os sexos no estágio de maturação em
bolsa escrotal. Assim, o gubernáculo
que não há diferenciação sexual.
passa obliquamente através da pa-
Uma importante estrutura que rede abdominal anterior e se insere
participa da migração do testícu- na superfície internas das saliências
lo e formação do canal inguinal é o labioescrotais.
SISTEMA GENITAL 26

Outra estrutura importante na forma- canal inguinal. Ao longo da descida


ção do canal inguinal e migração dos dos testículos, o processo vaginal vai
testículos é o processo vaginal, que formando as paredes do canal ingui-
é uma evaginação do peritônio e ca- nal e revestindo o funículo espermá-
madas da parede abdominal anterior, tico, incluindo os vasos sanguíneos e
que se desenvolve ventralmente ao ducto deferente, que desce junto aos
gubernáculo, dando espaço para que testículos, e dos testículos. Ao final da
o testículo migre. Isso porque o gu- migração dos testículos, o guberná-
bernáculo é um fio guia, e assim ele culo testis fixa o testículo na porção
é estreito. Assim, o processo vaginal interna mais caudal da bolsa escrotal,
forma o canal inguinal propriamente evitando complicações como testícu-
dito. Em resumo, a herniação fisio- lo retrátil.
lógica do processo vaginal através
do caminho do gubernáculo forma o

SAIBA MAIS!
Há uma urgência urológica chamada de torção de testículo, quando o mesmo gira em torno
do próprio eixo, podendo provocar isquemia pela torção dos vasos do cordão espermático.
Esse quadro é comum na adolescência e fase adulta, e na maioria dos casos é causado pela
fixação inadequada do testículo após sua migração para a bolsa escrotal, quando há uma
frouxidão do gubernáculo. Geralmente é um quadro de dor súbita e intensa na bolsa escrotal,
que pode irradiar para região inferior do abdome e virilha, podendo estar acompanhada ou
não de náuseas e vômitos, devido a intensidade da dor. É necessária intervenção cirúrgica de
emergência, visando preservar o testículo afetado.

O anel inguinal profundo (interno) do mesonefro, com o deslocamento


é formado com a abertura na fáscia caudal, o testículo é empurrado ao
transversal do abdome (processo va- longo da parede abdominal posterior;
ginal). Já o anel inguinal superficial atrofia dos ductos paramesonéfri-
(externo) é formado com a abertura cos (bloqueados pelo hormônio anti-
da aponeurose do músculo oblíquo mulleriano), que realizam movimento
externo, que também forma o liga- transabdominal para os anéis ingui-
mento inguinal. nais profundos; e aumento do pro-
Para que o testículo faça a migração, cesso vaginal concomitante, que guia
é preciso que algumas mudanças o testículo através do canal inguinal
ocorram durante o desenvolvimen- até a bolsa escrotal. O movimento
to embrionário, como o aumento do transabdominal depende do cresci-
tamanho dos testículos; o aumento mento da parte cranial do abdome.
SISTEMA GENITAL 27

Além disso, a descida dos testículos túnica vaginal é um remanescente do


pelo canal inguinal depende do estí- processo vaginal após involuir e obli-
mulo de hormônios androgênicos e terar, localizada em contato íntimo
do aumento da pressão intra-abdo- com o testículo.
minal, que ocorre com o crescimento Até a 26ª semana de gestação, ocor-
das vísceras. re a descida do testículos até o anel
Além disso, em paralelo à descida inguinal interno, e daí até a 32ª sema-
dos testículos ocorre o alongamento na os testículos descem para a bolsa
dos vasos testiculares, que se original escrotal. Porém, essa migração ainda
na aorta, veia cava e veia renal es- pode ocorrer após o nascimento, nos
querda, e o ducto deferente também primeiros meses de vida da criança,
se alonga e cruza anterior ao ureter. principalmente em pacientes prema-
Em conjunto a isso, as estruturas da turos. Após a descida dos testículos,
parede abdominal anterior também o cana inguinal se contrai em torno
formam as estruturas mais externas do cordão espermático, fechando-se,
que protegem e sustentam o cordão a fim de evitar o retorno do testícu-
espermático, assim, a fáscia esper- lo e surgimento de hérnias inguinais
mática interna é derivada da exten- congênitas. Os testículos precisam
são da fáscia transversal; o cremás- estar na bolsa escrotal e fora da cavi-
ter (músculo e fáscia) é derivado da dade abdominal para que seja man-
extensão do músculo e da fáscia do tida a temperatura adequada para o
oblíquo interno; e a fáscia espermáti- desenvolvimento dos espermatozoi-
ca externa é derivada da extensão da des e evitar o surgimento de células
fáscia do músculo oblíquo externo. A cancerosas.

SAIBA MAIS!
Criptorquidismo é uma condição em que o testículo não está localizado na bolsa escrotal, po-
dendo estar em qualquer região ao longo do caminho de descida, quando ocorre problemas
nesse processo. Pode ser uni ou bilateral e representa um risco para o desenvolvimento dos
espermatozoides e formação de neoplasias, por isso precisa ser tratado cirurgicamente. O
testículo pode estar no retroperitônio, no anel inguinal interno ou no próprio canal inguinal.
SISTEMA GENITAL 28

Prega Gubernáculo
Gubernáculo labioescrotal

Bexiga urinária
Ducto deferente Ducto deferente

Testículo atrás do
processo vaginal Testículo

Gubernáculo
Gubernáculo do
Processo vaginal Pênis (cortado) testículo
Escroto

Peritônio

Obliquo externo

Oblíquo interno

Púbis Transverso do abdome

Fáscia transversal
Ducto deferente

Cordão espermático
Remanescente do
pedículo do
processo vaginal Túnica vaginal

Processo vaginal
Fáscia espermática interna
Pedículo do Fáscia espermática externa
processo vaginal
Fáscia e músculo cremaster

Figura 11. Estágios do desenvolvimento do canal inguinal e migração dos testículos para o saco escrotal. Fonte: MO-
ORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG. Embriologia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.
SISTEMA GENITAL 29

No sexo feminino, ocorre o deslo- que fixa o ovário ao útero, e parte


camento dos ovários, a partir de um caudal caminha pelo canal inguinal e
processo diferente da descida dos forma o ligamento redondo do útero,
testículos no sexo masculino. Os ová- que fixa o útero à parte interna dos
rios ficam em localização intraperito- grandes lábios. No sexo feminino, o
neal, ocorrendo um deslocamento da canal inguinal oblitera mais rapida-
região lombar da parede abdominal mente do que no sexo masculino,
para a parede lateral da pelve. Aqui, pois não há formação de espaço para
o gubernáculo também funciona para a passagem dos testículos e forma-
fixar os ovários, sendo que sua par- ção das estruturas que ocorrem no
te cranial forma o ligamento ovariano, sexo masculino.

MAPA MENTAL – DESENVOLVIMENTO DO CANAL INGUINAL

SEXO
INDIFERENCIADO

PAREDE ABDOMINAL
GUBERNÁCULO
ANTERIOR

MULHERES HOMENS

FIXAÇÃO
GUBERNÁCULO PROCESSO VAGINAL
DOS OVÁRIOS
TESTIS (FIO GUIA) (CANAL INGUINAL)

LIGAMENTO LIGAMNTO DESCIDA DOS


FIXAÇÃO DOS
REDONDO DO ÚTERO OVARIANO TESTÍCULOS PARA
TESTÍCULOS
BOLSA ESCROTAL
SISTEMA GENITAL 30

MAPA MENTAL RESUMO

GUBERNÁCULO

CANAL INGUINAL

PROCESSO
VAGINAL

DUCTOS DUCTOS GENITAIS


PARAMESONÉFRICOS FEMININOS

DUCTOS DUCTOS GENITAIS


MESONÉFRICOS MASCULINOS

EMBRIOGÊNESE
TUBÉRCULO
DO SISTEMA
GENITAL (CRANIAL)
GENITAL

GENITÁLIAS PREGAS URETRAIS


EXTERNAS (INTERNAS)

SALIÊNCIAS
LABIOESCROTAIS
(EXTERNAS)

MEDULA OVÁRIOS

GÔNADA
INDIFERENCIADA

CÓRTEX TESTÍCULOS

GENE SRY E
HORÔNIOS
ANDROGÊNICOS
SISTEMA GENITAL 31

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
MOORE KL; PERSUAD TVN; TORCHA MG. Embriologia clínica. 10ª ed. Elsevier, 2016.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ed. Elsevier. Rio de Janeiro, 2011.
Schoenwolf, Gary C, et al. Larsen: Embriologia Clínica. 5ª ed. Elsevier
SISTEMA GENITAL 32

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