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à Biomedicina
Farmacologia do Sistema Nervoso e Junção Neuromuscular
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Revisão Técnica:
Prof.a Luciana Nogueira
Farmacologia do Sistema Nervoso
e Junção Neuromuscular
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Estudar o sistema nervoso e suas alterações fisiológicas para compreensão dos tratamentos
utilizados, relacionando o mecanismo de ação dos fármacos do Sistema Nervoso Central,
tais como sedativos, antidepressivos, entre outros;
• Diferenciar a Farmacologia dos sistemas simpático e parassimpático, bem como estudar a
Farmacologia da Junção Neuromuscular (JNM).
UNIDADE Farmacologia do Sistema Nervoso
e Junção Neuromuscular
Contextualização
Dando continuidade à disciplina de farmacologia, iremos abordar, nesta unidade,
os fármacos que atuam no sistema nervoso e na junção neuromuscular. Para isso,
faz-se necessário relembrar da fisiologia desses sistemas, uma vez que envolvem
receptores e neurotransmissores específicos, que estão diretamente relacionados
com os mecanismos de ação dos fármacos. Vamos nessa!
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Fisiologia do Sistema Nervoso
O sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Ner-
voso Periférico (SNP). O SNC é formado por estruturas que se localizam dentro
do crânio e das vértebras. É composto pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco
encefálico) e pela medula espinhal. O cérebro ocupa a maior parte do encéfalo.
Possui bilhões de neurônios que recebem, analisam e armazenam informações de
condições interiores e exteriores. É dividido em dois hemisférios (direito e esquerdo)
que controlam os músculos e as glândulas do lado oposto do corpo em que estão
localizados. O SNP inicia na medula espinhal e conecta neurônios eferentes (que par-
tem da medula espinhal para os tecidos periféricos) e os aferentes (que passam dos
tecidos periféricos para a medula espinhal) com o cérebro. Sua função principal é
receber os sinais com informações, processá-las e emitir as respostas determinadas,
controlando assim as atividades do corpo. Já o Sistema Nervoso Periférico (SNP)
é formado pelos nervos e gânglios nervosos. Sua função é ligar o sistema nervoso
central aos outros órgãos do corpo e, com isso, realizar o transporte de informações
por meio dos neurônios.
Os neurônios, por sua vez, são as células responsáveis pela recepção e transmissão
dos estímulos do meio interno e externo, possibilitando ao organismo a execução de
respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais fun-
ções, contam com duas propriedades fundamentais: a excitabilidade e a condutibili-
dade. Excitabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos,
sejam eles internos ou externos. Portanto, excitabilidade não é uma resposta, mas
a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos
vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos tipos
celulares distintos também diferem umas das outras. A resposta emitida pelos neurô-
nios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor:
uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação –
chamada de impulso nervoso – por toda a sua extensão, em grande velocidade e em
curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade.
Nervos Espinais
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Trata-se de uma divisão com base nas características anatômicas e nas funções
que cada uma delas desempenha. Normalmente, as fibras nervosas dos sistemas
simpáticos e parassimpáticos secretam dois neurotransmissores principais: noradre-
nalina e acetilcolina. As fibras que secretam noradrenalina ativam receptores adre-
nérgicos, e as que secretam acetilcolina ativam receptores colinérgicos.
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Essa comunicação ocorre por meio das sinapses. A sinapse é a região localizada
entre neurônios onde agem os neurotransmissores (mediadores químicos), transmi-
tindo o impulso nervoso de um neurônio a outro, ou de um neurônio para uma célula
muscular ou glandular.
Vamos conversar um pouco mais sobre elas, uma vez que a regulação dos neu-
rotransmissores do grupo das monoaminas é interrompida em uma variedade de
transtornos psiquiátricos, e, de fato, muitos medicamentos psicotrópicos (que afetam
o comportamento ou o humor) impactam uma ou mais etapas da sua síntese, arma-
zenamento ou degradação.
As Catecolaminas
Todas as catecolaminas são derivadas do metabolismo da tirosina. A principal
enzima envolvida no catabolismo da catecolamina é a monoamina oxidase (MAO),
presente nas terminações nervosas.
• Dopamina (DA): a dopamina é um neurotransmissor sintetizado por certas
células nervosas a partir da tirosina (aminoácido). Afeta o movimento muscular,
o crescimento dos tecidos e o funcionamento do sistema imunológico. As redes
dopaminérgicas do cérebro estão estreitamente associadas aos comportamentos
de exploração, vigilância e busca pelo prazer. A baixa atividade dopaminérgica
está presente nas depressões melancólicas, caracterizadas por uma diminuição
na atividade motora e na iniciativa. Drogas estimulantes ativam certos sistemas
dopaminérgicos. Portanto, os medicamentos que aumentam a dopamina, como
a L-Dopa e as anfetaminas, também aumentam a agressão;
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Figura 4 – Estrutura química e fórmula molecular da dopamina
Fonte: Getty Images
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Dada essa revisão, explore mais sobre os neurotransmissores do sistema nervoso central no artigo
“Comportamento agressivo e três neurotransmissores centrais: dopamina, gaba e sero-
tonina: uma revisão sistemática dos últimos 10 anos”, disponível em: https://bit.ly/2EZiYVK
Ansiedade
A ansiedade, por exemplo, é uma doença do sistema nervoso de difícil compre-
ensão entre os estados patológico e normal. Estão sendo prescritos ansiolíticos com
bastante frequência, pela interferência das atividades normais. Existe uma resposta
normal ao medo para intimidar os estímulos e que compreende vários componentes,
incluindo os comportamentos defensivos, os reflexos autônomos, o despertar e a
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vigilância, a secreção de corticosteroides, como o hormônio cortisol, em situações
de estresse e as emoções negativas. Nos estados ansiosos, essas reações ocorrem de
maneira antecipada, independentemente dos eventos externos. A distinção entre um
estado ansioso “patológico” e um “normal” não tem contornos nítidos, mas repre-
senta o ponto no qual os sintomas interferem com as atividades produtivas normais.
Epilepsia
A epilepsia é um distúrbio muito comum, em que há perturbação da atividade das
células nervosas no cérebro, resulta de descargas neuronais, causando convulsões.
As convulsões acontecem quando há a excitação da camada externa do cérebro e
começam focalmente (convulsões parciais), são clinicamente distintas daquelas que
começam de modo geral e envolvem ambos os hemisférios (convulsões generaliza-
das). Entretanto, todas as convulsões compartilham a característica comum de des-
carga sincrônica anormal. Na epilepsia existe uma atividade excessiva anormal das
células devido a um distúrbio genético ou de uma lesão cerebral adquirida, como trau-
matismo ou acidente vascular cerebral. Caracterizados por ataques que tomam várias
formas, são tratados, principalmente, com antiepiléticos; fármacos importantes que
serão analisados posteriormente: fenitoína, carbamazepina, valproato, etossuxi-
mida, fenobarbital, benzodiazepina e os fármacos antiepiléticos mais novos.
Transtornos de Humor
Os transtornos do humor, também conhecidos como distúrbios afetivos carac-
terizam-se por alterações de humor reconhecidamente como doença, tais como a
depressão ou mania, que afetam o pensamento.
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Embora a hipótese das monoaminas, em sua forma simples, seja insuficiente como
uma explicação da depressão, a manipulação farmacológica da transmissão mono-
aminérgica permanece a melhor abordagem terapêutica de sucesso. Abordagens
atuais enfocam outros mediadores (p. ex., o hormônio liberador de corticotropina),
vias de transdução de sinal, fatores de crescimento etc., mas as teorias permanecem
imprecisas. Não há dados convincentes de que a regulação de receptores adrenér-
gicos ou serotonérgicos seja o único fator responsável pelos efeitos terapêuticos das
drogas antidepressivas. A hipótese de dessensibilização tem limitações e não fica
claro se a super ou subsensibilização de receptores é apenas um epifenômeno ou é
um passo fundamental na ação antidepressiva.
Os pacientes que sofreram pelo menos um episódio maníaco, com ou sem histó-
ria adicional de episódios depressivos, apresentam transtorno afetivo bipolar (TABP),
enquanto aqueles com episódios depressivos recorrentes, sem nenhuma história de
mania, sofrem de Transtorno Depressivo Maior (TDM). A prevalência do TDM du-
rante a vida é de cerca de 17%, enquanto a do TABP é de 1% a 2%. Existe um risco
hereditário particularmente forte de TABP, embora os fatores ambientais sejam, com
frequência, deflagradores dos episódios maníacos ou depressivos. Embora a mania
seja uma característica do TABP, os pacientes bipolares passam períodos significati-
vos de sua vida em estado deprimido, e a taxa de mortalidade do transtorno decorre,
primariamente, dos impulsos suicidas.
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Doenças Degenerativas
Na doença de Parkinson ocorre uma perda seletiva de neurônios dopaminérgi-
cos na parte compacta da substância negra. A extensão da perda é profunda, com
destruição de, pelo menos, 70% dos neurônios quando aparecem pela primeira vez
os sintomas; com frequência, observa-se perda de 95% dos neurônios na necropsia.
Mapa conceitual dos distúrbios emocionais e neurológicos, que afetam a qualidade de vida e o
sistema nervoso, desenvolvem doenças físicas, psíquicas e mentais, têm origem por causas co-
nhecidas e desconhecidas, por fatores internos e externos. Disponível em: https://bit.ly/3kSofyR
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Figura 6 – O receptor GABA e o sítio alostérico de ligação dos agonistas benzodiazepínicos
Fonte: Adaptado de semanticscholar.org
Nota-se que os locais de ação (sítios de interação) são diferentes para BZP,
etanol, neuroesteroides ou para os barbitúricos nos receptores para GABA.
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Os principais riscos com os BZP são interação com o álcool, dependência e risco
de morte por abuso, superdosagem. Ocorre uma sinergia com álcool e com barbi-
túricos, sendo a interação com o álcool a mais perigosa, pois pode levar à falência
respiratória e morte devido a tamanha supressão do SNC.
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Os seus efeitos adversos mais frequentemente observados são tontura, cefaleia,
sonolência, distúrbios gastrointestinais e insônia.
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A ação potencializadora dos barbitúricos para o GABA é maior que a dos ben-
zodiazepínicos. As ações dos barbitúricos de ativação direta e de potencialização
do GABA podem estar associadas a diferentes tipos de sítios de ligação. Quando
correlacionadas com a sua relativa eficácia de potencialização do GABA, as over-
doses de benzodiazepínicos de baixa eficácia são profundamente sedativas, porém
raramente perigosas, enquanto a overdose de barbitúricos pode provocar hipnose
profunda ou coma, depressão respiratória e morte se não for instituída uma terapia
de suporte.
Entenda mais sobre a farmacologia dos anticonvulsivantes usados para tratamento de epi-
lépticos lendo o artigo “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Epilepsia”.
Disponível em: https://bit.ly/3gB94Yc
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Figura 9 – Sítio de ligação dos fármacos anestésicos nos receptores GABAA
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Podem ser feitas também associações com outros antidepressivos, e com medica-
mentos para ansiedade podem ser necessários. Os efeitos são melhores quando em
conjunto com as terapias psicológicas.
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Assim, diversos IMAO têm sido desenvolvidos visando tanto ao tratamento de dis-
túrbios de depressão (inibição da MAO-A) quanto as terapias sintomáticas da doença
de Parkinson e da doença de Alzheimer.
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Como eventos adversos, os IMAO podem provocar hipotensão postural (pelo
bloqueio da transmissão simpática), estimulação do SNC (tremor, excitação, insônia
e convulsão), ganho de peso (aumento do apetite), ação anticolinérgica e rara hepa-
totoxicidade (associada ao uso de fenelzina).
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Antidepressivos Tetracíclicos
Atuam em um grande número de receptores, como antagonistas ou agonistas
inversos dos receptores: 5-HT1A, 5-HT2A (serotoninérgicos), α1, α2 (alfa adrenér-
gicos), D2 (dopaminérgico), H1 (histaminérgico) e mACh (muscarínico). Seus repre-
sentantes incluem a maprotilina, a mianserina e a mirtazapina.
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Todos esses antidepressivos podem ser mais aprofundados em relação aos aspectos farma-
cocinéticos, detalhes dos eventos adversos e de possíveis interações em “Psicofarmacologia
dos Antidepressivos”, disponível em: https://bit.ly/2DytS4e
Anestesia é uma palavra que vem do grego “aisthisis” (que significa: sensibilidade-
-sensação) e do prefixo “anef” (que significa sem). Portanto, anestesia significa: sem
sensibilidade, sem dor.
Anestésicos Gerais
Anestésicos Venosos
Estes fármacos são amplamente utilizados na indução e na sedação operatória,
além de facilitar a ventilação mecânica em UTIs. A maioria dos anestésicos venosos
possui o rápido início do efeito, devido a sua alta solubilidade somada à alta propor-
ção do débito cardíaco (DC). O sítio primário de ação dos hipnóticos-sedativos está
localizado no SNC, e considera-se que a concentração plasmática reflete a concen-
tração do fármaco no sítio efetor (SNC), porém todo mecanismo de ação não está
esclarecido, até hoje não foram descobertos antagonistas farmacológicos dos anes-
tésicos gerais, sugerindo a ausência de um sítio específico pelo qual um antagonista
poderia competir com um anestésico geral.
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Essas reações são dose- dependentes e podem ser minimizadas com adminis-
tração concomitante de BDZ. Promove aumento do metabolismo cerebral, do
fluxo sanguíneo cerebral. Não produz depressão respiratória significativa, mas
apneia pode acontecer com o uso de grandes doses ou com a concomitância de
outras drogas anestésicas;
• Propofol: é, atualmente, o agente mais empregado para indução anestésica.
Apresenta rápido início de ação, e despertar igualmente rápido (2 a 8 min.),
após dose única. É rapidamente metabolizado pelo fígado e metabólitos inativos
excretados pela urina. O rápido metabolismo e sua lenta redistribuição dos com-
partimentos pouco perfundidos de volta ao compartimento central o tornam
ótima opção para a manutenção endovenosa contínua. No SNC, é hipnótico
sem propriedades analgésicas. Reduz o fluxo sanguíneo cerebral e, no sistema
circulatório, produz a maior queda de pressão entre os agentes indutores, por
promover intensa vasodilatação, tanto venosa quanto arterial, e depressão direta
sobre o miocárdio. No sistema respiratório, é depressor respiratório potente,
promovendo apneia após dose de indução.
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Anestésicos Inalatórios
Os anestésicos inalatórios são líquidos e não inflamáveis em temperatura ambiente.
Atualmente, os agentes inalatórios halogenados em uso são o sevofluorano, isoflu-
orano e o desfluorano. O óxido nitroso, N2O, é um gás inorgânico, não volátil e
de baixa potência, utilizado em conjunto com os anestésicos inalatórios halogenados
visando à diminuição da concentração destes.
PA » Pa » Pbr
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Opioides
Os opioides têm como principal efeito a analgesia e são utilizados como drogas
suplementares na indução e manutenção anestésica. Têm diferentes potências, com
picos de ação distintos após administração. Os opioides podem ser administrados
por via intravenosa, intramuscular, subcutânea e neuroaxial. Ligam-se a receptores
específicos no SNC, na medula espinhal, nervos periféricos, trato intestinal e biliar.
Os opioides mais utilizados em anestesia, morfina, meperidina, fentanil, sufentanil,
alfentanil e remifentanil, atuam nos receptores µ de maneira agonista.
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A Sociedade Brasileira de Anestesiologia escreveu o tutorial “Farmacologia dos opioides”,
disponível em: https://bit.ly/3ikYy88
Anestésicos Locais
Os anestésicos locais são bases fracas que agem no axônio, bloqueando de modo
reversível a geração e condução do impulso nervoso. Esses fármacos têm ação sob
qualquer parte do sistema nervoso e em qualquer tipo de fibra. O seu uso têm se
dado em larga escala na clínica médica e odontológica. Além de se prestarem ao uso
nos procedimentos cirúrgicos, estão sendo associados ao tratamento da dor crônica,
com os opioides, o que reduz a tolerância destes, no tratamento da artrite reumatoide
e do câncer.
Fechamento dos canais de sódio para elucidar o mecanismo de ação dos anestésicos locais.
Disponível em: https://bit.ly/3axVxOU
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Muitos esforços têm sido feitos para identificar uma região particular do cérebro,
na qual os anestésicos atuam para produzir o seu efeito. A região mais sensível pa-
rece ser o núcleo de relê sensorial do tálamo e a camada profunda do córtex para a
qual esse núcleo se projeta. Isso constitui a via tomada pelos impulsos sensoriais que
alcançam o córtex; portanto, a inibição pode resultar em uma falta de informação
da aferência sensorial.
Leia mais sobre “Anestésicos locais: interação com membranas biológicas e com o
canal de sódio voltagem-dependente” em: https://bit.ly/31sj3sw
Os receptores nicotínicos são canais regulados por ligante que necessitam da liga-
ção direta de duas moléculas de acetilcolina para a sua abertura, enquanto os mus-
carínicos são pertencentes à família dos GPCRs (receptores acoplados à proteína G).
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Esses receptores incluem todos os receptores colinérgicos na junção neuromuscular
(JNM) e predominam nos gânglios autônomos espalhados por diferentes órgãos.
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potência na junção neuromuscular do que a neostigmina. Entretanto, a fisostigmina
é mais útil do que a neostigmina em condições de etiologia central, como em caso
de superdosagem de atropina (pois a atropina penetra no SNC, e a neostigmina não
atinge o SNC). Os efeitos adversos da neostigmina consistem em estimulação coli-
nérgica generalizada, salivação, rubor cutâneo, queda da pressão arterial, náusea,
dor abdominal, diarreia e broncoespasmo. A forma parenteral da neostigmina pode
ser administrada por via subcutânea, intramuscular e intravenosa.
O edrofônio (Tensilon®), que consiste em uma amina quaternária, tem ações far-
macológicas semelhantes às da neostigmina, entretanto, o edrofônio possui ação
de curta duração, entre 10 e 20 minutos, sendo utilizado em administração venosa,
geralmente para fins de diagnóstico da miastenia grave, provocando rápido aumento
da força muscular, entretanto, o excesso pode levar a uma crise colinérgica. Tem sido
também referido o uso do edrofônio para reverter os efeitos do bloqueador neuro-
muscular após uma cirurgia.
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escopolamina ou hioscina; ipratrópio; propantelina; dicicloverina; diciclomina;
glicopirrolato; ciclopentolato; tropicamida.
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Bloqueadores Ganglionares
Os bloqueadores ganglionares bloqueiam os receptores nicotínicos, bloqueando
os canais iônicos, não sendo seletivos para o sistema simpático ou parassimpático;
têm sido utilizados mais de modo experimental, e pouco usados na terapêutica, pois
possuem ações complexas e imprevisíveis. Geralmente, não são ativos como bloque-
adores neuromusculares e, devido aos múltiplos efeitos colaterais, segundo alguns
autores, a maioria dos fármacos bloqueadores ganglionares é considerada obsoleta.
Bloqueadores ganglionares: toxina botulínica; nicotina; trimetafano; mecamilamina.
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A nicotina (Nicotinell®) (Niquitin®) estimula os receptores neuronais nicotínicos em
baixas doses e, posteriormente, bloqueia predominantemente esses receptores em
altas doses. Na medula adrenal, provoca estímulo da liberação das catecolaminas que
levam à taquicardia, à vasoconstrição e, consequentemente, ao aumento da pressão
arterial temporária. A única utilidade terapêutica da nicotina tem sido no tratamen-
to da interrupção do uso do fumo sob a forma de goma de mascar ou emplastros
transdérmicos.
Bloqueadores Neuromusculares
Consistem em bloqueadores da transmissão colinérgica no sistema somático na
placa motora neuromuscular da musculatura esquelética. Assim, os bloqueadores se
combinam com os receptores nicotínicos, impedindo a ação da acetilcolina.
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Atracúrio (Tracrium®) (Tracur®) apresenta início de ação rápida, sendo útil durante
a ventilação mecânica em pacientes que se encontrem comprometidos, principal-
mente, pela degradação espontânea no plasma, podendo ser utilizado em pacientes
com insuficiência renal. O efeito colateral mais importante é a hipotensão transitória.
Anticolinérgicos Centrais
Os antipsicóticos (também denominados como neurolépticos) são largamente usa-
dos para tratamento de transtornos mentais crônicos. Entretanto, estão associados
a vários efeitos colaterais, incluindo distúrbios do movimento. Muitos pacientes com
transtorno psicótico agudo que são medicados com neurolépticos também recebem
drogas anticolinérgicas para reduzir alguns dos efeitos colaterais motores, também
conhecidos como impregnação neuroléptica, por exemplo, provocada pelo halope-
ridol (Haldol®), que é um antipsicótico (ou neuroléptico).
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Os principais anticolinérgicos centrais comercializados no Brasil são: biperideno
(Akineton®) e o triexifenidil (Artane®). A prometazina (Fenergan®) também tem forte
ação antimuscarínica central, mas é classificada como anti-histamínico.
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» Agonistas adrenérgicos de ação mista, que agem direta e indiretamente, ou seja,
tanto aumentando a oferta de NE quanto se ligando a receptores diretamente.
Agonistas Adrenérgicos
Como vimos, são os que atuam diretamente nos receptores adrenérgicos α e β, pro-
duzindo efeitos semelhantes ou liberando a adrenalina pela medula adrenal. Os fár-
macos de ação direta são: adrenalina, noradrenalina, isoproterenol, fenilefrina,
dopamina, dobutamina, fenilefrina, metoxamina, clonidina, metaproterenol ou
orciprenalina, terbutalina, salbutamol ou albuterol. Os efeitos adversos: agitação,
tremor, taquicardia, hipertensão e arritmias cardíacas.
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Antagonistas Adrenérgicos
São chamados também de fármacos simpatolíticos, por “quebrarem” os efeitos
do SN simpático. Os antagonistas do sistema nervoso simpático serão exemplifica-
dos quanto a sua atuação nos receptores adrenérgicos e podem ser classificados de
diversas formas, desde a ação em cada tipo ou subtipo de recepto até por sua seleti-
vidade em relação a esses receptores.
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Antagonistas de Fármacos que afetam
Antagonistas de a concentração de
receptores α receptores β
monoaminas
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de uso está relacionada com o tratamento de glaucoma de ângulo aberto e hipertensão in-
traocular, em formas farmacêuticas oftálmicas. O bloqueio dos receptores β-adrenérgicos
permite uma redução na produção de humor aquoso, o que está relacionado com uma
melhora clínica dos indivíduos.
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• Fármacos de ação pré-sináptica: este grupo é constituído por fármacos que
atuam sobre a terminação nervosa motora, inibindo a síntese ou a liberação de
ACh. Exemplos de fármacos que inibem a síntese de ACh são os hemicolínios
e trietilcolina. Dos fármacos que inibem a liberação de ACh destacam-se os
antibióticos aminoglicosídicos (estreptomicina e neomicina), que podem ocasio-
nar paralisia muscular como efeito colateral indesejado, e a toxina botulínica,
que apresenta aplicabilidade terapêutica. Esses fármacos já tiveram seus meca-
nismos de ação descritos anteriormente;
• Fármacos de ação pós-sináptica: este grupo agrega a maioria dos fármacos
de importância terapêutica. Esses fármacos são classificados em dois subgrupos
principais, os bloqueadores competitivos (ou não despolarizantes) e os bloquea-
dores despolarizantes;
• Bloqueadores pós-sinápticos competitivos: A d-tubocurarina foi o primeiro
bloqueador neuromuscular utilizado em anestesiologia clínica, em 1942. Trata-
-se de um alcaloide natural obtido dos curares, extratos de vegetais dos gêneros
Chondrodendron e Strychnos, utilizados como venenos pelos índios da Amé-
rica do Sul. A metocurina (dimetil condrocurina) é um composto semissintético,
cerca de 10 vezes mais potente que a d-tubocurarina. Atualmente, esses dois
compostos são raramente utilizados em clínica, por seus efeitos adversos. A ga-
lamina, introduzida por Bovet et al. (1947), tornou-se o primeiro bloqueador
neuromuscular sintético a ser utilizado em larga escala. Em seguida, foram de-
senvolvidos outros bloqueadores competitivos de longa ação, como dexacúrio,
pancurônio e pipercurônio; de ação intermediária, como atracúrio, cisatracúrio,
vecurônio e rocurônio; de curta ação, mivacúrio; e ultracurta, como gentacú-
rio, como vimos anteriormente. Seus mecanismos de ação antagonizam a ação
despolarizante da acetilcolina sobre a placa motora. Entretanto, não afetam a
despolarização da fibra muscular induzida pelo íon K+ nem a contração evocada
pela estimulação elétrica direta da fibra muscular. A amplitude do potencial de
placa terminal é progressivamente reduzida na presença de doses sucessivamente
maiores desses fármacos, até que se tornem subliminares, de maneira que não
mais sejam capazes de levar à deflagração do potencial de ação propagado.
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e Junção Neuromuscular
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Curso de Farmacologia: Aula 9 – Introdução a farmacologia do SNC – Aspectos anatômicos e funcionais
https://youtu.be/3tPvpo0Ad-I
Curso de Farmacologia: Aula 9 – Introdução a farmacologia do SNC – Neurotransmissores e receptores
https://youtu.be/s1zP0fS1h6g
Curso de Farmacologia: Aula 7 – Farmacologia adrenérgica – Divisão Farmacológica
https://youtu.be/pCKp0viFGGg
Curso de Farmacologia: Aula 6 – Farmacologia adrenérgica – Agonistas muscarinicos
https://youtu.be/DKIP77HlqcY
Curso de Farmacologia: Aula 5 – Introdução a farmacologia do SNA – Sinapses
https://youtu.be/qyFM31n4waQ
Farmacologia – Como agem os fármacos: Receptores, Agonista e Antangonistas – Básico
https://youtu.be/uj7cTaB2WiI
Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo (SNA)
https://youtu.be/Cp3_kg-vpRE
Leitura
Farmacologia integrada: uso racional de medicamentos
https://bit.ly/31LwfJ4
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Referências
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. Goodman & Gilman:
as bases farmacológicas da terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2012.
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