Você está na página 1de 42

material complementar

Sistema
reprodutor
humano
ÍNDICE
RENATO MIRANDA
Sistema reprodutor humano .......................... pág 03
Sistema reprodutor masculino ....................... pág 05
Sistema reprodutor feminino ......................... pág 17
03
Sistema Reprodutor Humano
Sistema reprodutor, ou sistema genital, é responsável
por garantir a perpetuação da espécie. Nesse sistema
encontram-se as gônadas, responsáveis por produzir
gametas.

"O sistema reprodutor, também chamado de sistema


genital, é responsável por proporcionar as condições
adequadas para a nossa reprodução. O sistema
reprodutor masculino é responsável por garantir a
produção do gameta masculino (espermatozoide) e
depositá-lo no interior do corpo da mulher. O sistema
reprodutor feminino, por sua vez, atua produzindo o
gameta feminino (ovócito secundário) e também
servindo de local para a fecundação e desenvolvimento
do bebê."

"Função do sistema reprodutor"

"Os sistemas reprodutores masculino e feminino atuam


juntos para garantir a multiplicação da nossa espécie.
Tanto o sistema genital masculino quanto o feminino são
responsáveis pela produção dos gametas, ou seja, pela
produção das células que se unirão na fecundação e
darão origem ao zigoto. Os gametas são produzidos nas
chamadas gônadas, sendo os testículos as gônadas
masculinas e os ovários as gônadas femininas. Os
testículos produzem os espermatozoides, enquanto os
ovários produzem os ovócitos secundários, chamados
popularmente de óvulos."
04
O espermatozoide é depositado dentro do corpo da
fêmea no momento da cópula, e a fecundação ocorre no
interior do sistema reprodutor feminino, mais
frequentemente na tuba uterina. Após a fecundação,
forma-se o zigoto, o qual inicia uma série de divisões
celulares enquanto é levado em direção ao útero. O
embrião implanta-se no endométrio do útero, e ali é
inciado o seu desenvolvimento. A gestação humana dura
cerca de 40 semanas.
05
Sistema reprodutor masculino
O sistema reprodutor masculino garante a produção dos
espermatozoides e a transferência desses gametas para
o corpo da fêmea. Ele é formado por órgãos externos e
internos. O pênis e o saco escrotal são os chamados
órgãos reprodutivos externos do homem, enquanto os
testículos, os epidídimos, os ductos deferentes, os ductos
ejaculatórios, a uretra, as vesículas seminais, a próstata e
as glândulas bulbouretrais são órgãos reprodutivos
internos.

Testículos: são as gônadas masculinas e estão


localizados dentro do saco escrotal, também conhecido
como escroto. Eles são formados por vários tubos
enrolados chamados de túbulos seminíferos, nos quais
os espermatozoides serão produzidos. Além de produzir
os gametas, é nos testículos que ocorre a produção da
testosterona, hormônio relacionado, entre outras
funções, com a diferenciação sexual e a
espermatogênese.

Epidídimo: após saírem dos túbulos seminíferos, os


espermatozoides seguem para o epidídimo, formado por
tubos espiralados. Nesse local os espermatozoides
adquirem maturidade e tornam-se móveis.
06
Ducto deferente: no momento da ejaculação, os
espermatozoides seguem do epidídimo para o ducto
deferente. Esse ducto encontra o ducto da vesícula
seminal e passa a ser chamado de ducto ejaculatório, o
qual se abre na uretra.

Uretra: é o ducto que se abre para o meio externo. Ela


percorre todo o pênis e serve de local de passagem para o
sêmen e para a urina, sendo, portanto, um canal comum
ao sistema urinário e reprodutor.

Vesículas seminais: no corpo masculino observa-se a


presença de duas vesículas seminais, as quais formam
secreções que compõem cerca de 60% do volume do
sêmen. Essa secreção apresenta várias substâncias,
incluindo frutose, que serve de fonte de energia para o
espermatozoide.

Próstata: secreta um fluido que também compõe o


sêmen. Essa secreção contém enzimas anticoaguladoras e
nutrientes para o espermatozoide.

Glândulas bulbouretrais: no corpo masculino observa-se


a presença de duas glândulas bulbouretrais. Elas são
responsáveis por secretar um muco claro que neutraliza a
uretra, retirando resíduos de urina que possam ali estar
presentes.

Pênis: é o órgão responsável pela cópula. Ele é formado


por tecido erétil que se enche de sangue no momento da
excitação sexual. Além do tecido erétil, no pênis é possível
observar a passagem da uretra, pela qual o sêmen passará
durante a ejaculação."
07
Bolsa escrotal (Escroto): Armazena e protege os
testículos (gônadas masculinas)
▪ Possui músculo (cremáster) que controla a temperatura
dos testículos
▪↑ Temperatura: bolsa distende (diminui a temperatura
interna)
▪↓ Temperatura: bolsa contrai (aumenta a temperatura
Q
interna)
▪ O controle da temperatura dos testículos é importante
para a espermatogênese

Testículos (gônadas masculina) – 1 par


▪ Produz os gametas masculinos (espermatozóides)
▪ Produz o hormônio sexual masculino (Testosterona)

Espermatogênese

A espermatogénese
-
(português
-
europeu)

-
espermatogênese (português brasileiro) é o processo
fisiológico no qual se produzem os espermatozóides a
ou

partir de células germinativas. As células germinativas


sofrem processo de divisão celular (mitose) uma e
segunda vez formando as células-base cujo nome é
espermatogónias (período de multiplicação) que, após
crescimento sem divisão celular, dão origem aos
espermatócitos primários (período de crescimento). Estes
sofrem divisão meiótica (meiose I) e formam dois
espermatócitos secundários; - cada um destes
espermatócitos secundários divide-se em dois
espermatídeos (meiose II). Estes diferenciam-se, através de
um processo chamado espermiogénese, em
espermatozóides. Assim, cada espermatócito primário dá
origem a duas células, os espermatócitos secundários, e os
dois espermatócitos secundários dividem-se e
diferenciam-se em quatro espermatozóides.
08
Estrutura do espermatozóide

Cabeça – com o pró-núcleo masculino haplóide (n) e o


acrossoma, capuz formado por vesículas do Complexo de
Golgi, contendo enzimas digestivas que permitirão pefurar
a camada protetora do ovócito II (óvulo) no momento da
fecundação. Q
Peça intermédia – Os centríolos, dispostos no pólo oposto
ao acrossoma, originam os microtúbulos que constituem o
flagelo. Concentração de mitocôndrias fornecedoras de
energia (ATP) para os batimentos do flagelo.

Cauda – formada pelo flagelo, cujos batimentos


impulsionam o espermatozóide.

- - -

-
09
Os espermatozóides são os gâmetas masculinos em
muitos organismos de reprodução sexuada. Deste modo, a
espermatogénese é a vertente masculina da
gametogénese, sendo essencial para a reprodução sexual.
Nos mamíferos, ocorre nos túbulos seminíferos, nos
testículos. A espermatogénese é altamente dependente de Q
condições óptimas, nomeadamente a temperatura, para
que ocorra correctamente. A metilação do DNA e a
modificação das histonas têm um papel na regulação
deste processo. A espermatogénese tem início na
puberdade, e, em circunstâncias normais, continua
ininterruptamente até à morte, embora haja a tendência
para a diminuição na quantidade de esperma produzido
com o aumento da idade.

Localização

- - -
A espermatogénese ocorre em várias estruturas do
sistema reprodutor masculino. As etapas iniciais têm lugar
nos testículos, passando depois para o epidídimo, onde os
gâmetas em desenvolvimento sofrem maturação e são
armazenados até à ejaculação. Os túbulos seminíferos dos
testículos são o ponto de partida do processo, onde as
células basais adjacentes à parede interior do túbulo se
dividem numa orientação centrípeta—começando nas
paredes e progredindo até ao lúmen—produzindo
espermatozóides imaturos. A maturação tem lugar no
epidídimo. -
10
A especificidade da localização destes processos é
importante, uma vez que a espermatogénese requer uma
temperatura mais baixa para produzir esperma viável
(especificamente, uma temperatura de 1°-8 °C abaixo da
temperatura normal do corpo, 37 °C).[2] Clinicamente,
flutuações menores na temperatura, como aquelas Q
induzidas pela utilização de coquilhas, não têm efeitos
observáveis na viabilidade ou contagem de
espermatozóides.

Duração

Nos seres humanos, o processo completo da


espermatogénese demora 74 dias. Se se incluir o
transporte no sistema de ductos, leva cerca de 3 meses. Os
testículos produzem entre 200 e 300 milhões de
espermatozóides diariamente. Todavia, apenas metade se

-
tornaram espermatozóides viáveis.

Etapas da espermatogénese - -
Todo o processo da espermatogénese pode ser dividido
em várias etapas distintas, cada uma correspondendo a
um tipo particular de célula nos seres humanos. Na tabela
seguinte, os valores são dados para uma única célula,
antes da síntese de DNA e da divisão (na G1, quando
aplicável). O espermatócito primário é retido, entre a
síntese de DNA e a divisão. -
11
Espermatocitogénese

A espermatocitogénese é a versão masculina da


gametocitogénese, e resulta na formação de
espermatócitos, com metade do material genético normal
numa célula. Na espermatocitogénese, uma
espermatogónia diplóide, presente no compartimento Q
basal dos túbulos seminíferos, entra em divisão mitótica,
dando origem a duas células intermédias diplóides
chamadas espermatócitos primários. Cada espermatócito
primário migra para o compartimento adluminal dos
túbulos seminíferos, onde duplica o seu DNA e
subsequentemente entra em meiose I, dando origem a
dois espermatócitos secundários, haplóides, que mais
tarde se dividem em espermatídeos haplóides. Esta divisão
implica a ocorrência de recombinação genética, como são
exemplos a inclusão aleatória dos cromossomas parentais,

- -
e o crossing-over, que aumentam a variabilidade genética

-
do gâmeta.

Cada divisão celular (de espermatogónia para


espermatídeo) é incompleta; as células permanecem
ligadas uma à outra por pontes de citoplasma para
permitir um desenvolvimento síncrono. Vale também a
pena mencionar que nem todas as espermatogónias se
dividem para produzir espermatócitos; se assim fosse, o
número de espermatogónias reduzir-se-ia até à sua
extinção. Pelo contrário, certos tipos de espermatogónia
-
sofrem divisões mitóticas de modo a produzir cópias,
assegurando um número de espermatogónias suficiente a
permitir a espermatogénese continuamente.
12

Espermatidogénese

- -
A espermatidogénese é a origem dos espermatídeos a

-
partir dos espermatócitos secundários. Os espermatócitos
secundários, produzidos nas etapas anteriores, entram
rapidamente na meiose II, dividindo-se e originando
espermatídeos haplóides.

A rapidez desta etapa é o motivo pelo qual os


espermatócitos secundários são raramente vistos em
estudos histológicos.

Espermiogénese
-
Durante a espermiogénese, os espermatídeos começam
por formar uma flagelo, pelo crescimento de microtúbulos
num dos centríolos, que se torna no corpo basal. Estes
microtúbulos formam um axonema.
13
A porção anterior do flagelo (que toma a designação peça
intermédia) torna-se mais grossa divido à acumulação de
mitocôndrias em torno do axonema, de modo a assegurar
a produção de energia. O DNA do espermatídeo torna-se
altamente condensado. O DNA é compactado, numa
primeira etapa, com proteínas nucleares específicas, que
são posteriormente substituidas com protaminas durante
Q
a elongação do espermatídeo. A cromatina resultante,
muito condensada, não tem capacidade de ser transcrita.
O complexo de Golgi, que se encontra em redor do núcleo
condensado, torna-se no acrossoma. Um dos centríolos da
célula alonga, formando a cauda do espermatozóide.

Em seguida, tem lugar a maturação, que ocorre sob a


influência da testosterona. Organelos e porções
desnecessárias do citoplasma (os chamados corpos
resíduais) são descartados, sendo fagocitados pelas células

- - -
de Sertoli dos testículos. Os espermatozóides resultantes
já maturaram mas não são dotados de motilidade, sendo
que, nesta etapa, são ainda inviáveis. Os espermatozóides
são libertados de entre as células de Sertoli para o lúmen
do túbulo seminífero, num processo designado
espermiação.

Os espermatozóides sésseis são transportados para o


epidídimo com o fluido testicular secretado pelas células
de Sertoli, com o auxílio de movimentos peristálticos. No
-
epidídimo, os espermatozóides ganham motilidade e
tornam-se capazes de fertilizar um oócito. Não obstante, o
transporte dos espermatozóides maturos no restante
sistema reprodutor masculino é feito por contracção
muscular, e não pela motilidade própria do
espermatozóide.
14
As moléculas de adesão intercelular ICAM-1 e ICAM-1
solúvel têm efeitos antagonistas às zonulae occludentes
que constituem a barreira hemato-testicular. As moléculas
de ICAM-2 regulam a adesão dos espermatídeos na porção
apical da barreira (junto ao lúmen).

Factores que influenciam a espermatogénese


Q
O processo da espermatogénese é altamente sensível a
flutuações no ambiente, particularmente no que diz
respeito à concentração hormonal e à temperatura. A
testosterona tem que estar presente em elevadas
concentrações locais para manter o processo, algo que é
assegurado pela proteína ligadora de andrógenos
presente nos túbulos seminíferos. A testosterona é
produzida por células intersticiais, também chamadas de
células de Leydig, que se encontram numa região

-
adjacente aos túbulos seminíferos.

- -
O epitélio seminífero é sensível a temperaturas elevadas
nos seres humanos e nalgumas outras espécies, e
exposição a temperaturas tão elevadas como a própria
temperatura corporal pode surtir efeitos adversos. É por
este motivo que os testículos se encontram fora do corpo,
no saco escrotal. A temperatura óptima para a
espermatogénese é de 2°C (no homem)–8 °C (no rato)
abaixo da temperatura corporal. A termorregulação faz-se
-
através da regulação do fluxo sanguíneo e da
distensão/contracção dos músculos cremaster e dartos,
que implica um afastamento/aproximação do testículo do
resto do corpo.
15
Deficiências nutricionais (como a falta de vitamina B, E, e
A), esteróides anabolizantes, metais (cádmio e chumbo),
exposição a raios x, dioxinas, álcool, e doenças infecciosas
podem afectar adversamente a taxa de espermatogénese.
A linha germinativa é ainda susceptível a danos no DNA
provocados pelo stress oxidativo que tem impactos Q
significativos, provavelmente, na fertilização e na gravidez.
A exposição a pesticidas também afecta a
espermatogénese.

Regulação hormonal

A regulação hormonal da espermatogénese varia de


espécie para espécie. Nos seres humanos, o mecanismo
não é completamente compreendido; todavia, sabe-se que
a espermatogénese tem início na puberdade devido à
interacção do hipotálamo, hipófise, e das células de Leydig.

-
Se se tiver procedido à remoção da hipófise, a

- -
espermatogénese ainda se inicia, devido à folículo-
estimulina e à testosterona.

A folículo-estimulina estimula tanto a produção da


proteína ligadora de andrógenos pelas células de Sertoli,
como a formação da barreira hemato-testicular. A proteína
ligadora de andrógenos é essencial para manter a
testosterona testicular em concentrações suficientemente
elevadas para iniciar e manter a espermatogénese, que
-
podem ser 20-50 vezes mais elevadas do que a
concentração desta hormona no sangue.
16
A folículo-estimulina pode iniciar a retenção da
testosterona nos testículos, mas apenas a testosterona é
necessária para manter a espermatogénese. Todavia, o
aumento dos níveis da folículo-estimulina faz aumentar a
produção de espermatozóides ao previnir a apoptose de
espermatogónias de tipo A. A hormona inibina actua de Q
modo a reduzir os níveis da hormona folículo-estimulina.
Estudos em roedores sugerem que as gonadotopinas
(tanto a LH como a FSH) auxiliam o processo
espermatogenético ao suprimir os sinais pro-apoptóticos
e, por conseguinte, ao promover a sobrevivência de
espermatogónias.

As células de Sertoli, por si só, mediam a espermatogénese


através da secreção hormonal. São capazes de produzir as
hormonas estradiol e inibina. As células de Leydig também
produzem estradiol, para além da testosterona, o seu
principal produto de secreção.
- - -

-
17
Sistema reprodutor feminino
O sistema reprodutor feminino servirá de local para a
fecundação e também para o desenvolvimento do bebê,
além de ser responsável pela produção dos gametas
femininos e hormônios. Assim como no masculino, o
sistema reprodutor feminino apresenta órgãos externos e
Q
internos. Os órgãos externos recebem a denominação
geral de vulva e incluem os lábios maiores, lábios menores,
clitóris e as aberturas da uretra e vagina. Já os órgãos
internos incluem os ovários, as tubas uterinas, o útero e a
vagina.

Ovários: no corpo feminino observa-se a presença de dois


ovários, os quais são responsáveis por produzir os
gametas femininos. Nesses órgãos são produzidos
também os hormônios estrogênio e progesterona,

- - -
relacionados com a manutenção do ciclo menstrual, sendo
o estrogênio relacionado também com o desenvolvimento
dos caracteres sexuais secundários.

-
18
Tubas uterinas: no corpo da mulher, observa-se a
presença de duas tubas uterinas, as quais apresentam
uma extremidade que atravessa a parede do útero e outra
que se abre próximo do ovário e tem prolongamentos
denominados de fímbrias. A fecundação ocorre,
geralmente, na região das tubas uterinas.

Útero: é um órgão muscular, em forma de pera, no qual


se desenvolve o bebê durante a gravidez. A parede do
órgão é espessa e possui três camadas. A camada mais
espessa é chamada de miométrio e é formada por grande
quantidade de fibras musculares lisas. A mais interna,
chamada de endométrio, destaca-se por ser perdida
durante a menstruação. O colo do útero, também
chamado de cervice, abre-se na vagina.

Vagina: é um canal elástico no qual o pênis é inserido


durante a relação sexual e o espermatozoide é depositado.
Esse canal é também por onde o bebê passa durante o
parto normal.

Vulva: é a genitália externa feminina. Fazem parte da vulva


os lábios maiores, os lábios menores, a abertura vaginal, a
abertura da uretra e o clitóris. Esse último é formado por
um tecido erétil e apresenta muitas terminações nervosas,
sendo um local de grande sensibilidade.
19
Região vulvoperineal

A região vulvoperineal, também conhecida simplesmente


por períneo, é uma região em formato de losango que fica
situada entre a sínfise púbica e o cóccix. Esta região pode
ser estudada anatomicamente dividindo-a em um
conjunto de estruturas externas, que compõem os
chamados órgãos genitais externos, e um conjunto de
estruturas internas, que formam o assoalho pélvico, uma
estrutura músculo-aponeurótica que dá suporte à pelve.
Essa região losangular pode ser dividida em dois trígonos:
o trígono urogenital, localizado anteriormente, onde se
localizam órgãos do sistema genital e urinário, e o trígono
anal, localizado posteriormente, onde se localizam órgãos
do sistema digestivo.

Os órgãos genitais externos (femininos ou masculinos)


podem ser identificados a partir da 12ª semana
gestacional. Entretanto, somente a partir da 13ª semana,
pode-se indicar com 99% de acurácia o sexo do bebê. Isso
se deve ao fato de que, apesar do sexo cromossômico ser
determinado no momento da fecundação, o estágio
indiferenciado da genitália fetal dura até a 7ª semana,
momento em que começa a se diferenciar em masculino
ou feminino dependendo de estímulos hormonais. Assim,
a partir desse momento, haverá estímulo hormonal, via
testosterona, para o desenvolvimento do falo se o feto for
masculino. No caso do sexo feminino, com a ausência de
testosterona, há inibição do desenvolvimento fálico e,
portanto, ocorre a formação do clitóris. O sulco uretral e as
pregas uretrais, formados ainda no estágio indiferenciado,
também seguirão caminhos diferentes nos dois sexos. No
caso do embrião feminino, as pregas uretrais não se
unirão, de modo que, nesta conformação, dará origem aos
pequenos lábios, assim como as intumescências
labioescrotais, que formarão os grandes lábios.
20
Inervação dos órgãos internos

Inervação da Regial vulvoperineal

A inervação do assoalho pélvico se dá pelos nervos


pudendo, perineal, retais inferiores (S2, S3, S4) e por
ramos perineais do nervo femorocutâneo posterior (L2,
L3). A vulva por sua vez recebe inervações simpáticas e
parassimpáticas - envolvidas na resposta motora,
promovendo relaxamento e ereção, respectivamente, do
tecido erétil genital - e inervação somática, envolvida na
sensibilidade.

Inervação da Vagina e do Útero

Somente o quinto ao quarto inferior da vagina tem


inervação somática. A inervação dessa parte da vagina
provém do nervo perineal profundo, um ramo do nervo
pudendo (S2, S3 e S4), que conduz fibras aferentes
simpáticas e viscerais, mas não fibras parassimpáticas. É
preciso destacar que apenas essa parte inervada
somaticamente é sensível ao toque e à temperatura. A
maior parte da vagina (três quartos a dois quintos
superiores) tem inervação visceral. Os nervos para essa
porção da vagina e para o útero são derivados do plexo
nervoso uterovaginal, um dos plexos pélvicos que se
estendem do plexo hipogástrico inferior até as vísceras
pélvicas. Esse plexo é atravessado por fibras aferentes
simpáticas, parassimpáticas e viscerais.
21
A inervação simpática tem como origem os segmentos
torácicos inferiores da medula espinhal e atravessa os
nervos esplâncnicos lombares e a série de plexos
intermesentérico-hipogástrico-pélvicos. A inervação
parassimpática origina-se nos segmentos S2-S4 da medula
espinal e atravessa os nervos esplâncnicos pélvicos até o
plexo hipogástrico inferior-uterovaginal. A atividade
simpática pode provocar contrações uterinas e
vasoconstrição, e a atividade parassimpática pode
produzir uma inibição uterina e vasodilatação; entretanto,
essas atividades são complicadas pelo controle hormonal
das funções uterinas.

No que se refere à inervação aferente visceral das partes


superior (intraperitoneal, fundo e corpo) e inferior
(subperitoneal e colo) do útero e da vagina, sabe-se que
são diferentes em termos de trajeto e destino. As fibras
aferentes viscerais que conduzem impulsos de dor do
fundo e do corpo do útero intraperitoneais seguem a
inervação simpática retrógrada para chegar aos corpos
celulares nos gânglios sensitivos de nervos espinais
torácicos inferiores-lombares superiores. As fibras
aferentes que conduzem impulsos de dor do colo do útero
e da vagina subperitoneais seguem as fibras
parassimpáticas retrogradamente através dos plexos
uterovaginal e hipogástrico inferior e dos nervos
esplâncnicos pélvicos para chegar aos corpos celulares nos
gânglios sensitivos dos nervos espinais S2-S4. As duas
diferentes vias seguidas por fibras de dor visceral são
importantes do ponto de vista clínico, pois propiciam às
mães vários tipos de anestesia durante o parto. Todas as
fibras aferentes viscerais do útero e da vagina não
relacionadas com a dor (aquelas que conduzem sensações
inconscientes) também seguem a última via.
22
Inervação das Tubas Uterinas

As tubas uterinas recebem inervação de fibras autônomas


que estão distribuídas principalmente com as artérias
ovariana e uterina. A maior parte da tuba possui um duplo
suprimento, simpático e parassimpático. Fibras
parassimpáticas pré-ganglionares derivam do nervo vago
para a metade lateral da tuba e de nervos esplâncnicos
pélvicos para a metade medial. O suprimento simpático é
derivado de neurônios do décimo segmento torácico até o
segundo segmento lombar espinais. As fibras aferentes
viscerais percorrem com os nervos simpáticos e adentram
na medula através das raízes dorsais correspondentes:
elas também podem seguir com fibras parassimpáticas.

Inervação dos Ovários

A inervação ovariana é derivada de plexos autônomos,


sendo que a parte superior do plexo ovariano é formada
por ramos dos plexos renal e aórtico, e a parte inferior é
reforçada pelos plexos hipogástricos superior e inferior.
Esses plexos correspondem a fibras simpáticas,
parassimpáticas pós-ganglionares e fibras aferentes
viscerais. As fibras simpáticas eferentes são derivadas dos
10º e 11º segmentos espinais torácicos e são
provavelmente vasoconstritoras, à medida que as fibras
parassimpáticas, derivadas dos plexos hipogástricos
inferiores onde chegam através dos nervos esplâncnicos
pélvicos das raízes de S2, S3 e S4, são provavelmente
vasodilatadoras.
23
Vascularização dos órgãos internos

Vascularização Arterial

As principais artérias da pelve e do períneo são as artérias


ilíacas internas e as artérias ovarianas. Os órgãos genitais
internos femininos recebem seus suprimentos a partir das
artérias uterinas e vaginais, ramos dos troncos anteriores
das artérias ilíacas internas, além das artérias ovarianas
que são ramos da aorta abdominal.

A artéria ilíaca interna origina-se da artéria ilíaca comum a


cada lado, aproximadamente no nível do disco
intervertebral entre L5 e S1 e situa-se ântero-medial à
articulação sacroilíaca. O vaso tem um trajeto caudal sobre
a entrada pélvica e depois se divide em troncos anterior e
posterior no nível da margem superior do forame
isquiático maior. O tronco posterior da artéria ilíaca
interna, direito e esquerdo, dá origem às artérias
iliolombar, sacral lateral e glútea superior, que não serão
aprofundadas nesse. Ramos do tronco anterior da artéria
ilíaca interna incluem a artéria vesical superior, a artéria
umbilical, a artéria vesical inferior (homens) ou artéria
vaginal (mulheres), a artéria retal média, a artéria uterina,
a artéria obturatória, a artéria pudenda interna e a artéria
glútea inferior.
24
As artérias uterinas seguem seus trajetos anteroinferior ao
longo da parede pélvica lateral, próximo ao ureter. Ao
aproximar·se do colo do útero, curva·se medialmente e
cruza o ureter anteriormente. Na base do ligamento largo,
emite ramos para o ureter e penetra na parede uterina; de
cada lado, na região ístmica do útero, emite dois ramos:
vaginais e cervicais e adquire trajeto ascendente e
tortuoso na parede lateral do útero. O ramo ascendente
provê inúmeras artérias arqueadas que circundam o útero
e emitem as artérias radiadas. Essas artérias radiadas se
ramificam no terço interno do miométrio em artérias retas
e artérias espiraladas. As artérias retas alcançam a camada
basal do endométrio e terminam em capilares nesta
região. As artérias espiraladas atravessam a espessura do
endométrio e dão origem a capilares logo abaixo do
epitélio. Seguindo seu trajeto lateral ascendente, a artéria
uterina chega à região fúndica, onde emite ramo para essa
região e divide-se em ramos terminais, um ovariano e um
tubário. O ramo ovariano se anastomosa com o ramo
terminal da artéria ovariana no mesovário, de onde
partem pequenos vasos que atingem o hilo ovariano. O
ramo tubário se anastomosa com o ramo tubário da
artéria ovariana na mesossalpinge.

A artéria vaginal fornece ramos para a vagina e as partes


adjacentes da bexiga e reto, essa irriga a porção média e
inferior do órgão. As artérias que irrigam a porção superior
da vagina originam-se da artéria uterina. As artérias
ovarianas originam-se das paredes laterais da aorta
abdominal e tem trajeto descendente oblíquo em direção
à cavidade pélvica no interior do ligamento suspensor do
ovário. No estreito superior da pelve, cruza anteriormente
os vasos ilíacos comuns e o ureter penetrando no
mesovário, a fim de irrigar os ovários, e na mesossalpinge
onde se anastomosa com a artéria uterina.
25
Vascularização Venosa

As veias pélvicas seguem o trajeto de todos os ramos da


artéria ilíaca interna, exceto para a artéria umbilical e a
artéria iliolombar. A cada lado, as veias drenam para as
veias ilíacas internas, que saem da cavidade pélvica para
se unir a veias ilíacas comuns situadas em posição
imediatamente superior e lateral à entrada pélvica.

Em seu trajeto, as artérias uterinas são acompanhadas por


suas veias homônimas, tributárias das veias ilíacas
internas, que, além dessa, as veias sacrais médias e veias
ováricas fazem um trajeto paralelo ao da artéria sacral
média e da artéria ovárica, respectivamente, e saem da
cavidade pélvica para unir-se a veias no abdome. As veias
sacrais médias coalescem para formar uma veia única que
se une à veia ilíaca comum ou à junção das duas veias
ilíacas comuns para formar a veia cava inferior.

As veias ovarianas acompanham o padrão de distribuição


do sistema arterial, contudo, a veia ovariana direita
desemboca na veia cava inferior e a esquerda, na veia
renal esquerda.

A drenagem venosa da região perineal é feita por veias


homônimas e de posição igual às artérias.
26
Vascularização Linfática

Linfáticos da maioria das vísceras pélvicas drenam


principalmente para os linfonodos distribuídos ao longo
das artérias ilíacas internas, externas e seus ramos
associados, que drenam para linfonodos associados às
artérias ilíacas comuns e depois para linfonodos
associados às superfícies laterais da aorta abdominal.
Linfáticos dos ovários e partes relacionadas do útero e
tubas uterinas saem da cavidade pélvica superiormente e
drenam, através dos vasos que acompanham as artérias
ováricas, diretamente para os linfonodos aórticos laterais
e, em alguns casos, para os linfonodos pré-aórticos na
superfície anterior da aorta. Os vasos linfáticos da parte
inferior do corpo e do colo uterino como também da parte
superior da vagina, drenam para os linfonodos ilíacos
comuns, pré-aórticos, e para o tronco lombar de cada lado,
que continuam até a origem do ducto torácico
aproximadamente no nível vertebral T12. Já a parte
inferior da vagina e os demais órgãos genitais externos
têm sua drenagem linfática para os linfonodos inguinais
superficiais, seguindo o trajeto do ligamento redondo do
útero.

A inervação do assoalho pélvico se dá pelos nervos


pudendo, perineal, retais inferiores (S2, S3, S4) e por
ramos perineais do nervo femorocutâneo posterior (L2,
L3). A vulva por sua vez recebe inervações simpáticas e
parassimpáticas - envolvidas na resposta motora,
promovendo relaxamento e ereção, respectivamente, do
tecido erétil genital - e inervação somática, envolvida na
sensibilidade.
27
Desenvolvimento no feto e menstruação

No final do desenvolvimento embrionário de uma menina,


ela já tem todas as células que irão transformar-se em
gametas nos seus dois ovários. Estas células - os ovócitos
primários - encontram-se dentro de estruturas
denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos.
A partir da adolescência, sob ação hormonal, os folículos
ovarianos começam a crescer e a desenvolver. Os folículos
em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno.

Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o


desenvolvimento e a maturação, rompendo-se e liberando
o ovócito secundário (gameta feminino): este fenômeno é
conhecido como ovulação. Após seu rompimento, a massa
celular resultante transforma-se em corpo lúteo ou
amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona
e estrógeno.

Com o tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em


corpo albicans ou corpo branco, uma pequena cicatriz
fibrosa que irá permanecer no ovário. O gâmeta feminino
liberado na superfície de um dos ovários é recolhido por
finas terminações das tubas uterinas, as fímbrias.
28
Ovogênese

Ovogénese (ou ogénese) é o processo biológico de


formação das células reprodutoras femininas, os ovócitos,
nos animais. Ovogénese na mulher tem início durante a
vida intra-uterina, continuando posteriormente de uma
forma cíclica a partir da puberdade até à menopausa. Na
ovogénese ocorre uma sequência de eventos pelos quais
as ovogónias se transformam no final em óvulos.
A ovogénese divide-se em três fases: Multiplicação,
crescimento e maturação.

Proliferação ou Multiplicação

Durante a vida intra-uterina as células germinativas


primordiais que se originam do endoderma do saco
vitelínico - logo após o primeiro mês de gestação - migram
para o ovário em desenvolvimento e diferenciam-se em
ovogônias. No início da vida fetal, uma série de divisões
mitóticas produzem um número substancialmente grande
de ovogônias, algumas das quais sobrevivem e
transformam-se em células maiores denominadas ovócitos
primários. Estas células diploides iniciam então a meiose
parando na prófase I, mais precisamente na fase
diplóteno. Os ovócitos primários permanecem na prófase
e só terminam sua primeira divisão meiótica na
puberdade. Calcula-se que, no nascimento, o número total
de ovócitos primários varie de 700.000 a 7 milhões.
Durante a infância, a maioria dos ovócitos torna-se
atrésico; somente cerca de 400.000 estão presentes no
início de puberdade, e menos de 500 serão ovulados.
29
Crescimento

Na puberdade, ainda no estágio do diplóteno (um estágio


de repouso durante a prófase caracterizado por uma
malha de cromatina frouxa), o ovócito primário começa a
crescer, e as células foliculares achatadas que o envolvem
tornam-se cuboides e proliferam, formando um epitélio
estratificado de células da granulosa. Agora o folículo é o
folículo primário. As células da granulosa se apoiam sobre
uma membrana basal chamada teca folicular. Além disso,
há uma camada de glicoproteínas sobre a superfície do
ovócito, formando a zona pelúcida. Com o crescimento do
folículo, as células da teca folicular se organizam em uma
camada interna de células secretoras, a teca interna, e
uma camada externa de tecido conjuntivo contendo
células semelhantes a fibroblastos, a teca externa.

Com a continuação do desenvolvimento, aparecem


espaços cheios de fluidos entre as células da granulosa. A
coalecência desses espaços forma o antro, e o folículo
passa a se chamar folículo secundário. Quando maduro, o
folículo é denominado folículo terciário, folículo vesicular,
ou folículo de Graaf, que é envolvido pela teca interna,
composta por células com características de células
secretoras de esteróides, rica em vasos sanguíneos, e pela
teca externa, que se funde gradualmente com o estroma
ovariano.
30
Maturação

Logo que o folículo fica maduro, o ovócito retoma a


meiose, levando à formação de duas células filhas de
tamanhos desiguais, cada uma com 23 cromossomos de
estrutura dupla. Uma dessas células, o ovócito secundário,
recebe a maior parte do citoplasma; a outra, o primeiro
corpo polar, praticamente não recebe citoplasma. O
ovócito começa então a segunda divisão meiótica, e
quando as cromátides irmãs se separam a meiose II para.

Com a diminuição do hormônio folículo estimulante (FSH),


devido ao aumento de estrógeno produzido pelos
folículos, e o aumento brusco no teor do hormônio
luteinizante (LH) secretado pela hipófise anterior faz com
que ocorra a ovulação (expulsão pelo folículo maduro de
um ovócito que é capitado pela tuba uterina). Após o
ovócito ser liberado, ele segue para a tuba, e geralmente é
fecundado na ampola da tuba uterina. Se for fecundado, a
meiose II prossegue e dividem-se em segundo corpúsculo
polar, que então degenera-se, e o ovulo (união entre o
ovócito secundário e o espermatozóide). Se não
fecundado, o ovócito secundário é degenerado e
absorvido.
31
Ciclo menstrual

O ciclo menstrual é o termo científico para as alterações


fisiológicas que ocorrem nas mulheres férteis que têm
como finalidade a reprodução sexual e fecundação. Este
artigo foca-se apenas no ciclo menstrual humano.

O ciclo menstrual, regulado pelo sistema endócrino, é


fundamental para a reprodução. É frequentemente
dividido em três fases: a fase folicular, a ovulação e a fase
luteínica, embora algumas fontes refiram um conjunto
diferente de fases: a menstruação, a fase proliferativa e a
fase secretora. Os ciclos menstruais contam-se a partir do
primeiro dia de hemorragia menstrual. A contracepção
hormonal intervém nas alterações hormonais naturais de
forma a impedir a reprodução.

Estimuladas por quantidades cada vez mais elevadas de


estrogénio durante a fase folicular, as hemorragias
menstruais abrandam até cessarem por completo, e o
endométrio do útero torna-se mais espesso. Inicia-se
então o desenvolvimento dos folículos nos ovários, através
da influência de um conjunto complexo de hormonas.
Após vários dias, um ou ocasionalmente dois dos folículos
tornam-se dominantes, e os restantes atrofiam e morrem.

Por volta do meio do ciclo, e 24 a 36 horas depois do pico


de afluência de hormona luteinizante (LH), o folículo
dominante liberta um óvulo durante um estágio designado
por ovulação. Depois deste estágio, o óvulo apenas
sobrevive durante 24 horas ou menos caso não ocorra
fertilização, enquanto que os resquícios do folículo
dominante no ovário se tornam corpos lúteos, produzindo
grandes quantidades de progesterona. Estimulado pela
presença desta hormona, o endométrio altera-se de modo
a preparar-se para potenciais nidações de um embrião
iniciando-se assim a gravidez.
32
Caso a nidação não ocorra em aproximadamente duas
semanas, o corpo lúteo involui, causando quedas abruptas
nos níveis de progesterona e de estrogénio. Estas quebras
indicam ao útero o momento para eliminar o óvulo e a sua
membrana de revestimento, num processo designado por
menstruação, terminando assim um ciclo.

Durante o ciclo menstrual, ocorrem também alterações


nos sistemas fisiológicos, sobretudo no sistema
reprodutivo, que podem dar origem a mastodinia ou
alterações de ânimo. A primeira menstruação da mulher é
designada por menarca e ocorre frequentemente por volta
dos 12 ou 13 anos. A idade média da menarca é de cerca
de 12,2 anos em Portugal, 12,5 anos nos Estados Unidos,
12,72 no Canadá, 12,9 no Reino Unido, e 13,06 ± 0,1 anos
na Islândia. O fim da fase reprodutiva da mulher designa-
se menopausa e ocorre normalmente entre os 45 e 55
anos de idade.

Fases

O ciclo menstrual pode ser dividido em diferentes fases. A


duração média de cada fase pode ser vista em baixo. As
primeiras três estão relacionadas com alterações no
revestimento uterino, enquanto que as três últimas estão
relacionadas com processos que decorrem nos ovários:
33
Menstruação

A presença da menstruação, também designada por


período, serve normalmente como indicador de que a
mulher não se encontra grávida. Note-se, no entanto, que
tal facto não pode ser encarado como garantia uma vez
que existem inúmeras causas que levam a hemorragias
vaginais durante a gravidez. Algumas destas causas são
exclusivas do primeiro trimestre de gravidez, e alguns
podem causar hemorragia obstétrica.

O termo eumenorreia designa a menstruação regular e


normal que ocorre durante alguns dias; normalmente 3 a
5, mas qualquer valor entre 2 e 7 dias é considerado
normal. O valor de sangue perdido durante a menstruação
é de cerca de 35 mililitros, sendo normal qualquer valor
entre 10 e 80 ml. Em consequência da hemorragia
menstrual, as mulheres são mais susceptíveis à deficiência
de ferro do que os homens.Uma enzima chamada
plasmina impede a coagulação do fluido menstrual.

Durante os primeiros dias da menstruação são comuns


cólicas abdominais, assim como dores nas costas e nas
ancas. A dor intensa no útero durante a menstruação
designa-se por dismenorreia e é mais frequente entre
adolescentes e mulheres jovens, afectando 67,2% das
adolescentes. Quando se inicia a menstruação,
normalmente diminui também a intensidade dos sintomas
associados à tensão pré-menstrual (TPM), como a
mastodinia e irritabilidade.
34
Ovulação

Durante a fase folicular, o estradiol suprime a produção de


hormonas luteinizantes (LH) na adenoipófise. À medida
que o óvulo se aproxima da maturação, os níveis de
estradiol alcançam um valor de referência acima do qual
estimulam a produção de LH. As diferentes respostas das
LH ao estradiol podem ser explicadas pela presença de
dois receptores distintos de estrogénio no hipotálamo: o
receptor de estrogénio alfa, responsável pelo ciclo
estradiol-LH de retroalimentação negativa e o receptor de
estrogénio beta, responsável pela relação estradiol-LH
positiva. Num ciclo regular, a afluência de LH tem início no
12º dia e pode decorrer durante 48 horas.

A libertação de LH amadurece o óvulo e enfraquece a


parede do folículo no ovário, o que faz com que um
folículo completamente desenvolvido liberte o seu ovócito
secundário. Este ovócito secundário tornar-se-á um óvulo,
que no fim deste processo apresenta já um diâmetro de
cerca de 0,2 mm.

Qual dos dois ovários ovula - o direito ou esquerdo -


aparenta ser de ordem aleatória, não sendo conhecido
qualquer mecanismo de coordenação entre ambos.
Ocasionalmente, ambos os ovários podem libertar um
óvulo, e no caso de ambos serem fertilizados dão origem a
gémeos bivitelinos.

Depois de ser libertado pelo ovário, o óvulo é lançado nas


trompas de falópio através da fímbria, uma pequena
membrana de tecido no fim de cada trompa. Após cerca
de um dia, um óvulo não fertilizado desintegra-se ou
dissolve-se.
35
A fertilização pelo espermatozoide, quando ocorre, dá-se
normalmente na ampola uterina, a secção mais larga das
trompas de Falópio. Um óvulo fertilizado começa
imediatamente o processo de embriogénese. O embrião
em desenvolvimento leva cerca de três dias a alcançar o
útero e mais três dias a implantar-se no endométrio, altura
em que já atingiu o estágio de blastocisto.

Nalgumas mulheres, a ovulação é acompanhada por uma


dor característica designada por mittelschmerz. A
alteração hormonal súbita nas hormonas durante o
período da ovulação pode por vezes causar hemorragias
ligeiras a meio do ciclo.

Fase luteínica

A fase luteínica é também designada por fase secretora. O


corpo lúteo, formado no ovário depois do óvulo ser
libertado na trompa de falópio, desempenha um papel
importante durante esta fase, continuando a crescer
durante algum tempo após a ovulação e produzindo
quantidades significativas de hormonas, sobretudo
progesterona. A progesterona é fundamental ao fazer com
que o endométrio se torne receptivo à nidação do
blastocisto e capaz de oferecer condições para o primeiro
estágio da gravidez. Como efeito secundário, aumenta
também a temperatura corporal basal da mulher.

Após a ovulação, as hormonas pituitárias FSH e LH fazem


com que os resquícios do folículo dominante se
transformem no corpo lúteo, que produz progesterona. O
aumento desta hormona na glândula suprarrenal induz a
produção de estrogénio. As hormonas produzidas pelo
corpo lúteo também suprimem a produção de FSH e HL de
que o corpo lúteo necessita. Consequentemente, os níveis
de FSH e HL decrescem rapidamente, fazendo com que o
corpo lúteo atrofie.
36
A queda dos níveis de progesterona activa a menstruação
e o início do ciclo seguinte. Desde a ovulação até à
supressão de progesterona que dá início à menstruação,
decorrem em média duas semanas, sendo considerado
normal um período de 14 dias. Em cada mulher, a duração
da fase folicular varia frequentemente de ciclo para ciclo.
Pelo contrário, a duração da fase luteínica demonstra ser
bastante coerente entre cada ciclo.

A perda do corpo lúteo não ocorre quando existe


fertilização do óvulo. O embrião produz gonadotrofina
coriónica humana, que é bastante similar à LH e capaz de
preservar o corpo lúteo. Uma vez que esta hormona é
apenas produzida pelo embrião, muitos testes de gravidez
são reactivos à sua presença.

Duração

Embora muitas pessoas acreditem que o ciclo menstrual


médio dure cerca de 28 dias, um estudo que analisou mais
de 30 000 ciclos em mais de 2,3 mil mulheres veio a
demonstrar que a duração média do ciclo é de 29,1 dias,
com um desvio padrão de 7,5 dias e um intervalo de
predição de 95% entre 15 a 45 dias. No mesmo estudo, o
subconjunto de dados com durações de ciclos entre 15 e
45 dias mostrava uma duração média de 28,1 dias, com
um desvio padrão de 4 dias. Um estudo de menor escala,
realizado em 2006 numa amostra de 140 mulheres,
concluiu a existência de uma duração média de 28,9 dias.
37
A variação da duração do ciclo menstrual é maior entre
mulheres com 25 anos ou menos, e menor, ou seja, mais
regular, entre os 35 e 39 anos de idade. Normalmente, as
variações entre 8 e 20 dias são consideradas ciclos
menstruais moderadamente irregulares. As variações de
21 ou mais dias são consideradas muito irregulares.

Desde muito cedo que é proposto que o ciclo menstrual


esteja de alguma forma associado às fases da lua. Um
estudo realizado em 1979 com 305 mulheres demonstrou
que cerca de um terço registava ciclos coincidentes com o
ciclo lunar, isto é, uma duração média de 29,5 dias mais ou
menos 1 dia. Quase dois terços revelaram que o seu ciclo
se iniciava durante a fase mais brilhante do ciclo lunar,
significativamente mais do que seria de esperar numa
distribuição aleatória. Outro estudo demonstrou que um
número estatisticamente significativo de menstruações
ocorria durante a lua nova.

Período fértil

O período mais fértil, isto é, o período com maiores


probabilidades de ocorrência de uma gravidez como
resultado de uma relação sexual, ocorre durante os 5 dias
que antecedem a ovulação até aos 1-2 dias que lhe
sucedem. Num ciclo de 28 dias com uma fase luteínica de
14 dias, isto corresponde à segunda e ao início da terceira
semana. Foram desenvolvidos vários métodos para ajudar
a mulher a fazer uma estimativa dos dias relativamente
férteis ou inférteis durante o ciclo, designados por
monitorização da fertilidade.
38
Os métodos de monitorização que apenas têm como base
os registos de duração dos ciclos designam-se por
métodos rítmicos. Os métodos que requerem a
observação de um ou mais dos três sinais básicos de
fertilidade (temperatura corporal basal, muco do colo do
útero e posição cervical) são conhecidos como métodos de
avaliação de sintomas. Estão também disponíveis kits de
testes de urina que detectam a afluência de HL que ocorre
nas 24 a 36 horas antes da ovulação, conhecidos como kits
de previsão de ovulação.

A fertilidade feminina é também influenciada pela idade.


Uma vez que todos os óvulos de uma mulher se formam
durante o feto, para serem fertilizados apenas décadas
mais tarde, tem sido proposto que este longo período de
tempo pode fazer com que a cromatina dos óvulos se vá
tornando mais vulnerável a problemas decorrentes da
divisão, quebras e mutações, em relação à cromatina do
esperma, que é produzido de forma contínua durante a
fase reprodutiva do homem.

Anomalias e irregularidades no ciclo

A ovulação irregular ou pouco frequente designa-se por


oligo-ovulação. A ausência de ovulação designa-se por
anovulação. Mesmo que não se processe a ovulação, a
hemorragia menstrual pode decorrer normalmente,
fenómeno que se designa por ciclo anovulatório. Nalguns
ciclos, os folículos podem começar o processo de
maturação, mas esse processo nunca chegar a ser
completo; no entanto, o estrogénio continua a estimular a
formação do revestimento da parede do útero. Níveis
elevados, contínuos e prolongados de estrogénio que
provocam um endométrio bastante espesso, podem levar
à ocorrência de hemorragias menstruais anovulatórias
fora do período normal de menstruação.
39
A hemorragia anovulatória espoletada por uma queda
súbita dos níveis de estrogénio é designada por
hemorragia de privação. Os ciclos anovulatórios ocorrem
normalmente antes da menopausa e em mulheres com
síndrome do ovário policístico.

Um fluxo muito diminuto (menos de 10 ml) designa-se por


hipomenorreia. ciclos regulares com intervalos de 21 dias
ou menos designam-se por polimenorreia. A menstruação
frequente, mas irregular, designa-se por metrorragia.
Fluxos consideráveis e súbitos de quantidades superiores
a 80 ml designam-se por menorragia. A hemorragia
abundante que ocorra frequente e irregularmente
designa-se por menometrorragia. O termo para ciclos com
intervalos que excedam 35 dias é oligomenorreia. Por sua
vez, amenorreia refere-se a períodos entre três a seis
meses sem menstruação fora da gravidez e durante a
idade fértil da mulher.

Supressão da ovulação

Contracepção hormonal

Enquanto que algumas formas de planeamento familiar


não afectam o ciclo menstrual, os contraceptivos
hormonais actuam através da sua interrupção. A
retroalimentação negativa da progesterona diminui a
frequência de libertação da hormona libertadora de
gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo, o que diminui a
libertação de hormona folículo-estimulante (FSH) e
hormona luteinizante (LH) pela adenoipófise.
40
Os baixos níveis de FSH inibem o desenvolvimento
folicular, impedindo o aumento dos níveis de estradiol. A
retroalimentação negativa da progesterona e a ausência
de retroalimentação positiva de estrogénio na libertação
de LH impedem uma afluência de LH a meio do ciclo. Por
sua vez, a inibição do desenvolvimento folicular e a
ausência da afluência de LH impedem a ovulação.

O grau de supressão de ovulação nos contraceptivos


exclusivamente de progestágenos depende da actividade e
dosagem do progestágeno. Contraceptivos exclusivamente
de progestágeno de baixa dosagem – como a pílula de
progestágeno, implantes sub-dérmicos como o Norplant e
o sistema intrauterino – inibem a ovulação apenas em
cerca de metade dos ciclos e a sua eficácia
anticoncepcional assenta sobretudo noutras acções, como
o aumento da espessura do muco cervical.

Os contraceptivos com uma dosagem intermédia


permitem algum desenvolvimento folicular, mas inibem a
ovulação de forma mais frequente, em 97 a 99% dos ciclos.
As alterações do muco cervical são semelhantes às que
ocorrem com progestágeno de baixa dosagem. Os
contraceptivos com doses elevadas de progestágeno,
normalmente injectáveis, inibem completamente o
desenvolvimento folicular e a ovulação.

Os contraceptivos hormonais combinados são compostos


tanto por um estrogénio como por um progestágeno. A
retroalimentação negativa da progesterona, ao diminuir a
frequência de libertação da hormona libertadora de
gonadotrofina pelo hipotálamo, que diminui também a
libertação de FSH, faz com que os contraceptivos
combinados sejam mais eficazes na inibição do
desenvolvimento folicular e na supressão da ovulação.
41
O estrogénio reduz também a incidência de hemorragias
irregulares. Vários dos contraceptivos combinados são
normalmente usados de forma a causar hemorragias
regulares. Durante um ciclo normal, a menstruação ocorre
quando os níveis de estrogénio e progesterona têm uma
quebra abrupta.
12

FONTES:
WIKIPEDIA
Pang, K. "Certificate Biology: New Mastering Basic Concepts", Hong
Kong, 2004
"Sperm Use Heat Sensors To Find The Egg; Weizmann Institute
Research Contributes To Understanding Of Human Fertilization",
Science Daily, 3 February 2003
Michod, RE; Levin, BE, eds. (1987). The Evolution of sex: An examination
of current ideas. Sunderland, Massachusetts: Sinauer Associates. ISBN
978-0878934584
Michod, RE (1994). Eros and Evolution: A Natural Philosophy of Sex.
[S.l.]: Perseus Books. ISBN 978-0201407549
Ficha informativa - Tema: Reprodução nos seres vivos, da Escola
Secundária de Odivelas, Portugal Arquivado em 22 de julho de 2009,
no Wayback Machine. acessado a 1 de junho de 2009
1. Greenberg, Jerrold S.; Clint E. Bruess, Sarah C. Conklin (2007).
Exploring the dimensions of human sexuality 3rd ed. [S.l.]: Jones &
Bartlett. pp. 136–137
2. ↑ Leitão, Raquel (Maio de 2011). "A obesidade da infância para a
adolescência : um estudo longitudinal em meio escolar" . Universidade
do Minho. Acessado em Fevereiro de 2012.
3. ↑ Anderson SE, Dallal GE, Must A (2003). «Relative weight and race
influence average age at menarche: results from two nationally
representative surveys of US girls studied 25 years apart». Pediatrics.
111 (4 Pt 1): 844–50. PMID 12671122. doi:10.1542/peds.111.4.844

4. BMC Public Health (2010). «Age at menarche in Canada: results from
th...»
5. ↑ Hamilton-Fairley, Diana. «Lecture Notes: Obstetrics and
Gynaecology» (PDF). Consultado em 27 de Fevereiro de 2012
6. ↑ Magnússon, T.E. (1978). «Age at menarche in Iceland.». American
journal of physical anthropology. 48 (4): 511–4. ISSN 0002-9483. PMID
655271. doi:10.1002/ajpa.1330480410

Você também pode gostar