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Farmacologia – Ansiolíticos e Hipnóticos

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Farmacologia – Ansiolíticos e hipnóticos


Taime Victor Lima
UFAL - AL
Farmacologia – Ansiolíticos e Hipnóticos
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INTRODUÇÃO E CONCEITOS

Ansiolíticos: são fármacos utilizados no tratamento da ansiedade, com o objetivo de reduzir


sintomas e/ou intensidades das crises.

Hipnóticos: são fármacos que causam sonolência e facilitam o início e manutenção do sono.
Em pequenas doses, causam sedação. Em doses intermediárias, causam hipnose (sono) e em doses
elevadas causam anestesia cirúrgica.

Obs.: os ansiolíticos e hipnóticos são considerados depressores do sistema nervoso central (SNC).

Os ansiolíticos podem ser eficazes em controlar os diferentes. Tipos de ansiedade: fobias


específicas (altura, insetos, clausura), fobia social (agorafobia a ambientes públicos), pânico,
depressão ansiosa, estresse pós-traumático e TOC.

A ansiedade desencadeia diversos sinais e sintomas, que podem ser amenizados com o uso
desses fármacos. Alguns sintomas decorrentes da ansiedade são: palpitação, hipertensão,
vermelhidão e hiperventilação; elevação dos níveis de corticosterona plasmática, alteração no
funcionamento da tireoide (aumento), alteração do ciclo hormonal; gastrite, úlceras, diarreia; insônia,
agitação, dificuldade de concentração.

A vigília é o estado de consciência ou atenção no qual o indivíduo é capaz de responder ao


meio. O sono é o estado de inconsciência em que o indivíduo pode ser despertado. O sono adequado
é muito importante para a homeostase. Os hipnóticos agem no ciclo vigília-sono, visando sua
regularização. Os ansiolíticos podem ser eficazes no tratamento da insônia, contribuindo também
para um sono adequado.

O sono é dividido em alguns estágios: I (sonolência), II (sono leve), III, IV (sono profundo) e
sono REM (ondas rápidas dessincronizadas). A insônia consiste na diminuição da quantidade ou da
qualidade do sono, levando à um prejuízo do bem-estar durante o dia. Existem 20 classificações da
insônia, as principais são: breve (dura de 2 a 3 semanas), transitória (ex.: durante prova, entrevista
de emprego) e crônica (condições médicas, psiquiátricas). A insônia pode aparecer
secundariamente a uma determinada doença. Por exemplo, no distúrbio relacionado ao receptor do
GABA (neurotransmissor inibitório produzido a partir do glutamato por uma descarboxilação).
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Os receptores do GABA são classificados como:

• Ionotrópicos (GABAA e GABAC) → onde agem os benzodiazepínicos (BDZ) e barbitúricos;


• Metabotrópicos (GABAB).

Obs.: os BDZ potencializam o efeito do GABA, ou seja, hiperpolarizam o neurônio. Na ansiedade,


ocorre um aumento da atividade neuronal. Assim, a hiperpolarização ocasionará uma diminuição
dos sintomas ansiosos.

Os BDZ aumentam o número de aberturas dos canais de Cl- e os barbitúricos aumentam o tempo
de abertura dos canais de Cl- (não dependem do GABA para abrir o canal de Cl- do receptor GABAA).
Na farmacologia do SNC, os ansiolíticos e hipnóticos são os chamados psicodislépticos (perturbam
o SNC).

HIPNÓTICOS-SEDATIVOS

Benzodiazepínicos

São os fármacos mais utilizados no tratamento da ansiedade e da insônia.

Ações:

• Atuam na redução da ansiedade e agressão; sedação e indução do sono; redução do tônus


muscular e da coordenação e possuem efeitos anticonvulsivantes.
• Fármacos ansiolíticos: diazepam, lorazepam (também usado como sedativo-hipnótico),
bromazepam, alprazolam.
• Fármacos sedativo-hipnóticos: flurazepam, nitrazepam.
• Fármaco pré-anestésico e hipnótico: midazolam.
• Fármaco anti-convulsivante: clonazepam (rivotril).

Farmacocinética:

São altamente lipossolúveis, mas a velocidade de absorção é variável entre os BDZ. Todos
os BDZ atravessam a barreira hematoencefálica. A metabolização ocorre por oxidação microssomal,
com posterior conjugação com o ácido glicurônico e sofrem metabolização hepática.
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Mecanismo de ação:

Os BDZ ligam-se a locais específicos (receptor BDZ) do receptor GABAA. Em condições


normais, o GABA se liga ao receptor GABAA permitindo a entrada íons cloreto nas células. Os BDZ
agem potencializando a ação do GABA. O GABAB não é sensível ao BDZ.

Uso terapêutico:

- Tratamento da ansiedade: popular ação calmante;

- Pré-anestésico;

- Uso como sedativo-hipnótico;

- Tratamento dos distúrbios convulsivos;

- Tratamento das síndromes de abstinência de álcool (se usar o BDZ e voltar a beber o indivíduo
pode ter uma grave depressão);

- Uso como miorrelaxante (medicação pré-anestésica);

- Tratamento de pesadelos (suprime a fase do sono REM).

Obs.: a retirada da medicação deve ser de forma lenta e gradativa para evitar ação excitatória brusca
(efeito rebote).

Efeitos adversos: sonolência, confusão mental e incoordenação motora; tolerância, dependência;


irregularidades menstruais (incluindo anovulação); risco de teratogênese (evitar em gestantes até o
4° mês); a superdosagem ou o uso concomitante com álcool pode provocar depressão respiratória,
cardíaca e hipotensão; risco de coma.

Antídoto específico: flumazenil (utilizado em casos de superdosagem).


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Antagonistas da serotonina

Ex.: buspirona (ansiolítico).

Ação: atua como agonista parcial nos auto-receptores 5-HT1A – feedback negativo; age também
na inibição da despolarização dos neurônios serotoninérgicos e diminuição da síntese e liberação
de serotonina (5-HT).

Farmacocinética: rápida e completa absorção no trato gastrointestinal (TGI); o fármaco sofre


extenso efeito de 1ª passagem no fígado; o metabólito hidroxilado é ativo; possui alta ligação à
proteínas; é excretado parcialmente na urina e possui meia-vida de eliminação de 4-8h.

Uso terapêutico: quadros moderados de ansiedade.

Efeitos adversos: em altas doses, pode agir em outros receptores serotoninérgicos, ou seja, diminui
sua especificidade. Em pequenas doses, age mais nos auto-receptores. Os efeitos adversos são
semelhantes aos efeitos do excesso da serotonina: agitação e disforia; taquicardia e palpitação;
nervosismo.

Barbitúricos

São depressores não seletivos do SNC (inibem vários receptores GABA A). Foram os primeiros
ansiolíticos a serem utilizados.

Química: composto original – ácido barbitúrico. É um fármaco ácido, por isso, sua aplicação pode
ser dolorosa. Alteração na estrutura (maior lipossolubilidade e potência). São lipossolúveis no pH 7.
Para facilitar sua excreção, deve-se tornar a urina básica, administrando bicarbonato de sódio.

Classificação: ação ultracurta (tiopental – 30min); ação curta (pentobarbital – 2h); ação
intermediária (amobarbital – 3 a 5 h); ação prolongada (fenobarbital – mais de 6 h).

Mecanismo de ação: em baixas doses, possuem ação semelhante ao GABA: afinidade pelo sítio da
picrotoxina do receptor GABA, no canal de cloreto. A picrotoxina é anticonvulsivante e inibe o canal
de cloreto. O barbitúrico faz com que esse canal fique aberto por mais tempo (hiperpolarização mais
intensa e prolongada). Possui ação inibitória maior que os BDZ.
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Farmacocinética: os de ação prolongada são metabolizados principalmente no fígado por oxidação


lenta (degradados por enzimas microssomais e são potentes indutores de enzimas); sua excreção
é principalmente renal.

Uso terapêutico e efeitos adversos: possuem muitas desvantagens (por isso, estão sendo
substituídos pelos BDZ como hipnóticos e sedativos) → baixo índice terapêutico, suprimem o sono
REM, rápido desenvolvimento de tolerância, alto potencial de dependência e abuso e indução
microssomal enzimática frequente. Efeitos adversos: hipersedação, erupções cutâneas, diminuição
da ação de outros fármacos (potente indutor de enzimas hepáticas). A suspensão do tratamento
pode acarretar convulsões, alucinações e psicoses. A superdosagem aguda dos barbitúricos pode
causar: diminuição dos reflexos, depressão respiratória grave, hipotensão, insuficiência renal e
coma. Não há antídoto. Em caso de superdosagem, deve-se administrar substâncias que
alcalinizem a urina para facilitar a excreção desse fármaco e fazer fluidoterapia.

Novos hipnóticos: zolpidem, zopiclona, zaleplon. Eles causam menor supressão do sono REM, boa
atividade hipnótica, boa absorção oral, baixa toxicidade (meia-vida curta), e não há muito risco de
causar dependência.

Outras drogas:

• Beta-bloqueador (BB): propranolol → auxilia no tratamento de alguns tipos de ansiedade, já


que certos sintomas de ansiedade envolvem a ativação do simpático (ex.: taquicardia).
• Anti-histamínicos: difenidramina (possui ação sedativa).
• Princípios ativos naturais: feitos principalmente de maracujá, atuam no mesmo receptor dos
BDZ com efeito calmante e não causam dependência.

REFERÊNCIAS

1. Brunton, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª ed. Rio de
Janeiro: McGraw-Hill, 2012.
2. Rang, H.P., Dale, M.M., Ritter, J.M., Flower, R.J., Henderson, G. Farmacologia. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2012.
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