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APARELHO REPRODUTOR MASCULINO

Órgãos reprodutores externos


- Escroto: envolve as gónadas masculinas, os testículos;
- Pénis: permite a relação sexual.

Órgãos reprodutores internos


- Gónadas: produzem gâmetas (espermatozoides) e hormonas;
- Glândulas acessórias/anexas: segregam produtos essenciais para o movimento
e viabilidade dos gâmetas;
- Ductos: circulam gâmetas e as secreções glandulares

Glândulas anexas
1. Vesículas seminais
Produzem o líquido seminal que contem muco, frutose (nutriente que fornece
energia aos espermatozoides), enzimas e hormonas. Este líquido e o esperma
são conduzidos até à uretra através do canal ejaculatório.

2. Próstata: maior glândula acessória que segrega diretamente para a uretra


iões citrato (nutriente para os espermatozoides) e enzimas anticoagulantes.
Permite a passagem para a uretra de urina proveniente da bexiga urinária,
controlando a alternância da passagem de produtos provenientes do aparelho
urinário e do reprodutor. Produz esperma.

3. Glândulas de Cowper: produzem secreções antes da ejaculação, estas


glândulas segregam para a uretra um muco alcalino que neutraliza a acidez da
urina que eventualmente aí possa permanecer.
Pénis
Constituído por três cilindros de tecido esponjoso erétil, os corpos cavernosos,
muito vascularizados, e o corpo esponjoso.

Durante o ato sexual os corpos cavernosos enchem-se de sangue proveniente


das artérias do pénis, permitindo assim a ereção. O corpo esponjoso evita a
compressão da uretra durante a ereção (caso não existisse, o aumento da
pressão faria com que não houvesse libertação de esperma).

- Ereção: importante para a inserção do pénis na vagina, de forma a depositar o


sémen, o líquido resultante da ejaculação;
- Corpo esponjoso: rodeia a uretra, o que permite mantê-la aberta para a saída
de sémen;
- Glande: localizada na extremidade do pénis, é rica em terminações nervosas e
recoberta pelo prepúcio, prega de pele.

Gónadas Masculinas
Os testículos são constituídos por tubos seminíferos enrolados por uma cápsula
fibrosa que dá origem aos vários septos, dividindo os testículos em vários
lóbulos.

Cada lóbulo testicular contém dois a três tubos seminíferos enovelados, onde
ocorre a produção de espermatozoides.

A função das gónadas masculinas é produzir gâmetas, espermatozoides, e


hormonas sexuais masculinas.

Tubos seminíferos
Convergem para a zona posterior do testículo, formando a rede testicular, de
onde saem 15 canais que se ligam ao epidídimo. É possível distinguir células
germinativas (as que dão origem aos espermatozoides) e as somáticas (células
de Sertoli).

- Células de Sertoli: são células diploides que auxiliam e controlam o processo


de maturação das células germinativas. São importantes na nutrição, suporte e
diferenciação. Têm digestão intracelular;
- Células de Leydig: células intersticiais de grande tamanho entre os tubos
seminíferos que produzem a hormona testosterona, responsável pelo
aparecimento dos caracteres sexuais secundários do homem.

As células de Sertoli e de Leydig não estão envolvidas na linha germinativa.

Canais deferentes
Partem do testículo e rodeiam a bexiga urinária, através do qual um deles se
une a um canal da vesícula seminal, formando um curto canal ejaculatório.
Durante a ejaculação, o esperma passa através dos canais deferentes graças à
contração das paredes musculosas destes ductos. Ambos os canais ejaculatórios
abrem para a uretra (canal comum ao aparelho urinário e excretor), que
comunica com o exterior na extremidade do pénis.

Epidídimo
Existe um em cada testículo, compostos por um tubo altamente enrolado, que
comunica com o canal deferente. A passagem do esperma pelo epidídimo dura
cerca de 20 dias, ao longo dos quais os espermatozoides vão emadurecendo,
ganhando mobilidade e capacidade fecundativa.

Escroto
Prega externa da superfície corporal que envolve os testículos permitindo mantê-
los fora da cavidade abdominal. Importante para que se dê a espermatogénese,
já que a temperatura é 2ºC mais baixa que a temperatura do corpo, ideal para a
espermatogénese.

Nota:
O sémen, ou esperma, é a combinação dos espermatozoides com as secreções.

APARELHO REPRODUTOR FEMININO

Vulva
Conjunto dos órgãos genitais externos da mulher, sendo constituída por:
- Clitóris;
- Lábios;
- Orifício genital.

Orgão reprodutores internos


- Gónadas: os ovários produzem gâmetas e são também o local de produção e
maturação dos folículos;
- Vias genitais: conduzem os gâmetas e alojam o embrião.

Clitóris
Situado entre a união anterior dos pequenos lábios, é um pequeno órgão
homólogo ao pénis, erétil e altamente irrigado.

Genitália feminina
- Grandes lábios: prolongam-se do monte de Vénus até ao períneo e têm a
função de proteção dos restantes órgãos sexuais;
- Pequenos lábios: delimitam o vestíbulo ode se situam as aberturas vaginal e
uretral, bem como a abertura das glândulas de Bartholin (segregam um muco
destinado à lubrificação do vestíbulo).

Vagina
Canal musculoso, altamente elástico, com um comprimento normalmente, entre
os 6/12 cm. A vagina:
- Termina na vulva;
- Serve de depósito de sémen, durante o ato sexual;
- Constituí o canal por onde ocorre o nascimento do bebé.

Útero
Órgão musculoso e elástico, cujo endométrico (camado interior) é altamente
vascularizada. É no útero que se fixa o embrião (mais tarde, o feto) durante a
gestação. A parte superior é mais dilatada e constitui o corpo uterino, já a parte
inferior é mais estreita, formando o colo uterino que contacta com a vagina.
Trompas de Falópio
Extremidade mais próxima do ovário que possui uma abertura em forma de funil
franjado, o pavilhão da trompa. A outra extremidade das trompas de Falópio
termina no útero.

Cílios vibráteis
Parte do epitélio interior do pavilhão da trompa. Provocam um movimento de
líquido da cavidade abdominal para a trompa, facilitando a recolha do gâmeta
feminino para o interior do oviducto e a sua condução, ao longo deste tubo, em
direção ao útero.

Ovários
Encontram-se alojados na cavidade abdominal, de cada um dos lados do útero e
ligados a este por pregas de tecido conjuntivo. O seu tamanho varia ao longo da
vida, atingindo o volume máximo no início da puberdade. Com o avanço da
idade, os ovários tendem a diminuir e, na menopausa, atingem cerca de 1/3 do
seu volume inicial.

Têm como função a produção de estrogénio e progesterona bem como de


oócitos.

Cada ovário encontra-se envolvido por uma cápsula de tecido epitelial, que
envolve o parênquima ovárico, dividido em duas camadas:
- Córtex: camada externa de tecido conjuntivo, onde é possível observar
folículos ováricos;
- Medula: composta por tecido muscular liso e tecido conjuntivo, muito irrigado
por vasos sanguíneos.

Nota:
Os folículos ováricos são estruturas arredondadas, formadas por uma células
germinativa, que irá dar origem ao gâmeta, rodeada por camadas de células
foliculares (células diploides), que asseguram a nutrição e protegem as células
sexuais femininas ao longo do seu amadurecimento.
Evolução dos folículos e oogénese
A evolução dos folículos ováricos e a oogénese são fenómenos que ocorrem
simultaneamente e têm início durante o desenvolvimento embrionário da
mulher.

Folículos
Resultam da multiplicação das oogónias (células germinativas diploides).
Distinguem-se pelo número e tipo de células e cada folículo demora cerca de 4
meses até atingir a fase madura.

Cada folículo é classificado pelo seu estado de desenvolvimento.

1) Primordiais:
Constituídos por uma célula germinativa (oócito), rodeada por células foliculares
achatadas. Aos 5 meses de um feto feminino, já se encontram milhões destes
folículos nos seus ovários. No entanto, estes começam a degenerar nos meses
seguintes, num processo de atresia folicular, pelo que, na altura do nascimento,
os ovários possuem cerca de 400mil folículos primordiais (menos).

2) Primários:
A partir da puberdade, 1 vez por mês, 1 folículo primordial começa a crescer
dentro de 1 dos ovários. O oócito I (célula que irá originar o gâmeta feminino)
aumenta de volume e verifica-se uma proliferação das células foliculares, até
formarem uma camada contínua de células.

3) Secundários:
Continua a verificar-se o crescimento do folículo primário, devido ao continuo
aumento do oócito I e à proliferação das células foliculares, que originam:

- Camada Granulosa (camada espessa): dá-se uma intensa síntese de


biomoléculas (glicoproteínas). Entre o oócito I e a camada granulosa forma-se
uma:

- Zona Pelúcida (camada acelular): constituída por substâncias orgânicas. É


nesta zona que o espermatozoide vai ser capaz de penetrar as substâncias
hidrolíticas, formada por proteínas e glícidos.

- Teca: camada de células que rodeiam o folículo.

4) de Graaf:
As cavidades existentes na camada granulosa continuam a aumentar de
tamanho até originar a cavidade folicular- cavidade cheia de líquido folicular que
fica rodeada por uma camada granulosa, que inclui um conjunto de células a
rodear o oócito II, pronto a ser libertado.

O crescimento do folículo de Graaf faz com que a superfície do ovário acabe por
romper e libertar o oócito II, num processo de ovulação.

Quando é libertado, ainda não acabou a meiose, encontra-se em metáfase II. Só
acorre anáfase II se houver ovolução.

Após a ovulação:
- A parede do ovário cicatriza;
- As células foliculares que permanecem no folículo proliferam, aumentam de
tamanho e adquirem função secretora. O seu citoplasma é amarelo pelo que o
conjunto destas células se designa corpo amarelo.

O corpo amarelo produz progesterona, a hormona da gravidez.

Nota:
Só um dos folículos termina o processo até chegar ao oócito II.
Oógenese
Conjunto de fenómenos que ocorrem nos ovários e que conduzem à formação do
oócito II, os gâmetas femininos.

Inicia-se durante o desenvolvimento embrionário, sendo que faz uma pausa na


infância e na puberdade retoma. A primeira divisão da meiose acontece no
desenvolvimento embrionário, logo a oogénese inicia-se antes do nascimento.

É dividida em 4 fases:
1. Multiplicação
2. Crescimento
3. Repouso
4. Maturação

Multiplicação
Durante o desenvolvimento embrionário, as oogónias (células germinativas
diploides) multiplicam-se, por mitoses sucessivas.

Crescimento
As oogónias aumentam de volume, devido à síntese e acumulação de
substâncias de reserva, originando os oócitos I/ 1a ordem, que se rodeiam de
células foliculares, originando folículos primordiais. Os oócitos I iniciam a 1a
divisão meiótica, que se interrompe em prófase I.

Repouso
Os folículos primordiais, contendo os oócitos I em prófase I (não há redução
cromossómica), permanecem inativos desde o nascimento até à puberdade.
nesta fase, a maior parte dos folículos primordiais degenera.

Maturação
Na puberdade, alguns folículos primordiais começam a desenvolver-se e, com
eles, os oócitos I. A maturação do oócito I (célula diploide) torna-se evidente
quando o folículo atinge a fase madura (de mês em mês). O oócito I, que se
encontra me prófase I, recomeça a 1a divisão da meiose, originando 2 células
haploides diferentes:

- Oócito II: maior, só chega à etapa de oócito II;


- 1º glóbulo polar: menor e não possui organitos.

Ambas as células se destacam da parede do folículo para a cavidade folicular. O


tamanho destas células difere devido à diferente citocinese.

Após a rotura do folículo de Graaf, ocorre a ovulação, isto é, a libertação do


oócito II (em metáfase II da meiose) para o pavilhão das trompas de Falópio.

- Se não ocorrer fecundação: oócito II é eliminado;


- Se ocorrer fecundação: oócito II conclui a segunda divisão da meiose,
originando duas células diferentes.

Nota:
A segunda divisão meiótica termina na fecundação, mas inicia-se na puberdade.

Espermatogénese
Processo de formação de espermatozoides maduros. Inicia-se na puberdade e
ocorre, de modo continuo, durante o resto da vida do homem.

Inicia-se na puberdade ao mesmo tempo que os caracteres sexuais secundários


masculinos surgem e se acentuam. É um processo contínuo ao longo da vida do
homem e é constituída por 4 fases: Fase da multiplicação, Fase do crescimento,
Fase da maturação e de diferenciação.

As espermatogónias transformam-se em espermatozoides, ao ritmo de milhões


por dia. Este processo compreende quatro fases sucessivas: multiplicação,
crescimento, maturação e diferenciação.
A partir da puberdade e até ao final da vida formam-se através de mitoses nos
testículos células diploides da linha germinativa, as espermatogónias, junto da
parede externa dos túbulos seminíferos. As espermatogónias irão transformar-se
em espermatozoides em cerca de 64 dias e irá haver produção diária de milhões
de espermatozoides.

Ocorre nos tubos seminíferos dos testículos, de forma centrípeta (da periferia
para o lúmen).

É dividida em 4 fases:
1. Multiplicação
2. Crescimento
3. Maturação
4. Diferenciação

Multiplicação
As espermatogónias (células germinativas que irão dar origem aos
espermatozoides; células mãe) estão localizadas na periferia dos tubos
seminíferos. Desde a puberdade, estas células entram em proliferação
constante, dividindo-se, por mitoses sucessivas.

Crescimento
As espermatogónias aumentam de volume, devido à síntese e acumulação de
substâncias de reserva, originando os espermatócitos I/ espermatócitos de 1a
ordem- células diploides.
Maturação
Cada espermatócito I divide-se, por meiose. Da 1a divisão meiótica, resultam 2
espermatócitos II/ de 2ª ordem. Seguidamente, os espermatócitos II sofrem a
2ª fase da divisão meiótica, originando-se, assim, 4 espermatídeos (com 1
cromossoma com apenas 1 cromatídeo) - células haploides.
Diferenciação
Os espermatídeos transformam-se em espermatozoides. Estas transformações
incluem:
- Perda da maior parte do citoplasma/ volume endoplasmático;
- Reorganização dos organelos citoplasmáticos (agrupamento das mitocôndrias);
- Diferenciação de um flagelo, a partir dos centríolos;
- Produção do acrossoma, a partir do complexo de Golgi.

Oógenese vs Espermatogénese
Espermatozoides
Células altamente diferenciadas e adaptadas à sua função, mover-se até a um
gâmeta feminino e fecundá-lo. É constituído por:
1. Cabeça
2. Segmento intermediário;
3. Cauda

Cabeça
Forma oval, quase toda ocupada por um núcleo haploide e termina numa
estrutura denominada de acrossoma.

Acrossoma: resulta da fusão de vesículas do aparelho de Golgi e contém enzima


hidrolíticas que permitem aos espermatozoides penetrar no gâmeta feminino, o
oócito II.

Segmento Intermediário
Contém mitocôndrias que fornecem energia, sob a forma de ATP, para o
movimento do flagelo.

Cauda
Flagelo que produz o movimento necessário à deslocação do espermatozoide.
Fecundação
A fecundação, no Homem, é interna e ocorre nas trompas de Falópio. Para que
ocorra fecundação é necessário:

- Haver produção de gâmetas;


- Haver um comportamento sexual que permita o encontro de 1 gâmeta
masculino com um gâmeta feminino.

A relação sexual permite que o esperma seja depositado no trato genital


feminino.

Durante a ejaculação, o homem liberta sémen contendo milhões de


espermatozoides, que nadam ao longo do trato feminino, porém, apenas 1
destes fecunda o óvulo.

O oócito II encontra-se envolvido pela zona pelúcida formada por proteínas e


glícidos. Em torno desta camada existem células foliculares.
Para que o espermatozoide fertilize o gâmeta feminino tem que ultrapassar estas
camadas, ocorrendo a reação acrossómica.

Reação acrossómica: verifica-se a libertação, por exocitose, de enzimas


acrossómicas, que digerem a zona pelúcida, permitindo a fusão da membrana do
espermatozoide com a membrana do oócito II.

Assim, a cabeça do espermatozoide e a peça intermédia penetram no citoplasma


do gâmeta feminino. Contudo, as mitocôndrias do espermatozoide são
destruídas, razão pela qual a descendência apenas herda mitocôndrias de origem
materna. - Fagocitose (digestão intracelular).

A penetração do espermatozoide no oócito II leva-o a completar a 2ª divisão


meiótica, formando-se o óvulo (e o 2º glóbulo polar, que caba por degenerar).

As membranas dos gâmetas fundem-se, permitindo que o conteúdo do


espermatozoide penetre no óvulo.

Após a penetração de 1 espermatozoide, é importante impedir a entrada de


outros- Polispermia- levaria à formação de um conjunto cromossómico
triploide, tornando inviável o desenvolvimento do ovo.

Para tal, após a entrada do espermatozoide, a zona pelúcida sofre modificações,


dando-se a libertação de grânulos corticais presentes em vesículas do citoplasma
do oócito, para a região adjacente à zona pelúcida, formando uma camada
impermeável aos outros espermatozoides.
Após a fecundação:
- O núcleo do óvulo aumenta de volume, originando o pró-núcleo feminino;
- O espermatozoide perde o flagelo e o segmento intermediário;
- O núcleo do espermatozoide aumenta de volume, originando o pró-núcleo
masculino.

Os 2 pró-núcleos (haploides) aproximam-se um do outro e fundem as suas


membranas, ocorrendo a mistura dos cromossomas de origem materna e
paterna. - Cariogamia.

Nota:
Dois gâmetas haploides, com 23 cromossomas, unem-se para dar origem a um
ovo diploide, com 46 cromossomas – Reposição da diploidia.

Controlo hormonal
A reprodução está associada a estímulos sensoriais, estando dependente da ação
do sistema nervoso.

A sua regulação é efetuada através da interação de um conjunto de hormonas,


distintas no homem e na mulher. As hormonas envolvidas na regulação da
reprodução são segregadas:
- Nas gónadas;
- A nível encefálico;
- Na hipófise;
- No hipotálamo.

Complexo hipotálamo-hipófise
Hipófise/pituitária- glândula endócrina situada na base do encéfalo, na sela
turca, constituída por 2 lobos:
- Lobo anterior- natureza glandular;
- Lobo posterior- natureza nervosa.

Hipotálamo- órgão intimamente relacionado com a hipófise:


- Fisicamente- encontra-se ligado a um pedúnculo ao lobo posterior da hipófise;
- Fisiologicamente- produz hormonas hipotalâmicas que estimulam a hipófise.

Hipófise +Hipotálamo = complexo hipotálamo-hipófise.

Controlo hormonal na mulher


A regulação hormonal na mulher é muito diferente e mais complexa que a do
homem. Na mulher, o desenvolvimento embrionário dos órgãos sexuais
primários é estimulado pelos estrogénios. Já na puberdade os estrogénios são
responsáveis pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, tais
como o desenvolvimento e manutenção das glândulas mamárias, crescimento
geral e regulação do ciclo sexual. O sistema reprodutor feminino funciona pelo
sincronismo de dois ciclos: o ciclo ovárico e o ciclo uterino (ou ciclo
menstrual) (fig.2). Ao contrário da espermatogénese, a oogénese e fenómenos
associados ocorrem em ciclos periódicos de cerca de 28 dias, desde a puberdade
à menopausa.

1) Ciclo ovárico
O ciclo ovárico de maturação de um folículo (fig. 3), ocorre em duas fases
distintas separadas pela ovulação, a fase folicular e a fase luteínica, influenciado
pelas hormonas hipofisárias FSH e LH. Na fase folicular, alguns folículos
primordiais (cerca de 15-20) desenvolvem-se, mas normalmente apenas um
atinge a maturação enquanto os restantes degeneram. Após a ovulação, a fase
luteínica inicia-se com a formação do corpo lúteo, que regride na ausência
de fecundação.
2) Ciclo uterino
O ciclo uterino (ou menstrual), como o próprio nome o indica, está relacionado
com modificações do endométrio no útero. Induzidas pelas hormonas ováricas,
as modificações do endométrio, subdividem-se em três fases: fase menstrual,
fase proliferativa e fase secretora. Caso não ocorra fecundação no ciclo anterior,
na fase menstrual, o corpo lúteo atrofia, inibindo a produção de progesterona e
estrogénio, o que provocará a desagregação da maior parte da camada funcional
do endométrio, com ocorrência de hemorragias. Estas hemorragias em conjunto
com os restos da mucosa, designados por menstruação, formam um fluxo que
dura cerca de 5 dias. Na fase proliferativa, entre o 5º e o 14º dias ocorre uma
proliferação das células do endométrio. A mucosa regenera e vasculariza-se até
atingir cerca de 6 mm de espessura. Esta fase ocorre em simultâneo com a fase
folicular do ciclo ovárico. Após a ovulação, e terminada a fase proliferativa
segue-se a fase secretora que ocorre em simultâneo com a fase luteínica do ciclo
ovárico. Nesta fase o endométrio, altamente vascularizado, atinge a sua máxima
espessura (cerca de 8 mm) e desenvolve glândulas que segregam um muco rico
em glicogénio.

A regulação hormonal dos dois ciclos ocorre de forma a que o crescimento do


folículo e a ovulação estejam sincronizados com a preparação do endométrio
para a potencial implantação de um embrião em caso de fecundação do óvulo,
utilizando os mecanismos de retroação negativa e positiva, que envolvem as
hormonas hipotalâmicas (RH ou GnRH), hipofisárias (LH e FSH) e ováricas
(estrogénios e progesterona). Para simplificar a sua compreensão, podemos
dividir o ciclo sexual em 3 fases: fase pré-ovulatória, fase ovulatória e fase pós-
ovulatória.

Fase pré-ovulatória: em cada ciclo sexual que se inicia, o hipotálamo segrega


a hormona GnRH, que vai induzir a produção, na hipófise, de pequenas
quantidades das hormonas LH e FSH. As células dos folículos primordiais
imaturos com recetores ativos para a FSH, mas não para a LH, são estimulados
e crescem libertando estrogénio. O aumento dos níveis de estrogénio no sangue
inibe a libertação de GnRH (ao nível do hipotálamo), que, por sua vez, inibe a
produção das hormonas hipofisárias, por um mecanismo de feedback negativo. A
maturação dos folículos em desenvolvimento, acelerada pela FSH durante a fase
folicular, provoca um grande aumento na quantidade de estrogénio devido ao
aumento das células foliculares. O efeito do estrogénio depende da sua
concentração: em pequena quantidade inibe a secreção de gonadotropinas (LH e
FSH) (retroação negativa), ao passo que em grandes quantidades estimula a sua
secreção, via ação hipotalâmica com produção de GnRH (retroação positiva)
(fig.4).

Fase ovulatória: os folículos possuem, agora, recetores para a hormona LH. O


pico de concentração de LH, causado pela elevada concentração de estrogénio,
promove a ovulação e a libertação do oócito II como consequência do
rompimento do folículo ovárico.

Fase pós-ovulatória: as células foliculares que restam no ovário pós-ovulação,


na presença da LH, transformam-se no corpo lúteo (ou amarelo). O corpo lúteo,
durante a fase luteínica do ciclo ovárico, segrega estrogénio e progesterona, que
exercem uma retroação negativa no complexo hipotálamo-hipófise, inibindo a
produção de GnRH, FSH e LH. Na ausência de fecundação, o corpo lúteo acaba
por se desintegrar, ficando uma pequena cicatriz na parede do ovário. O
atrofiamento do corpo lúteo provoca uma abrupta redução dos níveis das
hormonas ováricas, que anula o efeito inibidor sobre o complexo hipotálamo-
hipófise. Esta queda abrupta dos níveis hormonais causa a desagregação do
endométrio – fase menstrual. Anulada a inibição a hipófise reinicia a segregação
de FSH em quantidade suficiente para estimular o crescimento de novos folículos
no ovário, dando início à fase folicular de um novo ciclo ovárico.

O colo do útero possui glândulas secretoras de muco cervical, substância alcalina


que protege a entrada do útero contra corpos estranhos. No início da
foliculogénese (evolução dos folículos), o muco cervical é espesso e dificilmente
penetrável pelos espermatozoides. Na fase final, com o aumento da
concentração de estrogénios o muco cervical fica mais fluído, facilitando a
passagem dos espermatozoides e da fecundação. Quando o funcionamento
cíclico dos ovários e do útero para por esgotamento dos folículos ováricos
(menopausa), para também a produção das hormonas ováricas (progesterona e
estrogénio).
Mecanismo de retroalimentação negativa
Os ciclos ováricos e uterinos são coordenados por hormonas. O ciclo uterino
depende diretamente das hormonas do ovário e o ciclo ovárico depende das
hormonas da hipófise. Estes são mecanismos complexos, com um mecanismo de
retroalimentação negativa.

Só há um caso de retroalimentação positiva que provoca a ovulação. Quando a


concentração de estrogénio atinge o seu valor máximo, a hipófise liberta grande
quantidade de FSH e LH que desencadeiam a ovulação.
Depois do rebentamento do folículo, a produção de estrogénio baixa um pouco e
começa a produzir-se progesterona. Esta nova situação hormonal faz
retroalimentação negativa sobre a hipófise que logo baixa: produção de LH e
FSH.

O funcionamento regular e cíclico do ovário é complexo e também depende da


ação do hipotálamo que se situa na base cérebro. Por isto algumas situações que
afetem o sistema nervoso da mulher (ex. ansiedade e stresse excessivos)
podem afetar os ciclos ováricos. Doenças ou medicamentos também poem
desregular os ciclos ováricos. A desnutrição também prejudica a fertilidade da
mulher.

O aparecimento periódico da menstruação é um sinal externo do funcionamento


do sistema reprodutor, bem como do estado geral de saúde da mulher.

A falta de menstruação numa mulher sexualmente ativa pode indicar que existe
uma gravidez em curso. Outras alterações na regularidade da menstruação, ou
no tipo de hemorragia que esta origina, devem ser motivo para consultar os
serviços de saúde para avaliar se existe algum problema de saúde.

Controlo hormonal no homem


O funcionamento dos testículos, que assegura a produção de espermatozoides
na parede dos túbulos seminíferos e a secreção da hormona sexual masculina
(testosterona) nas células de Leydig, resulta da existência de um mecanismo de
regulação em que intervém o complexo hipotálamo-hipófise:

- O hipotálamo produz GRH (gonadotropic releasing hormone);


- GRRH, transportada pelo sangue, estimula a produção e a libertação de
gonadoestimulinas FSH e LH pela hipófise anterior;
- LH atua sobre as células de Leydig, estimulando a produção de testosterona;
- FSH ativa indiretamente a espermatogénese, estimulando as células de Sertoli,
que atuam como intermediárias entre a testosterona e as células da linha
germinativa;
- A secreção de GnRH e de gonadoestimulinas é controlada pela taxa sanguínea
de testosterona, por retroação negativa o retroalimentação negativa ou feedback
negativo.
Nota:
As principais hormonas gonadotrópicas são a foliculoestimulina (FSH) e
luteoestimulina ou hormona luteinizante (LH). São estas hormonas, segregadas
pela hipófise, que regulam o funcionamento testicular quer a nível da
espermatogénese quer da produção de testosterona.

É a partir da puberdade que o hipotálamo produz hormonas designadas


hormonas de libertação (RH ou GRH), que estimulam o lobo anterior da hipófise
a produzir FSHe LH.

A presença de testosterona é necessária para o desenvolvimento dos caracteres


sexuais secundários, sendo que tem uma ação inibidora sobre o complexo
hipotálamo-hipófise.

As lesões hipotalâmicas impedem a produção de GnRH. A ausência desta


hormona impossibilita a libertação de hormonas hipofisárias (FSH e LH), as quais
são necessárias LH para estimular o normal desenvolvimento dos testículos. /
FSH estimula a espermatogénese, enquanto que a LH estimula a produção de
testosterona, necessária para o desenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários (e para a espermatogénese).

Nota:
A remoção dos testículos num individuo adulto conduz a um aumento da
concentração de LH e FSH a corrente sanguínea.

Mecanismo de retroalimentação negativa


Quando o nível de testosterona no sangue é baixo, o hipotálamo estimula a
hipófise que produz as hormonas FSH e LH. Estas hormonas estimulam o
testículo a produzir a hormona testosterona.

Quando o nível de testosterona no sangue é alto inibe o hipotálamo e a hipófise,


o que baixa a produção de FSH e LH. O testículo não é estimulado, por isso
reduz a produção de testosterona.

Esquematizando,

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