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BIOLOGIA

Reprodução humana e manipulação da fertilidade


Os órgãos reprodutores asseguram a produção de gâmetas e permitem a ocorrência de fecundação e
desenvolvimento de novas gerações.
Gónadas e gametogénese
Ao nascermos, possuímos já um sistema genital morfologicamente diferenciado, mas este só se torna
funcional a partir da puberdade.
Na puberdade as gónadas atingem a maturidade e inicia-se a produção de gâmetas.
Gametogénese - conjunto de fenómenos que se verificam em células da linha germinativa e que leva
à formação de gâmetas.
Estrutura dos testículos e espermatogénese
Os testículos localizam-se nas bolsas escrotais, no exterior do abdómen e mantêm a sua temperatura
ligeiramente abaixo da normal do corpo, o que é essencial para a produção de espermatozoides
viáveis.
Nos testículos existem septos radiais, os lóbulos testiculares, e em cada um destes existem túbulos
muito enovelados, os túbulos seminíferos.
Na parede dos túbulos seminíferos existem as células de Sertoli, células volumosas que se estendem
desde a periferia até ao lúmen do túbulo. A membrana celular de cada célula de Sertoli rodeia células
da linha germinativa em desenvolvimento.
No tecido entre os túbulos seminíferos existem as células intersticiais ou de Leydig, que produzem
testosterona.
Nos testículos, desde a puberdade até ao final da vida produzem-se espermatogónias, por divisões
mitóticas. Estas são células diploides (2n) da linha germinativa que se localizam na proximidade da
parede exterior dos túbulos seminíferos.
A espermatogénese é um processo contínuo em que espermatogónias se transformam em
espermatozoides, em cerca de 64 dias e ao ritmo de milhões por dia.
Fases da espermatogénese

Fase de multiplicação
· As espermatogónias (2n) dividem-se por mitose.
· De cada duas formadas, uma volta a dividir-se por mitose e a outra prossegue para a fase seguinte.
· Isto assegura uma provisão constante destas células.
Fase de crescimento
· Aumento quase impercetível de volume.
· As células passam a designar-se espermatócitos I.
Fase de maturação
· Cada espermatócito I (2n) divide-se por meiose.
· No final da primeira divisão formam-se 2 células haploides (n) - os espermatócitos II (cada
cromossoma tem 2 cromatídios).
· No final da segunda divisão formam-se 4 células haploides (n) - os espermatídios (cada cromossoma
tem 1 cromatídio).
Fase de diferenciação
· Transformação dos espermatídios em espermatozoides, células altamente especializadas.
· Eliminação de grande parte do citoplasma, fagocitado pelas células de Sertoli.
· Reorganização de organelos:
· O complexo de Golgi forma uma vesícula, o acrossoma, que armazena enzimas e se adapta ao
núcleo.
· Os centríolos dispõem-se no polo oposto do acrossoma e um deles origina os microtúbulos do
flagelo.
· As mitocôndrias dispõem-se na base do flagelo e fornecem a energia que permite o seu movimento.
Depois, ocorre a libertação dos espermatozoides para o lúmen dos túbulos seminíferos que daí passam
para os epidídimos, onde acabam a maturação (tornam-se móveis) e são armazenados.
De seguida, passam pelos canais deferentes, onde se misturam com as secreções das vesícuças
seminais e da próstata, formando o esperma, libertado no curso de uma ejaculação.

Estrutura dos ovários e oógenese


Os ovários estão localizados na cavidade abdominal, na zona pélvica, de um e do outro lado o útero,
mantendo-se na sua posição através de ligamentos.
Apresenta duas zonas:
Zona medular – mais interna, tecido com muitos vasos sanguíneos e nervos.
Zona cortical – mais superficial, com estruturas mais ou menos esféricas - os folículos ováricos - em
diferentes estados de desenvolvimento. Cada folículo é constituído por uma célula da linha
germinativa, rodeada por camadas de células foliculares, que intervêm na nutrição e proteção da
célula germinativa.
A oógenese inicia-se muito antes do nascimento.
Fases da oógenese
Fase de multiplicação
· As células germinativas que migram para cada um dos ovários do embrião, dividem-se por mitoses
sucessivas, produzindo oogónias (2n).
· Decorre durante alguns meses do desenvolvimento embrionário, formando-se alguns milhões de
oogónias.
· Grande parte destas degenera, não se verificando nova produção.
Fase de crescimento
· As oogónias que não degeneram aumentam de volume – armazenam substâncias de reserva.
· Constituem-se assim os oócitos II (2n).
· Muitos destes também degeneram durante a vida intrauterina.
Fase de maturação
· Nos ovários de uma recém-nascida, inicia-se a maturação dos oócitos I, com a primeira divisão da
meiose, que fica bloqueada na prófase I.
· Até a puberdade muitos oócitos I degeneram.
· A meiose continua a partir da puberdade, quando se iniciam os ciclos ováricos.
· Em cada ciclo ovárico, só um oócito I completa a primeira divisão da meiose (em regra),
constituindo-se duas células haploides de dimensões diferentes (ocorre uma divisão desigual do
citoplasma).
· A de maiores dimensões designa-se oócito II e a outra primeiro glóbulo regular.
· A segunda divisão da meiose inicia-se de imediato, ficando bloqueada na metáfase II.
· Neste momento ocorre a ovulação - libertação de um oócito II para a trompa de Falópio.
· Em cada ciclo ovárico também as outras formações dos folículos ováricos se transformam.
· Numa recém-nascida, cada oócito I está envolvido por células foliculares, o que constitui os
folículos primordiais.
· Alguns destes recomeçam a sua evolução todos os meses, mas apenas um completa a sua maturação
e os outros degeneram.
· Ao aproximar-se o final da evolução de um folículo, que aumentou progressivamente de tamanho, a
cavidade folicular aumenta e o folículo passa a designar-se por folículo maduro ou de Graff.
· Este provoca uma saliência no ovário. Neste estágio, o oócito II é libertado na cavidade folicular.
· A pressão desta sobre a parede do ovário faz com que o folículo e a parede do ovário rompam, sendo
o oócito II libertado e recolhido pela trompa de Falópio - ovulação.
· Continuam as transformações o ovário e a parede deste cicatriza.
· O folículo sofre modificações estruturais e bioquímicas, constituindo o corpo amarelo ou lúteo, que
degenera no caso de não haver fecundação.

Regulação do funcionamento dos sistemas reprodutores


Os parâmetros fisiológicos do organismo são submetidos a mecanismos de regulação.
Esta ocorre devido à interação do complexo hipotálamo-hipófise e das gónadas, através de hormonas.
As hormonas hipofisárias ligadas à reprodução são FSH e LH (gonadoestimulinas).

Sistema reprodutor masculino


Os testículos asseguram a produção de espermatozoides (na parede dos túbulos seminíferos) e a
secreção da testosterona (nas células de Leydig).
A testosterona é responsável pelo desenvolvimento dos órgãos genitais e assegura o desenvolvimento
e manutenção dos caracteres sexuais secundários. É indispensável à espermatogénese.
· O hipotálamo produz GnRH, que é transportada pelo sangue e estimula a produção de FHS e LH
pela hipófise anterior.
· LH – atua sobre as células de Leydig, estimulando a produção de testosterona.
· FSH – ativa indiretamente a espermatogénese, estimulando as células de Sertoli. Estas atuam como
intermediárias entre a testosterona e as células da linha germinativa.
· A secreção de GnRH é controlada pela taxa sanguínea de testosterona, por retroação negativa.
Existe uma rede de interações neuro-hormonais que permite corrigir desvios em relação aos valores
de referência de testosterona.
A taxa de testosterona é sensivelmente constante, devido a este mecanismo.
A atividade do complexo hipotálamo-hipófise é também influenciada por estímulos nervosos externos
e internos.

Sistema reprodutor feminino


Caracterizado por um funcionamento cíclico, da puberdade até à menopausa.
Em cada ciclo ocorre uma série de transformações perfeitamente sincronizadas, em consequência da
ação das hormonas ováricas - estrogénios e progesterona.
Estrogénios
· Produzidos pelas células foliculares e teca interna.
· Primeiro a sua concentração aumenta progressivamente à medida do crescimento dos folículos.
· Depois, aumenta rapidamente, atingindo um pico pouco antes da ovulação.
Progesterona
· Produzida pelo corpo amarelo.
· Atinge o seu valor máximo com o pleno desenvolvimento desta estrutura.
· Diminui com a degeneração do corpo amarelo.
Ciclo uterino
Fase menstrual
· Destruição parcial do endométrio, consequência da baixa concentração de hormonas ováricas.
· Expulsão de sangue e fragmentos de tecidos - menstruação.
Fase proliferativa
· Crescimento da espessura do endométrio devido ao estímulo provocado pelo aumento da taxa de
estrogénios durante a fase folicular.
Fase secretora
· Continua o aumento da espessura do endométrio e a atividade secretora das glândulas nele
existentes, devido à ação dos estrogénios e progesterona produzidos durante a fase luteínica.
Controlo do ciclo sexual
· Hipotálamo produz GnRH, que estimula a produção de FSH e LH.
· FSH – induz o crescimento e maturação dos folículos e a a produção de estrogénios.
· LH – atua no folículo maduro, estimulando a ovulação e transformação do folículo em corpo
amarelo, levando à produção de progesterona.
· A produção de GnRH, FSH e LH é controlada pela taxa sanguínea de hormonas ováricas.
A concentração de gonadoestimulinas varia ao longo do ciclo sexual, relacionando-se com os
processos de retroação entre os ovários e o complexo hipotálamo-hipófise.
As hormonas ováricas atuam sobre o sistema de comando, ocorrendo regulação por retroação
negativa, que compensa variações das concentrações dessas hormonas.
Existem picos de concentração de FSH e LH alguns dias antes da ovulação. Com o aumento do
número de células foliculares, aumenta a produção de estrogénios, que ultrapassa o valor limite,
desencadeando um retrocontrolo negativo, invertendo-se o efeito dos estrogénios sobre o complexo
hipotálamo-hipófise.
A concentração elevada de estrogénios estimula a produção de gonadoestimulinas (principalmente
LH), em vez de inibir. É este processo que desencadeia a rutura do folículo maduro e a ovulação.
Depois da ovulação, as hormonas ováricas exercem uma retroação negativa sobre o complexo
hipotálamo hipófise, diminuindo a concentração de gonadoestimulinas. Isto desencadeia a regressão
do corpo amarelo, a diminuição da taxa de hormonas ováricas e a menstruação.
A alternância entre as retroações negativa e positiva está na origem da atividade genital ciclíca da
mulher.
A menopausa corresponde ao último período menstrual da mulher devido ao esgotamento de folículos
ováricos. Assim, deixa de ocorrer a retroação negativa das hormonas ováricas sobre o complexo
hipotálamos-hipófise, aumentando os níveis de gonadoestimulinas.

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