Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Do ponto de vista clínico – diferenciação não é aparente até aproximadamente a 12º semana de vida embrionária.
Do ponto de vista morfológico – as gônadas começam a adquirir as características sexuais peculiares a partir da sétima
semana de gestação.
DESENVOLVIMENTO:
Diferenciação:
4º semana de vida intrauterina;
Parede do saco vitelínico próxima ao alantoide;
Células endodérmicas se diferenciam em células germinativas primitivas.
Migração:
Essas células migram pelo mesentério dorsal do intestino posterior ao mesênquima da parede corporal
posterior perto do nível da décima vértebra torácica (sitio inicial do futuro ovário).
A expressão genética do cromossomo Y faz a gônada indiferente, se diferenciar em características masculinas. O gene
SRY (região determinante do sexo no cromossomo Y) para o fator determinante do testículo foi localizado na região
do braço curto do cromossomo Y. É o fator determinante do testículo regulado pelo cromossomo Y que determina a
diferenciação testicular.
O tipo de complexo cromossômico estabelecido durante a fecundação determina o tipo de gônada que vem da gônada
indiferenciada o tipo de gônada determina o tipo de diferenciação sexual que ocorre nos ductos genitais e na
genitália externa.
A testosterona, produzida pelos testículos fetais, a diidrotestosterona (um metabólito da testosterona) e o
hormônio antimülleriano (HAM), determinam a diferenciação sexual masculina normal, a qual começa
durante a sétima semana.
O desenvolvimento ovariano começa por volta da 12ª semana. A diferenciação sexual feminina primária não
depende de hormônios; ela ocorre mesmo se os ovários estiverem ausentes.
O fator determinante dos testículos cordões seminíferos a se condensarem e irem pra dentro da medula da gônada
indiferenciada formação da rede testicular.
Os cordões seminíferos são envolvidos pela túnica albugínea. O desenvolvimento da densa túnica albugínea é o
aspecto característico do desenvolvimento testicular.
Os cordões seminíferos se desenvolvem nos túbulos seminíferos, túbulos retos e rede testicular.
O mesênquima ente os túbulos seminíferos dão origem às células intersticiais (células de Leydig).
o Secretam hormônios androgênicos, testosterona e androstenodiona induzem a diferenciação
masculina dos ductos mesonéfricos e da genitália externa.
Produção de testosterona
o Estimulada pela gonadotrofina coriônica humana – pico na 8 a 12 semana;
o Testiculos tambem produzem (células de sertoli, na parede dos túbulos seminíferos) - hormônio
antimülleriano (HAM), ou substância inibidora mülleriana (SIM). O HAM é produzido pelas células de
sustentação (células de Sertoli); a produção continua até a puberdade, período no qual os níveis desse
hormônio diminuem. O HAM suprime o desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos, os quais formam o
útero e as tubas uterinas.
Os túbulos seminíferos não têm luz até a puberdade. As paredes dos túbulos seminíferos são compostas de dois
tipos de células:
As células de Sertoli que sustentam a espermatogênese, elas são derivadas do epitélio de superfície do testículo.
As espermatogônias, as células espermáticas primordiais, são derivadas de células germinativas primordiais.
Desenvolvimento fetal tardio
o O epitélio de superfície do testículo se achata para formar o mesotélio (uma camada de células) sobre a
superfície externa dos testículos.
o A rede testicular torna-se contínua com 15 a 20 túbulos mesonéfricos que se tornam os dúctulos eferentes.
Esses dúctulos são conectados com o ducto mesonéfrico, que se torna o ducto do epidídimo.
Após o nascimento, o epitélio de superfície do ovário se achata para formar uma camada única de células contínuas
com o mesotélio do peritônio no hilo do ovário, no qual os vasos e os nervos entram ou saem. O epitélio da superfície
se torna separado dos folículos no córtex por uma cápsula fibrosa fina, a túnica albugínea. À medida que o ovário se
separa do mesonefro em regressão, ele fica suspenso por um mesentério, o mesovário.
Dois pares de ductos genitais se desenvolvem em ambos os sexos: os mesonéfricos (ductos de Wolff) e os
paramesonéfricos (ductos de Müller).
o Feminino: ductos paramesonéfricos
o Masculino: ductos mesonéfricos
* Os ductos mesonéfricos dos embriões femininos regridem devido à ausência de testosterona; somente persistem
alguns remanescentes não funcionais. Os ductos paramesonéfricos desenvolvem-se devido à ausência de SIM. O
desenvolvimento sexual feminino durante o período fetal não depende da presença de ovários ou hormônios.
OS DUCTOS PARAMESONÉFRICOS
o São originados do epitélio celômico e laterais aos ductos de Wolff, crescem acompanhando esse ductos e
depois os cruzam ventralmente para se fundirem na linha média. Fundidos, formam o canal uterovaginal e
progridem até a face posterior do seio urogenital, onde se inserem no tubérculo de Müller.
Na 12º semana:
o As partes de cima dos ductos de Muller, se abrem na cavidade celômica, futura cavidade peritoneal e formam
as trompas uterinas;
o As partes de baixo, fundidas, se tornam o canal uterovaginal origem ao corpo e colo do útero e porção
superior da vagina.
Da fusão dos ductos paramesonéfricos, formam-se duas dobras peritoneais que formarão os ligamentos largo esquerdo
e direito, e dividem a cavidade pélvica em região retouterina posterior e vesicouterina anterior. Além disso, entre as
camadas dos ligamentos largos, o mesênquima prolifera e se diferencia em tecido conjuntivo e músculo liso.
VAGINA. A vagina é formada no terceiro mês da vida embrionária. Durante a constituição do canal uterovaginal, o
tecido endodérmico do tubérculo sinusal começa a proliferar, originando um par de bulbos sinovaginais, que se
tornam nos 20% inferiores da vagina. A porção mais inferior do canal uterovaginal é ocluída por um núcleo sólido de
tecido (a placa vaginal), cuja origem não está clara. Ao longo dos 2 meses subsequentes, esse tecido se alonga e se
canaliza por um processo de descamação central, e as células periféricas se tornam no epitélio vaginal.
TESTÍCULO
Células de Sertoli hormônio antimulleriano (AMH) – regressão do sistema paramesonéfrico.
Células de Leydig secretam testosterona – promove virilização do ducto mesonéfrico em epidídimo, canal
deferente, vesícula seminal e ducto ejaculatório. O AMH também controla o crescimento do gubernáculo, necessário
para a descida transabdominal do testículo.
a. Quarta semana: mesênquima produz tubérculo genital – primórdio do pênis ou clitoris na extremidade da
membrana cloacal.
O ectoderma cloacal é considerado a fonte do sinal de iniciação genital que envolve a expressão de Fgf8.
b. Saliencias labioescrotais e pregas urogenitais se desenvolvem em cada lado da membrana cloacal.
c. O tubérculo genital se alonga formando um falo primordial (pênis ou clitóris).
o Durante a 12a semana, uma invaginação circular de ectoderma ocorre na periferia da glande peniana. Quando
essa invaginação se decompõe, ela forma o prepúcio, uma prega de pele.
o O corpo cavernoso do pênis (uma de duas colunas de tecido erétil) e o corpo esponjoso do pênis (coluna
mediana de tecido erétil entre os dois corpos cavernosos) se desenvolvem a partir do mesênquima do falo.
o As duas saliências labioescrotais crescem uma em direção à outra e se fundem para formar o escroto. A linha
de fusão dessas pregas é claramente visível como a rafe escrotal
As malformações do aparelho genital feminino podem ser as mal formações mullerianas e os distúrbios do
desenvolvimento sexual.
Lembrar que:
o O desenvolvimento da gônada ovariana é totalmente independente do desenvolvimento dos órgãos genitais;
o O desenvolvimento dos órgão genitais se dão através do canal de Muller, que é automaticamente programado
e só não acontece se for inibido pelo hormônio antimuleriano produzido pelas células de Sertoli;
o O desenvolvimento da genitália externa feminina também é automático e só não acontece se essa genitália
sofrer influência de hormônios androgênicos como a testosterona.
Os distúrbios de diferenciação sexual (DDS) condição congênita em que o desenvolvimento gonadal e/ou genital
acontece de forma atípica.
Causas: diversas deficiências enzimáticas envolvidas na esteroidogênese podem ser responsáveis pela incapacidade de
síntese da testosterona. Já nas causas de deficiência de ação desta, temos a síndrome do testículo feminilizante ou
síndrome de Morris – fenótipo completamente feminino, cariótipo XY e testículos – como o exemplo mais comum.
SINDROME DE MORRIS
o Insensibilidade completa aos androgênios.
o Paciente desenvolve testículos, pois tem o XY;
o Paciente não desenvolve os ductos de Wolf – órgãos genitais masculinos que precisam da ação da
testosterona;
o Paciente não desenvolve órgão femininos internos pois produz hormônio antimuleriano: vagina em fundo
cego + ausência de útero, tubas e dois terços superiores da vagina – vagina curta.
o A genitália externa é claramente feminina, devido à insensibilidade completa aos androgênios, e os pelos
pubianos e axilares são escassos ou ausentes. As mamas apresentam desenvolvimento normal.
Devem-se remover os testículos após a puberdade, entre 16 e 18 anos, devido à chance de malignização – por serem
intraperitoneais e, com isso, sujeitos a temperaturas mais elevadas do que as da bolsa escrotal. A reposição hormonal
estrogênica é obrigatória nesses casos. Não é necessária a reposição de progesterona, pois a paciente não apresenta
útero.
Exames laboratoriais indicam testosterona normal para o sexo masculino, bem como LH e FSH normais.
O diagnóstico é feito com base nos seguintes achados: amenorreia primária + desenvolvimento normal das mamas +
pelos axilares e pubianos escassos ou ausentes + vagina curta + ausência de útero + alterações laboratoriais descritas +
cariótipo 46,XY.
A síndrome de Morris é um distúrbio do desenvolvimento sexual XY em que existe insensibilidade à ação celular dos
androgênios. A síndrome de Rokitansky é o não desenvolvimento dos ductos de Müller. Ambas apresentarão
amenorreia primária e vagina curta em fundo cego. Na síndrome de Morris os pelos pubianos serão ausentes ou ralos/
escassos e o cariótipo é XY. Na síndrome de Rokitansky serão normais, e o cariótipo é XX.
CLASSIFICAÇÃO
Apesar de ainda não existir uma classificação perfeita de malformações congênitas do aparelho genital feminino, a
que obteve maior aceitação, sendo a mais utilizada globalmente, foi a elaborada pela Sociedade Americana de
Medicina de Reprodução (American Society of Reproductive Medicine, ASRM), anteriormente nomeada Sociedade
de Fertilidade Americana (American Fertility Society, AFS), em 1988. Foi baseada na classificação elaborada por
Buttram e Gibbons, em 1979, e se baseia no grau de defeito no desenvolvimento e fusão dos canais de Müller,
dividindo as anomalias em grupos com manifestações clínicas, requisitos de atuação e prognóstico semelhantes
Entretanto, embora esta ainda seja a classificação mais utilizada, ela não especifica quais critérios e métodos de
diagnóstico devem ser utilizados para rotular as anomalias uterinas. Em 2013, a Sociedade Europeia de Reprodução
Humana e Embriologia (ESHRE) e a Sociedade Europeia de Endoscopia Ginecológica (ESGE) desenvolveram um
novo sistema de classificação preciso e simples pelo ultrassom 3D, que se correlaciona com o tratamento clínico das
anomalias müllerianas (Figura 2 e Tabela 2). Segundo esta classificação, as alterações são distribuídas em seis classes
principais, de acordo com a gravidade e a origem embriológica da alteração anatômica. No entanto, vários autores têm
levantado grande preocupação com suas implicações clínicas, devido à falta de uma definição precisa dos critérios
diagnósticos das anomalias müllerianas no ultrassom 3D, pois os critérios ESHRE/ESGE são baseados apenas no
consenso de especialistas, e não são validados na prática clínica.
ANOMALIAS MULLERIANAS
Agenesia ou hipoplasia
o Pode ocorrer a agenesia ou hipoplasia de diversas partes do aparelho genital feminino que se originam pelos
ductos de muller: útero, colo do útero e dois terços proximais da vagina;
o A forma mais extrema é a síndrome de Rokitansky: inexistência de todas as estruturas, apesar da mulher ter o
cariótipo XX, com vestígios dos canais de Müller na forma de nódulos maciços.
Na agenesia vaginal e cervical os pacientes podem ter amenorreia primaria, pois o útero não tem comunicação com o
meio externo.
Útero unicorno
Resulta da falha no desenvolvimento de um ducto paramesonéfrico, podendo ou não apresentar um corno rudimentar.
Se este estiver presente, poderá ou não se comunicar com o útero, podendo também conter ou não um endométrio
funcionante. Os maiores problemas clínicos têm sido observados durante a gravidez.
Útero bicorno
Causado pela fusão incompleta dos ductos de Müller, apresenta duas cavidades endometriais que se comunicam e uma
cérvix. A falha da fusão pode ser pequena/parcial ou se estender até o colo
do útero. O tratamento cirúrgico tem sido proposto para as pacientes com sucessivos abortos sem outras causas
identificáveis.
Útero didelfo
O útero duplo, também chamado de útero didelfo, resulta da deficiência de fusão dos ductos paramesonéfricos,
havendo, portanto, dois cornos uterinos separados, cada um com uma cavidade uterina e duas cérvix distintas.
Costuma ser observado um septo longitudinal na porção superior da vagina. Estudo de Heinonen (2000) observou que
não havia maiores prejuízos à fertilidade dessas pacientes.
Útero septado
Se não houver regressão do segmento medial dos ductos paramesonéfricos após a fusão, o útero poderá ser dividido
por um septo que, a partir do fundo uterino, poderá ser pequeno, ou mesmo se estender até a cérvix. Tem sido
observada elevada taxa de abortamento espontâneo no primeiro trimestre (Woelfer et al., 2001), e a ressecção
histeroscópica do septo tem sido recomendada.
3.Estudar sobre amenorreias, classificando-as, bem como identificando aspectos semiológicos, diagnósticos e
terapêuticos;
Primária:
Inexistência da menarca. Deve ser investigada quando a menarca não ocorrer nos
seguintes critérios:
o A menarca não ocorreu até os 14 anos de idade e a menina tem completa ausência dos caracteres sexuais
secundários;
o A menarca não ocorreu até os 16 anos em meninas com caracteres sexuais secundários presentes;
o A menarca não ocorreu depois de 3 anos do desenvolvimento das mamas, se isso ocorreu antes dos 10 anos de
idade;
Algumas particularidades:
Presença de características sexuais secundárias antes dos 16 anos e ausência de menstruação, porém com dor pélvica
cíclica: iniciar investigação pelo risco de criptomenorreia, situação na qual as menstruações ocorrem, porém não se
exteriorizam por obstrução canalicular causada por agenesia de porção mulleriana da vagina ou defeito do seio
urogenital, como hímen imperfurado, por exemplo;
Presença de alteração dos órgãos genitais ou de estigmas somáticos sugestivos de alterações genéticas (ex.: síndrome
de Turner): iniciar a investigação independentemente da idade.
Secundária:
Ausência de menstruação após a mulher já ter iniciado ciclos. Deve ser investigada quando não ocorre por 3 ciclos ou
6 meses.
DIAGNÓSTICO
INVESTIGAÇÃO DA PRIMÁRIA
2. Presença de dor pélvica cíclica (cólica) de caráter progressivo, associada à amenorreia primária?
Nesta situação, com hormônios normais e útero funcionante, pode haver obstrução do fluxo menstrual.
Exames complementares
4. Presença ou ausência de útero: determinada por meio de exame clínico, de ultrassom ou de ressonância
magnética em casos mais complexos.
Com útero:
o FSH elevado: insuficiência ovariana, disgenesia gonadal (hipófise-hipotalamo tá mandando FSH, mas meu
ovário não funciona por nada).
o FSH normal: obstrução do trato genital.
o FSH baixo: hipogonadismo hipogonadotrófico ( hipotalâmica ou hipofisária).
Sem útero:
Pedir um cariótipo.
Cariótipo XX: indica malformação mülleriana
Cariótipo XY: síndrome de insensibilidade androgênica (neste caso, o nível de testosterona é compatível com níveis
do sexo masculino.)
INVESTIGAÇÃO DA SECUNDÁRIA
Presença de estresse, alteração de peso, alteração de hábitos alimentares e atividade física ou de doenças
crônicas?
Essas manifestações podem associar-se à amenorreia hipotalâmica ou hipofisária. Em torno de 60% das mulheres que
praticam exercícios físicos de forma intensa podem apresentar amenorreia.
Anorexia nervosa e outros distúrbios alimentares estão associados ao estresse e à desnutrição, podendo provocar
amenorreia de origem central ou psicogênica. O hipotireoidismo primário e o diabetes tipo II podem ocasionar
hiperprolactinemia e hiperinsulinemia, respectivamente, causando amenorreia.
Secreção nas mamas? Galactorreia espontânea ou à expressão das mamas sugere hiperprolactinemia.
Ausência da menstruação pós-parto? Especialmente com a caracterização de agalactia, pode sugerir síndrome de
Sheehan.
Exames complementares
1. Dosagem de prolactina
o Prolactina elevada
Indica o diagnóstico de hiperprolactinemia, porém FSH define se há ou não hipoestrogenismo. Na hiperprolactinemia
não relacionada a medicamento e na disfunção hipotálamo-hipofisária, indica-se exame de imagem da sela túrcica
para investigar causa tumoral.
*hiperprolactinemia inibe dos pulsos do GnHR.
2. Dosagem de FSH
o Prolactina normal FSH elevado, sugere insuficiência ovariana;
FSH baixo, disfunção hipotalâmica ou hipofisária;
FSH normal, anovulação crônica, doenças crônicas.
A dosagem de TSH deve ser inclusa nos casos de elevação da prolactina ou de suspeita de doença central. Na
presença de TSH elevado, deve-se complementar a propedêutica para disfunções tiroidianas.
O aumento do TSH resulta em hiperprolactinemia, que inibe a secreção hipotalâmica de GnRH e a esteroidogênese
ovariana.
Hiperandrogenismo
Os sinais ou sintomas de hiperandrogenismo clínico devem ser investigados com a dosagem de androgênios, incluindo
dosagem de 17-OH-progesterona, testosterona e sulfato de deidroepiandrosterona (DHEA-S), que podem auxiliar no
diagnóstico diferencial e determinar se a origem do hiperandrogenismo é ovariana ou adrenal.
SOP: Os androgênios em excesso são convertidos em estrona nos tecidos periféricos. A estrona inibe a dopamina
hipotalâmica e, consequentemente, há aumento dos pulsos de GnRH. Ocorra uma alteração da pulsatilidade na
liberação do hormônio GnRH, acarretando um aumento da liberação do LH e uma diminuição da liberação do FSH.
o O LH estimula a produção de androgênios pelas células da teca. Portanto, se há mais LH, haverá também
maior produção de androgênio, principalmente testosterona e androstenediona.
o O FSH é responsável indiretamente pela conversão dos androgênios em estrogênios. Como esse hormônio
está em baixa na SOP, também influencia para o hiperandrogenismo nessa síndrome
HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO
Ocorre por disfunção no hipotálamo ou na hipófise.
O hipotálamo secreta o GnRH que, em pulsos, estimula a secreção do LH e FSH, essenciais para manter o ciclo
menstrual. Uma alteração nessa secreção de GnHR, quando considerável, pode causar amenorreia.
o Alguns feedbacks anormais também podem afetar essa secreção de GnRH – inibem a pulsatilidade do GnHR:
Hiperprolactinemia
Excesso de ACTH, como na doença de Cushing;
Acromegalia, excesso de GH
Quando a diminuição da pulsatilidade do GnRH é significativa, ocorre amenorreia. Em alterações menos acentuadas
da pulsatilidade, pode ocorrer anovulação. Vale lembrar que até mesmo pequenos defeitos da pulsatilidade podem
resultar em insuficiência lútea.
c. Consequente a doenças crônicas, distúrbios alimentares perda de peso, desnutrição, estresse, exercício físico
(incluindo, mas não exclusivamente, corredoras, bailarinas, ginastas), pseudociese;
o O estresse, uma forma de psiquismo acentuado, acarreta alterações cortico-hipotalâmicas que se manifestam
por distúrbios no mecanismo de retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, culminando com a
amenorreia. O mecanismo exato que o estresse provoca para desregular a liberação do GnRH não é bem
conhecido.
Parece que há uma maior produção de CRH (hormônio liberador de corticotrofina), opioides endógenos, vasopressina
e GABA.
Exercícios Físicos
o A rotina de atividade física extenuante pode induzir irregularidade menstrual, amenorreia secundária ou
primária (atraso na menarca de até três anos). É mais comum em mulheres dedicadas a um treinamento
exaustivo, como por exemplo, maratonistas, triatletas e bailarinas. Tais mulheres frequentemente apresentam
níveis de gonadotrofinas e hormônios tireoidianos diminuídos e níveis elevados de prolactina, GH,
testosterona, ACTH, esteroides adrenais e endorfinas. A etiologia da supressão do GnRH, neste caso, é
multifatorial:
Amenorreia Pós-pílula
Os anticoncepcionais hormonais, combinados ou não, em altas doses, são capazes de levar à amenorreia, mediante um
mecanismo de feedback negativo com os neuro-hormônios. A amenorreia “pós-pílula” pode persistir por até
seis meses após a suspensão do anticoncepcional combinado ou 12 meses após a última aplicação intramuscular do
acetato de medroxiprogesterona. Uma inibição contínua do eixo corresponde a uma das teorias utilizadas para tentar
esclarecer sua ocorrência.
HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO
Indicando insuficiência gonadal.
Nestes casos, a produção ovariana de estrogênios é insuficiente ou ausente para a ocorrência da ovulação e da
estimulação endometrial, mesmo com uma produção hipofisária adequada de gonadotrofinas. Assim, não ocorre o
feedback negativo, culminando com a elevação das gonadotrofinas e caracterizando o hipogonadismo
hipergonadotrófico
a. Anovulação Crônica
Este termo engloba todas as situações em que ocorrem falhas repetidas da ovulação. A disfunção anovulatória é
causada por uma assincronia entre a secreção das gonadotrofinas e a produção de estrogênio, com alteração dos
complexos mecanismos de feedback entre o hipotálamo, a hipófise e o ovário. Nestas situações, não há
hipogonadismo, pois a produção estrogênica é normal.
Entretanto, há uma alteração nos mecanismos de feedback do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano que culmina no
insucesso do processo de maturação folicular e ovulação. São inúmeras as causas de anovulação. Síndrome dos
ovários policísticos (SOP); Alteração no funcionamento da glândula tireoide (Hipo ou Hipertireoidismo); Pessoa
abaixo do peso ou acima do peso; Tumores.
b. Disgenesia Gonadal
Corresponde à importante causa de amenorreia primária. É definida como a ausência de células germinativas nas
gônadas, as quais ficam destituídas de atividade endócrina. A disgenesia gonadal está na maioria dos casos associada
às alterações cromossômicas, em especial à síndrome de Turner, que responde por cerca de 50% dos casos.
d. Galactosemia
É causada pela ausência funcional de galactose- 1-fosfato uridiltransferase. Os metabólitos da galactose parecem ter
efeitos tóxicos sobre os folículos ovarianos, causando sua destruição prematura.
e. Deficiência de 5 Alfa-redutase
As pacientes com este distúrbio possuem genótipoXY e, portanto, apresentam testículos. Devido ao fator de inibição
mülleriano funcionante, não possuem estruturas müllerianas, porém apresentam desenvolvimento de genitália externa
feminina ou ambígua. A diferenciação masculina normal do seio urogenital e da genitália externa não ocorre devido a
ausência da di-hidrotestosterona, que seria convertida a partir da testosterona pela 5 alfa-redutase . Entretanto, a
genitália masculina interna derivada dos ductos de Wolff está presente e normal, pois este desenvolvimento requer
apenas testosterona. Na puberdade, a elevação da produção de testosterona irá produzir alterações no timbre da voz,
ereção, libido masculina, aumento do pênis e desenvolvimento normal das mamas para o sexo masculino, o que torna
o manejo extremamente difícil, na dependência do sexo de criação do indivíduo.
NORMOGONADISMO OU EUGONADISMO
o Inclui causas anatômicas e hormonais, e nas anatômicas o útero é ausente ou rudimentar:
o Malformação mülleriana: agenesia ou malformação uterina, agenesia ou septo de vagina;
o Defeito do desenvolvimento do seio urogenital: hímen imperfurado e agenesia do terço inferior da vagina;
SINDROME DE MORRIS
o Insensibilidade completa aos androgênios.
o Paciente desenvolve testículos, pois tem o XY;
o Paciente não desenvolve os ductos de Wolf – órgãos genitais masculinos que precisam da ação da
testosterona;
o Paciente não desenvolve órgão femininos internos pois produz hormônio antimuleriano: vagina em fundo
cego + ausência de útero, tubas e dois terços superiores da vagina – vagina curta.
o A genitália externa é claramente feminina, devido à insensibilidade completa aos androgênios, e os pelos
pubianos e axilares são escassos ou ausentes. As mamas apresentam desenvolvimento normal.
Devem-se remover os testículos após a puberdade, entre 16 e 18 anos, devido à chance de malignização – por serem
intraperitoneais e, com isso, sujeitos a temperaturas mais elevadas do que as da bolsa escrotal. A reposição hormonal
estrogênica é obrigatória nesses casos. Não é necessária a reposição de progesterona, pois a paciente não apresenta
útero.
Exames laboratoriais indicam testosterona normal para o sexo masculino, bem como LH e FSH normais.
O diagnóstico é feito com base nos seguintes achados: amenorreia primária + desenvolvimento normal das mamas +
pelos axilares e pubianos escassos ou ausentes + vagina curta + ausência de útero + alterações laboratoriais descritas +
cariótipo 46,XY.
A síndrome de Morris é um distúrbio do desenvolvimento sexual XY em que existe insensibilidade à ação celular dos
androgênios. A síndrome de Rokitansky é o não desenvolvimento dos ductos de Müller. Ambas apresentarão
amenorreia primária e vagina curta em fundo cego. Na síndrome de Morris os pelos pubianos serão ausentes ou ralos/
escassos e o cariótipo é XY. Na síndrome de Rokitansky serão normais, e o cariótipo é XX.
Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser:
Esta síndrome foi descrita inicialmente por Rokitansky, no século XIX, e correspondia a útero rudimentar sólido
associado à agenesia de vagina (FIGURA 14). Atualmente, esta denominação inclui uma série de malformações
relacionadas ao desenvolvimento e fusão dos ductos paramesonéfricos. O cariótipo é feminino (46 XX). Os ovários
são
normais e, portanto, o desenvolvimento sexual secundário é completo. O eixo neuro-hormonal é funcionante e os
ciclos são geralmente ovulatórios, não ocorrendo apenas o sangramento menstrual. Sua frequência é de 1/5000
mulheres.
ANOMALIAS MULLERIANAS
Agenesia ou hipoplasia
o Pode ocorrer a agenesia ou hipoplasia de diversas partes do aparelho genital feminino que se originam pelos
ductos de muller: útero, colo do útero e dois terços proximais da vagina;
o A forma mais extrema é a síndrome de Rokitansky: inexistência de todas as estruturas, apesar da mulher ter o
cariótipo XX, com vestígios dos canais de Müller na forma de nódulos maciços.
Na agenesia vaginal e cervical os pacientes podem ter amenorreia primaria, pois o útero não tem comunicação com o
meio externo.
Útero unicorno
Resulta da falha no desenvolvimento de um ducto paramesonéfrico, podendo ou não apresentar um corno rudimentar.
Se este estiver presente, poderá ou não se comunicar com o útero, podendo também conter ou não um endométrio
funcionante. Os maiores problemas clínicos têm sido observados durante a gravidez.
Útero bicorno
Causado pela fusão incompleta dos ductos de Müller, apresenta duas cavidades endometriais que se comunicam e uma
cérvix. A falha da fusão pode ser pequena/parcial ou se estender até o colo
do útero. O tratamento cirúrgico tem sido proposto para as pacientes com sucessivos abortos sem outras causas
identificáveis.
Útero didelfo
O útero duplo, também chamado de útero didelfo, resulta da deficiência de fusão dos ductos paramesonéfricos,
havendo, portanto, dois cornos uterinos separados, cada um com uma cavidade uterina e duas cérvix distintas.
Costuma ser observado um septo longitudinal na porção superior da vagina. Estudo de Heinonen (2000) observou que
não havia maiores prejuízos à fertilidade dessas pacientes.
Útero septado
Se não houver regressão do segmento medial dos ductos paramesonéfricos após a fusão, o útero poderá ser dividido
por um septo que, a partir do fundo uterino, poderá ser pequeno, ou mesmo se estender até a cérvix. Tem sido
observada elevada taxa de abortamento espontâneo no primeiro trimestre (Woelfer et al., 2001), e a ressecção
histeroscópica do septo tem sido recomendada.
TRATAMENTO
HIPERPROLACTINEMIA
o Uso de agonistas dopaminérgicos;
o Bromocriptina: 1,25 mg dia durante 7 meses, aumentada gradualmente até controle dos sintomas;
o Cabergolin: mais especifico, menos efeitos colaterais e com meia vida mais longa, tem melhor resposta
terapêutica. Dose inicial de 0,5 mg, com aumento gradativo.
Reavaliações são feitas a cada quatro a oito semanas (não há consenso para o intervalo) e as doses do medicamento,
reajustadas.
Mesmo nos casos de prolactinomas, isto é, adenomas hipofisários produtores de prolactina, o tratamento cirúrgico
atualmente é pouco utilizado por se obter controle com o uso do agonista dopaminérgico.
HIPOTIREOIDISMO
Nos casos de hipotiroidismo, a reposição de hormônio tiroidiano pode ser suficiente para o retorno da menstruação,
com normalização dos níveis de prolactina.
HIPOESTROGENISMO
o Amenorreia primaria sem caracteres sexuais secundários: pequenas doses de estrogênio e aumentar até o
desenvolvimento mamário, incluindo progestagenio.
Deve-se elevar a dose estrogênica até atingir dose da fase adulta.
Na deficiência estrogênica em mulheres adultas, reposição com estrogênios conjugados ou estradiol por diferentes
vias, e nas mulheres com útero, a adição de progestagênio é necessária para prevenir o câncer de endométrio.
Quando o hipoestrogenismo for decorrente de situações reversíveis, pode-se proceder à reposição estroprogestativa
concomitantemente ao tratamento específico para a causa (exemplo: desordens alimentares ou algumas doenças
crônicas), até o restabelecimento da função ovariana.
HIPERANDROGENISMO
o Uso exógeno – orientar interrupção;
o Na deficiência enzimática da suprarrenal (hiperplasia adrenal congênita de manifestação tardia), tratamento
com prednisona 2,5 mg a 7,5 mg ao dia ou dexametasona 0,25 mg a 1 mg ao dia.
Na hiperplasia, eu tenho redução da conversão do colesterol em cortisol, fica tudo pros andrógenos. ACTH estimula
ainda mais a suprarrenal achando que tá faltando. Repondo corticoide, eu quebro esse ciclo.
o Na síndrome dos ovários policísticos, o tratamento da amenorreia é feito com a ministração de progestagênios
cíclicos isolados ou combinados com estrogênio, que promovem regularização do ciclo menstrual e proteção
contra carcinoma endometrial, porém o uso cíclico de progestagênios não trata o hiperandrogenismo. Os
contraceptivos orais combinados podem auxiliar no tratamento do hiperandrogenismo.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico está indicado nas neoplasias ovarianas e de suprarrenal, bem como na síndrome de Cushing
com presença de tumor, nas sinéquias intrauterinas (lise por histeroscopia, podendo ser seguida da colocação de
dispositivo intrauterino, associado ou não à terapia estrogênica).
Restauração da fertilidade
Nas mulheres com insuficiência ovariana prematura, é possível gravidez com óvulo de doadora. Nas amenorreias
centrais (hipotalâmicas e hipofisárias) ou nas causadas por doenças que levam à anovulação crônica, deve-se
considerar a indução da ovulação, caso exista desejo reprodutivo, com escolhas variáveis dependendo, especialmente,
da causa da amenorreia e do estado estrogênico:
citrato de clomifeno (na dose de 50 a 150 mg/dia, iniciando a partir do segundo ao quinto dia do ciclo menstrual e por
cinco dias); letrozol ou gonadotrofinas – utilizados em dose variável, dependendo de vários fatores, sendo importantes
a idade da mulher e o crescimento folicular.
O sexo biológico
O sexo biológico é considerado pela ciência como o conjunto de informações cromossomiais. Se baseia na
identificação genotípica e considera os órgãos sexuais do nascimento, a capacidade de reprodução e as principais
características físicas e fisiológicas que diferenciam o masculino do feminino, ou macho da fêmea. Existe a
possibilidade de pessoas nascerem com características femininas e masculinas, sendo chamadas de intersexos. Essa
palavra é preferível à terminologia “Hemafrodita”, que já carrega em seu nome atributos de estigma social. O sexo
biológico vem sendo tratado ao longo da história da sociedade como uma forma tácita de compreensão da sexualidade
humana, por isso, deve ser discutido e refletido em relação ao que tange às práticas de saúde, evitando assim, as
iatrogenias do cuidado.
Gênero
O gênero é a construção social. O conceito foi criado nos anos 70, para diferenciar a dimensão biológica da social.
Homens e mulheres são diferentes em seu nascimento, mas se diferenciam ainda mais, por causa de outras questões,
que na história da humanidade se relacionam com a expressão cultural, construindo uma realidade social de existência
que produz uma paradigma de comportamento e expressão. Hoje sabemos que, necessariamente, a sua condição
anatômica de nascimento não é fator único e primordial para definir o gênero. Então hoje sabemos que se relaciona
com a autopercepção e a forma de como a pessoa se expressa socialmente.
É importante destacar que meninos que gostam de cozinhar não são necessariamente gays e meninas que gostam de
futebol não são necessariamente lésbicas. A sociedade, ao longo da história, criou um comportamento social esperado,
onde homens e mulheres necessariamente eram definidos por funções, hábitos do saber-fazer e comportamentos já
previamente estabelecidos. O fato de uma pessoa nascer com pênis não pode fazê-la refém de gostar de luta, futebol
ou carro. Mas infelizmente isso aconteceu ao longo da história. Pessoas que iam na contramão dessa lógica sofreram
diversas violência. Todos nós temos comportamentos masculinos e femininos e por isso, essa discussão precisa
avançar em nossa sociedade.
A identidade de gênero
É considerada a percepção que a pessoa possui de si, em relação ao gênero feminino, masculino ou ambos, e até
nenhum dos dois. Independe do sexo biológico. É a compreensão da pessoa sobre ela mesma, como ela se vê e deseja
ser reconhecida. Pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento.
Uma é uma identidade historicamente latino-americana, que foi reprimida. A palavra trans é aquela que se
encontra dentro do espectro binário, ou seja, a mulher trans se reconhece dentro da mulheridade, o que é se
assumir mulher na sociedade. Enquanto a travesti se assume, como muito bem disse Linn da Quebrada, para
além disso: ‘não sou homem, não sou mulher. Sou travesti’
Lembramos que não deve ser sinônimo de profissional do sexo, que é um estigma que pessoas que são travestis
enfrentam diariamente. É importante diferenciar travestis de Crossdresser e Drag Queen/King ou Transformistas.
o Crossdresser: Pessoas que se vestem e usam acessórios e/ou se maquiam de forma diferente do que é
socialmente estabelecido para o seu gênero, sem se identificar como travesti ou transexual.
o Drag Queen/King ou Transformista: são artistas que se vestem conforme o gênero masculino ou feminino,
para fins artísticos ou de entretenimento.