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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FACIME


CURSO: MEDICINA
DISCIPLINA: NEUROANATOMIA
PROFESSOR: MONTE FILHO

Formação Reticular e Neurônios


Monoaminérgicos

Aluno(A): Millena Carine Oliveira Costa


Matrícula: 1061010
Turma: 36

TERESINA/PI

2016
FORMAÇÃO RETICULAR
1. Introdução

Formação reticular é uma agregação difusa de neurônios diferentes em tipo e


tamanho, separados por uma rede de fibras nervosas, que se situa centralmente no
tronco encefálico. Não se trata, portanto, de substância branca ou cinzenta, sendo
“intermediária” entre as duas.
Ela se estende em parte ao diencéfalo e à parte alta da medula. Tem axônios muito
longos, os quais sofrem bifurcação em fibras ascendentes e descendentes que se
estendem ao longo do tronco encefálico.
A formação reticular não possui uma estrutura homogênea, tanto em relação à sua
citoarquitetura (organização das células) como do ponto de vista bioquímico. Possui
grupos de neurônios com diferentes tipos de neurotransmissores, destacando-se as
monoaminas (noradrenalina, serotonina e dopamina). Esses grupos de neurônios
constituem os núcleos da formação reticular. Dentre eles, destacam-se:
a) Núcleos da Rafe - grupo de nove núcleos ricos em serotonina
(serotoninérgicos), dentre os quais o mais importante é o núcleo magno da rafe,
disposto na linha mediana que se estende do tronco encefálico.
b) Locus ceruleus – neurônios ricos em noradrenalina situados na área de mesmo
nome e no assoalho do IV ventrículo.
c) Área tegmentar ventral – neurônios dopaminérgicos (ricos em dopamina)
situados na parte ventral do tegmento mesencefálico, medialmente à substância
negra.

2. Conexões da formação reticular

A formação reticular possui conexões amplas e variadas. Alérn de receber impulsos


que entram pelos nervos cranianos, ela mantém relações em ambos os sentidos corn o
cérebro (vias corticais, talâmicas e extratalâmicas; em resposta áreas do córtex,
hipotálamo e sistema límbico enviam fibras descendentes), o cerebelo (trato fastigio-
reticular; em resposta, envia o trato reticulo- cerebelar) e a medula espinhal (fibras rafe-
espinhais e fibras reticuloespinhais; em resposta, recebe fibras espinorreticulares da
medula).

3. Funções da formação reticular

A formação reticular influencia quase todos os setores do sistema nervoso central, o


que é coerente com o grande número de funções que lhe têm sido atribuídas. Dentre
elas, destacam-se:

a) Controle da atividade elétrica cortical: Ciclo Sono e Vigília


O córtex cerebral tem uma atividade elétrica espontânea, a qual determina os vários
níveis de consciência. Esta atividade pode ser detectada pelo exame
eletroencefalograma (EEG). Os traçados elétricos que se obtêm de um indivíduo ou de
um animal dormindo (traçados de sono) são muito diferentes dos obtidos de um
indivíduo ou animal acordado (traçados de vigília).
Em vigília, o traçado elétrico é dessincronizado, isto é, apresenta ondas de baixa
amplitude e alta frequência, enquanto que durante o sono de ondas lentas o traçado é
sincronizado, com ondas lentas e de grande amplitude. Assim, o eletroencefalograma,
permite pesquisas sobre sono e vigí1ia em animais.
A experiência de Bremer em 1936 demonstrou que o diencéfalo e o telencéfalo
isolados têm somente traçado de sono, enquanto o encéfalo isolado tem o de sono e o de
vigília. Em 1949, Magoun e Moruzzi demonstraram que o mecanismo de dormir e
acordar tem relações com a formação reticular. Existe, portanto, na formação reticular,
um sistema de fibras ascendentes que têm uma ação ativadora sobre o córtex cerebral,
trata-se do Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA), constituído por fibras
noradrenérgicas do lócus ceruleus, serotoninérgicas dos núcleos da rafe e colinérgicas
da formação reticular da ponte.
A formação reticular pode ser ativada pelo próprio córtex - envolvendo neurônios
noradrenérgicos, serotoninérgicos, histaminérgicos e colinérgicos que fazem parte dos
sistemas modulatórios de projeção difusa - ou por estímulos sensoriais, como por
exemplo, um ruído muito alto.
O ciclo vigí1ia-sono é regulado por neurônios hipotalâmicos pelo Sistema Ativador
Ascendente. A atividade de seus neurônios pode ser medida pela taxa de disparos dos
potenciais de ação. Durante a vigília, essa taxa é muito alta, indicando que ele está
ativando o córtex. No final da vigília, em antecipação ao momento de dormir, um grupo
de neurônios do hipotálarno anterior (núcleo pré-óptico ventrolateral) inibe a atividade
dos neurônios monoaminérgicos do Sistema Ativador Ascendente, desativando o córter.
Simultaneamente, o núcleo reticular do tálamo inibe a atividade dos núcleos talâmicos
sensitivos, barrando a passagem para o córtex dos impulsos originados nas vias
sensoriais. lnicia-se, assim, o estado de sono de ondas lentas, no qual a atividade elétrica
do córtex é devida a circuitos intrínsecos, sem influência de informações sensoriais
externas e o eletroencefalograma é sincronizado. Pouco antes do despertar, os neurônios
do Sistema Ativador Ascendente voltam a disparar, cessa a inibição dos núcleos
talâmicos sensitivos pelo núcleo reticular e inicia-se novo período de vigília.
Entretanto, o período do sono não é uniforme e 4-5 vezes por noite o
eletroencefalograma apresenta um traçado semelhante ao de vigília, apesar de a pessoa
estar dormindo e com intenso relaxamento muscular. Por isso, a essa fase de sono dá-se
o nome de sono paradoxal, nela, os olhos apresentam movimento rápido (rapid eye
moviment, REM). Existem, assim, dois tipos de sono que se alternam: o sono de ondas
lentas, no qual o cérebro repousa (não-REM, dividido em quatro fases) e o sono REM
(no qual o indivíduo sonha e tem atividade cortical elevada).

b) Controle eferente da sensibilidade e da dor


O sistema nervoso não é passivo em relação às informações sensoriais, podendo
modular a transmissão delas. Essa seleção das informações sensoriais que chegam é
feita pelas fibras eferentes da formação reticular, que modulam ativamente a passagem
dos impulsos, possibilitando assim a atenção seletiva. Já as vias da Analgesia permitem
a modulação da entrada de impulsos dolorosos, envolvendo assim os núcleos
serotoninérgicos da rafe.

c) Controle da motricidade somática e postura


Por meio dos tratos retículo-espinhais do bulbo e da ponte, a formação reticular
pode controlar a motricidade somática, ativando ou inibindo neurônios motores
medulares (musculatura axial e apendicular proximal). Atuam assim no controle da
motricidade voluntária (por conexões com o córtex motor), no controle do equilíbrio,
tônus e postura (conexões com o cerebelo), gerando padrões complexos e estereotipados
de movimentos, como a locomoção.

d) Controle do Sistema Nervoso Autônomo


Estabelecimento de conexões recíprocas com o Hipotálamo e o Sistema Límbico,
feito por suas projeções para a formação reticular, que se liga aos neurônios pré-
ganglionares do sistema nervoso autônomo.

e) Controle neuroendócrino
Os estímulos elétricos na formação reticular causam a liberação de ACTH e do
hormônio antidiurético (ADH).

f) Integração de reflexos
Na formação reticular do bulbo há os centros respiratório (parte dorsal é responsável
pela inspiração, e a ventral pela expiração) e vasomotor (regula o calibre dos vasos, do
qual depende basicamente a pressão arterial, influenciando também o ritmo cardíaco).
Há uma sincronia entre o ritmo respiratório e o ritmo cardíaco, provavelmente
devido à proximidade desses centros. Atividade rítmica endógena, ou seja, independente
das aferências sensoriais.

Neurônios monoaninérgicos do Tronco Encefálico


Monoaminas são substâncias formadas pela descarboxilação de certos aminoácidos,
e participa da regulação de processos mentais. Existem vários tipos, como a dopamina,
noradrenalina, adrenalina, serotonina e histamina.

d) Vias Serotoninérgicas
Origem: Núcleos da Rafe
Localização: Tronco Encefálico
Mediador Químico: Serotonina
Projeção: Medula Espinhal, Cerebelo, Diencéfalo e Telencéfalo.
Ação: Mecanismo do Sono e Portal da Dor

e) Vias Noradrenérgicas
Origem: Locus Ceruleus
Localização: Formação Reticular do Bulbo e Ponte
Mediador Químico: Noradrenalina
Projeção: Medula Espinhal, Córtex Cerebral, Cerebelo, Hipotálamo
Ação: Sono Paradoxal

f) Vias Dopaminérgicas
Origem: Área Tegmentar Ventral e Substancia Negra
Localização: Mesencéfalo
Mediador Químico: Dopamina
Projeção: Sistema Límbico, Córtex Pré-frontal e Corpo Estriado
Ação: Comportamento Emocional, Esquizofrenia, Motricidade
Referências Bibliográficas

- MACHADO, A.; MACHADO L.. Neuroanatomia funcional. 3. Ed. Rio de Janeiro:


Atheneu. 2013. p. 195-204.

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