Você está na página 1de 21

ESTUDO DO

MOVIMENTO I:
ANATOMIA E
FISIOLOGIA

André Osvaldo Furtado da Silva


Anatomofisiologia
do sistema reprodutor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar as principais funções do sistema reprodutor.


„„ Identificar as estruturas que atuam no sistema reprodutor masculino.
„„ Descrever as estruturas que atuam no sistema reprodutor feminino.

Introdução
O sistema reprodutor possui órgãos e estruturas classificadas em internas e
externas, responsáveis pelo processo de reprodução sexual, o qual envolve
desde a produção dos gametas e hormônios sexuais que possibilitarão
a fertilização até o processo de crescimento, o desenvolvimento fetal e
o nascimento.
Neste capítulo, você estudará o sistema reprodutor masculino e o
feminino, suas principais funções e estruturas, sua produção hormonal,
bem como o desenvolvimento de um feto.

Sistema reprodutor
O sistema reprodutor do ser humano se caracteriza por possuir órgãos e estrutu-
ras diferentes de acordo com o gênero. Apesar dessas diferenças tanto do ponto
de vista anatômico como fisiológico, entende-se que, por meio de mecanismos
diferentes e complementares, o sistema reprodutor masculino e o feminino
funcionam de forma bastante semelhante. Em ambos, ele é o responsável pela
reprodução da espécie, sendo que, nesse caso, há uma reprodução sexuada,
com a troca de material genético (pelos gametas, as células germinativas) entre
os indivíduos. Essa troca ocorre por meio da junção de um óvulo (célula de
reprodução feminina) e um espermatozoide (célula masculina), podendo criar
uma pessoa pelo processo de fecundação.
2 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

No entanto, para que ocorra o processo de fertilização, a junção entre os


gametas, este sistema passa por vários processos fisiológicos, desde a produção
e secreção de hormônios sexuais (testosterona, progesterona e estrogênio), que
contribuem de forma significativa para a criação dos gametas e preparação do
organismo a fim de que aconteça a fecundação. Como característica específica
do organismo feminino, o sistema ainda é responsável pelo crescimento,
desenvolvimento e pela nutrição do feto, desde o início da fecundação até
os últimos instantes do processo gestacional por meio do trabalho de parto.
Para compreender melhor a composição e as principais funções do sistema
reprodutor, ele será abordado de forma separada: masculino e feminino.

Sistema reprodutor masculino


O sistema reprodutor masculino ou genital masculino se compõe de dois tipos
de estruturas, uma interna e outra externa, sendo que o aspecto considerado
para essa classificação é estar (ou não) inserido em uma cavidade corporal.
As duas estruturas atuam, principalmente, com as funções de reprodução e
produção de hormônios, como a testosterona e a micção.
Considerando a classificação citada anteriormente, os órgãos internos do
sistema reprodutor masculino são testículos, epidídimos, ductos deferentes,
glândulas seminais, próstata, ductos ejaculatórios e glândulas bulbouretrais.
Já os órgãos externos incluem a uretra (que também faz parte ao sistema
urinário), o pênis e o escroto. Na Figura 1, você pode ver esse sistema e seus
órgãos detalhadamente.
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 3

Figura 1. Sistema reprodutor masculino.


Fonte: Vanputte; Regan e Russo (2016, p. 1019).

Órgãos internos do sistema reprodutor masculino


Os testículos se caracterizam por ser a principal estrutura do sistema reprodutor
masculino e são um par de glândulas ovais, que se desenvolvem na parede
abdominal do embrião e iniciam sua descida para o escroto (estrutura externa)
no sétimo mês do desenvolvimento fetal. Eles ainda são glândulas endócrinas
(secreção da testosterona) e exócrinas (secreção de espermatozoides) cobertas
por uma cápsula fibrosa que se estende internamente em compartimentos
chamados de lóbulos, nos quais estão os túbulos seminíferos contorcidos,
estruturas espiraladas que produzem espermatozoides por meio das células
espermatogênicas, no processo de espermatogênese.
Em um dia, são produzidos aproximadamente 300 milhões de esperma-
tozoides, que, após a ejaculação, não sobrevivem por mais do que 48 horas
no trato genital feminino. Estruturalmente, ele se compõe de duas partes: a
cabeça, que contém o núcleo e o material genético da célula; e a cauda, a qual
contribui para a sua locomoção. Depois desse processo do gameta masculino,
ele é liberado no túbulo seminífero contorcido, sendo protegido pelas células
de sustentação e recebendo um líquido que facilitará seu transporte ao longo
dos ductos do sistema reprodutor masculino.
4 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

Outro órgão interno do sistema reprodutor masculino é o epidídimo, com-


posto de dois ductos eferentes sinusoides que se originam dos ductos eferentes,
têm o formato de uma vírgula e ficam localizados na parte de trás dos tes-
tículos. Ele é formado por cabeça, corpo e cauda longa, sendo que a cabeça
possui dois ductos eferentes que desembocam em um único tubo de formato
sinuoso, denominado ducto do epidídimo, o qual se situa na porção interior
do seu corpo e termina na cauda, que se localiza na parte inferior do testículo.
No sistema reprodutor, o epidídimo possui as funções de monitorar e ajustar
os líquidos originários dos túbulos seminíferos. Ele também atua como um
centro de reciclagem para os espermatozoides danificados, bem como os arma-
zena e é responsável por facilitar a maturação funcional deles. Vale salientar
que existe uma temperatura ideal para a sobrevivência dos espermatozoides.

A produção e a sobrevivência dos espermatozoides é ótima em temperatura


de aproximadamente 2-3ºC, abaixo da temperatura normal do corpo. Essa
temperatura inferior a corporal é mantida no interior do escroto, porque se
encontra fora da cavidade pélvica. Na exposição ao frio, os músculos esque-
léticos se contraem para elevar os testículos, movendo-os para mais perto
da cavidade pélvica, onde podem absorver o calor do corpo. (TORTORA;
DERRICKSON, 2017, p. 561)

Nesse sentido, o epidídimo é a estrutura responsável pela maturação final


do espermatozoide e pela sua condução no organismo. Na Figura 2, você
pode observar uma representação dos testículos, do epidídimo e dos ductos
adjacentes.

Figura 2. Representação dos testículos e dos ductos adjacentes.


Fonte: Vanputte; Regan e Russo (2016, p. 1020).
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 5

Quanto ao ducto deferente, ele é uma estrutura subsequente ao ducto do


epidídimo e tem na sua formação paredes musculares espessas e uma luz es-
treita, responsáveis por firmar um cordão. Ele se inicia na cauda do epidídimo,
no qual ascende posteriormente ao testículo, na porção medial ao epidídimo,
e na longitudinal na pelve através do canal inguinal, em que cruza sobre os
vasos ilíacos externos. Essa estrutura termina se unindo ao ducto da glândula
seminal, que se situa após sua ampola, formando o ducto ejaculatório. Assim,
ele é o componente primário do funículo espermático.
Já as glândulas seminais, também conhecidas como vesículas seminais,
são estruturas alongadas e estão localizadas entre o fundo da bexiga e o reto,
acima da próstata e posteriormente aos ureteres de modo que o peritônio da
escavação retovesical se separa do reto. Elas acabam sendo recobertas pelo
peritônio em suas extremidades superiores, e as inferiores se relacionam com
o reto, sendo assim separadas apenas pelo septo retovesical.
Na estrutura dos órgãos internos do sistema reprodutor masculino, há
ainda os ductos ejaculatórios, que são tubos oriundos da união entre o ducto
deferente e as glândulas seminais. Ele se origina nas proximidades do colo
da bexiga, atravessa a porção posterior da próstata e fica ao longo das laterais
do utrículo prostático.
Já as glândulas bulbouretrais também fazem parte dos órgãos internos,
têm uma forma que se assemelha ao das ervilhas e ficam localizadas posterior
e lateralmente à parte membranácea da uretra, incrustada no seu esfíncter
externo. Seus ductos atravessam o períneo com a parte membranácea da uretra,
abrindo-se na região proximal da porção esponjosa dela, mais precisamente
no bulbo do pênis.
Por fim, talvez a estrutura com maior importância do sistema reprodutor
masculino seja a próstata, que é sua maior glândula acessória e se divide em
uma porção glandular e uma fibromuscular — a primeira tem cerca de dois
terços da próstata e a segunda representa um terço dela. Ela apresenta uma
porção firme, que circunda a porção prostática da uretra e possui o tamanho
de uma noz. Já sua cápsula fibrosa contém todo o aporte neurovascular. Essas
estruturas são circundadas pela lâmina visceral da fáscia da pelve que forma
a bainha prostática fibrosa, que tem uma constituição fina anteriormente e
densa posteriormente, fundindo-se ao septo retovesical. A base da próstata
está relacionada à bexiga, seu ápice está em contato com a fáscia na face
superior dos músculos esfíncter da uretra e o músculo transverso profundo do
períneo, já sua face anterior muscular forma um esfíncter vertical deprimido.
É possível compreender a estrutura da próstata devido ao lóbulo, que se
divide em outros quatro lóbulos, conforme ocorre a constituição dos duc-
6 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

tos e do tecido conectivo. Assim, os ductos prostáticos abrem-se nos seios


prostáticos situados lateralmente ao folículo seminal, na parede posterior da
porção prostática da uretra. Já a próstata é responsável por secretar o líquido
prostático, um fluido leitoso, levemente ácido, que contém ácido cítrico,
utilizado para produzir energia pela cauda do espermatozoide para que este
possa se movimentar. Essas secreções prostáticas compõem aproximadamente
25% do volume do sêmen.
Resumidamente, o ducto deferente é responsável por conduzir os esper-
matozoides do epidídimo ao ducto ejaculatório. No organismo, as glândulas
seminais e a próstata produzem a maior parte do líquido seminal (sêmen),
que transporta os espermatozoides. Essa glândula ainda secreta um líquido
alcalino rico em frutose e um agente coagulante, que são misturados aos
espermatozoides.

O volume de sêmen em uma ejaculação típica é de 2,5 a 5 mililitros, com 50


a 150 milhões de espermatozoides por mililitro. Quando o número cai abaixo
de 20 milhões por mililitro é provável que o homem seja infértil. Um grande
número de espermatozoides é necessário para fertilização, porque apenas
uma fração minúscula consegue alcançar o ovócito secundário (TORTORA;
DERRICKSON, 2017, p. 569).

Órgãos externos do sistema reprodutor masculino


Quanto aos órgãos genitais externos do sistema reprodutor masculino, a
uretra é o ducto terminal, servindo de passagem para o esperma e a urina.
Estruturalmente, ela se subdivide em quatro partes: a pré-prostática ou intra-
mural, a prostática, a membranácea e a esponjosa. Pode-se dizer que a parte
membranácea se inicia no ápice da próstata e atravessa o espaço profundo do
períneo, através do esfíncter externo da uretra, assim, penetrando na membrana
do períneo e terminando no bulbo do pênis. Já a parte esponjosa começa na
porção distal da membranácea e termina no óstio externo da uretra. Nessa
função, abrem-se os ductos bulbouretrais e as glândulas uretrais, responsáveis
por secretar muco.
Outro órgão externo do sistema reprodutor masculino é o escroto, um
saco de constituição fibromuscular cutâneo que preserva no seu interior os
testículos e as estruturas associadas, situado póstero-inferiormente ao pênis
e abaixo da sínfise púbica. No meio interno, é dividido pelo septo do escroto
em duas partes, sendo uma para cada testículo. Quanto à bolsa escrotal, ela
serve para armazenar e proteger os testículos, bem como as estruturas ligadas
a ele. Na Figura 3, você pode ver uma representação da estrutura do escroto.
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 7

Figura 3. Representação da estrutura do escroto.


Fonte: Marieb e Hoehn (2008, p. 933).

Por fim, há o pênis, um órgão com uma constituição tubular que tem no seu
interior a uretra. Ele possui dupla função: a excreção de urina e a introdução do
sêmen na vagina durante a relação sexual, sendo que os dois processos ocorrem
através da uretra. Na sua constituição, ele é dividido em raiz, corpo e glande.
A raiz é constituída de uma porção fixa responsável por ligar o pênis aos
ramos do ísquio. O corpo trata-se de uma estrutura tubular móvel, que possui
a função de abrigar o tecido erétil. Já a glande é a extremidade distal que fica
expandida e circunda o óstio externo da uretra.
O pênis é composto de três corpos cilíndricos de um tecido cavernoso
erétil, um par de corpos cavernosos dorsais e o corpo esponjoso ventral. Em
relação ao tecido erétil, trata-se de uma estrutura semelhante a um labirinto
de canais vasculares. O pênis flácido (quando não há excitação) pende da
sínfise púbica na parte anterior ao escroto, porém, se estiver ereto (há excita-
ção), enrijece e fica posicionado de modo mais vertical, conforme você pode
observar na Figura 4.
8 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

Figura 4. Estrutura do pênis.


Fonte: Vanputte; Regan e Russo (2016, p. 1028).

O processo de ereção ocorre devido a um estímulo do sistema nervoso


parassimpático, em que é realizado o relaxamento da musculatura lisa das
paredes arteriais, assim, os vasos dilatam, resultando em um aumento do fluxo
sanguíneo. Depois, os canais vasculares se ingurgitam de sangue, ocorrendo
a ereção peniana.
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 9

No pênis, a túnica albugínea é responsável pelo revestimento de cada


corpo cavernoso, que ocorre por um tecido fibroso. A fáscia do pênis é uma
sequência da fáscia do períneo, em que se forma um revestimento mem-
branáceo forte, unindo os corpos cavernosos e o esponjoso. Esses corpos
cavernosos, por sua vez, são fundidos e separam-se posteriormente com
a finalidade de formar os ramos do pênis; e o esponjoso contém a porção
esponjosa da uretra.
Resumindo os órgãos do sistema reprodutor masculino, os testículos se
responsabilizam pela produção dos espermatozoides, que são liberados no
organismo, saindo deles para realizar um trajeto longo por uma estrutura de
ductos. Essa estrutura é composta de ductos deferentes, ducto ejaculatório
e uretra, pelos quais passam os espermatozoides antes de serem ejaculados.
Nesse processo, as glândulas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais
são responsáveis por secretar líquidos para o interior dos ductos ejaculatórios
e da uretra. Assim, forma-se o líquido seminal que possui como uma de suas
funções alcalinizar a uretra para que não haja o contato do potencial hidro-
geniônico (pH), que está ácido na urina, com os espermatozoides, porém,
para que ocorra de fato a reprodução, é necessária a integração do sistema
reprodutor masculino ao feminino.

Sistema reprodutor feminino


O sistema reprodutor feminino é composto de dois tipos de estruturas, de-
nominadas de internas e externas, e também pode ser chamado de genitália
feminina. Quanto às estruturas internas, elas são constituídas de útero,
tubas interinas (ou trompas de falópio), ovários e vagina. Já em relação às
externas, existe a vulva ou pudendo, em que estão o monte do púbis, os
lábios maiores e menores, o clitóris, as glândulas vestibulares menores e
maiores e o bulbo do vestíbulo. Na Figura 5, você pode visualizar o sistema
reprodutor feminino.
10 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

Figura 5. Sistema reprodutor feminino.


Fonte: Vanputte; Regan e Russo (2016, p. 1035).

Órgãos internos do sistema reprodutor feminino


Quanto aos órgãos internos do sistema reprodutor feminino, pode-se afirmar
que eles atuam principalmente na produção dos gametas funcionais; proteção
e sustentação do embrião que está em desenvolvimento após o processo de
fecundação; e produção dos hormônios sexuais, progesterona e estrogênio.
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 11

Os ovários são o principal órgão reprodutor feminino, as gônadas seme-


lhantes às do sistema masculino, bem como uma estrutura pareada que produz
os ovócitos secundários (gameta feminino) e os hormônios progesterona,
estrogênio, inibina e relaxina. Como a origem embrionária dos ovários e dos
testículos é a mesma, eles possuem tamanhos parecidos, porém, os primeiros
apresentam formato e tamanho semelhante a uma amêndoa e ficam suspensos
pelas pregas peritoneais fixadas ao útero por ligamentos útero-ováricos.
No córtex do ovário, tem-se os folículos ováricos, que são ovócitos e
células circundantes que atuam na nutrição destes e secretam o estrogênio
enquanto o folículo cresce. Os ovócitos crescem até se tornarem um folículo
maduro, grande e com líquido que está preparado para se romper e expelir
o ovócito secundário. Após seu rompimento e sua formação, as estruturas
remanescentes desse folículo desenvolvem um corpo lúteo, responsável por
produzir progesterona, estrogênio, relaxina e inibina até se transformar em
um tecido fibroso, chamado de corpo albicante.
As tubas uterinas (ou trompas de falópio) são estruturas associadas a
cada ovário, ficam estendidas até a porção lateral do útero e se dividem em
ampola e istmo. A ampola é sua porção mais larga e longa, em que geralmente
ocorre a fecundação; e o istmo se trata da parte mais próxima do útero, sendo
muito mais estreita e com camadas de tecido mais grossas do que a ampola.
Nas paredes de cada tuba, observa-se três camadas, a serosa e mais externa
se chama peritônio; a intermediária se denomina de camada muscular; e
a interna é conhecida como mucosa e possui um epitélio simples ciliado.
Caso haja fecundação, as mucosas fornecem os nutrientes para o ovócito e o
desenvolvimento embrionário.
As tubas uterinas têm a função de atuar como um conduto e de ser o local
para a fertilização dos ovócitos, que são liberados durante o ciclo menstrual.
Já o infundíbulo é a porção distal de estrutura afunilada da tuba uterina.
Pode-se dizer, nessa tuba, ocorre o processo de fertilização de um ovócito.

O local para a fertilização de um ovócito secundário por um espermatozoide


é a tuba uterina. A fertilização pode ocorrer a qualquer momento até aproxi-
madamente 24 horas após a ovulação. O óvulo fertilizado (zigoto) desce para
o útero no período de sete dias. (TORTORA; DERRICKSON, 2017, p. 573).

Já o óstio é a abertura do infundíbulo, e ao seu entorno existem fimbrias


que são abertas na porção média do ovário. Nessa estrutura, o infundíbulo é
ligado à ampola, que quando se estreita forma o istmo, a porção mais próxima
do útero na tuba uterina.
12 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

A principal função dos ovários é produzir os hormônios responsáveis pela


reprodução, além das células germinativas. Já seu epitélio se chama peritônio
e cobre sua superfície, que apresenta uma cápsula externa denominada túnica
albugínea. Essa tuba se divide internamente em duas partes: um córtex, no qual
está o folículo; e uma medula, contendo nervos, vasos sanguíneos e linfáticos.

Para saber mais sobre a síndrome do ovário policístico e como ele pode influenciar
no organismo feminino, acesse o link a seguir.

https://qrgo.page.link/QNyXm

O útero se compõe de tecido muscular, com interior oco e paredes espessas


e piriformes, cuja principal função é abrigar o embrião durante o processo de
desenvolvimento do feto. Ele pode ser dividido em duas partes, o corpo e o
colo. O primeiro é constituído de fundo do útero, a porção arredondada que
fica na parte superior dos óstios uterinos das tubas, sendo que suas paredes
são formadas por três camadas, denominadas de perimétrio, a porção serosa
superficial; miométrio, uma composição intermediária composta de músculo
liso; e endométrio, a mucosa interna da estrutura. Já o segundo é a porção
inferior, cilíndrica e estreita do útero, que possui uma quantidade de tecido
muscular muito menor que o corpo, pois contém principalmente tecido fibroso
e colágeno.
Sobre a parede do útero, o perimétrio é a camada serosa que o cobre; o
miométrio, a espessa camada de músculo liso em que estão localizados os
principais ramos dos vasos sanguíneos e nervos pertencentes ao útero e, quando
ocorre o parto, ele contrai e, consequentemente, contribui para a dilatação
do óstio do colo, expelindo o feto do organismo juntamente à placenta. Já o
endométrio consiste em um simples revestimento epitelial colunar composto de
duas camadas: uma basal profunda e outra funcional, que passa por mudanças
e descamação durante o ciclo menstrual.
O ciclo menstrual descreve as mudanças sazonais nas mulheres sexualmente
maduras que não estejam grávidas, culminando na menstruação. Ele é consi-
derado o período de 28 dias, com fluxo menstrual durante aproximadamente
quatro dias — por definição, utiliza-se o primeiro dia de fluxo como o dia um
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 13

do ciclo, que dura cerca de quatro ou cinco dias. Para compreender melhor
os acontecimentos fisiológicos, ele pode ser visto pela perspectiva ovariana
e dividido em fases folicular (pré-ovulatória) e lútea (pós-ovulatória) ou pela
endometrial (proliferativa e secretora).
A fase folicular, também chamada de pré-ovulatória, é o período entre
o fim da menstruação e início da ovulação, marcada pelos baixos níveis de
estrogênio, progesterona e inibina, enquanto ocorre um aumento nos níveis
circulantes do hormônio folículo estimulante (FSH). Esse aumento no FSH é
responsável pelo recrutamento e desenvolvimento mais intenso dos folículos
primários, de forma que aproximadamente 25 destes iniciam o processo,
mas geralmente somente um é ovulado. A maturação do folículo dominante
leva em torno de seis dias e, logo após, ele promove o aumento de estrogênio
e inibina, reduzindo a secreção do FSH, provocando a interrupção do cres-
cimento dos folículos menos desenvolvidos e degenerando-os. Já o folículo
dominante desenvolve-se até se tornar maduro e, posteriormente, até estar
pronto para a ovulação.
Devido aos níveis elevados de estrogênio ao final da fase anterior, ocorre o
processo de feedback positivo nos hormônios luteinizantes (LH) e no hormônio
liberador de gonadotrofina (GnRH), assim, o pico de LH resultante provoca a
ruptura do folículo maduro e inicia a ovulação. A ovulação é a ruptura desse
folículo e a liberação do ovócito secundário na cavidade pélvica, geralmente
no 14º dia de um ciclo de 28 dias.
Inicia-se, então, a fase pós-ovulatória do ciclo, período entre a ovulação
e a menstruação, que dura cerca de 14 dias. Depois da ovulação, as células
foliculares remanescentes formam o corpo lúteo, o qual secreta hormônios
como progesterona e estrogênio. A partir disso, o ovócito secundário está apto
a ser fertilizado, e os efeitos subsequentes dependerão se ocorreu ou não sua
fertilização pelo espermatozoide. Caso não haja a fecundação, o corpo lúteo
permanece por aproximadamente duas semanas e se degenera formando o
corpo albicante. Assim, os níveis hormonais de estrogênio e progesterona
diminuem, enquanto ocorre o aumento de FSH e LH, preparando o crescimento
folicular para o início do novo ciclo após a menstruação, que é a secreção do
revestimento do útero que se degenerou e necrosou pela baixa presença de
progesterona.
Porém, se houver fertilização, o corpo lúteo permanece íntegro após o
período de duas semanas pela ação da gonadotrofina coriônica humana (hCG,
marcado clássico em exames de gravidez), hormônio produzido pelo embrião
logo nos primeiros dias após a fertilização. O hCG estimula a atividade desse
corpo, mantendo os níveis de progesterona e estrogênio elevados, que causam
14 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

vascularização e espessamento do endométrio, preparando o útero para receber


e desenvolver o óvulo fertilizado.
Na Figura 6, você pode conferir o ciclo menstrual pelas perspectivas ova-
riana e endometrial.

Figura 6. Ciclo ovariano e endometrial.


Fonte: (BARBARA, et al., 2014, p. 423).

Como foi mencionado anteriormente, o ciclo menstrual é influenciado


diretamente pela fertilização (ou não) do ovócito secundário, que ocorre apenas
se houver relação sexual, em que a vagina assume um papel muito importante
no sistema reprodutor.
A vagina é o órgão da cópula do aparelho reprodutor feminino, responsável
por receber o pênis durante a relação sexual, e através dela ocorre a saída
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 15

do fluxo menstrual e do feto. Estruturalmente, ela é um canal tubular que


se estende do seu óstio até o colo do útero. Nessa região interna, existe uma
mucosa com grandes quantidades de glicogênio que, ao se decompor, produz
ácidos orgânicos, retarda o crescimento microbiano e serve como proteção, mas
é nociva aos espermatozoides, que são secretados com componentes alcalinos
na ejaculação masculina para neutralizar a acidez da vagina e aumentar a
viabilidade dos espermatozoides. Porém, eles tornam a mulher mais suscetível
a infecções no trato geniturinário após as relações sexuais.
A parede da vagina possui uma camada de músculo liso, que permite sua
dilatação durante o ato sexual e o trabalho de parto, mas, ao mesmo tempo,
também se contraí no orgasmo para facilitar a movimentação do esperma-
tozoide em direção ao útero, a fim de que ocorra a fecundação. Existe ainda
uma fina membrana mucosa chamada de hímen, que recobre parcialmente a
abertura vaginal.

O hímen é uma fina túnica mucosa no óstio da vagina, que em geral se rompe na
primeira relação sexual e causa um leve sangramento, mas a presença dele intacto
não indica, necessariamente, que a mulher não teve relações, como se pensou por
muito tempo. Em uma condição específica, chamada de hímen imperfurado, ele
pode fechar completamente a abertura vaginal e, por cobrir seu canal, impede o
fluxo menstrual, sendo necessária uma intervenção cirúrgica. O hímen ainda pode
ser rompido durante uma sessão de exercício físico extenuante, logo, a relação entre
sua integridade e virgindade não deve ser vista como uma regra.

Ao compreender os órgãos internos do sistema reprodutor feminino, pode-se


entender um pouco mais o corpo da mulher durante uma gestação, por exemplo,
porém é necessário conhecer também as estruturas de seus órgãos externos.

Órgãos externos do sistema reprodutor feminino


Nesta estrutura externa, a vulva previne o organismo da entrada de materiais
exógenos no trato urogenital, orienta o jato de micção e atua como um tecido
de função sensitiva e erétil durante a relação sexual. Quanto aos lábios menores
e maiores, eles protegem as outras estruturas e a vulva. Já o clitóris tem como
função primordial a excitação para o ato sexual. As glândulas vestibulares,
16 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

por sua vez, possuem a função secretora, atuando na lubrificação do vestíbulo


e da vagina durante a relação.
O monte do púbis é uma estrutura de composição adiposa que fica localizada
na porção anterior da sínfise púbica. Os lábios maiores são considerados pregas
cutâneas compostas de um panículo adiposo que possui um músculo liso e,
nas extremidades, o ligamento redondo do útero; já os menores se tratam das
estruturas mais arredondadas de pele, sem pelos e gordura. Nas suas lâminas
mediais, essa estrutura cria o frênulo do clitóris, e as lâminas laterais formam
o prepúcio deste. Assim, o clitóris é um órgão erétil situado na porção anterior
no ponto de encontro dos lábios menores.
Na Figura 7, você pode observar os órgãos externos do sistema reprodutor
feminino.

Figura 7. Órgãos externos do sistema reprodutor feminino.


Fonte: Vanputte; Regan e Russo (2016, p. 1040).

Nessas estruturas externas, há ainda o vestíbulo, que possui os lábios


menores ao seu entorno e no qual se encontram os óstios da uretra e da vagina,
em conjunto com os ductos das glândulas vestibulares maiores e menores —
Anatomofisiologia do sistema reprodutor 17

o óstio da uretra está localizado na porção anterior da vagina. Já o hímen é


uma prega fina composta de mucosa, que fica no entorno da porção interna
do óstio da vagina. Os bulbos vestibulares são um tecido erétil, situados nas
laterais do óstio e constituídos aos pares. As glândulas vestibulares maiores,
por sua vez, se localizam na parte superficial do períneo; e as menores, entre
o óstio da uretra e da vagina.

Uma das principais funções do sistema reprodutor feminino é a reprodução ou fe-


cundação, mas há casos de infertilidade nas mulheres. Suas possíveis causas incluem:
„„ disfunção ovulatória, que é a diminuição nas reservas de ovários;
„„ síndrome do ovário policístico;
„„ patologia tubaria ou pélvica;
„„ doença da tireoide ou hipófise, que afeta a produção hormonal.

Ao entender o funcionamento do sistema reprodutor masculino e do femi-


nino, você passa a desenvolver conhecimentos sobre o processo de fertilização
ou reprodução, que é sua principal finalidade. Assim, para compreender o
processo de reprodução, deve-se saber que a função reprodutiva do homem está
na produção dos gametas masculinos (espermatozoides) e no seu transporte
para o trato genital feminino, em que haverá a fecundação ou fertilização.
Quanto à função reprodutiva da mulher, ela está ligada à produção dos ga-
metas femininos (óvulos ou ovócitos) e, quando ocorre a relação sexual no
seu momento fértil, um espermatozoide e um óvulo se fundem para formar
um ovo fertilizado. Assim, forma-se a primeira célula de um indivíduo e,
pela reprodução celular, tem início o desenvolvimento de um embrião e,
posteriormente, do feto.
Portanto, pode-se pensar que a fertilização e a formação do ovo e, poste-
riormente, do feto são realizadas no sistema reprodutor feminino. Após esse
processo, o embrião que está em desenvolvimento fica alojado no útero, um
ambiente protegido no qual continua seu crescimento até que o feto esteja
preparado para ser expelido pelo organismo, dando origem a um indivíduo,
uma vida.
18 Anatomofisiologia do sistema reprodutor

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.
10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Selley. 10. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2016.

Leituras recomendadas
HEYWARD, V. H. Avaliação física e prescrição de exercícios: técnicas avançadas. 6. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2013.
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica. 2. ed. São Paulo:
Sarvier, 2000.
LEITE, P. F. Fisiologia do exercício: ergometria e condicionamento físico, cardiologia
desportiva. São Paulo: Robe, 1993.
REMIÃO, J. O. R.; SIQUEIRA, A. J. S.; AZEVEDO, A. M. P. Bioquímica: guia de aulas práticas.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
SHARKEY, B. Aptidão física ilustrada: seu guia rápido para definir o corpo, ficar em forma
e alimentar-se corretamente. Porto Alegre: Artmed, 2012.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.

Você também pode gostar