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Júlia, 35 anos, casada, universitária, obteve diagnóstico de endometriose aos 22 anos.

Um
dos primeiros sinais do problema, que a levaram a procurar atendimento no posto de saúde
de sua cidade, foram as cólicas intensas no período menstrual, bem como dores durante o
ato sexual. No início foi difícil aceitar, mas depois passou a conviver bem com a doença. 
Para controlar as dores faz uso de contraceptivos orais, que podem suprimir a menstruação
(sintéticos de progesterona). Nos últimos anos, porém, o quadro se agravou. Há dois dias
sente dores no dorso e na região lateral direita do tronco. A temperatura (38,8ºC),
frequência cardíaca (100 batimentos por minuto) e a pressão arterial (130/90mmHg) estão
elevados. A ultrassonografia abdominal mostrou uma alteração nos rins. O profissional de
saúde explicou que a proximidade anatômica do sistema urinário com o aparelho reprodutor
feminino favorece a proliferação destas células do endométrio em direção aos órgãos
vizinhos e que infelizmente isso aconteceu com ela. A solução foi histerectomia total
decorrente de agravamento do quadro de endometriose. Hoje Júlia passa bem e já pensa em
adotar um filho. As dores cessaram e ela está completamente recuperada. Monte um
pequeno texto em que você discuta: 
a) A anatomia do útero e sua posição em relação à bexiga, bem como a organização
anatômica do pudendo.

Sabe-se que o útero é um dos órgãos mais importantes para a reprodução


feminina, é uma estrutura anatômica muscular oca que possui paredes espessas, tem
como objetivo resguardar o embrião e futuramente o feto durante o processo de
desenvolvimento. Dessa forma, suas paredes musculares possuem a capacidade de ir se
adaptando conforme o crescimento do feto e garantindo sua “expulsão” no momento do
parto.
O útero está localizado na parte anterior da cavidade pélvica, sendo mais frente
do reto e acima da bexiga, suas dimensões podem variar durante as fases da vida. Em
uma mulher adulta, por exemplo, o útero geralmente encontra-se antevertido, ou seja,
inclinado anterossuperiormente em relação ao eixo da vagina, e antefletido, curvado em
relação ao colo, criando um ângulo de flexão, de modo que a massa fique sobre a bexiga
urinária. Este pode ser dividido em duas partes:
Corpo do útero: é responsável pela formação de dois terços dos órgãos
superiores, incluindo o fundo uterino, está localizado entre as lâminas do ligamento
largo e é móvel, possui ainda duas fáceis, anterior e posterior, que são separadas do colo
pelo istmo do útero.
Colo do útero: Corresponde ao terço inferior do útero, tem como uma posição
cilíndrica e estreita, seu comprimento é de aproximadamente 2,5 cm, quando uma
mulher não se encontra grávida. Este é dividido ainda em duas porções, sendo elas: a
porção supravaginal entre o istmo e a vagina e uma porção vaginal, se localizando na
parte superior da parede anterior da vagina.
É importante ressaltar que o istmo é um pequeno segmento estreito situado entre
o colo e o corpo do útero.
Além do corpo e colo, o útero possui uma cavidade luminal, que é uma estreita
fenda e possui aproximadamente 6 cm de comprimento do óstio uterino até a parede de
fundo. O útero possui ainda os cornos, que são regiões superolaterais da cavidade
uterina, local em que penetram as tubas uterinas. É valido ressaltar que essa cavidade é
continua e inferiormente com o canal do colo e simultaneamente com o lúmen da vagina
constituem o canal do parto em que o feto irá atravessar ao final da gestação.

b) As fases do ciclo menstrual do ponto de vista hormonal.

É notório que o ciclo menstrual tem seu início no primeiro dia de sangramento e
seu término um pouco antes da próxima menstruação. Esses ciclos têm sua variação
entre 25 e 36 dias, dependendo da mulher, podendo ser mais curtos ou mais longos.
Sabe-se que esse ciclo menstrual é regulado por meio de hormônios, dois
hormônios (hormônio luteinizante e hormônio folículo estimulante), são produzidos
pela hipófise, promovendo a ovulação e estimulam os ovários a produzirem estrogênio e
progesterona, ambos estimulam o útero e as mamas a se prepararem para uma possível
fecundação. O ciclo menstrual é dividido em três fases: folicular, ovulatoria e lútea.
Com o início do sangramento menstrual, inicia-se a fase folicular, que tem sua
duração de aproximadamente de 13 ou 14 dias, o revestimento do útero encontra-se
espesso e com líquidos e nutrientes com objetivo de nutrir embrião. Não havendo
nenhum ovulo fecundado, as concentrações de estrogênio e progesterona estarão baixas
e as camadas do endométrio9 são derramadas ocorrendo o sangramento menstrual.
Dessa forma, a hipófise aumenta sua produção de hormônio folículo estimulante,
que irá estimular o crescimento de três a 30 folículos. É nessa fase que a concentração
desse hormônio diminui, e somente um desses folículos continua com o crescimento.
Assim, é produzido o estrogênio e outros folículos já estimulados começam a se romper,
a concentração de estrogênio aumenta e começa a preparar o útero e estimula o surto de
hormônio luteinizante. O surto causa a liberação do ovulo marcando o início da fase
ovulatória.
Diante do surto de hormônio luteinizante é iniciada a fase ovulatoria, geralmente
tem seu tempo de duração de 16 a 32 horas, e pode ser detectado por meio da medição
da concentração do hormônio na urina. Este hormônio estimula o folículo a sobressair
da superfície do ovário e romper-se ocasionando a liberação do óvulo.
Quando há a ovulação, algumas mulheres sentem desconfortos em um lado do
abdômen, podendo durar alguns minutos ou horas. Esse desconforto pode ocorrer antes
ou depois da ruptura do folículo, não sendo sentida em todos os ciclos. Observa-se ainda
que a liberação do óvulo, não é alternada entre os dois ovários, quando há um ovário
removido, o outro liberará um óvulo mensalmente.
Assim, após a ovulação inicia-se a fase lútea, que tem sua duração em
aproximadamente 14 dias e seu término pouco antes da menstruação. Com o folículo já
rompido, este irá se fechar após a liberação do óvulo e formar um corpo lúteo,
produzindo quantidades altas de progesterona que terá suas funções:
 Preparar o útero para um embrião que possa ser implantado;
 Gerar o espessamento no endométrio, podendo fazer com que este fique
com líquidos e nutra o possível embrião implantado;
 Produzir espessamento do muco no colo do útero e diminuir as chances
de espermatozoides ou bactérias penetrarem no útero;
 Motivar o aumento ligeiro na temperatura corporal durante a fase em
questão;

Ainda convém lembrar que nessa fase a concentração do estrogênio é alta,


estimulando o espessamento do endométrio. A alta das concentrações de estrogênio e
progesterona irá causar a dilatação nos seios, podendo ficar sensíveis e inchados
durante o período. Quando o óvulo não é fecundado, o corpo lúteo se degenerará após
14 dias e a concentração do estrogênio e progesterona irá diminuir se iniciando um
novo ciclo.
Por outro lado, havendo um embrião, as células que estão ao redor deste,
começam a se produzir e um hormônio conhecido como gonadotrofina coriônica
humana é produzido. Esse hormônio irá manter o corpo lúteo, que continuará a
produzir a progesterona até que o feto consiga produzir seus próprios hormônios.

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