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MÓDULO X – REPRODUÇÃO Anna Carolina Jung – XLIV
§ CÉLULAS DA TECA INTERNA: resposta ao LH (receptores de LH), produção de androgênios, difusão para granulosa
(vascularização da teca interna é menos vasta que a teca externa)
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disponibilidade sistêmica desse hormônio pela corrente sanguínea, mas baixa nos testículos para
espermatogênese.
O LH atua nas céls de Leydig para o estímulo da produção de testosterona. A secreção desse hormônio possui picos de
liberação no período fetal a neonatal (associado à promoção da diferenciação sexual) e na puberdade, segundo e último
pico, responsável pela marcação da maturidade sexual. Na andropausa, por volta dos 50 anos, há queda vertiginosa.
§ O crescimento corporal está associado à secreção de testosterona na puberdade, pois a alça de secreção de
hormônios gonadais apresenta relação íntima com a de secreção do GH (↑ GnRH = ↑ LH e FSH = ↑ E2 e T = ↑ GHRH
= ↑ GH = ↑ IGF-1 = ↑ GnRH + CRESCIMENTO CORPORAL)
A testosterona age em órgãos alvo por ligação a um receptor nuclear (acoplada a proteínas de ligação específicas), sendo
que 44% está ligada à SHBG, 54% à albumina sérica e globulina que liga corticosteroide (CBG), e uma pequena fração está
livre ou não ligada no plasma.
A forma livre entra na célula por difusão passiva e exerce ações biológicas ou é metabolizada. Ao se difundir para dentro
da célula, liga-se a um receptor de andrógeno de alta afinidade no núcleo ou é convertida em DHT, a qual também se liga
ao receptor.
O metabolismo da testosterona ocorre principalmente no fígado e na próstata, sendo que apenas 2% é eliminado na urina
sem metabolização. O grande saldo remanescente dela e de outros andrógenos são convertidos no fígado em 17-
cetoesteroides e na próstata em DHT. Os produtos de degradação da testosterona são excretados na urina como
conjugados de ácido sulfúrico ou ácido glicurônico solúveis em água, mas (metabólitos conjugados) também podem ser
excretados nas fezes.
A fonte mais importante de sinais neuronais para iniciar o ato sexual é a glande do pênis e, além disso, as sensações
sexuais podem ser originadas de estruturas internas, como áreas da uretra, bexiga, próstata, testículos e etc. Realmente
uma das causas mais importantes de impulso sexual é o preenchimento de órgãos sexuais com secreções.
§ ELEMENTO PSÍQUICO: o simples pensamento ou sonho pode iniciar o ato, culminando com a ejaculação. Emissões
(polução) noturnas são frequentes na adolescência e ereções não sexuais na fase REM do sono.
§ INTEGRAÇÃO ATO SEXUAL MASCULINO NA MEDULA ESPINHAL: a função cerebral não é tão necessária para sua
realização, já que a estimulação genital apropriada pode provocar ejaculação, mesmo após secção de medula
acima da região lombar. O ato sexual masculino é resultante de mecanismos reflexos inerentes integrados na
medula espinhal sacral e lombar, podendo ser iniciado por estimulação psíquica e/ou real dos órgãos sexuais.
§ MECANISMOS HORMONAIS: glândula suprarrenal secreta testosterona que ativa o centro do prazer sexual no
hipotálamo (centro posterolateral) através de vias excitatórias por glutamato, causando desejo sexual (a
dopamina pode manter esse desejo). Esse estímulo causa liberação de GnRH, que induz síntese e secreção de LH
e FSH, os quais estimulam as céls de Leydig e de Sertoli, respectivamente, a produzir testosterona e
espermatogênese. Ao mesmo tempo, o centro sexual do prazer envia eferências para a medula espinal, ativando
o SNA para as fases do ato sexual masculino.
1. EREÇÃO PENIANA: depende do grau de estimulação, começa com estímulos táteis detectados por
mecanorreceptores localizados na glande do pênis. É causada por impulsos parassimpáticos, que passam através
dos nervos pélvicos para o pênis. Tais fibras liberam óxido nítrico, VIP e acetilcolina.
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o A ACh se liga a receptores muscarínicos M3 nas céls endoteliais. Por meio da proteína Gq esses receptores
geram estimulação da PLC, aumento da [Ca2+] intracelular, ativação da sintase de NO e liberação local de
NO, este estimula a guanilato ciclase para gerar GMPc, reduzindo o cálcio intracelular e provocando
relaxamento muscular. Essa vasodilatação permite que o sangue flua para os espaços cavernosos,
induzindo o ingurgitamento e ereção e, ainda, pressiona as veias do pênis, reduzindo a drenagem venosa.
o Durante o estado flácido, flui pouco sangue pelos espaços cavernosos devido à vasoconstrição da
vasculatura (artérias helicinas) e desvio de fluxo sanguíneo para fora dos espaços cavernosos.
2. LUBRIFICAÇÃO: pelo sistema parassimpático, há liberação da secreção de glândulas uretrais e bulbouretrais. O
muco flui pela uretra, auxiliando a lubrificação durante a relação (a maioria da lubrificação é fornecida pelos
órgãos sexuais femininos). Vale ressaltar que, o coito sem lubrificação adequada estimula as terminações de dor
e irritativas, inibindo a sensação de excitação sexual.
3. EMISSÃO: precursora da ejaculação, momento em que os centros reflexos emitem impulsos simpáticos que
deixam a medula nos níveis T12-L2, passando pelos plexos hipogástrico e pélvico. Inicia com a contração do ducto
deferente e da ampola, promovendo expulsão dos sptz para uretra interna. As contrações da camada muscular
da próstata, seguidas pelas contrações das vesículas seminais, expelem os líquidos prostático e seminal para
dentro da uretra, fazendo com que esses líquidos se misturem com o muco já secretado pelas glândulas
bulbouretrais, formando o sêmen.
4. EJACULAÇÃO: processo final onde o enchimento da uretra interna provoca sinais que são transmitidos pelos
nervos pudendos, gerando contração rítmica dos músculos isquiocavernosos e bulbocavernoso. Esses efeitos
associados levam ao aumento rítmico e ondulatório na pressão tanto do tecido erétil do pênis como dos ductos
genitais e da uretra, provocando saída do sêmen da uretra (fecha esfíncter interno da uretra).
5. REMISSÃO: retorno ao estado flácido, onde o sistema simpático promove contração das helicinas e, ao mesmo
tempo, relaxa os músculos bulboesponjosos e isquicavernosos.
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Os reflexos espinhais podem aumentar as atividades uterinas e cervical, promovendo o transporte dos gametas. A cérvix
será dilatada durante o orgasmo, facilitando o encaminhamento do esperma para a parte superior do trato reprodutor.
A liberação de ocitocina, por sua vez, estimula a contratilidade uterina, proporcionando um auxílio extra. O transporte
dos sptz é realizado por movimentos de natação da cauda do esperma através do muco cervical. Este esperma alcança a
ampola das tubas uterinas após 5 minutos da ejaculação (papel fundamental da atividade uterina e tubária).
O desejo sexual aumenta proporcionalmente com o nível de secreção dos hormônios sexuais e se modifica durante o mês
sexual, tendo seu pico próximo da ovulação. Como no homem, os sinais sensitivos sexuais são mediados por segmentos
sacros da medula, por meio do nervo pudendo e do plexo sacro. Ao chegarem na medula espinhal, esses sinais são
transmitidos até o cérebro.
A enzima coaguladora do líquido prostático também faz com que o fibrinogênio do líquido da vesícula seminal forme um
coágulo fraco de fibrina, mantendo o sêmen na região profunda da vagina. Esse coágulo é, então, dissolvido nos próximos
15 a 30 minutos, devido à sua ruptura pela fibrinolisina formada da pró-fibrinolisina prostática. Nos primeiros minutos
após a ejaculação, o esperma ainda está imóvel, provavelmente pela viscosidade do coágulo, mas à medida que este se
dissolve, o sptz fica muito móvel (uma vez ejaculados no sêmen, sua expectativa máxima de vida é de 24-48h).
As céls germinativas primordiais migram para os testículos, tornando-se espermatogônias imaturas, pequenas, que ficam
próximas à membrana basal do epitélio germinativo (camadas internas dos túbulos seminíferos). Na puberdade, sofrem
divisões mitóticas a fim de formar o esperma e, então, migram entre as céls de Sertoli em direção ao lúmen central dos
túbulos seminíferos, gerando espermatogônias filhas (espermatocitogênese).
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Essas divisões são acompanhadas por CITOCINESE INCOMPLETA, fazendo com que as céls filhas mantenham-se
interconectadas por uma ponte citoplasmática, contribuindo para a sincronia do desenvolvimento desses clones. Além
disso, grandes clones de céls filhas em diferenciação permanecem unidos por junções citoplasmáticas, formando um
sincício. Vale ressaltar, ainda, que uma vez que uma espermatogônia começa a maturar, sua progênie não completa a
divisão (citocinese) durante a mitose e meiose subsequentes.
Algumas das espermatogônias, então, sofrem sua primeira divisão meiótica e tornam-se espermatócitos primários, sendo
que nessa fase, cada célula possui um conjunto duplicado de 46 cromossomos (4n), 22 pares autossômicos duplicados,
um cromossomo X duplicado e um Y duplicado (na prófase dessa 1ª divisão meiótica ocorre o crossing over). Ao concluir
a meiose I, originam os espermatócitos secundários, com número haploide de cromossomos duplicados (2n com DNA
duplicado). A meiose II é iniciada pelos espermatócitos secundários quase que imediatamente, resultando em céls
menores, denominadas espermátides, semelhantes as céls epitelioides, com número haploide de cromossomos não
duplicados (23 cromossomos haploides – os 46 cromossomos, ou 23 pares, do espermatócito se dividem e, então, 23 vai
para uma espermátide e 23 para outra; além disso, os genes cromossômicos também se dividem, sendo que metade é
proveniente do pai). Essas espermátides geram os espermatozoides no processo de espermiogênese, que envolve a
redução do citoplasma e diferenciação das caudas. À medida que a maturação progride, os gametas masculinos em
desenvolvimento diminuem em volume. Por outro lado, leva a um aumento do número de céls, com cada um dos
espermatócitos primários produzindo quatro sptz, dois com um cromossomo X e dois com um cromossomo Y.
ESPERMIOGÊNESE
Consiste na transformação de espermátides arredondadas em espermatozoides maduros, que se dá pelo
reposicionamento do núcleo da célula, passando do centro para uma das extremidades, onde surgirá a cabeça do sptz, e
também pelo aparecimento do flagelo. Inicia-se nos túbulos seminíferos e termina no epidídimo. Durante essa
transformação, há um acúmulo de enzimas hidrolíticas, reorganização e redução dos números de suas organelas,
formação de um flagelo, além de perda de parte do citoplasma. O processo é subdivido em etapas:
1. ETAPA OU FASE DE GOLGI: citoplasma com organela bem desenvolvida; formação de vesícula acrossômica;
migração centríolos para formar axonema (microtúbulos que formarão o eixo central do flagelo).
2. ETAPA DO ACROSSOMO OU FASE DE CAPUZ: a vesícula acrossômica aumenta de tamanho e fica sobre o núcleo,
formando o capuz e, posteriormente, o acrossomo (“capacete” com enzimas hidrolíticas, como hialuronidase,
fosfatase ácida e protease = dissolvem céls da corona radiata e zona pelúcida do óvulo); formação do flagelo, a
partir de um dos centríolos; acúmulo de mitocôndrias na parte intermediária.
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3. ETAPA DE MATURAÇÃO: desprendimento do citoplasma das espermátides, formando corpos residuais, que serão
fagocitados pelas céls de Sertoli; rompimento do sincício e liberação de sptz individuais no lúmen dos túbulos
seminíferos (espermiação), sendo transportados ao epidídimo no fluido testicular para serem maturados.
§ Os stpz recém-formados são imóveis e incapazes de fertilizar um ovócito, apenas ganham mobilidade ao
passar através do epidídimo e, somente depois de entrarem no sistema reprodutor feminino é que
tornam-se capacitados.
OBSERVAÇÕES:
ü A testosterona induz crescimento e divisão das céls germinativas;
ü GH permite divisão das espermatogônias;
ü TEMPERATURA: aos 37°C não ocorre esse processo. Vale ressaltar que, no testículo é mantido 35°C (2°C abaixo
da corpórea) pela rede vascular e pela evaporação da pele da bolsa escrotal.
ESPERMIAÇÃO
A liberação de sptz é controlada pelas céls de Sertoli, de modo que os sptz são encontrados na superfície luminal dos
túbulos seminíferos. Os sptz passam para o epidídimo, que está ligado ao testículo, onde sofrem maturação e são
armazenados, indo para os ductos ejaculatórios. Entretanto, esses sptz armazenados não estão aptos a fecundar um
oócito, pois sofrem capacitação apenas no trato genital feminino. Ao alcançar os ductos ejaculatórios, os sptz são
enriquecidos pelas secreções das vesículas seminais, compostas por frutose e prostaglandinas. Por fim, ao chegar à uretra
prostática, o sêmen também recebe produtos do fluido prostático.
O líquido das trompas e do útero eliminam vários fatores inibitórios que suprimem a atividade do sptz. Ao se afastarem
das vesículas de colesterol, ficam com o acrossomo fragilizado, então a membrana do sptz fica mais permeável ao cálcio,
promovendo o movimento de chicote e a liberação de enzimas acrossômicas. Há um aumento da velocidade de
fosforilação da tirosina de proteínas espermáticas, que causa exposição de receptores de superfície, facilitando a ligação
à zona pelúcida, barreira natural à fecundação, contendo glicoproteínas ZP1, ZP2 e ZP3. Ocorre, então, a reação
acrossômica, onde o acrossomo do sptz liga-se à glicoproteína ZP3 da zona pelúcida e permite a liberação de
hialuronidases (cliva o ácido hialurônico da matriz extracelular das céls da granulosa) e acrosina, uma enzima hidrolítica,
facilitando a fecundação.
A fusão do sptz com o ovócito ativa a liberação de grânulos corticais do ovócito, processo denominado REAÇÃO CORTICAL.
Nesse momento a meiose II que estava retida em metáfase II é concluída, gerando um segundo corpúsculo polar e um
zigoto, que inicia seu desenvolvimento. O aumento de cálcio no citosol do ovócito fecundado dispara os eventos de
ativação da reação cortical, atuando como um feedback positivo onde o aumento de cálcio intracelular, promovido pela
fusão sptz-ovócito, promove abertura de canais de cálcio e maior influxo de cálcio para o citosol, de forma que este
ovócito conclui sua meiose II.
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Vale ressaltar que, essa reação cortical é indispensável para evitar a poliespermia, por dois motivos:
§ Promove alteração do potencial de membrana do ovócito, de forma que nenhum outro sptz consegue fundir-se
à sua membrana.
§ O bloqueio proporcionado pela própria reação cortical, onde várias enzimas são liberadas e alteram a estrutura
da zona pelúcida, de modo que os sptz não consigam se ligar as suas proteínas ou penetrar nela, com alterações
como inativação de ZP3.
PROBLEMA 03 – ADOLESCENTE ANSIOSA
CICLO CELULAR
Para ocorrer uma divisão, seja mitose ou meiose, é necessário que haja um período de intérfase, o qual é composto por:
§ PERÍODO G1: aumento de volume do citoplasma e de RNA;
§ PERÍODO S: duplicação do DNA (replicação semiconservativa de DNA);
§ PERÍODO G2: aumento do volume de proteína.
Existem, ainda, duas proteínas denominadas CINASE e CICLINA presentes nesse ciclo. A cinase é uma enzima que liga um
fosfato a outra molécula (ativada ao se ligar as ciclinas – CdK) e possui concentração constante. Já a ciclina, possui
produção cíclica, que inicia-se no final fase S e vai se acumulando em G2. No final de G2, há maior qtde e se ligam as
cinases, a fim de ativá-las. O fosfato da CdK fosforila proteínas e as ativa, o que leva a célula a passar pelo ponto de
checagem de G2 e entrar em mitose. Vale ressaltar que, há uma maior [ciclina] na metáfase e na anáfase ela é degradada
(cinase fica livre, prepara para voltar G1).
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Após intérfase, os cromossomos (crs) estão duplicados constituídos de cromátides duplicadas nos crs homólogos.
1. PRÓFASE I: ocorre o emparelhamento de crs homólogos e a desintegração da carioteca. Ao longo dos estágios os
crs condensam-se, ficando mais curtos e mais grossos.
a. LEPTÓTENO: homólogos condensam, compacta o DNA, ou seja, o enrola nas proteínas para proteção
(evitar quebra). Além disso, as duas cromátides irmãs de cada crs começam estão alinhadas de modo que
são indiferenciáveis.
b. ZIGÓTENO: exclusivo – pareamento (sinapse) dos crs homólogos, onde o centro axial de um homólogo
liga-se intimamente ao centro axial de seu par, gerando o aparecimento do complexo sinaptotênico.
c. PAQUÍTENO: os crs estão mais espiralados, pareamento completo e aparecimento de cada par de
homólogos como um bivalente (4 cromátides). Ocorre crossing over/permutação (proteína Spo 11) entre
cromátides não irmãs de um par de crs homólogos (importância do complexo sinaptotênico).
d. DIPLÓTENO: desfaz complexo sinaptotênico, desfaz pareamento ponto a ponto dos homólogos e crs se
afastam, mas permanecem unidos apenas pelo ponto de permuta, os quiasmas.
e. DIACINESE: os crs atingem condensação máxima, os centríolos migram para os polos celulares e
começam a sintetizar fibras de fuso (constituídas por tubulina). Carioteca começa a se desintegrar
(envelope nuclear se fragmenta e crs estão prontos para unirem-se ao fuso – como estão um do lado do
outro, apenas um de seus lados é ligado ao fuso).
Os crs afastam-se mais, o envelope nuclear se fragmenta e os crs estão no citoplasma prontos para serem unidos
ao fuso.
2. METÁFASE I: há o desaparecimento da carioteca; fibras do fuso ligam-se aos centrômeros dos crs e estes passam
a ocupar o plano equatorial da célula, formando a placa equatorial ou metafásica (desloca os pares de homólogos
no centro da célula).
3. ANÁFASE I: ocorre a segregação dos homólogos - tubulina se contrai e movimenta os dois membros de cada
bivalente (centrômero e duas cromátides cada) para polos opostos da célula. Geração de céls distintas, cada um
ficou com um crs homólogo. (mitose – separa cromátides irmãs e gera clones; crs estão um sobre o outro na
metáfase na mitose)
4. TELÓFASE I: os dois crs em polos diferentes começam a descondensar, carioteca é reorganizada, ou seja, refaz
envelope nuclear com a citocinese (divisão da célula formando 2 céls haploides). Cada filamento de cromatina
ou crs ainda está duplicado, contém 2 crómatides-irmãs.
Há, ainda, a INTERCINESE, processo em que há duplicação dos centríolos e centrossomos, os quais formam o fuso
acromático.
CONSIDERAÇÕES SOBRE MEIOSE II – EQUACIONAL
Tem início nas céls resultantes da telófase I, sem que ocorra a intérfase.
1. PRÓFASE II: crs condensam, carioteca degenera novamente, há movimentação de centríolos para os polos
equatoriais e formação das fibras do fuso (desaparece carioteca e nucléolo + condensação crs). Crs unidos ao
fuso pelos 2 lados ao mesmo tempo, pois não há par de homólogos.
2. METÁFASE II: crs ocupam plano equatorial, enquanto que fibras do fuso constituídas de tubulina ligam-se ao
centrômero do crs (formação placa metafásica ou equatorial, agora igual na mitose, com 1 crs sobre o outro –
não há par).
3. ANÁFASE II: centrômero se divide; tubulina se contrai levando cada cromátide irmã para o polo oposto da célula
(duplicação e divisão dos centrômeros; separação cromátides irmãs, que migram para polos opostos). Ou seja,
como os crs estão unidos ao fuso pelos 2 lados, há separação de cromátides irmãs.
4. TELÓFASE II: descondensação dos crs, reorganização celular e da carioteca, citocinese produzindo 4 céls filhas
haploides com apenas crs simples (uma crómatide).
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OBSERVAÇÕES:
ü CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS: mesmo tamanho, mesma forma, mesma posição centrômeros e DNAs distintos;
ü A meiose envolve apenas uma duplicação de DNA (PERÍODO S) e 2 divisões celulares (meioses I e II);
ü Centrossomo (forma fuso) aloja par de centríolo;
ü Extremidade do cromossomo é chamada de telômero;
ü Proteínas responsáveis pela manutenção da união de cromátides irmãs: coesina, separase (lisa subunidades de
coesina) e securina (inativa separase);
ü Os ovócitos possuem mecanismos especiais para alcançar tamanho grande, sendo que sua estratégia é possuir
cópias extras de genes na célula. Vale ressaltar que, a maior parte do crescimento de um ovócito ocorre após a
replicação do DNA, durante a prolongada interrupção após o diplóteno na prófase I. Dessa forma, ele tem duas
vezes mais DNA disponível para síntese de RNA que uma célula somática na fase G1 do ciclo celular;
ü CÉLULA DIPLOIDE (2n): 2 crs de cada tipo, com crs homólogos. Exemplo: céls somáticas.
ü CÉLULA HAPLOIDE (n): 1 crs de cada tipo, sem crs homólogos. Exemplo: gametas.
No início da meiose, assim como na mitose, os crs têm seu DNA duplicado (fase S) e as duas cópias são ligadas por
complexo de coesina (componente principal do centro axial de cada homólogo) pelo seu comprimento, sendo chamadas
de cromátides irmãs. Diferente do que ocorre na mitose, a meiose possui recombinação genética, ocorre um alinhamento
no equador do fuso meiótico e, depois, os homólogos duplicados são tracionados até se separarem, sendo segregados
em duas céls filhas. Apenas na meiose II, que ocorre sem replicação adicional de DNA, as cromátides irmãs são separadas
e segregadas para produzir céls filhas haploides.
OOGÊNESE OU OVOGÊNESE
É o processo de formação do gameta feminino, referente à transformação de ovogônias em ovócitos. Esse processo de
maturação inicia-se durante o período fetal e completa-se após o início da puberdade, sendo que sua origem embrionária
são as céls germinativas primordiais (comum à espermatogênese), as quais devem passar por sucessivas divisões mitóticas
e meióticas para formar o gameta maduro. Pode, ainda, ser dividida em dois tipos de maturação:
1. MATURAÇÃO PRÉ-NATAL:
a. As céls germinativas primordiais são reconhecíveis na 4ª semana de desenvolvimento e migram na 6ª
semana para as cristas genitais e se associam as céls somáticas para formar o ovário;
b. Cada ovogônia é a célula central de um folículo em desenvolvimento e é 2n (diploide);
c. A ovogônia multiplica-se em céls filhas idênticas por divisões mitóticas e, por volta do 3º mês, as
ovogônias do embrião aumentam de tamanho, passando a secretar algumas glicoproteínas e tornando-
se ovócitos primários;
d. Após a diferenciação, o ovócito I sai da fase de G1 da intérfase, duplica seu DNA, passa por G2
aumentando a síntese proteica e entra na prófase I da meiose I;
e. Os ovócitos I entram na meiose I, mas param no diplóteno da prófase, devido à inativação de MPF (fator
promotor de maturação - induz transição da fase G2 para fase M) pela concentração elevada de AMPc;
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f. Nesse período de suspensão da prófase, favorecido pela qtde duplicada de DNA, ocorre um acúmulo de
RNAm e RNAr, que serão utilizados para síntese de glicoproteínas que compõe a zona pelúcida.
OBSERVAÇÃO: o processo de ovogênese não é sincronizado, coexistindo tanto estágios iniciais quanto avançados
do ovário fetal.
2. MATURAÇÃO PÓS-NATAL:
a. Ao nascer, todos os ovócitos I atingiram a prófase I e aqueles que não se degeneraram permanecem nesse
estágio por décadas;
b. Ao atingir maturidade sexual, cada folículo individual amadurece e ocorre a ovulação;
c. Depois da puberdade, em cada ciclo menstrual, um ovócito I retoma a meiose. Sob influência do LH, as
junções gap entre as céls foliculares e o ovócito fecham-se, reduzindo a qtde de AMPc e GMPc
transferidos para o ovócito. Isso leva a uma ativação do MPF, prosseguindo a prófase. Com a conclusão
da primeira meiose, formam-se os ovócitos II e o primeiro corpúsculo polar;
d. A citocinese assimétrica faz com que o ovócito II fique com a maior parte de citoplasma, organelas e
nutrientes, enquanto o corpúsculo polar é uma célula menor, com o excesso de material genético e que
logo degenera-se;
e. O ovócito II entra na meiose II, mas esta é suspensa na metáfase pouco antes da ovulação;
f. Com a entrada do sptz, os níveis citoplasmáticos de Ca2+ aumentam, ativando a proteína quinase
dependente de calmodulina/Ca2+ II, que degrada a ciclina do MPF, continuando a meiose. O ovócito II
termina a meiose II, gerando o óvulo e um segundo corpúsculo polar, por citocinese assimétrica;
g. A oogênese é interrompida na menopausa.
OBSERVAÇÃO: no momento da ovulação, ovócito II retido é liberado do ovário, pronto para ser fecundado. Caso essa
ocorra, o bloqueio é retirado e a célula completa meiose, tornando um ovo maduro. Por ele estar fecundado, também é
chamado de zigoto.
ANOMALIAS CROMOSSÔMICAS
A principal causa de cromossomopatias é resultante de erros de não-disjunção, um erro na divisão celular no qual um par
de crs ou duas cromátides de um crs não se separam durante a meiose; pode ser tanto na meiose materna (mais
prevalente e em mulheres com idade avançada) quanto na paterna. Podem ser numéricas ou estruturais, envolver um ou
mais autossomos, cromossomos sexuais ou ambos. O tipo mais comum é aneuploidia, um nº anormal de crs devido a um
cromossomo extra ou ausente.
1. ANOMALIAS CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS: qualquer nº diferente de 46 é heteroploide; um múltiplo exato
do nº cromossômico haploide é chamado de euploide; qualquer outro nº é chamado de aneuploide.
§ ANEUPLOIDIAS: alterações no nº diploide humano (46 crs), de forma que o indivíduo possua um nº não
múltiplo de 23. As principais são as monossomias (45 crs totais), trissomias (47 crs totais) e tetrassomias
(48 crs totais). Geralmente, a não-disjunção está na separação dos crs homólogos, em que uma célula
filha fica com 2 crs e outra sem nenhum, de forma que um dos membros formará um embrião hipoploide
(45 crs – síndrome de Turner) e outro hiperploide (47 crs – síndrome de Down).
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§ POLIPLOIDIAS: portador de nº múltiplo de 23, de forma que o embrião será triploide, tetraploide. Essa
alteração pode ser resultante tanto de um erro de não-disjunção quanto de uma dispermia ou divisão
zigótica anormal, mas a maioria dos embriões nesse caso sofrem aborto espontâneo.
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MOSAICISMO CROMOSSÔMICO
Uma pessoa que tenha, pelo menos, duas linhagens
celulares com dois ou mais genótipos distintos.
Podem ser envolvidos autossomos ou crs sexuais,
sendo menos graves que as anomalias numéricas. Um
indivíduo mosaico apresenta algumas céls de seu corpo com genótipo normal e outras com genótipo anormal, de forma
que dependendo das céls que apresentarem esse fenômeno, uma anormalidade fenotípica pode ou não ser expressada.
É, portanto, quando dois ou mais complementos cromossômicos diferentes estão presentes no mesmo indivíduo,
usualmente detectado por cariotipagem convencional, sendo que a causa mais comum é a não-disjunção (falha ao se
separar adequadamente) no início da clivagem do zigoto, ou seja, nas divisões mitóticas pós-zigóticas iniciais, mas
também pode ser causada por uma deleção cromossômica causada por um retardo na anáfase.
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dias que o sptz pode ficar viável). Para saber o último dia do período fértil, é necessário subtrair
11 do nº de dias de duração do ciclo (12 é o último dia em que pode ocorrer a ovulação - 1 que é
o nº de dias em que o óvulo ainda está viável após ovulação).
q CICLOS VARIÁVEIS: para saber o primeiro dia do período fértil, subtrai-se 18 do nº de dias do ciclo
mais curto; para saber o último dia do período fértil, subtrai-se 11 do nº de dias do ciclo mais
longo.
o CRÍTICAS: a biologia da mulher não possui comportamento matemático; quanto maior a variabilidade dos
ciclos, maior será o nº de dias de abstenção (variações de mais de 6 dias não devem usar esse método);
requer disciplina rígida e obediência à abstenção nos dias de risco; eficácia variável nas estatísticas e taxas
de falhas elevadas.
o ÍNDICE DE ERRO: uso ideal 9% e uso típico 25%.
§ TEMPERATURA BASAL: após a ovulação, a temperatura basal fica elevada (0,2 a 0,5°C por 4 dias), permanecendo
até a próxima menstruação, o que é resultado da elevação dos níveis de progesterona, que possui efeito
termogênico. Deve-se, a partir do primeiro dia do ciclo menstrual, verificar diariamente a temperatura basal pela
manhã, antes de realizar qualquer atividade e após um período de repouso de no mínimo 5 horas (via oral, retal
ou vaginal). O período fértil acaba na manhã do 4º dia em que foi observada a temperatura alta, portanto, o
período de abstinência deverá ser desde o primeiro dia do ciclo menstrual até 3 dias após a elevação da
temperatura basal. Depois, o casal pode ter relações até o início da próxima menstruação, que deverá ocorrer
nos próximos 10 a 12 dias.
o FATORES QUE PODEM ALTERAR A TEMPERATURA BASAL: mudanças no horário de verificação; ingesta ed
álcool; dormir tarde; perturbações do sono; doenças como resfriado, gripes ou outras infecções;
mudanças no ambiente; perturbações emocionais; fadiga; estresse; refeição próxima do horário de
dormir; relações sexuais na madrugada.
o CRÍTICAS: exige muita disciplina; depende da medição correta; a relação só deve ser praticada três a
quatro dias após a elevação permanente da temperatura.
§ MÉTODO DE BILLINGS OU DO MUCO CERVICAL: conhecimento de que o muco sofre modificações físico-químicas
relacionadas ao tipo de estímulo hormonal. Quando a estimulação for estrogênica (período pré-ovulatório
imediato), o muco fica abundante, aquoso, transparente, límpido, elástico e filante. Depois da ovulação (fase
lútea), o corpo lúteo secreta bastante progesterona, que torna o muco escasso, espesso, opaco, grumoso e sem
filância. Para detectar o período fértil, é necessário analisar diariamente seu muco, introduzindo dois dedos na
vagina e obtendo uma amostra. Em função do muco, o ciclo ovulatório está dividido em duas fases: uma molhada,
até o momento da ovulação; e outra seca, após o início da secreção de progesterona pelo corpo lúteo, após a
ovulação. Se a mulher se restringir a manter relações apenas na fase seca, via de regra, evitará a gravidez. E, ainda,
após perceber o dia do ápice do muco, deverá permanecer sem penetração vaginal por 3 dias. Do 4º dia após o
ápice, até novamente perceber umidade vaginal, o casal pode manter relações sexuais vaginais até o dia em que
perceber novamente o período úmido, evitando tê-las por dois dias consecutivos, uma vez que o sêmen prejudica
a observação do muco. Sabe-se, por fim, que a ovulação pode ocorrer, raramente, durante o fluxo menstrual, o
que exige que os casais evitem relações durante os dias de fluxo intenso, pois é difícil verificar as secreções
vaginais neste período.
o MODIFICAÇÕES DO MUCO CERVICAL AO LONGO DO CICLO MENSTRUAL
q FASE PRÉ-OVULATÓRIA: ao término da menstruação, pode iniciar uma fase seca.
q FASE OVULATÓRIA: vai se tornando cada vez mais elástico e lubrificante, semelhante à clara de
ovo. Vale ressaltar que, o último dia de sensação vulvar de umidade lubrificante chama-se ápice,
sendo que seu dia indica que a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer até 48h. Deve-
se, nessa fase, evitar contato genital para evitar gravidez.
q FASE PÓS-OVULATÓRIA: na 4ª noite após o ápice, a mulher entra no período de infertilidade, que
dura cerca de 2 semanas. Relações sexuais permitidas, pois os indicadores de período fértil (muco
e ovulação) já ocorreram.
o CRÍTICAS: dificuldade em manipular seus genitais; vaginites e cervicites alteram o aspecto do muco.
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MÉTODOS DE BARREIRA
Obstáculos mecânicos ou químicos à penetração dos sptz no canal cervical, impedindo sua trajetória em direção ao óvulo.
Suas vantagens é que não possui efeito sistêmico, podem impedir a transmissão de DSTs e AIDS, dispensam prescrição e
promovem retorno à fertilidade imediatamente.
§ CAMISINHA MASCULINA: envoltório de látex que retém o esperma por ocasião da ejaculação, impedindo o
contato com a vagina. Além de evitar a gravidez, é a única forma eficaz de se prevenir as DSTs, especialmente
AIDS, pois reduz o risco de transmissão de HIV e outros agentes sexualmente transmissíveis (HPV,
citomegalovírus, vírus da hepatite B, herpes simples), previnem ou detêm o desenvolvimento anormalidade nas
céls do colo do útero que podem levar ao câncer cervical e, ainda, na fase inicial da gravidez, previne a infecção
líquido amniótico.
o PRAZO DE VALIDADE: 3 a 5 anos;
o TÉCNICA: colocado antes da penetração, após obtida ereção peniana; retirar com o pênis ainda ereto;
o EFEITOS SECUNDÁRIOS: alergia ao látex, irritação vaginal devido à fricção (não lubrificado);
o BENEFÍCIOS NÃO CONTRACEPTIVOS: proteção comprovada contra Chlamydia, gonorrhoea, herpes
simples tipo 2, sífilis, tricomoníase e hepatite B, além de diminuir a taxa de regressão das neoplasias
intraepiteliais cervicais e lesões penianas por HPV, porém não se pode afirmar que o preservativo reduz
o risco de contaminação pelo HPV;
o TAXA DE FALHA: no primeiro ano, varia de 3% em uso ideal e até 14% no uso habitual;
o CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE: 1 (pode ser utilizado sem qualquer restrição).
§ CAMISINHA FEMININA: bolsa cilíndrica de plástico fino (poliuretano) transparente e suave, do mesmo
comprimento que a masculina, porém com dois aneis flexíveis, um em cada extremidade, sendo uma delas oclusa
por uma membrana. Possui uso único e é descartável, assim como o condom masculino. Já vem pré-lubrificado
por meio de uma substância à base de silicone, mas pode ser utilizado com lubrificante de base aquosa ou oleosos.
o TÉCNICA: deve ser colocado antes da penetração (2 a 20 min antes; até 8h antes) e retirado com
tranquilidade após o término da relação. O anel móvel deve ser apertado e introduzido na vagina, até
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alcançar o colo do útero, sendo que o anel externo deve ficar cerca de 3 cm para fora da vagina. Durante
a penetração, o pênis deve ser guiado para o centro do anel externo e o preservativo não deve ficar
retorcido. Para retirá-lo, deve-se segurar as bordas do anel externo fazendo um movimento de torção;
o EFEITOS SECUNDÁRIOS: alergia ao poliuretano ou ao lubrificante (efeito raro);
o CRÍTICAS: desconforto, movimentação durante o coito e pode torná-lo ruidoso, reduz a sensibilidade à
penetração, é mais caro e tem aspecto feio;
o VANTAGENS: protege contra DSTs, controle total da mulher, mas requer treinamento e orientação);
o BENEFÍCIOS NÃO CONTRACEPTIVOS: ausência de efeitos sistêmicos, redução do risco de transmissão de
HIV e outras DSTs (HIV/AIDS, gonorreia, sífilis, clamídia, tricomoníase), pode auxiliar na prevenção de
câncer de colo uterino. Apesar dos vírus serem impermeáveis ao preservativo feminino, parece não
oferecer alta proteção contra o HPV e herpes.
o TAXA DE FALHA: nos primeiros seis meses de uso, a taxa de falha é de 1,6% com uso correto e 21% em
uso habitual.
§ DIAFRAGMA: anel flexível coberto no centro com uma delgada membrana de látex ou silicone em forma de
cúpula, que se coloca na vagina cobrindo completamente o colo do útero e a parte superior da vagina, impedindo
a penetração dos sptz no útero e trompas. Para sua maior eficácia, deve-se colocar na porta côncava creme
espermaticida, mas essa associação limita-se as mulheres com baixo risco para HIV e outras DSTs. É necessária a
medição por profissional de saúde treinado, para determinar o tamanho adequado a cada mulher.
o TAXA DE FALHA: nos 12 primeiros meses, varia de 6% com uso correto e 21% em uso habitual.
o EFEITOS SECUNDÁRIOS: irritação da vagina ou pênis, reação alérgica à borracha ou espermaticida,
aumento da frequência de infecções do trato urinário.
o CONTRA INDICAÇÃO: mulheres que nunca tiveram relações sexuais, configuração anormal da pelve, cisto
ou retocele acentuadas, septos vaginais, fístulas vaginais, vigência de infecções urinárias agudas.
o TÉCNICA: pode ser colocado antes da relação sexual ou utilizado de forma contínua. Durante a
menstruação, o diafragma deve ser retirado evitando a possibilidade de acúmulo de sangue na
vagina/reduzindo o risco de infecção genital. Em caso de uso com geleia espermaticida, aplicá-la dentro
da parte côncava do diafragma.
q O uso frequente de espermaticida causa irritação, fissuras e microfissuras na mucosa vaginal e
cervical, aumentando o risco de infecção pelo HIV e outras DSTs.
q O diafragma não deve ser retirado antes de um período de 6h após a última relação sexual e deve-
se evitar duchas vaginais durante esse período.
q Após o uso, lavá-lo com água e sabão neutro, enxaguar, secar e salpicar amido de milho.
o CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE: categorias 2 (pode apresentar algum risco, deve ser usado com cautela) e
3 (associado a algum risco, não é o mais apropriado, apenas se não tiver outra opção).
§ ESPERMICIDAS: substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo do útero, impedindo a penetração dos sptz
no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou destruindo-os (dissolvem os componentes lipídicos da
membrana celular dos sptz). Normalmente à base de nonoxinol-9 (N-9) a 2%, o qual pode provocar lesões, como
fissuras e microfissuras, nas mucosas vaginal e retal, dependendo do volume e frequência de uso. Para o máximo
de efetividade, deve ser utilizado com o diafragma ou preservativo e devem ser colocados o mais próximo possível
da cérvix. Não protege contra DSTs e pode aumentar risco de transmissão de HIV.
o TAXA DE FALHA: no primeiro ano de uso, 6% em uso correto e 26% uso típico;
o EFEITOS SECUNDÁRIOS: irritação ou alergia, fissuras e microfissuras;
§ ESPERMATICIDAS: destroem e imobilizam os sptz ou ainda inativam as enzimas necessárias para penetração dos
mesmos no óvulo. São encontrados na forma de cremes, geleias, supositórios, tabletes, espumas e óvulos
vaginais, sendo que as geleias, cremes e espumas possuem ação quase imediata.
o VANTAGENS: não necessitam de intervenção médica, simples de usar, sem complicações e efeitos
colaterais relevantes, pode servir como lubrificante vaginal, retorno à fertilidade imediato, não
interferem na lactação.
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o DESVANTAGENS: usados imediatamente antes do coito, período de espera entre a aplicação do produto
e do coito, ativos durante período limitado de tempo.
o CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE: categoria 2 (pode apresentar risco) e categoria 3 (associado a algum risco,
não é o mais apropriado, apenas se não tiver outra opção).
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS
Todas as formulações são administradas via oral, passam pelo estômago e chegam ao intestino, onde são absorvidas,
entram na circulação porta e vão para o fígado, iniciando o circuito enterohepático, com importância nas repercussões
metabólicas.
§ ORAL COMBINADO (AOCs): método mais utilizado, devido à elevada eficácia. Há etinilestradiol em associação
aos novos progestagênios (gestodeno e desogestrel). Dividem-se em monofásicas, bifásicas e trifásicas.
o CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM OS HORMÔNIOS UTILIZADOS
q MONOFÁSICAS: comprimidos com 21, 24 ou 28, todos com a mesma composição e doses;
q BIFÁSICAS: pílulas com a mesma composição, mas com 2 blocos com doses diferentes;
q TRIFÁSICAS: mesma composição, 21 pílulas divididas em 3 blocos, cada um com doses diferentes;
o CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A DOSE ESTROGÊNICA E GERAÇÃO DE PROGESTAGÊNIOS
q PÍLULAS DE ALTA OU BAIXA DOSE (pela dose de estrogênio);
• Pílulas com doses < 50mcg de etinilestradiol = BAIXA DOSE;
q PRIMEIRA, SEGUNDA OU TERCEIRA GERAÇÃO (com base ao progestagênio);
• Primeira geração: levonorgestrel associado a 50 mcg de etinilestradiol (alta dose de
estrogênio);
• Segunda geração: doses menores de etinilestradiol associado ao progestagênio
levonorgestrel;
• Terceira geração: na presença de desogestrel ou gestodeno;
• Quarta geração: contém nova progesterona, chamada drospirenona.
o PROGESTAGÊNIOS SÃO PROVENIENTES DE TRÊS GRUPOS
q Derivados da 17-OH-progesterona = PREGNANOS (exemplos: medroxiprogesterona,
clormadinona, ciproterona, nestorona);
q Derivados da 19-nortestosterona = ESTRANOS (LNG, desogestrel, norgestrel);
q Derivados da espironolactona (drospirenona).
o MECANISMO DE AÇÃO: o estrogênio inibe a secreção de FSH e suprime o desenvolvimento do ciclo
ovariano; a progesterona inibe a secreção de LH e impede o pico ovulatório (bloqueio gonadotrófico);
agem de modo conjunto para alterar o endométrio (atrofia), evitando a implantação; geram
espessamento do muco cervical; diminuição dos movimentos das trompas.
o BENEFÍCIOS NÃO-CONTRACEPTIVOS: redução da DIP, redução da frequência de cistos funcionais de
ovário, redução da incidência de adenocarcinomas, redução da doença benigna de mama.
o INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES: contraindicado em mulheres com seis meses do pós-parto que
estejam amamentando; iniciar após o 21º dia pós-parto.
o INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA (aumentam fração inativa): antibióticos de espectro largo, que diminuem
a microbiota intestinal, diminuindo a desconjugação dos hormônios, inativando-os; antirretrovirais,
atuam no controle da infecção do HIV, interagem diminuindo os níveis séricos de hormônios estrogênicos
e sua eficácia contraceptiva.
o EFEITOS METABÓLICOS
q ETINILESTRADIOL: aumento das proteínas hepáticas (albumina e SHBG), aumentam substrato de
renina, estímulo da produção de aldosterona, gerando vasoconstrição e retenção de sódio e água;
aumento de fatores de coagulação (VII e XII), redução de antitrombina III; reduz colesterol total
e a LDL-c, com aumento de HDL.
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o EFICÁCIA: a mesma de métodos combinados, sendo melhor devido à comodidade de uso. Índice de Pearl
= 0,7.
§ PÍLULAS VAGINAIS COMBINADAS: pílulas do tipo monofásico com etinilestradiol e LNG, com o nome de Lovelle®,
para serem utilizadas na vagina diariamente. Tem início no quinto dia do ciclo, inserção de 1 comprimido ao dia
por 21 dias, com pausa de 7 dias.
§ ANEIS VAGINAIS: possui anel flexível, contendo etonogestrel e etinilestradiol. Deve permanecer na vagina por 3
semanas, sendo removido depois. O nº de dias sem o anel (pausa) é de 7 dias, sendo que depois disso deve ser
colocado um novo anel (regime de uso igual ao das pílulas combinadas). O mecanismo de ação se dá pela inibição
da ovulação, com um Índice de Pearl de 0,65, proporcionando um excelente controle do ciclo, com raros
sangramentos anormais. Como vantagem, há o fato de ser uma colocação única por ciclo, sem risco de
esquecimento, e que os hormônios são absorvidos pela vagina, sem passar pela circulação hepática, vão direto
para a circulação sistêmica, provocando menor impacto metabólico. A desvantagem é a sensação de corpo
estranho, desconforto vaginal e problemas no coito, além da expulsão do anel.
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
Casos de rompimento de preservativo, esquecimento do diafragma, uso incorreto de pílulas, estupro ou coito
desprotegido.
§ MÉTODO DE YUZPE: duas doses de 10mcg de etinilestradiol e 500mg de LNG em duas tomadas, com intervalo de
12h. A taxa média de gestação com este método é de 1,8%, mas se for iniciado nas primeiras 12h após o coito, a
taxa reduz para 1,2%. Inibe ovulação.
§ CONTRACEPTIVO COM LNG ISOLADO: usa-se levonorgestrel 1,5 mcg em dose única ou fracionada, com intervalo
de 12h. Seu modo de ação ocorre ao prevenir a ovulação, interferir na fertilização ou inibir a implantação no
endométrio.
§ DIU DE EMERGÊNCIA (COBRE): pode ser usada até sete dias após a atividade sexual desprotegida e pode ser
mantido a longo prazo. Eficácia superior a dos esteroides em contracepção emergencial. A inserção pode causar
desconforto. Pode provocar aborto.
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o EFEITOS SECUNDÁRIOS: sangramento irregular nos primeiros 5 meses de uso, cefaleia, náuseas.
o EFEITOS ADVERSOS: expulsão, dor ou sangramento, perfuração, infecção, gravidez ectópica.
ÚLCERAS
§ SÍFILIS: causada pelo espiroqueta Treponema pallidum, sendo que a fonte usual de infecção é o contato com a
lesão cutânea ou de mucosa de parceiro sexual com sífilis em estágio inicial (microfissuras), mas pode ser
transmitido verticalmente (congênita), via indireta (objetos contaminados, tatuagem) e por transfusão sanguínea.
São formados dois tipos de anticorpos, os não treponêmicos (possuem reação cruzada com os constituintes do
hospedeiro) e os treponêmicos (para antígenos específicos).
o SÍFILIS PRIMÁRIA (3 semanas após o contato): lesão vermelha (cancro duro) única, não dolorosa e
localizada no sítio de invasão. Esse cancro é uma pápula avermelhada, levemente elevada, firme, que
pode erodir para criar uma úlcera. Histologicamente, possui um infiltrado de plasmócitos, com
macrófagos e linfócitos dispersos e uma endarterite proliferativa. Linfonodos regionais aumentados
devido à linfadenite inespecífica aguda ou crônica.
o SÍFILIS SECUNDÁRIA (2 a 10 semanas após o cancro primário): linfadenopatia generalizada e lesões
mucocutâneas variadas, disseminação e proliferação dos espiroquetas na pele e tecidos mucocutâneos.
As lesões são mais frequentes nas palmas ou solas dos pés, podendo ser maculopapulares, escamosas ou
pustulares. Pode existir, ainda, condilomas planos e erosões superficiais cinza-prateadas.
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o SÍFILIS TERCIÁRIA: fase tardia assintomática, podendo apresentar três manifestações principais
(cardiovascular, neurossífilis e a terciária benigna), podendo ocorrer sozinhas ou associadas. A
cardiovascular, na forma de aortite sifilítica, causa insuficiência da válvula aórtica e aneurismas da aorta
proximal. A neurossífilis pode ser sintomática ou não, e a terciária benigna é caracterizada pela formação
de gomas (lesões nodulares) relacionadas ao desenvolvimento de hipersensibilidade tardia à bactéria.
Pode ocorrer, ainda, o envolvimento esquelético e da pele e membranas mucosas.
q TRATAMENTO PARA SÍFILIS
• PENICILINA BENZATINA (betalactâmicos): inibe enzima que promove síntese da parede
bacteriana;
• DOXICICLINA: inibição síntese proteica;
• TETRACICLINA: inibição síntese proteica, impede ação RNAt;
• GESTANTES: penicilina benzatina;
• NEUROSSÍFILIS: penicilina G cristalina, penicilina procaína, probenecida, ceftriaxone
(inibição síntese parede celular).
q PREVENÇÃO: detecção e tratamento precoce (VDRL e teste treponêmico), uso de preservativos
nas relações sexuais.
§ HERPES: a
§ CANCROIDE (CANCRO MOLE): causada pelo bacilo gram negativo H. ducreyi, apresentando-se, inicialmente,
como uma pápula dolorosa, com halo de eritema, que pode tornar-se pústula, erosão e úlcera em 48h.
Geralmente são múltiplas devido à autoinoculação. As úlceras possuem base amolecida, bordo irregular, contorno
eritematoso, odor fétido, ocasionando disúria, dor à defecação, sangramento retal, dispareunia e corrimento
vaginal. Pode ocorrer, ainda, adenopatia inguinal inflamatória unilateral, ocorrência de plastão (zona de induração
do foco inflamatório) podendo evoluir para abcessos. A transmissão é exclusivamente sexual e o tratamento pode
ser feito com azitromicina dose única, ceftriaxone, ciprofloxacino, eritromicina e doxiciclina.
§ LINFOGRANULOMA VENÉREO: causado pela Chlamydia trachomatis, por via sexual exclusiva. A lesão de
inoculação inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, desaparecendo sem deixar sequelas. No homem,
está no sulco coronal, frênulo e prepúcio; na mulher, parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e partes da
genitália externa. Ocorre uma disseminação linfática regional (linfadenopatia inguinal, normalmente unilateral,
nos homens; a localização da adenopatia depende do local de lesão no caso de inoculação nas mulheres). Esse
comprometimento ganglionar evolui com supuração, fistulização por orifícios múltiplos (“regador”), linfonodos
fundidos numa grande massa. As sequelas podem acometer o reto e a obstrução linfática pode levar à elefantíase
genital, chamada de estiômene na mulher. O tratamento é feito com doxiciclina e eritromicina.
§ DONOVANOSE: causada pela bactéria Klebisiela granulomatis, inicia-se com ulcerações de borda plana ou
hipertrófica, bem delimitadas, com fundo granuloso de aspecto vermelho vivo e sangramento fácil. Tratamento
com doxiciclina. (vide aula fundamentação ISTs)
VERRUGAS
Apresentam-se quando o vírus de HPV não tem alto potencial oncogênico (vide aula fundamentação ISTs).
§ HPV: DNA vírus, sendo que os de potencial oncogênico são, principalmente, os vírus HPV 16 e 18. A infecção pode
ser subclínica (diagnosticada pelo papanicolau, aplicação de ácido acético - epitélio espessado, esbranquiçado,
micropapilas), clínica (diagnosticada à olho nu, condilomas acuminados/crista de galo ou verrugas genitais, sendo
que as lesões podem ser únicas ou múltiplas, dolorosas e assintomáticas) e latente (DNA viral presente no núcleo
da célula, mas não integrado ao genoma; diagnosticada apenas com PCR). A transmissão pode ser sexual,
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maternofetal ou fômites e o diagnóstico pela citologia oncótica cérvico vaginal (papanicolau) ou biópsia. O
tratamento é a retirada das lesões condilomatosas por ácido triclorocético 70 a 0%, podofilina ou Imiquimod
creme 5%, além das vacinas quadrivalente e bivalente (16,18).
HIV/HEPATITES
§ HIV/AIDS: retrovírus com genoma RNA que possui período de incubação prolongado e capacidade de supressão
do sistema imune. A transmissão se dá pelo contato com as mucosas ou com área ferida do corpo, contato sexual,
exposição parenteral a sangue ou fluidos corporais contaminados e transmissão perinatal/vertical (durante
gestação, parto ou amamentação), mas não por secreções, como saliva, suor (sobrevive pouco no ambiente
externo). O tratamento deve ser feito associando duas drogas da lista 1 a uma da lista 2 ou uma da 3.
1. INIBIDORES DE TRANSCRIPTASE REVERSA ANÁLOGOS DOS NUCLEOSÍDEOS: impedem reprodução viral ao
se incorporar à cadeia de DNA;
2. INIBIDORES DE TRANSCRIPTASE REVERSA NÃO ANÁLOGOS DOS NUCLEOSÍDEOS: bloqueiam diretamente
a ação da enzima e a multiplicação do vírus;
3. INIBIDORES DE PROTEASE: bloqueiam sua ação e impedem produção de novas cópias celulares infectadas
com o HIV;
4. INIBIDOR DA INTEGRASE;
5. INIBIDOR DE ENTRADA;
6. INIBIDOR DE FUSÃO
§ HEPATITES: transmissão via perinatal, horizontal, uso de drogas injetáveis, transfusões sanguíneas, leite materno,
relações sexuais desprotegidas. Ao realizar o exame central de diagnóstico de hepatite B crônica, caso haja HBsAg
(antígeno de superfície de vírus B) positivo, indica a presença do vírus e possibilidade de transmissão. O
tratamento pode ser feito com interferons e medicações de uso oral (lamivudina, adefovir, entecavir, tenofovir).
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