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Nutrição
Sindrome do Óvario Poliquístico
Coimbra, 2022
CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
Nutrição
Sindrome do Óvario Poliquístico
Coimbra, 2022
AGRADECIMENTOS
Aos Exmºs. Prof.ª Dr.ª Irma Brito, ao Prof. Dr. Hernâni Zão Oliveira e à Prof. Dr. Sílvia
Manuela da Silva pelo apoio prestado durante a realização deste trabalho e por se
mostrarem dispostos a esclarecer todas as dúvidas relativas à realização do mesmo.
A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração, estímulo e
empenho de diversos docentes que nos lecionam esta unidade curricular. Gostaríamos,
por este facto, de expressar toda a nossa gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou
indiretamente, contribuíram para que esta tarefa se concretizasse.
ABREVIATURAS E SIGLAS
Exmºs- Excelentíssimos
Prof.- Professor
Dr.-Doutor
HPG-Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal
LH-Hormona Luteinizante
5-HIAA-Ácido 5-hidroxiindolacetico
INTRODUÇÃO……………………………………………………………….…………..…….12
DESENVOLVIMENTO………………………………………………………….……..………15
CONCLUSÃO………………………………………………………………………….……….23
BIBLIOGRAFIA……………………………………….……………………..………..25
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INTRODUÇÃO
Com este trabalho pretendemos, então, demonstrar a influência da nutrição num tópico
feminino pouco abordado neste contexto e que é uma das patologias endócrinas mais
frequentes nas mulheres Esta síndrome tem especial importância uma vez que pode ser
causadora de infertilidade entre outros processos “comuns” na mulher fértil.
Durante a nossa discussão acerca do tema que nos foi atribuído -a nutrição- surgiram
algumas doenças influenciadas por esta, assim, efetuámos a nossa pesquisa e surgiu um
assunto pouco falado no contexto da nutrição- a Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP)-
mas diretamente relacionado com esta pelo que nos pareceu interessante abordá-lo
segundo esta perspetiva.
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Como complemento ao trabalho lançámos ainda um questionário que divulgámos entre
os alunos do primeiro ano do curso de Licenciatura em Enfermagem no qual obtivemos
76 respostas. A partir destas respostas pretendemos comprar os dados estatísticos com a
realidade do nosso contexto.
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DESENVOLVIMENTO
De acordo com o artigo selecionado, “as mulheres devem, comparativamente aos homens,
atentar ao consumo de alguns nutrientes específicos, como o ferro, ácido fólico e cálcio”.
Maioritariamente, estes nutrientes específicos são necessários para o amadurecimento dos
óvulos, como a vitamina B6, B12, o cálcio e o folato que gerem o equilíbrio das hormonas
sexuais, do ferro, zinco e magnésio: “Alguns nutrientes são mais relevantes no que diz
respeito às questões da fertilidade, entre eles: ácido fólico, coenzima Q10, vitamina D,
vitaminas do complexo B, ferro, ômega-3, vitamina E, zinco e selénio. Além disso,
atentar-se para a saúde intestinal é de suma importância para a absorção de todos esses
nutrientes descritos e para uma melhor qualidade de vida.”
Referindo alimentação regrada, o défice desta pode ser causa de obesidade, doenças
cardiometabólicas, e ainda alterações na resistência à insulina ou até mesmo
hiperinsulinemia. Além das anteriormente referidas, uma variedade de doenças mentais
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podem também estar relacionadas à alimentação que, como refere este trabalho,
influência a Síndrome do Ovário Poliquístico.
Esta síndrome, de acordo com o artigo escolhido, é uma condição endócrina associada a
doenças reprodutivas e psiquiátricas, à obesidade e aos distúrbios alimentares como
bulimia e dieta recorrente. Estes, segundo especialistas, podem levar à desregulação
epigenética do eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal (HPG), impactando, assim, na
foliculogénese ovariana.
Um dos poucos estudos que investigam esta associação indicou que, entre as mulheres
com SOP, 20% desenvolveram uma desordem depressiva em dois anos. Sintomas, como
irregularidade menstrual e subfertilidade, podem contribuir para o sofrimento psicológico
resultando, eventualmente, numa perturbação psiquiátrica. Do mesmo modo, alterações
na aparência como ganho de peso, acne e perdas de cabelo podem contribuir para
alterações na imagem corporal e diminuição da auto-estima.
O stress é então um dos grandes obstáculos que desencadeia distúrbios alimentares, como
é o caso da bulimia nervosa (este distúrbio ocorre como um mecanismo de combate ao
stress já que traz alívio temporário). As situações quando se revelam stressantes
conduzem à produção de diversas hormonas (cortisol, epinefrina e norepinefrina), que se
encontram correlacionadas a uma resposta de fugir ou até mesmo de luta.
Já quando surgem grandes níveis crónicos de hormonas relacionadas com o stress estes
tornam-se extremamente prejudiciais para a saúde e desencadeiam potencialmente um
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descontrolo de percursos neuroendócrinos, exacerbando o desenvolvimento da Síndrome
do Ovário Poliquístico.
Quando é verificada uma elevação de testosterona, esta pode induzir a uma procura
compulsiva por alimentos, proporcionando assim uma explicação para a ligação entre os
distúrbios alimentares e a SOP.
Seguidamente iremos explicar melhor todo o processo que relaciona a obesidade à SOP
e a importância acrescida da nutrição nas mulheres diagnosticadas com esta síndrome.
A alimentação em excesso eleva ainda os níveis de cortisol segregados pelo córtex que é,
por sua vez, ativado pelo stress (o gatilho para a compulsão alimentar). Esta relação
poderia então explicar o aumento dos níveis de cortisol observados nas mulheres com a
SOP.
Os níveis de serotonina são outro ponto importante a considerar nas mulheres com SOP
uma vez que estes se encontram reduzidos, inibindo, assim, a libertação da gonadotrofina
LH (hormona luteinizante). A serotonina apresenta-se como um neurotransmissor que
modula o apetite, o humor e o ritmo circadiano. Os distúrbios alimentares surgem ligados
a genes envolvidos na regulação deste neurotransmissor. Por fim, a investigação em
doentes com anorexia nervosa mostrou níveis baixos de ácido 5-hidroxiindolacetico (5-
HIAA), indicativo de baixos níveis de serotonina. Este facto pode ser resultado da
ingestão alimentar restrita, uma vez que a serotonina é feita a partir de triptofano- um
nutriente essencial. Um dado interessante é que após a recuperação, estas mulheres
mostraram níveis mais elevados de 5-HIAA do que mulheres saudáveis.”
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Deste modo pudemos comprovar a relevância de falarmos da SOP em contexto de
nutrição bem como a significativa importância de discutir este tema que ainda é pouco
disseminado.
Dados do nosso formulário comprovam esta afirmação uma vez que 60,5% dos inquiridos
revelaram não saber o que é a SOP sendo 76,3% mulheres. Esta síndrome, por definição,
caracteriza-se como um estado normal-gonadotrofico, normo-estrogénico e está
frequentemente associado à anovulação (a anovulação ocorre quando há a ausência de
ovulação, ou seja, quando o óvulo não é expelido pelo ovário), sendo a desordem mais
comum nas mulheres durante o período fértil, representando cerca de 80% da
subfertilidade anovulatória.
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mais a produção de androgénio pelas células que rodeiam o folículo.” Historicamente,
estas manifestações têm sido atribuídas a uma falta de feedback negativo da progesterona
como resultado da virilização pré-natal hipotalâmica. Um outro indício de SOP é que nas
mulheres com esta síndrome, os níveis séricos de hormona anti-Müllerian (AMH) são
frequentemente encontrados 2 a 3 vezes mais elevados do que nas mulheres com ovários
saudáveis.
Além disso, a severidade do fenótipo SOP correlaciona-se com a produção de AMH, que
é mais elevada em doentes com SOP anovulatório do que em doentes com SOP
ovulatório. “Embora a sobreprodução de AMH seja central para a nossa compreensão da
fisiopatologia da SOP, propomos uma hipótese nova e complementar que considera a
SOP como uma condição psicológica adversa que se desenvolve nas mulheres no início
da puberdade e durante toda a adolescência como consequência do stress, problemas de
humor e baixa autoestima, juntamente com distúrbios metabólicos decorrentes de
distúrbios alimentares, que constituem um confundidor secundário. Além disso,
propomos que a exposição intrauterina à angústia psicológica e a distúrbios alimentares,
em parte mediada pela AMH, pode predispor a descendência a SOP.”, refere e explica o
artigo selecionado. Por fim, podemos afirmar que esta informação é particularmente
visível nas mães que podem ser elas próprias poliquísticas ou que sofreram períodos de
stress psicológico, que possam ter levado ao aparecimento de distúrbios alimentares
durante a adolescência.
Por outro lado, nutrientes são todos os componentes químicos que constituem o alimento
e que são metabolizados pelo organismo (sendo indispensáveis ao funcionamento normal
dos processos realizados por cada sistema). Assim, os alimentos são digeridos para que
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os nutrientes sejam absorvidos (processo através do qual os nutrientes chegam ao
intestino onde, posteriormente, são absorvidos e passam para o sangue).
Em todas as faixas etárias é importante seguir uma alimentação saudável. Esta tem que
contemplar 3 princípios básicos: Variedade, Moderação e Equilíbrio.
As formas de tratamento do SOP variam de caso para caso, de acordo com os sintomas
da paciente. Muitos tratamentos são mais estéticos que terapêuticos já que síndrome não
tem cura. As formas de tratamento mais comuns da SOP são a prática regular de exercício
físico, dieta e emagrecimento específico para a síndrome, o uso de pílula anticoncepcional
adequada, de hipoglicemiantes ou outros fármacos indicados, o uso de fármacos
específicos para limitar o excesso de testosterona ou ação existente, uso de estimulantes
de menstruação e psicoterapia para controlar o stress e reduzir a ansiedade causada pelas
mudanças corporais. Todas estas medidas são essenciais para um bem-estar físico e
psicológico contínuo.
Hipóteses e Conclusões
Os dados para apoiar as origens fetais de SOP são convincentes, e o papel central da HMA
e da androgenização pré-natal está bem estabelecido. Nas mulheres com SOP, talvez com
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origem durante a adolescência, os desequilíbrios hormonais/metabólicos durante a
gestação podem contribuir para um aumento do risco dos seus filhos adolescentes
desenvolverem um amplo espectro de condições psicológicas (incluindo ansiedade e
distúrbios alimentares) que, por sua vez, podem aumentar as suas hipóteses de
desenvolver SOP.
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CONCLUSÃO
Por fim justificamos a relevância da escolha do nosso tema com um último dado do
nosso formulário que diz que 86,8% dos participantes no estudo têm curiosidade em
saber mais acerca desta síndrome.
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BIBLIOGRAFIA
Steegers-Theunissen, R. P. M., Wiegel, R. E., Jansen, P. W., Laven, J. S. E., & Sinclair, K. D.
(2020). Polycystic Ovary Syndrome: A Brain Disorder Characterized by Eating Problems
Originating during Puberty and Adolescence. International journal of molecular sciences, 21(21),
8211. https://doi.org/10.3390/ijms21218211
https://gedeonrichter.pt/wp-content/uploads/2017/07/Miniatlas-Sindrome-do-ovario-
poliquistico.pdf
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