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Níveis hormonais e ciclo menstrual

O ciclo menstrual nada mais é do que um processo cíclico decorrente da secreção


alternada de quatro principais hormônios: estrógeno e progesterona (secretados
principalmente nos ovários), Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante
(FSH), os dois últimos, secretados pela hipófise . A hipófise é uma glândula endócrina
situada na sela túrcica, cavidade óssea localizada na base do cérebro.
No início de cada ciclo, quando a menstruação ocorre, há liberação hipofisária de
pequenas quantidades de FSH e LH (pequenos pulsos), que juntos provocam o
crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos . O crescimento destes folículos
induz o aumento da produção de estrógeno. Este é secretado em uma taxa crescente,
estimulando a proliferação endometrial, e atingindo o seu pico aproximadamente na
metade do ciclo.
A concentração alta de estrógeno inicialmente reduz o pulso de LH e FSH e, em
seguida, provoca um aumento súbito – surto pré-ovulatório – destes dois hormônios,
estimulando a ovulação (ruptura do folículo e liberação do óvulo). Após a ovulação, os
elementos residuais do folículo rompido formam o desenvolvimento do corpo lúteo que
secreta estrogênio e quantidades elevadas de progesterona com o objetivo de manter a
gestação, até que a placenta possa assumir esta função.
Observe o esquema abaixo de um ciclo menstrual normal, de 28 dias, mostrando
as flutuações das concentrações hormonais sangüíneas (a) e (b) e os estágios de
crescimento do folículo e do corpo lúteo (c), assim como as alterações do endométrio (d),
no útero, durante o ciclo menstrual.
adaptada de: http://www.educa.aragob.es/iescarin/depart/biogeo/varios/BiologiaCurtis/Seccion%207/7%20-
%20Capitulo%2050.htm

A: liberação pulsátil do LH e do FSH;


B: aumento da quantidade de estrógeno;
C: redução dos pulsos de LH e FSH;
D: surtos pré-ovulatórios de LH e FSH;
E: estrógeno e grandes quantidades de progesterona secretados devido à ovulação;
F: não havendo fecundação a concentração de estrógeno e progesterona caem.

Não havendo fecundação os níveis de progesterona e estrogênio caem,


provocando a diminuição da produção de LH e FSH, de modo que o corpo lúteo regrida –
fase luteínica - reduzindo por sua vez a produção de progesterona e estrogênio e fazendo
com que o endométrio descame, ocorrendo a menstruação e dando início a um novo ciclo.
involucação

Uma síntese deste ciclo é apresentado sob a forma de diagrama na figura A.4.
Diagrama do ciclo menstrual, mostrando a secreção alternada dos principais hormônios
envolvidos no processo: LH, FSH, progesterona e estrógeno, quando não ocorre
fecundação.

A ovulação ocorre aproximadamente entre 10-12 horas após o pico de LH (reta


tracejada vertical nas figuras A.3 (a) e (c)). De uma maneira geral, este período de tempo
entre o pico de LH e a menstruação é de 14 dias. Considera-se período fértil (período em
que a mulher está mais apta a engravidar) aquele que inicia três a quatro dias antes da
ovulação e termina três a quatro dias após a ovulação. Normalmente, para fins de
cálculos, considera-se o dia fértil (dia exato da ovulação) como sendo o 14º dia antes do
início da menstruação seguinte.
Quando, durante o ciclo menstrual, ocorre a fecundação , o embrião atinge o
útero e a placenta secreta um hormônio chamado de hCG – Human chorionic
gonadotropin – que impede a degeneração do corpo lúteo. Este tem a função de manter a
produção de progesterona e estrógeno, hormônios críticos para a manutenção da
gestação. A produção ovariana destes hormônios inibibe a produção hipofisária de LH e
FSH, impedindo o estímulo de novos folículos ovarianos e, conseqüentemente, a ovulação
durante todo o período da gestação. Há assim um bloqueio do ciclo menstrual. No final da
gravidez o corpo lúteo se desintegra, diminui a quantidade de progesterona, provocando a
contração do útero que facilita a expulsão do feto durante o parto. Após o parto um novo
ciclo menstrual se inicia, conforme é possível observar no diagrama da figura abaixo.
Diagrama do ciclo menstrual, mostrando a secreção alternada dos principais hormônios
envolvidos no processo: LH, FSH, progesterona e estrógeno, quando há fecundação.

Vale lembrar que os hormônios gonadotrópicos, LH e FSH, secretados na hipófise,


são produzidos tanto no homem quanto na mulher, mas agindo naturalmente, sobre
diferentes órgãos. Os hormônios sexuais, progesterona e estrógeno, secretados pelas
respectivas glândulas sexuais (ovários, nas mulheres e testículos, nos homens), também
são produzidos por ambos os sexos quando estimulados pelos hormônios gonadotrópicos.
O Ciclo Sexual da Mulher
Autor: Magui Neto, Beatriz Soares
Última atualização: 2016/05/13
Palavras-chave: Fertilidade, Sexualidade, Saúde Reprodutiva, Ciclo
Menstrual, Ovulação

Resumo

O ciclo sexual da mulher é um fenómeno complexo, cuja fisiologia nem sempre é fácil de entender.
Desde o primeiro dia da menstruação até ao primeiro dia da menstruação seguinte, a mulher passa por um conjunto de
alterações hormonais que se destinam a preparar o corpo para uma possível gravidez e que justificam alguns sintomas que vão
aparecendo ao longo do mês.
Conhecer o seu próprio corpo e a forma como funciona é fundamental para garantir uma melhor saúde.

O Ciclo Sexual da Mulher

A idade fértil corresponde ao período da vida entre a primeira menstruação


(menarca) e a última (menopausa), durante o qual a mulher pode engravidar.
Ao longo do ciclo sexual da mulher, ocorrem diversos fenómenos, principalmente nos
ovários (ciclo ovárico) e útero (ciclo uterino ou endometrial). Estes são regulados pela
complexa interação entre as hormonas foliculoestimulante (FSH) e luteinizante (LH),
produzidas no cérebro, com as hormonas produzidas pelos ovários, estrogénio e
progesterona.
O ciclo sexual dura em média 28 dias (podendo durar entre 20 e 45 dias).
Começa a contar no primeiro dia de menstruação (dia 1) e termina precisamente antes
da menstruação seguinte.
Nos primeiros anos após a menarca e nos últimos que antecedem a
menopausa, os ciclos tendem a ser mais longos e irregulares, o que é normal.
Nos dias antes e após a ovulação, a probabilidade de engravidar é maior (período
fértil).

Ciclo Ovárico
A produção de FSH e LH pelo cérebro regula o ciclo ovárico, que se divide em
três fases: folicular, ovulatória e luteínica.

1. Fase Folicular
O folículo é uma estrutura situada no ovário, que permite o crescimento e
libertação do óvulo. Quando nascem, as meninas já contêm nos seus ovários milhares
de folículos, que se mantêm num estado imaturo até à puberdade, quando a FSH e LH
começam a ser produzidas.
A fase folicular inicia-se no dia 1 de cada ciclo. A FSH (cujo aumento gradual é
ligeiramente mais precoce e pronunciado do que a LH) estimula o crescimento de 3 a
30 folículos, sendo que, normalmente, apenas um vai atingir a plena maturação e
libertar um óvulo, enquanto os restantes degeneram. À medida que se desenvolve, o
folículo liberta hormonas ováricas, sobretudo estrogénio.
Esta fase termina precisamente antes do aumento da LH que antecede a
ovulação.

2. Fase Ovulatória
Começa com o aumento progressivo da LH, que 16 a 32 horas depois resulta
num pico de concentração, estimulando a rotura do folículo e libertação do óvulo que
iniciará pouco depois a descida através das trompas até ao útero.
É nesta fase que poderá encontrar os espermatozoides com possibilidade de
fecundação.

3. Fase Luteínica
Começa após a ovulação e termina imediatamente antes do início da
maturação de um novo folículo. Nesta fase, os níveis de LH e FSH são mínimos, e o
folículo rebentado forma uma estrutura amarela, denominada “corpo lúteo”, que
segrega grandes quantidades de estrogénio e progesterona.

Ciclo Uterino (Endometrial)


O endométrio é a camada mais interna do útero, que reveste a cavidade
uterina, sofrendo alterações durante o ciclo menstrual, por influência das hormonas
ováricas. Estas modificações permitem, em cada mês, preparar o útero para uma
possível gravidez, e dividem-se em 3 fases: proliferativa, secretora e menstrual.
1. Fase Menstrual
O dia 1 do ciclo corresponde ao primeiro dia da menstruação, que consiste na
descamação das células endometriais, que se tinham desenvolvido no ciclo anterior.
Esta descamação resulta da quebra de estrogénios e progesterona, devido ao
desaparecimento do corpo lúteo.

2. Fase proliferativa
Com o desenvolvimento de um novo folículo ovárico, ocorre um aumento de
estrogénio, que promove a proliferação do endométrio, com crescimento rápido das
suas glândulas e vasos sanguíneos. Nesta fase, as glândulas produzem um muco fino
e pegajoso que se alinha no canal cervical, e que tem por função guiar os
espermatozoides até ao útero.

3. Fase secretora

Após a ovulação, o corpo lúteo produz estrogénios e progesterona em grandes


quantidades.
O estrogénio promove o crescimento adicional do endométrio, enquanto a
progesterona promove o desenvolvimento das glândulas secretoras e do tecido
conjuntivo, transformando o endométrio num órgão secretor rico em nutrientes, capaz
de nutrir precocemente o embrião e de permitir a sua fixação. Uma semana após a
ovulação, o endométrico mede 5 a 6 mm de espessura.
Se não ocorrer a fixação do embrião na parede uterina e consequente
gravidez, o corpo lúteo degenera, há quebra dos níveis de estrogénio e progesterona,
e aparece a menstruação, iniciando-se um novo ciclo.

Conclusão
O ciclo sexual da mulher depende da interação entre hormonas cerebrais e ováricas,
resultando em dois efeitos principais: ocorrência da ovulação e preparação do útero
para receber um eventual embrião.
Referências recomendadas
 Miranda L. O ciclo sexual (ou menstrual) feminino
 Manual MSD, secção 22: Problemas de saúde na Mulher;
Cap.232: Hormonas e Reprodução

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