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Gónadas masculinas
O sistema reprodutor masculino é constituído por:
• gónadas masculinas – dois testículos;
• vias genitais – epidídimos, canais deferentes e uretra;
• glândulas anexas – vesículas seminais, próstata e glândulas de Cowper;
• órgãos genitais externos – escroto e pénis, órgão destinado à copulação.
- A uretra é o canal que constitui a parte das vias urinárias que transporta a urina desde a bexiga até ao exterior e a
parte do sistema reprodutor através da qual o sémen é ejaculado pela extremidade do pénis.
- Os testículos são órgãos localizados numa projeção externa da parte inferior do abdómen, designada por bolsa
escrotal ou escroto. Cada testículo possui pequenos compartimentos, os lóbulos do testículo, separados por septos
testiculares. Em cada lóbulo encontram-se de um a quatro tubos microscópicos e muito enovelados, designados por
túbulos seminíferos. Estes túbulos estão ligados ao epidídimo, para onde os espermatozoides são transportados e
onde adquirem a sua mobilidade.
Gametogénese masculina
Os processos fisiológicos envolvidos na produção de espermatozoides que ocorrem nos testículos constituem a
gametogénese masculina ou espermatogénese. A espermatogénese ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos e
desenvolve-se nas seguintes fases:
Gónadas femininas
O sistema reprodutor feminino é constituído por:
• órgãos genitais externos – o clítoris, os pequenos lábios, os
grandes lábios e o orifício genital, que no seu conjunto
constituem a vulva;
• vias genitais – a vagina, o útero e as trompas de Falópio ou
uterinas;
• gónadas femininas – dois ovários localizados no interior da
cavidade abdominal.
- Os ovários produzem os gâmetas femininos – oócitos II ou
ovócitos II – e as hormonas sexuais femininas – estrogénios
e pro-gesterona. A parte interna, ou zona medular, é
constituída por tecido rico em vasos sanguíneos e nervos. A
zona cortical, mais externa, caracteriza-se pela presença de estruturas ligeiramente esféricas, em diferentes estádios de
desenvolvimento, designadas por folículos ováricos.
Cada folículo ovárico é constituído por uma célula da linha germinativa de maiores dimensões e uma ou mais camadas
de células foliculares que intervêm na nutrição e proteção da célula da linha germinativa e na produção de hormonas.
Cada oócito I está envolvido por células foliculares, constituindo os folículos primordiais. Alguns destes folículos irão
iniciar, todos os meses, um processo de amadurecimento, durante o qual aumentam de tamanho e desenvolvem uma
cavidade cheia de líquido entre as células foliculares, a cavidade folicular ou antral. Dos folículos que iniciam este
processo, normalmente, apenas um atinge mensalmente o máximo de desenvolvimento, correspondente a um folículo
maduro, folículo de Graaf ou folículo antral. Na sequência do aumento de tamanho do folículo maduro, ocorre o
rompimento do folículo e da parede desse órgão, este processo conduz à libertação, para o pavilhão da trompa de
Falópio, do oócito II envolvido por algumas células foliculares. Esta libertação do oócito II corresponde à ovulação. As
restantes camadas celulares do folículo que permanecem no ovário evoluem, formando o corpo amarelo, ou corpo
lúteo, responsável pela produção de hormonas sexuais.
Gametogénese feminina
Na mulher, a produção de gâmetas, designada por oogénese, inicia-se durante o
desenvolvimento embrionário. A partir da puberdade, o processo é retomado, havendo a
produção de um oócito, normalmente de 28 em 28 dias. Este processo decorre nas
seguintes etapas sequenciais:
• Fase de multiplicação – Durante o desenvolvimento embrionário, as células
germinativas primordiais, iniciam uma fase de rápida proliferação mitótica, o que provoca
um grande aumento do número de oogónias. Todavia, a maioria destas células irá
degenerar, e apenas cerca de 450 completarão a sua evolução até à ovulação.
• Fase de crescimento – Ainda durante o desenvolvimento embrionário, as oogónias que
não sofreram atrofia aumentam o seu volume, formando os oócitos de primeira ordem
(oócitos I). Cada uma destas células é rodeada por uma camada de células do córtex do
ovário, constituindo com elas os folículos primordiais. Uma parte importante dos oócitos I
irá degenerar antes do nascimento.
• Fase de maturação – Esta fase inicia-se antes do nascimento e permanece em repouso
até à puberdade, sendo concluída apenas no momento da fecundação. Ainda durante o
desenvolvimento fetal, os oócitos I remanescentes iniciam a meiose. Durante a prófase I,
a meiose é bloqueada, permanecendo o ovário num longo período de repouso até à
puberdade, durante o qual o processo de degeneração folicular se mantém. A partir da
puberdade, a entrada em funcionamento dos ovários dá início aos ciclos ováricos. Apesar
de, em cada ciclo, a meiose ser reiniciada em vários folículos, geralmente, apenas num
deles, o oócito I, completará a primeira divisão da meiose, formando duas células
haploides de dimensões diferentes, resultantes de uma citocinese assimétrica. A maior, o
oócito II, ou ovócito II, herda a maior parte do citoplasma, e a outra, de dimensões muito
reduzidas, constitui o primeiro glóbulo polar. Imediatamente, inicia-se a segunda divisão
da meiose, que fica novamente suspensa em metáfase II. Neste momento ocorre libertação do oócito II para a trompa
(ovulação).
Caso ocorra a fecundação, a maturação é retomada e avança até ao final da meiose II com uma citocinese assimétrica.
Forma-se, assim, uma célula com as mesmas dimensões do oócito II, o óvulo, e uma célula muito reduzida, o segundo
glóbulo polar.
Fecundação
Durante a relação sexual, a ejaculação masculina
liberta na vagina esperma. Uma quantidade
apreciável destas células fica em contacto com o
muco cervical produzido pelas glândulas presentes
no colo do útero. As características desta secreção
variam ciclicamente, funcionando ora como barreira
à passagem dos espermatozoides para o útero,
quando a sua consistência é mais espessa, ora como
meio facilitador da progressão dos espermatozoides
durante o período fértil do ciclo menstrual, quando
apresenta maior fluidez.
Caso tenha ocorrido ovulação, o oócito II encontra-
se nas trompas, na região próxima dos ovários.
Para atingir a membrana do oócito II, os
espermatozoides necessitam de penetrar uma
camada glicoproteica que envolve o oócito. Ao
atingir a zona pelúcida, os espermatozoide ligam-se
a proteínas existentes nessa zona, desencadeando a
reação acrossómica, que consiste na exocitose de
enzimas hidrolíticas, presentes no acrossoma do
espermatozoide. Essas enzimas tornam possível a
progressão do espermatozoide e a fusão da sua
membrana com a do oócito.
A fusão das membranas celulares do espermatozoide e do oócito permite a fusão dos dois citoplasmas e a formação de
uma única célula com dois núcleos (plasmogamia). O contacto entre as membranas dos dois gâmetas provoca a
chamada reação cortical, que consiste na exocitose do conteúdo dos grânulos corticais (que estão zona periférica do
citoplasma do oócito II) carregados de enzimas digestivas para a zona pelúcida. Essas enzimas degradam os recetores
da zona pelúcida, impedindo, assim, a poliespermia, ou seja, a fusão do oócito com mais do que um espermatozoide.
Em consequência da plasmogamia, o oócito II conclui a segunda divisão da meiose, daí resultando o pronúcleo
feminino do óvulo e o segundo glóbulo polar. O núcleo do espermatozoide sofre descondensação, dando origem ao
pronúcleo masculino, que se funde com o pronúcleo feminino (cariogamia). Desta fusão resulta um núcleo diploide
com cromossomas de origem paterna e de origem materna. Terminada a fecundação, o ovo inicia uma série de divisões
celulares mitóticas e de processos de diferenciação celular que originarão um novo organismo, que, normalmente, ao
fim de 40 semanas, está apto à vida fora do útero.
A nidação (fase em que o zigoto, que já sofreu muita divisão, agrega-se ao endométrio) e as primeiras fases de gestação
estão sob controlo hormonal. Assim, a hormona HcG (hormona produzida pelo blastocisto) estimula o corpo lúteo a
produzir hormonas, impedindo uma fase menstrual, mantendo o embrião ligado ao endométrio.
Métodos contracetivos
Os métodos contracetivos correspondem a técnicas e procedimentos com vista a evitar a procriação. Apesar de todos
os métodos, hormonais ou não hormonais, poderem ser prescritos a todos os indivíduos saudáveis, a segurança e a
eficácia de cada método são determinadas por situações e condições médicas especiais. Assim, é importante o recurso
a aconselhamento médico, para que se possa fazer uma opção esclarecida que vá ao encontro das necessidades e
expetativas individuais.
Métodos hormonais
Os contracetivos hormonais são métodos para prevenção da gravidez elaborados com base em formas sintéticas de
hormonas sexuais: os estrogénios e a progesterona. Alguns desses métodos combinam as duas hormonas, enquanto
outros possuem apenas progesterona. Estes contracetivos devem ser sempre utilizados mediante indicação médica. A
sua aplicação pode ocorrer de diversas formas, através de ingestão, injeção, inserção vaginal ou difusão na pele.
Enquanto a maioria destes métodos inibe a ovulação, impedindo assim a possibilidade de fecundação, alguns deles
conduzem a um espessamento do muco cervical, dificultando a chegada do espermatozoide ao útero. Os métodos
hormonais não previnem as infeções sexualmente transmissíveis.
• Pílula oral
• Adesivo contracetivo
• Anel vaginal
• Contracetivos injetáveis
• Implante contracetivo
• SIU (sistema intrauterino)
Diagnóstico de infertilidade
A infertilidade é declarada quando, após um ano de relações sexuais regulares, sem uso de qualquer método
contracetivo, não ocorre uma gravidez viável, ou em caso de historial clínico de menstruações pouco frequentes, com
fluxo escasso ou irregular (oligoamenorreia), de ausência de ovulação crónica (anovulação) ou de ausência de
espermatozoides no sémen (azoospermia).
Técnicas de procriação medicamente assistida
Inseminação intrauterina : consiste na introdução de uma amostra de esperma no útero da mulher na altura da
ovulação. Esta técnica é usada em caso de disfunção erétil ou quando os espermatozoides não conseguem atingir as
trompas em consequência de uma mobilidade reduzida ou de alterações no muco cervical. A inseminação intrauterina
é menos eficaz do que outras técnicas, sendo, no entanto, menos invasiva e menos dispendiosa.
Fertilização in vitro (FIV) : consiste na união do oócito com um espermatozoide no laboratório, com a finalidade de
obter embriões que possam ser transferidos para o útero. Envolve as seguintes etapas:
• Estimulação dos ovários – A estimulação é feita com gonadotrofinas injetáveis, levando vários folículos a amadurecer.
É também possível a utilização de apenas um oócito, que se desenvolveu normalmente durante o ciclo menstrual, sem
necessidade de estimulação.
• Recolha de oócitos – Através de ecografias é acompanhado o desenvolvimento folicular e determinado o momento
ideal para a colheita dos ovócitos. A recolha é feita por punção dos folículos, efetuada por via transvaginal.
• Fertilização dos oócitos – Os oócitos são colocados numa placa de cultura e incubados com espermatozoides colhidos
no mesmo dia ou criopreservados.
• Crescimento dos embriões em laboratório – Após fecundação, os embriões resultantes são deixados em
desenvolvimento durante dois a cinco dias, sendo selecionados de acordo com a sua morfologia e capacidade de
divisão.
• Implantação dos embriões – Um ou alguns dos embriões resultantes são transferidos para o útero, através de uma
cânula, pelo canal vaginal. Alguns dos embriões transferidos podem ter sido previamente criopreservados. Cerca de
duas semanas após a transferência embrionária, é realizado um teste sanguíneo que determinará a ocorrência ou não
de gravidez.