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MED 101

Fundamentos Morfofuncionais
do Processo Saúde Doença
Aula 1: Introdução ao estudo da Embriologia

Profª. Drª Geisla Teles Vieira


MED 101 - Ementa
• Planos e eixos de construção do corpo humano e nomenclatura anatômica.
Introdução ao estudo da fisiologia humana. Introdução ao estudo da
embriologia. Tecidos animais. Introdução à radiologia e diagnóstico por
imagem. Bioética e ciências morfológicas. Pele e anexos. Osteologia. Artrologia.
Miologia. Métodos de imagem para avaliação osteomioarticular. Bioeletrogênese.
Sistema circulatório. Leis fundamentais da hemodinâmica. Coração,
pericárdio e vasos sanguíneos. Microcirculação. Eletrofisiologia cardíaca.
Fundamentos de eletrocardiograma. Coração como bomba. Controle rápido e
lento da pressão arterial. Sistema imunológico. Hematopoiese. Sistema
respiratório. Vias aéreas superiores e seios paranasais. Traqueia, brônquios e
alvéolos. Pulmões e pleuras. Cavidade torácica. Dinâmica respiratória. Trocas
gasosas. Transporte dos gases sanguíneos. Circulação pulmonar. Controle da
respiração. Métodos de imagem para avaliação cardiorrespiratória. Sistema
urinário. Rins, pelves renais, ureteres, bexiga e uretra. Distribuição da água
corporal. Filtração glomerular e depuração renal. Néfron como unidade
morfofuncional do rim. Formação da urina. Reflexo da micção. Equilíbrio
acidobásico. Métodos de imagem para avaliação do sistema urinário.
Embriologia
✓Ontogênese corresponde ao processo de desenvolvimento de
um organismo, ou seja, sua origem e sua evolução, desde sua
concepção, passando por todas as fases embrionárias, desde
a célula-ovo (zigoto), até chegar à idade adulta. Este
processo é estudado pelo ramo da ciência chamado biologia
do desenvolvimento.

✓A embriologia é a uma ciência que estuda o desenvolvimento


dos embriões animais a partir do zigoto até período da
organogênese – formação dos sistemas de órgãos.
Principais características e importância da
Biologia do Desenvolvimento
✓ Preenche a lacuna entre o desenvolvimento pré-natal e Obstetrícia,
Medicina Perinatal, Pediatria e Anatomia Clínica.

✓ Gera conhecimento sobre o começo da vida humana e as mudanças que


ocorrem durante o desenvolvimento pré-natal.

✓ É de fundamental importância na prática para ajudar a entender as


causas das variações na estrutura dos seres humanos.

✓ Ajuda no processo de identificação dos processos de desenvolvimento


normal e das malformações congênitas.
Ciclo geral do desenvolvimento humano
Condições iniciais:
• O desenvolvimento de um novo indivíduo começa com a união
de duas células dentre as condições:
- estarem vivas;
- se encontrarem;
- se reconhecerem
- e interpretarem seus respectivos sinais, respondendo com
comportamentos biológicos que as levem a fundir-se em uma só
célula, o novo indivíduo.

• Ciclo do desenvolvimento envolve etapas (sequência de eventos


coordenados) com características distintas.
Etapas de desenvolvimento e principais
características
Gametogênese Proliferação
Meiose
Diferenciação de gametas (espermatozóide e oócito)
Fertilização Comunicação molecular à distância FENÔMENOS PRÉ-
DESENVOLVIMENTO
Locomoção EMBRIONÁRIO
Reconhecimento e Fusão celular
Integração do material genético dos gametas
Determinação do sexo
Ativação metabólica do zigoto
Segmentação Proliferação Histogênese e Derivados e interações a partir de:
Compactação organogênese Ectoderme
Mesoderme
Blastulação Cavitação Endoderme
Implantação
O desenvolvimento humano pode ser dividido nos
Gastrulação Deslocamento períodos de:
Migração Período embrionário – 1ª a 8ª semana;
Indução Período fetal – 9ª semana até nascimento
Gametogênese
✓ Gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento das
células germinativas especializadas, os gametas
(espermatozóide e óvulo), que serão utilizadas na fertilização.
Aparelho reprodutor masculino
• Ocorre no aparelho reprodutor masculino: composto pelos
testículos, ductos genitais, glândulas acessórias e pênis.
Testículos
• Os testículos abrigam os túbulos seminíferos que apresentam o epitélio
especial, chamado de epitélio germinativo.

• o epitélio germinativo (ou seminífero), com as células germinativas


(são responsáveis pela produção dos espermatozóides). As células
germinativas primordiais permanecem dormentes da sexta semana de
desenvolvimento embrionário até a puberdade. Na puberdade, os
túbulos seminíferos sofrem maturação e as CGP diferenciam-se em
espermatogônias.

• Além das células germinativas estão presentes nos túbulos seminíferos:


• Células de Sertoli: função de nutrição e sustentação dos espermatozóides
• Células mióides: função de contração
• Células de Leydig: localizadas entre os túbulos seminíferos. Função:
secretar testosterona.
Espermatogênese
• A primeira fase da espermatogênese é o
crescimento de algumas
espermatogônias, para formar células
grandes, denominadas espermatócitos
primários.

• Após a duplicação dos cromossomos


dessas células para formar as
cromátides (perfazendo um total de 92
cromátides), o espermatócito primário
é submetido, então, a duas rápidas
divisões meióticas.

• A primeira divisão meiótica forma os


espermatócitos secundários e a segunda
forma as espermátides.
Ovulogênese
• Ocorre no aparelho reprodutor feminino.
Constituído por:

• Dois ovários
• Tuba uterina
• Vias genitais • Útero
• Vagina
Ovário
• São órgãos primários da reprodução (gônadas), sendo os
responsáveis pela produção dos gametas e hormônios sexuais
femininos.

• Histologicamente, o ovário apresenta uma região medular,


contendo grande número de vasos sanguíneos e tecido
conjuntivo frouxo, e uma região periférica, a cortical,
que contém um grande número de folículos ovarianos, que
compreendem um ovócito, circundado por células epiteliais,
chamadas células foliculares ou granulosas.
Ovulogênese
• Inicia-se na vida intra-uterina.

• 1º mês de vida embrionário uma população de células germinativas


primordiais migra do saco vitelino até os primórdios godonais. Estas
células se dividem e se transformam em ovogônias.

• A partir do 3o. mês entram em prófase da 1a. divisão meiótica,


formando os ovócitos primários que estão envolvidas por uma
camada de células achatadas chamadas de células foliculares.

• Antes do 7o. mês: maioria das ovogônias se transformou em ovócito


primário.

• Os ovócitos primários ficam latentes até a puberdade, quando entram


em atividade os fatores hormonais.
Ovulogênese
• Na puberdade, um número limitado de folículos primordiais
(ovócito I e células foliculares achatadas) entra em maturação.

• O ovócito primário completa a primeira divisão meiótica,


originando um ovócito secundário e uma célula pequena, o
primeiro glóbulo ou corpúsculo polar.

• Paralelamente , as células foliculares aumentam em número e


em tamanho, apresentando-se cúbicas ou cilíndricas. Estas
células formam na superfície do ovócito secundário uma
membrana espessa e rica em glicoproteínas, a chamada zona
pelúcida.
Crescimento dos folículos ovarianos
F OLÍCULOS OVARIANOS

• Ovócito + células foliculares (ou céls. da granulosa)

• Folículos primordiais
- Ovócito I (prófase I) + céls. foliculares
- Formados na vida fetal
- Estão na região cortical

• Crescimento folicular
- a partir da puberdade (FSH da hipófise)
- Modificações: ovócito, céls. foliculares e fibroblastos do
estroma
Crescimento Folicular
• Folículo primordial
- Céls foliculares achatadas simples

• Folículo primário unilaminar


- Céls foliculares cúbicas simples

• Folículo primário multilaminar


ou pré-antral
- Céls foliculares cúbicas estratificada
ou camada granulosa
- Formação da zona pelúcida

• Folículo secundário ou antral


- Cels foliculares – líquido folicular
- Formação do antro folicular
- Formação das tecas
Crescimento Folicular
• Folículo maduro
- Crescimento do folículo antral
- Máximo desenvolvimento
- Maior acúmulo de líquido folicular
- Maior antro folicular
- Delgada camada granulosa
- Tecas espessas
- Finalização da meiose I
- Ovócito II está na meiose II
Corona radiata

Folículo maduro
Ovulogênese

• A cada ciclo menstrual


um um folículo
maduro, contendo um
ovócito secundário é
liberado na trompa
uterina.

• Se um espermatozóide
penetra nesse ovócito,
a segunda divisão é
completada e forma-se,
o ovócito fecundado.
Fertilização
✓ Fertilização é uma sequência complexa de “eventos moleculares
coordenados” que inicia-se com o contato do espermatozóide com um
ovócito II e termina com a fusão dos pró-núcleos haplóides masculino e
feminino.

✓ Ocorre normalmente na ampola da tuba uterina formando o zigoto.

Funções da Fertilização
✓ Combinação dos genes dos pais (sexo) e Transmissão dos genes dos pais
para a prole.
✓ Criação de um novo organismo
Fases da Fertilização
• Passagem do espermatozóide através da corona radiata do
oócito, através dos batimentos da sua cauda, mas
principalmente porque o acrossoma libera hialuronidase, que
degrada o ácido hialurônico, responsável pela adesão entre as
células da corona radiata.

• Penetração na zona pelúcida. Após passar pela corona


radiata, o espermatozóide atinge a zona pelúcida e, para
ultrapassá-la, as enzimas acrosina e neuraminidase causam a
lise da zona pelúcida, possibilitando o espermatozóide atingir a
membrana do oócito.
Fases da Fertilização
• Fusão das membranas: As membranas celulares do oócito e do
espermatozóide se fundem. Uma vez que a fusão ocorre, o conteúdo
dos grânulos corticais.

• O conteúdo destes grânulos é liberado para o meio externo ao da


membrana plasmática, determinando que entre a membrana
plasmática e a zona pelúcida tenhamos a formação de um espaço
chamado perivitelino.

• Esta reação zonal provoca alterações na membrana plasmática do


ovócito deixando-a impermemável para outros espermatozóides.

• A cabeça e a cauda do espermatozóide entram no citoplasma do oócito,


mas a membrana plasmática e a mitocôndria do esperamtozóide ficam
para trás.
Fases da Fertilização
• Finalização da segunda divisão meiótica do oócito. Após a
penetração do espermatozóide, o oócito II completa a segunda divisão
meiótica, formando o oócito maduro e o segundo corpúsculo polar. O
oócito maduro se torna o pronúcleo feminino.

• Formação do pronúcleo masculino. A cabeça do espermatozóide


aumenta de tamanho, formando o pró-núcleo masculino. A cauda se
degenera. Durante o crescimento, os pronúcleos feminino e masculino
replicamseu DNA.

• Ruptura das membrans pronucleares. Ocorre a condensação dos


cormossomos, o rearranjo dos cromossomos para a disvisão mitótica, e
a primeira clivagem do zigoto. A combinação de 23 cromossos em cada
pronúcleo resulta em um zigoto com 46 cromossomos.
Fases da Fertilização
• Reação zonal: consiste na liberação de enzimas lisossomais
liberados pelos grânulos corticais presentes no citoplasma do
ovócito próximo à membrana plasmática do mesmo.

• O conteúdo deste grânulos é liberado para o meio externo ao da


membrana plasmática, determinando que entre a membrana
plasmática e a zona pelúcida tenhamos a formação de um espaço
chamado perivitelino.

• Esta reação zonal provoca alterações na membrana plasmática do


ovócito deixando-a impermemável para outros
espermatozóides.
Fertilização
Após a fecundação, o que acontece na
1ª semana de desenvolvimento?

✓ 1-4º. dia – Clivagem - Formação da mórula e compactação

✓ 5º dia - zona pelúcida desaparece – A zona pelúcia está presente ao


longo da tuba uterina e que impede sua adesão às paredes.

✓ 6º. Dia – início da implantação do embrião no endotélio uterino

✓ 7º. Dia – Trofoblasto forma duas camadas (Citotrofoblasto e


Sinciciotrofoblasto)
Segmentação ou clivagem do zigoto
• Cerca de 30 horas após a fecundação, o zigoto dividi-se em dois
blastômeros, pelo processo chamado de clivagem ou segmentação. Este
processo consiste em divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando
em um rápido aumento no número de células. Estas células embrionárias
–os blastômeros- tornam-se menores a cada divisão. Quando já
existem de 12 a 32 blastômeros o concepto é chamado de MÓRULA.
Formação e Implantação do Blastocisto
✓ No 4º dia de desenvolvimento, quando a mórula está na cavidade
uterina, a zona pelúcida entra em degeneração, fato este que permitirá a
passagem de líquido da cavidade uterina, formando um espaço cheio de
fluido entre os blastômeros. Este espaço será denominado de cavidade
blastocística ou blastocele.

✓ A degeneração da zona pelúcida também permite ao blastocisto


aumentar rapidamente de tamanho. Conforme a cavidade blastocística
aumenta, os blastômeros se organizam em duas partes:

Trofobasto: camada delgada de células externas que irá compor a parte


embrionária da placenta.
Embrioblasto: grupo de blastômeros localizados centralmente, também
chamado de massa celular interna, que dará origem ao embrião.
Foto de micrografia de blastocisto (D) e seu desenho esquemático (E).
Formação e Implantação do Blastocisto
✓ Uma vez que as populações celulares tenham se separado em
trofoblasto e embrioblasto, estas camadas começam a expressar
diferentes famílias de genes associados às diversas atividades
funcionais.

✓ Desta forma, temos que o Trofoblasto formará a parte


embrionária da placenta e o Embrioblasto dará origem ao
embrião.

✓ Neste estágio a figura embrionária é chamada de


BLASTOCISTO
Formação e Implantação do Blastocisto
• Cerca de 6 dias após a fecundação, o blastocisto adere ao epitélio
endometrial por ação de enzimas proteolíticas (metaloproteinases) e
a implantação sempre ocorre do lado onde o embrioblasto está
localizado. Logo, o trofoblasto começa a se diferenciar em duas
camadas:

• Citotrofoblasto: Camada interna de células. Constitui a parede do


blastocisto.

• Sinciciotrofoblasto: Camada externa de células, cujas células estão


em contato direto com o endométrio e produz substâncias capazes de
invadir o tecido materno e de se proliferar, permitindo que blastocisto
penetre no endométrio.
Formação e Implantação do Blastocisto

✓ No final da primeira semana o blastocisto está


superficialmente implantado na camada endometrial na
parte póstero-superior do útero .

✓ O sinciciotrofoblasto é altamente invasivo e se adere a partir do


pólo embrionário, liberando enzimas que possibilita a
implantação do blastocisto no endométrio do útero. Esse é
responsável pela produção do hormônio hCG (Gonadotrofina
coriônica humana) que mantém a atividade hormonal no corpo
lúteo durante a gravidez e forma a base para os testes de
gravidez.
Ilustração da primeira semana do desenvolvimento humano mostrando a
ovulação, a fertilização e a clivagem do zigoto.
Problemas no desenvolvimento –
fase segmentação e implantação
✓ Defeitos no desenvolvimento: A tuba uterina colabora para o transporte
do ovócito. Se a tuba estiver impérvia, devido a algum processo
inflamatório pregresso, pode ocorrer implantação do zigoto na mucosa
da tuba, estrutura inapropriada e que causa risco de hemorragia
materna - Gravidez tubária.

✓ O ovócito pode também cair na cavidade abdominal e se implantar na


escavação reto-uterina (Saco de Douglas), que culmina com morte do
embrião - Gravidez abdominal.
Gestação tubária
Causas
✓ A maioria das causas está relacionada a fatores que atrapalham a
passagem do óvulo fertilizado da trompa até o útero. Algumas delas são
cirurgia ou infecção anterior nas trompas, cicatrizes causadas pelo
hábito de fumar, gravidez ectópica anterior.

✓ Outras causas podem ser problemas de nascença nas trompas,


endometriose, cirurgia pélvica, apêndice rompido.

✓ Alguns fatores podem aumentar os riscos de uma gravidez ectópica,


como fertilizações in vitro, vários parceiros sexuais, idade superior a 35
anos e gestação quando o DIU não está no lugar correto.
• VÍDEO

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