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Morfofisiologia do sistema

reprodutor masculino
O sistema reprodutor masculino é constituído por:

Órgãos externos: pénis e escoto;


Órgãos internos: gónadas (testículos), glândulas anexas (próstata, vesículas
seminais e glândulas de Cowper ou glândulas bulbouretrais) e vias genitais
(epidídimos, canais deferentes e uretra).

O pénis é o órgão copulador que permite depositar o esperma no sistema


reprodutor feminino. É constituído por tecido eréctil e possui uma extensa rede de
nervos e vasos sanguíneos. Quando ocorre a estimulação sexual, o sistema
nervoso envia sinais para os vasos sanguíneos que transportam o sangue para o
interior do pénis. Estes dilatam-se, aumentando o fluxo sanguíneo. As cavidades
do corpo esponjo e dos corpos cavernosos do pénis expandem-se e enchem-se de
sangue, permitindo a ereção do pénis. O pénis está coberto por um tecido epitelial
que se apresenta mais fino e sensível na extremidade, glande. A glande do pénis
humano encontra-se revestida por uma pele, o prepúcio.

O escroto é uma porção de pele em forma de bolsa, que contém os testículos


e os epidídimos. É constituído por tecido muscular, o que permite a sua contração
e dilatação, de modo a garantir a manutenção, nos testículos, de uma temperatura
inferior à temperatura corporal (cerca de 35°C), essencial para a formação de
espermatozoides (quando a temperatura dos testículos é superior à temperatura
ideal, o escroto relaxa, de modo a afastar os testículos do corpo e,
consequentemente, diminuir a sua temperatura; quando, por outro lado, a
temperatura dos testículos é inferior à temperatura ideal, o escoto contrai, de
modo a aproximar os testículos do corpo e, consequentemente aumentar a sua
temperatura).

Nos animais, o par de gónadas do sistema reprodutor masculino são os


testículos. Estes são responsáveis pela formação dos gâmetas masculinos, os
espermatozoides e da hormona sexual testosterona.

As vesículas seminais são o par de glândulas responsáveis pela produção do


líquido seminal e situam-se uma de cada lado da bexiga, numa posição posterior
e inferior a ela. Este líquido constitui cerca de 65% a 75% do esperma ejaculado e
contém proteínas e outros compostos, que lhe conferem uma consistência
espessa, frutose (fonte energética dos espermatozoides), ácido ascórbico e citrato,
que contribuem para a nutrição dos espermatozoides, prostaglandinas, que
estimulam as contrações rítmicas no sistema reprodutor feminino (contrações
uterinas), auxiliando a deslocação dos espermatozoides no sistema reprodutor
feminino e cálcio, que permite a ativação da mobilidade dos espermatozoides e a
libertação de enzimas do acrossoma dos espermatozoides durante a fecundação.

A próstata rodeia a uretra e segrega o líquido prostático, que constitui cerca


de 25% a 30% do esperma ejaculado. Este líquido é pouco espesso, de aspeto
leitoso e contém ácido cítrico, que contribui para a nutrição dos espermatozoides,
enzimas, que permitem o aumento da coagulação do esperma numa fase inicial,
convertendo-o numa massa gelatinosa e sua posterior liquefação e cálcio, que
possibilita o aumento da mobilidade dos espermatozoides. O líquido prostático
apresenta um pH próximo de 6,5, sendo mais básico do que as secreções vaginais.
Apresenta substâncias-tampão que contribuem para a neutralização da acidez da
uretra. A próstata contém válvulas que se abrem durante a ejaculação, permitindo
que o esperma seja impulsionado para a uretra. Possui um esfíncter que, aquando
da ejaculação, contrai, bloqueando a saída de urina da bexiga e evitando, assim, a
sua mistura com o esperma.

As glândulas de Cowper, também denominadas glândulas bulbouretrais são


um par de glândulas, situadas uma de cada lado da uretra, que produzem um
volume muito pequeno de uma secreção mucosa e alcalina, antes da ejaculação,
que neutraliza o pH da uretra, devida à urina, e lubrifica a extremidade do pénis
(glande).

Os epidídimos são o par de ductos, onde os espermatozoides são


armazenados e sofrem maturação.

Os canais deferentes ou vasos deferentes são o par de ductos que


transportam os espermatozoides dos epidídimos para a uretra.

A uretra atravessa longitudinalmente o pénis, sendo o ducto responsável pelo


transporte dos espermatozoides na ejaculação. Nos homens, a uretra também
pertence ao sistema urinário.

Espermatogénese
Cada homem possui dois testículos. Estes encontram-se divididos
internamente em compartimentos designados lóbulos testiculares. Cada lóbulo
testicular apresenta um a quatro túbulos seminíferos, que se encontram
densamente enrolados, compactados e muito irrigados, convergindo para os
epidídimos. A organização testicular permite aumentar significativamente a área
de produção de espermatozoides.

No interior dos túbulos seminíferos estão presentes células da linha


germinativa, em diferentes fases de espermatogénese e células de Sertoli. Nos
espaços intersticiais entre os túbulos seminíferos existem células de Leydig, linfa,
vasos sanguíneos, fibras nevosas e tecido conjuntivo (que oferece proteção e
elasticidade).

A espermatogénese, processo de formação de espermatozoides (gâmetas


masculinos) inicia-se e desenvolve-se nos túbulos seminíferos. Este apresentam
uma camada de tecido fibroso que filtra o fluido segregado pelas células de Sertoli
e que estimula o desenvolvimento dos espermatozoides, ou seja, a
espermatogénese.

A espermatogénese ocorre de forma contínua desde a puberdade, e vai


diminuindo com o envelhecimento. Compreende quatro fases, que se estendem
ao longo de aproximadamente 74 dias: multiplicação, crescimento, maturação e
espermiogénese.

A partir da puberdade, as espermatogónias, células diploides com 46


cromossomas que se encontram na periferia dos túbulos seminíferos começam a
dividir-se por mitoses sucessivas – fase de multiplicação. Na fase de
crescimento, as espermatogónias aumentam de volume celular, devido ao
aumento da produção de substâncias de reserva e dão origem aos espermatócitos
primários, células diploides com 46 cromossomas. Cada espermatócito primário
sofre a divisão I da meiose (divisão reducional), originando dois espermatócitos
secundários (células haploides, com 23 cromossomas, possuindo dois
cromatídeos cada). De seguida, cada espermatócito secundário sofre a divisão II
da meiose, formando dois espermatídios (células haploides, com 23
cromossomas, mas apenas com um cromatídeo). Assim, na fase de maturação, a
partir de cada espermatócito primário formam-se quatro espermatídios
geneticamente diferentes, uma vez que ocorreram os processos de recombinação
genética (o crossing-over, na prófase I, no qual ocorre a troca de porções de genes
alelos entre os cromossomas homólogos e a disposição aleatória dos
cromossomas homólogos na placa equatorial, na metáfase II). De seguida, os
espermatídios deslocam-se para o lúmen dos túbulos seminíferos, onde sofrem
um processo de diferenciação denominado espermiogénese.
Na espermiogénese, os espermatídios sofrem um conjunto de alterações
citológicas essenciais para que ocorra a fecundação, uma vez que facilitam a
deslocação dos espermatozoides no sistema reprodutor feminino. No final da
espermiogénese formam-se espermatozoides constituídos por uma cabeça, uma
peça intermédia e um flagelo. O núcleo, que se encontra na cabeça dos
espermatozoides, torna-se mais compacto e é coberto por um acrossoma. O
acrossoma resulta da fusão de vesículas do complexo de Golgi e possuem
enzimas, que digerem a zona pelúcida do oócito II, permitindo a entrada do
espermatozoide. Na peça intermédia, concentram-se as mitocôndrias,
responsáveis pela produção de energia (ATP), que é essencial para os batimentos
do flagelo, associados à locomoção dos espermatozoides, no sistema reprodutor
feminino, por impulsão. O flagelo é constituído por microtúbulos proteico, com
origem nos centríolos que migram para o lado oposto ao do acrossoma na célula.

Nos túbulos seminíferos, associadas às células germinativas, encontram-se


células de Sertoli, responsáveis pela secreção da maioria do líquido presente
nestes ductos. Este líquido é muito rico em hormonas masculinas, bem como em
nutrientes e em certos iões, que estimulam o desenvolvimento dos
espermatozoides e os nutrem. As células de Sertoli atuam como uma barreira
protetora a qualquer substância tóxica que possa circular no sangue. O fluido
produzido pelas células de Sertoli também auxilia a condução dos
espermatozoides desde os túbulos seminíferos até aos epidídimos. As células de
Leydig, que surgem entre os túbulos seminíferos são responsáveis pela produção
de testosterona.

A contínua produção de fluidos nos túbulos seminíferos gera um gradiente de


pressão, que encaminha os espermatozoides para os ductos dos epidídimos,
densamente enrolados. Os epidídimos fazem a ligação entre cada um dos
testículos e o respetivo canal deferente. Quando os espermatozoides chegam aos
epidídimos ainda se encontram imaturos e incapazes de fecundar um oócito II,
principalmente porque apresentam uma reduzida mobilidade. Nos epidídimos
ocorre a maturação final dos espermatozoides, processo que demora cerca de
uma a duas semanas. Nestes órgãos são segregadas proteínas, que aumentam a
mobilidade dos espermatozoides. Estes também adquirem uma zona de
reconhecimento e ligação ao oócito II. No final, os espermatozoides são mais
resistentes às variações de temperatura e pH. Este facto é de extrema
importância, pois as secreções vaginais são ácidas, o que pode dificultar a
locomoção dos espermatozoides.
Quando ocorre uma estimulação sexual, os músculos em redor dos epidídimos
contraem, possibilitando o transporte dos espermatozoides dos epidídimos para
os canais deferentes. Estes são dois ductos que saem dos epidídimos em direção à
cavidade abdominal, circundam a bexiga e libertam o seu conteúdo (o esperma)
na uretra. Além dos espermatozoides, o esperma contém secreções originárias
das glândulas anexas às vias genitais.

Controlo hormonal masculino


Nos seres humanos, o hipotálamo e a hipófise constituem uma entidade
indissociável, o complexo hipotálamo-hipófise, que controla o funcionamento
das gónadas. No início da puberdade, o hipotálamo passa a produzir de forma
constante a hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), responsável por
estimular a hipófise anterior a produzir as hormonas LH e FSH. A hormona
luteinizante (LH) estimula as células de Leydig a produzirem testosterona,
responsável pela estimulação da espermatogénese e do desenvolvimento e
manutenção dos caracteres sexuais secundários. A hormona foliculoestimulante
(FSH), juntamente com a testosterona, estimula a atividade das células de Sertoli
que, por sua vez, estimulam a espermatogénese.

O complexo hipotálamo-hipófise também é controlado pelos testículos, por


um mecanismo de retroalimentação hormonal, de forma a regular eficazmente as
concentrações das hormonas e a manter o equilíbrio interno.

Quando a concentração da testosterona, na corrente sanguínea, atinge valores


elevados, a síntese das hormonas GnRH, FSH e LH é inibida, ou seja, a GnRH deixa
de estimular a atividade da hipófise, o que leva a uma diminuição significativa da
produção de LH e FSH. Ocorre uma retroalimentação negativa. Esta tem como
consequência, a diminuição da estimulação dos testículos e a redução dos níveis
de testosterona. Quando os níveis de testosterona baixam verifica-se um aumento
da produção de GnRH, FSH e LH, pois o reduzido teor de testosterona deixa de
inibir a sua síntese. Os níveis de GnRH, FSH e LH retomam os valores normais,
estimulando novamente a atividade dos testículos, com o restabelecimento dos
níveis de testosterona. Este controlo hormonal ocorre de forma cíclica, de modo a
regular e a estabilizar a função testicular. Além da testosterona, os testículos
também produzem a inibina, hormona segregada pelas células de Sertoli. Esta
também apresenta um efeito de retroalimentação negativa na produção de FSH.
Morfofisiologia do sistema
reprodutor feminino
As principais funções do sistema reprodutor feminino são:

produzir gâmetas (oócitos II) e transportá-los para o local de fecundação


(trompas de Falópio);
produzir hormonas sexuais;
receber o esperma, permitindo a posterior fecundação;
assegurar a gestação.

Tal como o sistema reprodutor masculino, o sistema reprodutor feminino é


constituído por um conjunto de órgãos externos e órgãos internos.

A genitália feminina externa, denominada vulva, é constituída por:

Grandes lábios - duas pregas de tecido, que envolvem e protegem os


restantes órgãos da genitália feminina externa, isto é, protegem a vagina do
exterior;
Pequenos lábios - duas pregas de tecido situadas mais internamente do que
os grandes lábios, protegendo a abertura da vagina;
Clítoris - órgão anatomicamente homólogo ao pénis, constituído por tecido
eréctil, e que funciona como foco sensorial na resposta sexual, pois
apresente uma elevada densidade de terminações nervosas, que lhe conferem
uma grande sensibilidade ao toque, à pressão e à temperatura. Constitui o
órgão de estimulação/excitação sexual, que oferece prazer durante o ato
sexual.

O sistema reprodutor feminino inclui os restantes órgãos internos:

Ovários - são dois órgãos ovais, situadas na cavidade pélvica, com


aproximadamente 5 cm de comprimento, e pesando cerca de 15 gramas cada.
Apresentam a mesma origem embrionária do que os testículos, pois tal como
estes órgãos são gónadas. Nas gónadas, localizam-se as células germinativas,
as únicas células do corpo que podem sofrer meiose, isto é, dar origem a
células sexuais (gâmetas). Deste modo, os ovários são o par de gónadas
responsáveis pela produção dos gâmetas femininos (oócitos II) e das
hormonas sexuais (estrogénios e progesterona). Os ovários funcionam como
glândulas, uma vez que produzem hormonas- Apresentam a zona medular,
localizada internamente, muito vascularizada e com terminações nervosas e a
zona cortical, situadas nas regiões externas (periféricas), com numerosos
folículos ováricos em desenvolvimento
Trompas de Falópio ou ovidutos - são estruturas tubulares com cerca de 12
cm de comprimento, ligadas ao útero. Este par de tubos contacta com os
ovários através de fímbrias, estruturas delicadas, localizadas na extremidade
das trompas, semelhantes a pequenos dedos, que os circundam. Constituem o
local de fecundação, sendo responsáveis pelo transporte dos gâmetas
femininos até este e do zigoto e da mórula até ao útero.
Útero - é um órgão oco, com forma de pera, localizado na parte inferior do
abdómen e com a capacidade de assegurar uma gravidez, ou seja, é o local
onde ocorre a gestação. A sua parede interna é formada por duas camadas: o
endométrio (camada interna do útero), camada mucosa e granular, cuja
espessura varia ao longo do ciclo uterino e pelo miométrio (camada média),
camada muscular e espessa, capaz de aumentar significativamente de volume,
na gravidez, ou de contrair, durante o parto. A estreita passagem na
extremidade inferior do útero denomina-se canal cervical e a parte do útero
que contacta com a vagina denomina-se colo do útero (ou cérvix).
Vagina - é um órgão tubular musculoso, capaz de contrair e de relaxar, e que
se estende desde o orifício vaginal até ao colo do útero. Acomoda o pénis
durante a atividade sexual e permite a expulsão do feto, no parto. Com a
estimulação sexual, a parede interna da vagina segrega um fluido que atua
como lubrificante, impedindo lesões e infeções. A abertura da vagina é
parcialmente coberta pelo hímen, uma membrana que pode ser rompida por
atividade física ou aquando do início da atividade sexual. Algumas mulheres
podem até nascer sem hímen ou este pode ser bastante reduzido.

Nas mulheres e ao contrário do que acontece nos homens, o sistema reprodutor


está anatomicamente separado do sistema urinário.

Oogénese
A oogénese, processo de formação dos gâmetas femininos está intimamente
associada ao desenvolvimento dos folículos ováricos, unidade funcional dos
ovários. Estes são constituídos por células somáticas, as células da teca e da
granulosa, com função hormonal, importante para o crescimento do oócito e para
a ovulação. A oogénese compreende três fases: multiplicação, crescimento e
maturação.

Multiplicação

A primeira fase da oogénese ocorre entre o segundo e o terceiro mês do


desenvolvimento embrionário. Nesta fase, as células germinativas migram para os
ovários e dividem-se por mitoses sucessivas, produzindo as oogónias (células
diploides, ou seja, com pares de cromossomas-homólogos).

Crescimento

Na fase seguinte, fase de crescimento, as oogónias aumentam de tamanho,


devido à síntese e acumulação de substâncias de reserva, transformando-se em
oócitos I (células diploides). Ainda durante o desenvolvimento embrionário, os
oócitos I iniciam a divisão I da meiose (divisão reducional), ficando esta bloqueada,
até à puberdade, em prófase I. Estas células são rodeadas por uma camada de
células foliculares, constituindo os folículos primordiais. À nascença existem
cerca de dois milhões de oócitos I, porém muitos acabam por degenerar, ao longo
do tempo, ficando, assim, impedidos de completarem o seu desenvolvimento.

Os folículos primordiais, que contêm os oócitos I bloqueados em prófase I,


permanecem inativos até à puberdade, altura em que ocorre o reinício da
oogénese.

Maturação

A partir da puberdade e até à menopausa, desenvolve-se o ciclo ovárico, em


que, ciclicamente, seis a doze oócitos I prosseguem para a fase de maturação. De
um modo geral salvo raras exceções, apenas um destes oócitos I, ou seja, apenas
um destes folículos primordiais conclui a maturação, uma vez que os restantes
degeneram.

Na fase de maturação, o oócito I aumenta de volume e as células foliculares


que o rodeiam proliferam, formando uma camada contínua de células cuboides à
sua volta, denominada granulosa. O folículo primordial transforma-se, assim,
num folículo primário. As células da granulosa, que constituem o folículo
primário, produzem estrogénios.

A contínua proliferação das células foliculares, leva ao aumento da espessura


da parede do folículo, uma vez que a camada granulosa aumenta e forma-se uma
nova camada de células, a teca. Este folículo é denominado secundário. Na
granulosa, forma-se uma cavidade onde se acumula um fluido rico em
estrogénios, hormonas produzidas pelas células da granulosa e da teca. No
folículo secundário, também se forma uma zona pelúcida entre o oócito I e a
granulosa, que previne a entrada de iões, fármacos e drogas, que poderiam
destruir o folículo.

O folículo de Graaf corresponde à fase mais madura e cresce de forma mais


rápida. As cavidades da granulosa, preenchidas com o fluido folicular, rico em
estrogénios, aumentam de tamanho, originando uma única cavidade. O oócito I
conclui a primeira divisão meiótica, originando o oócito II e o glóbulo polar I,
ambos haploides, mas com tamanhos diferentes. Como o oócito II recebe mais
substâncias de reserva do que o glóbulo polar I, este acaba por degenerar. De
seguida, o oócito II inicia a divisão II da meiose (divisão equacional), ficando esta
bloqueada em metáfase II.

O oócito II rompe o folículo de Graaf, libertando-se para as trompas de Falópio


(ovulação).

Conclui-se, assim, a oogénese, mas não o desenvolvimento folicular, uma vez


que as células foliculares que permaneceram nos ovários originam o corpo lúteo
ou corpo amarelo, que segrega estrogénios e progesterona. Se o oócito II não for
fecundado, o corpo amarelo degenera.

Caso seja fecundado, o oócito II termina a segunda divisão meiótica,


originando duas células haploides: o oócito II já fecundado e o glóbulo polar II.
Este, como apresenta dimensões muito reduzidas, acaba por degenerar. O núcleo
do oócito II já fecundado e o do espermatozoide fundem-se (cariogamia),
formando o zigoto e finalizando, assim, a fecundação. Como o citoplasma do
oócito II é rico em substâncias nutritivas, este acaba por assegurar as
necessidades energéticas e nutritivas das primeiras divisões celulares.

Ciclo ovárico
O ciclo ovárico é regulado pelas hormonas FSH e LH, produzidas pela hipófise
anterior e dura, em média, 28 dias, durante o qual ocorrem as seguintes fases:
fase folicular, ovulação e fase luteínica.

Fase folicular

Durante a fase folicular, que apresenta geralmente um período de 14 dias,


seis a doze folículos primordiais iniciam um processo de crescimento e
desenvolvimento. Contudo salvo raras exceções, apenas um folículo completa o
seu desenvolvimento, pois os restantes degeneram – atresia folicular. Durante o
desenvolvimento, as células somáticas que constituem os folículos (as células da
teca e da granulosa) produzem estrogénios.

Ovulação

Na ovulação, o oócito II rompe a parede do folículo de Graaf (folículo maduro)


e segrega enzimas proteolíticas que rompem a parede do ovário, permitindo que
o oócito II se liberte para as trompas de Falópio, o que ocorre 14 dias após o início
do desenvolvimento do folículo, ou seja ao 14.º dia. Caso não haja fecundação, o
oócito II degenera.

Fase luteínica

A fase luteínica (ou fase do corpo amarelo) ocorre após a ovulação. As células
foliculares que permanecem no folículo, continuam a proliferar, formando uma
massa de tecido endócrino, o corpo lúteo (ou corpo amarelo). Este permanece 14
dias no ovário, produzindo estrogénios e progesterona. Se o oócito II não for
fecundado, o corpo amarelo regride.

Ciclo uterino
O ciclo uterino, também denominado, ciclo menstrual, consiste no
desenvolvimento e na renovação parcial do endométrio. Tem uma duração média
de 28 dias, sendo contado a partir do primeiro dia de menstruação e compreende
as seguintes fases: fase menstrual, fase proliferativa e fase secretora. O ciclo
uterino é controlado pelos níveis de estrogénios e de progesterona na corrente
sanguínea, hormonas produzidas nos ovários. De um modo geral, podemos dizer
que os fenómenos que ocorrem nos ovários influenciam diretamente os
fenómenos que ocorrem no útero.

Fase menstrual

O ciclo uterino inicia-se na fase menstrual. Se o oócito II não for fecundado, o


corpo lúteo degenera, deixando de produzir estrogénios e progesterona. Assim, o
endométrio deixa de ser estimulado, ocorrendo hemorragias, devido à contração
e ao rompimento dos vasos sanguíneos e a desagregação da mucosa uterina. A
espessura do endométrio reduz-se a cerca de 1 mm. O fluxo, constituído por
sangue e restos da mucosa uterina é expulso ao longo de aproximadamente 5
dias.

Fase proliferativa

A fase proliferativa ocorre entre o 6.º dia e o 14.º dia do ciclo uterino e termina
com a ovulação, correspondendo à fase folicular do ciclo ovárico. Os estrogénios
sintetizados nos ovários estimulam a proliferação das células do endométrio, a
vascularização e a formação de glândulas. O endométrio atinge espessuras
próximas dos 6 mm.

Fase secretora
A fase secretora ocorre entre o 15.º dia e o 28.º dia do ciclo uterino,
coincidindo com a fase luteínica do ciclo ovárico. Os estrogénios e a progesterona
produzidos pelo corpo lúteo estimulam a vascularização e a espessura máximas
do endométrio (cerca de 8 mm). O endométrio encontra-se preparado para
suportar uma gravidez.

Se ocorrer fecundação, o útero mantém-se na fase secretora. Se não ocorrer


fecundação, reinicia-se o ciclo uterino.

Regulação hormonal feminina


Os ciclos ovárico e uterino são controlados pelas hormonas FSH (hormona
foliculoestimulante) e LH (hormona luteinizante), sendo a síntese destas na
hipófise anterior estimulada pela produção da hormona libertadora de
gonadotrofinas, a GnRH, no hipotálamo.

Até à puberdade, a secreção de FSH e LH é reduzida, pelo que os ovários


permanecem inativos.

Na puberdade, o hipotálamo aumenta a secreção de GnRH, que, por sua vez,


estimula a hipófise anterior a libertar FSH e LH. Estas hormonas estimulam o ciclo
ovárico, originando a produção de estrogénios e progesterona, que promovem o
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários da mulher.

Uns dias antes do início da menstruação, a hipófise aumenta a secreção de


FSH e LH. Em consequência do aumento dos níveis de FSH e LH na corrente
sanguínea, alguns folículos começam a sofrer maturação nos ovários, ocorrendo o
aumento da produção de estrogénios.

O aumento moderado dos níveis de estrogénios na corrente sanguínea,


promove a diminuição da produção de FSH. Deste modo, através de um processo
de retroalimentação negativa (ou retrocontrolo negativo), os estrogénios
controlam a libertação de FSH e LH pela hipófise anterior, durante os primeiros 12
dias do ciclo ovárico.

O contínuo aumento da concentração de estrogénios exerce um controlo por


retroalimentação positiva (ou retrocontrolo positivo) sobre a hipófise anterior,
resultando num aumento acentuado de LH e num ligeiro aumento de FSH. A
elevada concentração de LH estimula a rotura do folículo maduro (folículo de
Graaf) e a libertação do oócito II (ovulação) ao 14º dia do ciclo.

Posteriormente, a LH estimula a transformação das células foliculares em


corpo lúteo (ou corpo amarelo). Este passa a segregar estrogénios e
progesterona, ocorrendo, entre o 15.º dia e o 26.º dia, o aumento dos níveis destas
hormonas sexuais na corrente sanguínea, o que é essencial para a proliferação e
para o enriquecimento do endométrio.

Os estrogénios e a progesterona, por retroalimentação negativa (ou


retrocontrolo negativo), inibem a produção de FSH e LH, impedindo o início de um
novo ciclo. Quando o oócito II não é fecundado, o corpo lúteo degenera por volta
do 26.º dia, o que leva uma redução significativa da concentração de
progesterona e de estrogénios. Esta redução promove a desintegração do
endométrio (menstruação) no final do 28.º dia. Deste modo, o hipotálamo e a
hipófise anterior deixam de ser inibidos, resultando na produção de GnRH, FSH e
LH, que induzem a maturação folicular, iniciando-se, assim, um novo ciclo ovárico.

Por volta dos 50 anos, a mulher atinge o fim da sua fertilidade, entrando
gradualmente na menopausa. Os últimos oócitos I degeneram, não ocorrendo a
sua maturação para oócitos II. Os níveis de progesterona e de estrogénios
diminuem drasticamente, enquanto que as concentrações de GnRH, FSH e LH
aumentam. A menopausa envolve numerosas alterações físicas e emocionais,
devidas principalmente, à diminuição das taxas de estrogénios na corrente
sanguínea. A nível físico, destacam-se o aumento do risco de osteoporose
(caracterizada pela diminuição da massa óssea e consequente deterioração do
osso, aumentando o risco de fratura) e de doenças cardiovasculares. O tratamento
para atenuar os sintomas da menopausa consiste na administração de
estrogénios e progesterona sintéticos.

Fecundação
Após a ovulação, o oócito II é conduzido em direção ao útero, impelido por
contrações musculares e pela vibração dos cílios das células que revestem a
parede interna da trompa de Falópio. Por sua vez, alguns espermatozoides podem
chegar às trompas de Falópio poucos minutos após terem sido depositados na
vagina. Contudo, a maioria dos espermatozoides não alcança as trompas de
Falópio. Muitos apresentam problemas no seu desenvolvimento ou não
conseguem resistir às secreções ácidas produzidas pela vagina e pelo colo do
útero, que acabam por afetar a sua mobilidade e viabilidade.

Geralmente, a fecundação, isto é, a união de um oócito II com um


espermatozoide ocorre numa das trompas de Falópio, na proximidade do ovário,
resultando na formação de um zigoto.

Para que ocorra fecundação, um espermatozoide tem de reconhecer o oócito


II e, em seguida, atravessar a sua zona pelúcida e a sua membrana celular.
O reconhecimento ocorre quando o espermatozoide entra em contacto com a
zona pelúcida situada externamente à membrana do gâmeta feminino. O contacto
do espermatozoide com a zona pelúcida do oócito II induz o gâmeta masculino a
sofrer a reação acrossómica, ou seja, a libertar as enzimas contidas no
acrossoma, que vão digerir a camada pelúcida do oócito II, permitindo, assim, a
sua entrada.

Fecundação

1. Os espermatozoides depositados na vagina deslocam-se até às trompas de


Falópio;
2. Os espermatozoides atravessam as células da camada granulosa do oócito II;
3. Dá-se a reação acrossómica, na qual um espermatozoide liga-se a recetores
membranares presentes na zona pelúcida do oócito II, libertando as enzimas
contidas no acrossoma. Estas enzimas digerem a zona pelúcida do oócito II,
formando um poro;
4. De seguida, a membrana plasmática do espermatozoide liga-se a recetores
presentes na membrana celular do oócito II;
5. A fusão das membranas do gâmeta masculino e do gâmeta feminino, permite
a entrada do espermatozoide;
6. Forma-se a membrana de fecundação, que impede a entrada de mais
espermatozoides. Esta resulta da fusão de vesículas corticais presentes no
citoplasma.

Caso ocorra a entrada de um espermatozoide no oócito II, este é estimulado a


completar a divisão II da meiose, formando duas células haploides: o oócito II já
fecundado e o glóbulo polar II. Este, como apresenta dimensões muito reduzidas
(recebe menos substâncias de reserva), acaba por degenerar.

O invólucro nuclear do oócito II desintegra-se em aproximadamente 12 horas,


permitindo a fusão dos 23 cromossomas do gâmeta feminino (oócito II) com os 23
cromossomas do gâmetas masculino (espermatozoide) - cariogamia. Forma-se o
zigoto, célula diploide com 46 cromossomas (23 pares de cromossomas-
homólogos).

De modo a evitar a fecundação do oócito II por mais do que um


espermatozoide, imediatamente após a fusão das membranas dos dois gâmetas,
ocorre a exocitose de vesículas ou grânulos corticais para a periferia do gâmeta
feminino. Estas fixam-se na região entre a zona pelúcida e a membrana
plasmática, formando uma membrana de fecundação, que impede a entrada de
mais espermatozoides.
A fecundação por mais do que um espermatozoide denomina-se polispermia
e é letal para o oócito II.

Se o oócito II não for fecundado, não completará a divisão II da meiose,


acabando por degenerar num período de 12-24 horas após a ovulação.

O sistema reprodutor feminino produz secreções, constituídas,


essencialmente, por glicoproteínas, sais e água, que podem facilitar ou dificultar o
movimento dos espermatozoides. O volume e a consistência deste muco variam
de acordo com o ciclo ovárico, em resposta às alterações hormonais.

O aumento do nível de estrogénios na corrente sanguínea, por volta do 12.º


dia, estimula o colo do útero (cérvix) a produzir grandes quantidades de muco,
que, nesta altura, se apresenta pouco viscoso e com uma elevada percentagem de
água. As glicoproteínas presentes no muco associam-se em fibras alongadas,
formando canais que facilitam a passagem dos espermatozoides no cérvix e,
consequentemente, criando condições mais favoráveis à fecundação.

No início e no fim de cada ciclo, as concentrações hormonais estimulam o


cérvix a produzir um muco viscoso, que bloqueia os canais glicoproteicos, criando
uma barreia à migração dos espermatozoides.

Distúrbios hormonais femininos podem afetar a composição do muco cervical,


dificultando a deslocação dos espermatozoides para as trompas de Falópio, o que
pode contribuir para a infertilidade.

Fases da gravidez
Desde a formação do zigoto, na fecundação e até ao parto, a gravidez é
dividida em três fases: fase pré-embrionária, fase embrionária e fase fetal.

Fase pré-embrionária

A fase pré-embrionária corresponde às duas primeiras semanas.

O zigoto, resultante da fusão dos núcleos dos gâmetas masculino e feminino,


sofre, ao longo de aproximadamente 4 dias, divisões mitóticas rápidas,
movendo-se ao longo da trompa de Falópio em direção ao útero.

Destas sucessivas divisões, resulta a mórula (semelhante a amora), uma


massa de células que chega ao útero. O seu volume permanece constante, pelo
que, a cada mitose, as suas células vão diminuindo de tamanho. A mórula é
constituída por células totipotentes, capazes de se dividir e originar qualquer tipo
de células do organismo humano.

Quando chega ao útero, a mórula é formada, geralmente, por 48 células e é


nutrida pelas secreções uterinas até formar, aproximadamente ao 6.º dia, o
blastocisto. Nesta unidade, as células reorganizam-se, formando uma cavidade
preenchida por líquido.

No blastocisto identificam-se duas estruturas:

Botão embrionário - corresponde a uma massa celular interna, que dará


origem ao embrião e que se encontra posicionada para o endométrio;
Trofoblasto - é preenchido por líquido e formado por células trofoblásticas,
que apresentam microvilosidades à superfície. Estas interdigitam-se com as
células endometriais e produzem moléculas adesivas e enzimas proteolíticas
que criam cavidades nos tecidos maternos. Estas cavidades são preenchidas
por sangue, formando a placenta.

De seguida, o blastocisto liga-se ao endométrio e começa a digerí-lo, de forma


a implementar-se. O processo de implantação do blastocisto ao endométrio
uterino denomina-se nidação e inicia-se entre o 6.º e o 7.º dia após a fecundação,
ocorrendo ao longo de aproximadamente, cinco dias.

Nem sempre a nidação decorre com sucesso e, nesse caso, o blastocisto é


expulso do organismo feminino.

Fase embrionária

A fase embrionária decorre entre a segunda e a oitava semana após a


fecundação. Nesta fase, há um aumenta do número de células e do volume do
embrião. As células do embrião posicionam-se em camadas distintas (folhetos
embrionários) e inicia-se a diferenciação celular, na qual as células se tornam
estrutural e bioquimicamente especializadas, adquirindo funções específicas.

Fase fetal

A fase fetal corresponde ao período entre a nona semana e o parto. Nesta


fase, ocorre o desenvolvimento e a maturação dos órgãos e um crescimento
muito rápido do feto. A diferenciação celular, que se verifica ao longo de todas as
fases, permite formar os anexos embrionários, estruturas que existem apenas na
gravidez, sendo expulsas no parto.
Anexos embrionários

Cordão umbilical - permite a comunicação entre o embrião/feto e a placenta.


Através das artérias umbilicais é debitado sangue fetal para a placenta, que
depois retorna ao feto, pela veia umbilical;
Placenta - nutre o embrião/feto, promove a eliminação das excreções e
controla a troca de gases e de outras moléculas com o sangue materno, que
nunca se mistura com o sangue fetal. É um local de intenso consumo de
energia e de síntese de proteínas, tais, como enzimas que degradam
hormonas, fármacos e drogas, impedindo que afetem o feto. Produz
estrogénios e progesterona, substituindo, ao 3.º mês, o corpo amarelo;
Âmnio - membrana que delimita a cavidade amniótica, preenchida por líquido
amniótico. Protege o embrião/feto da dessecação, bem como de choques
mecânicos e de variações térmicas. O líquido amniótico é qualitativamente
semelhante ao plasma, diferendo em termos quantitativos, dado que contém
apenas 5% das proteínas e menos glicose;
Córion - membrana exterior que reveste os outros anexos embrionários e o
próprio embrião/feto, contribuindo, juntamente com os tecidos da parede
uterina, para a formação da placenta.
Alantoide e saco vitelino - estruturas com dimensões reduzidas, que
contribuem para a formação do cordão umbilical. Contêm algumas
substâncias de reserva.

Controlo hormonal da gravidez


A gravidez, além dos efeitos visíveis, provoca também, desde os estádios
iniciais, profundas alterações no organismo materno.

Para muitos especialistas, a gravidez propriamente dita começa na nidação.

Assim que o blastocisto se implanta no endométrio uterino, inicia a


produção da hormona hCG (gonadotropina coriónica humana) ao nível do
trofoblasto. Esta é a primeira hormona embrionária a ser produzida e atua de
forma semelhante à LH mantendo o corpo lúteo funcional, ou seja, permitindo
que este continue a segregar estrogénios e progesterona. Quando ocorre
fecundação, o corpo lúteo não regride, ao contrário do que acontece, quando esta
não se verifica. Estas hormonas atuam no útero, impedindo a progressão para a
fase menstrual (o útero mantém-se na fase secretora), ou seja, permitindo a
manutenção do endométrio, e consequentemente, a nidação do blastocisto.
O aumento do nível de estrogénios e progesterona na corrente sanguínea
inibe o complexo hipotálamo-hipófise, por um mecanismo de retroalimentação
negativa (ou retrocontrolo negativo). Este processo é importante, uma vez que
contribui para a manutenção de baixos níveis de FSH e LH na corrente sanguínea,
bloqueando o ciclo ovário durante a gravidez.

Entre o primeiro e o segundo mês, as células da placenta iniciam a síntese de


estrogénios e progesterona. Ao fim deste período, ou seja, a partir do 3.º mês de
gestação, este anexo passa a produzir quantidades adequadas destas hormonas,
mantendo os níveis de estrogénios e progesterona na corrente sanguínea altos na
restante gravidez. Findo este período, o corpo lúteo regride.

As mudanças hormonais que ocorrem ao longo da gravidez provocam


alterações no metabolismo. Por norma, as mulheres tendem a ganhar peso
durante a gravidez, especialmente durante os dois últimos trimestres. Cerca de
1/3 do aumento de peso corresponde ao feto e à placenta; o restante deve-se a
alterações no corpo da mãe e à preparação para a lactação subsequente.

Parto
Durante a maior parte da gestação, o músculo uterino não apresenta
contrações. Com o crescimento do feto, o útero é distendido, aumentando a sua
contractilidade. Contrações fracas e esporádicas ocorrem ao longo da gravidez,
mas com o aproximar do parto, estas tornam-se cada vez mais fortes, regulares e
frequentes.

No início do trabalho de parto, o estímulo mecânico causado pela pressão da


cabeça do feto contra o colo uterino inicia um reflexo hormonal que aumenta a
libertação de oxitocina pela hipófise posterior. Esta hormona, produzida pelo
hipotálamo e armazenada na hipófise posterior, promove o aumento das
contrações uterinas. Estas fazem com que haja ainda mais pressão no colo do
útero e, consequentemente, com que aumente a libertação de oxitocina, num
processo de retroalimentação positiva. O aumenta da libertação desta hormona
faz com que as contrações sejam cada vez mais fortes e expulsivas.

A oxitocina também estimula o útero a produzir prostaglandinas. Estas


hormonas promovem as contrações do músculo uterino (contrações uterinas). Na
sua ausência, o colo do útero não dilata adequadamente, impedindo a progressão
normal do trabalho de parto. Neste caso, tem de se recorrer a uma cesariana. O
parto pode, também, ser induzido artificialmente, através da administração de
oxitocina ou de prostaglandinas.
Resumindo, os estrogénios produzidos pela placenta preparam o útero para
responder à oxitocina (aumento do número de recetores celulares uterinos para a
oxitocina). A cabeça do feto faz pressão na região do cérvix e ativa sensores
nervosos que enviam sinais para o hipotálamo, estimulando a libertação de
oxitocina pela hipófise posterior. Por sua vez, a oxitocina estimula as contrações
uterinas e a produção de prostaglandinas pelo útero. Estas hormonas também
estimulam as contrações uterinas. Deste modo, as contrações sucessivas
aumentam a pressão da cabeça do feto sobre o cérvix, potenciando ainda mais as
contrações.

A hormona relaxina é secretada inicialmente pelo corpo lúteo, mas durante a


gravidez, provém maioritariamente do músculo uterino e da placenta. A relaxina
amolece o colo do útero, contribuindo para o desencadeamento do trabalho de
parto no final do período de gestação. Deste modo, facilita a atuação da oxitocina.
Também amolece o tecido conjuntivo entre os ossos da cintura pélvica, facilitando
o alargamento da abertura pélvica e permitindo que o bebé a atravesse mais
facilmente na altura do parto.

Como a progesterona inibe as contrações uterinas, a sua produção tem de


cessar uns dias antes do parto, permitindo a atuação de todas as outras
hormonas associadas ao parto.

Durante o nascimento, o bebé continua ligado à mãe pelo cordão umbilical.


Alguns minutos após o parto, os vasos sanguíneos do bebé e da mãe contraem-se,
interrompendo a troca de substâncias. A placenta separa-se do útero, sendo
expulsa pela ação das contrações uterinas após o parto.

Fases do parto

Fase 1 - O cérvix dilata e relaxa;


Fase 2 - As contrações uterinas aumentam de intensidade e ocorre a saída do
feto;
Fase 3 - O parto finaliza com a expulsão da placenta.

Uma série de hormonas, incluindo os estrogénios, a progesterona, as


prostaglandinas e a prolactina estimulam o desenvolvimento da mama. Durante a
gravidez, a mama aumenta de tamanho e de complexidade na sua estrutura,
contendo entre 15 a 25 lóbulos com pequenos alvéolos e ductos (canais) que
permitem a saída do leite materno.

As elevadas concentrações de estrogénios e de progesterona durante a


gravidez impedem a síntese de prolactina, pelo que não ocorre a produção de leite
materno.
Após a expulsão da placenta durante o parto, a concentração de estrogénios e
de progesterona diminui, permitindo a ação estimuladora da prolactina na síntese
de leite materno nos alvéolos. Esta resulta da extração de diversas substâncias do
sangue, tais como, a glicose, diversos aminoácidos e gorduras. A prolactina
interfere também no direcionamento do leite para os ductos, que se encontram
circundados por musculatura lisa. Esta musculatura atua no encaminhamento do
leite dos ductos até ao mamilo.

Associados a cada amamentação, ocorrem picos de secreção de prolactina. A


sucção do bebé estimula a hipófise anterior a libertar prolactina. O pico de
concentração pode demorar uma hora, produzindo-se leite, que fica armazenado
para a amamentação seguinte. Tal como a prolactina, a oxitocina é libertada
periodicamente em resposta aos momentos de aleitamento, estimulando a
libertação de leite, num mecanismo de retroalimentação positiva.

Resumindo, a estimulação do mamilo, causada pela sucção do bebé, origina um


impulso nervoso que atinge o hipotálamo. Em resposta, o hipotálamo estimula a
hipófise anterior a libertar prolactina e a hipófise posterior a libertar oxitocina. A
prolactina estimula as células secretoras a produzirem leite, que será armazenado.
Por sua vez, a oxitocina estimula as células contrácteis a libertarem o leite que se
encontra armazenado.

A ejeção do leite pode ser estimulada por impulsos visuais táteis e auditivos
(como, por exemplo, o choro do bebé). Pelo contrário, situações de ansiedade
podem, também, inibir a secreção do leite e impedir a sua ejeção. De um modo
geral, podem ser produzidos até 1,5 litros de leite por dia.

A libertação de prolactina, em consequência, da estimulação promovida pela


sucção do bebé, inibe a produção de GnRH no hipotálamo e, consequentemente, a
secreção de FSH e LH (a produção destas hormonas é estimulada pela produção
de GnRH), inibindo o início de um novo ciclo. Deste modo, verifica-se a ausência de
menstruação nos primeiros meses após o parto.

Se não ocorrer estimulação, ou seja, se o mamilo não for estimulado, as


células secretoras deixam de produzir leite ao fim de cerca de 7 dias. Em
condições normais, verifica-se a diminuição da produção de leite sete a nove
meses após o nascimento do bebé, porém a mama pode prolongar a produção de
leite por vários anos.

Além de nutrientes e anticorpos, com a amamentação, os bebés também


adquirem bactérias presentes no leite e na pele da mãe, essenciais ao
desenvolvimento da microbiota intestinal. Todavia, a cafeína, alguns fármacos, os
poluentes ambientais e o álcool difundem-se no leite materno, em concentrações
reduzidas, mas suficientes para causar efeitos nefastos no bebé.

Quais os benefícios da amamentação?

A amamentação é muito importante em termos nutricionais, imunológicos e


também para o estabelecimento de uma proximidade afetiva e de um
vínculo entre o bebé e a mãe. A alimentação apenas com leite materno nos
primeiros 6 meses de vida, possui vantagens:

fornece a nutrição adequada, incluindo vitaminas e tudo o que é necessário


para um crescimento saudável e para desenvolvimento do sistema nervoso;
garante proteção contra infeções respiratórias e intestinais, uma vez que
fornece anticorpos essenciais;
protege contra outras doenças como a obesidade, a asma e a diabetes.

Contraceção e métodos
contracetivos
O ser humano recorre a diversos métodos para controlar o número de
descendentes, bem como o intervalo entre os nascimentos. O controlo da
população mundial é cada vez mais necessário para a qualidade de vida dos
indivíduos, bem como a sustentabilidade ambiental.

Para a maioria dos investigadores, a gravidez não se inicia na fecundação, mas


apenas quando o blastocisto se implanta no útero, aproximadamente uma
semana após a fecundação. Desta forma, todos os métodos utilizados até ao início
da gravidez são considerados métodos contracetivos, enquanto os que causam a
morte do embrião ou feto são denominados métodos abortivos.

A contraceção pode ser realizada para evitar a produção e libertação de


gâmetas nas gónadas, impedir a fecundação ou impedir a nidação. Estima-se que,
anualmente, 40% das gravidezes não são planeadas, podendo resultar do uso não
adequado de métodos contracetivos.

O uso destes métodos varia, mas o único método 100% eficaz para impedir a
fecundação, e uma possível gravidez, é a abstinência da atividade sexual durante a
fase de ovulação, ou seja, 2-3 dias antes e 2-3 dias após a libertação dos oócitos
dos ovários.

Os métodos contracetivos podem ser classificados como naturais ou


tecnológicos, podendo estes últimos subdividir-se em hormonais, químicos, de
barreira ou cirúrgicos.

Todos os métodos anticoncecionais químicos que foram desenvolvidos nas


últimas décadas são usados apenas no controlo da fertilidade feminina. Ao
contrário da mulher, em que a produção de gâmetas é um processo cíclico, no
homem a produção de gâmetas é permanente, sendo difícil de controlar com
recurso a contracetivos hormonais. A interrupção da espermatogénese teria de
ser total para ter sucesso, e isso requer uma intervenção química contínua e muito
forte, pois para fecundar o gâmeta feminino é necessário apenas um
espermatozoide, dos milhões que são produzidos diariamente. No entanto,
continuam a ser desenvolvidos novos métodos químicos para a contraceção
masculina. Algumas indústrias farmacêuticas têm relutância em investir em
contraceção masculina, uma vez que os espermatozoides cujo desenvolvimento
foi afetado poderão participar na fecundação e originar, potencialmente embriões
com malformações que originem litigância nos tribunais.

Métodos contracetivos naturais


Os métodos contracetivos naturais têm como objetivo impedir a fecundação
sem recurso a tecnologias físicas ou farmacológicas. Um método contracetivo
natural, muito falível, é o coito interrompido, que consiste em retirar o pénis do
interior da vagina antes da ejaculação. Porém, há que considerar que antes da
ejaculação ocorre a libertação de líquidos lubrificantes produzidos pelas glândulas
de Cowper (ou glândulas bulborretrais), que podem conter espermatozoides. Os
outros métodos naturais designados rítmicos têm por base a predição do período
fértil da mulher, ou seja, quando pode ocorrer fecundação.

Método do calendário;
Método da temperatura;
Método do muco cervical;
Método sintotérmico.

Método da calendário

O método do calendário tem em conta o tempo de sobrevivência dos


gâmetas femininos (24 horas) e dos gâmetas masculinos (72 horas) no aparelho
reprodutor feminino após a fecundação, para determinar o período fértil.

Assim, é necessário anotar a duração de cada ciclo (em que o 1.º dia do ciclo
corresponde ao 1.º dia de menstruação) ao longo de seis meses e subtrair 11 dias
ao número de dias do ciclo de maior duração e 18 dias ao número de dias do ciclo
de menor duração. Por exemplo, se ambos os ciclos (o de maior duração e o de
menor duração) durarem 28 dias (ciclo regular de 28 dias), então o período fértil
corresponde ao período de tempo entre o 10.º dia e o 17.º dia do ciclo menstrual.
Assim, o casal deve abster-se de ter relações sexuais durante este período de
tempo (período fértil), de modo a evitar uma possível gravidez.

Porém, este método é bastante falível, dado que o momento de ovulação é


variável na maioria das mulheres. Por exemplo, fatores como medicamentos e
stress podem atrasar ou antecipar a ovulação, alterando o período fértil.

Método da temperatura

Este método consiste na medição diária da temperatura, utilizando sempre o


mesmo local (boca, vagina ou reto). A medição deverá ser feita sempre ao acordar
e registada num gráfico. De um modo geral, a temperatura diminui no dia de
ovulação e aumenta no dia seguinte. Este método é bastante falível, dado que não
é fácil monitorizar a variação da temperatura corporal, uma vez que pode ser
afetada por diversos fatores.

Método do muco cervical

Este método consiste em observar diariamente o muco cervical, retirando-o da


vagina com recurso a dois dedos e observando e registando a sua aparência e
elasticidade. Este apresenta-se mais abundante, transparente e fluido perto da
ovulação, sendo mais viscoso no resto do ciclo menstrual. No período fértil, o
muco aumenta a sua elasticidade, podendo atingir 10-15 cm, quando distendido
entre os dois dedos.
Método sintotérmico

O método sintotérmico combina o método da temperatura e o método do


muco cervical, de modo a elaborar um padrão.

Métodos contracetivos
tecnológicos
Os métodos contracetivos tecnológicos recorrem a técnicas e fármacos para
evitar a ocorrência de uma gravidez. Incluem os métodos cirúrgicos, os métodos
de barreira e os métodos contracetivos hormonais.

Métodos contracetivos de barreira


Os métodos contracetivos de barreira impedem o transporte do esperma até
ao local de fecundação ou a implantação do blastocisto.

Preservativo masculino

O preservativo masculino consiste numa fina membrana de material


impermeável, normalmente látex, que deve ser colocada no pénis, quando este se
encontra ereto, antes da penetração. Após a ejaculação, este deve ser retirado
com cuidado e colocado no lixo, visto que cada preservativo só pode ser utilizado
uma vez. Além de serem um método contracetivo, conferem proteção contra
infeções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Preservativo feminino

O preservativo feminino consiste numa membrana de poliuretano, com


função semelhante ao preservativo masculino, que deve ser inserida na vagina
antes da penetração e removido após a relação sexual. Tal como o preservativo
masculino é de utilização única.

Diafragma

O diafragma é uma membrana de borracha que encaixa no cérvix,


bloqueando a entrada de espermatozoides no útero. Antes de ser colocado, é
lubrificado com gel, uma espuma ou um creme espermicida que destrói ou
incapacita os espermatozoides. O espermicida também pode ser usado
isoladamente, como contracetivo, porém a sua eficácia é muito reduzida.

Dispositivo intrauterino (DIU)

O dispositivo intrauterino (DIU) consiste numa pequena peça de plástico com


um fio de cobre, que é inserida no útero, impedindo a implantação/nidação do
blastocisto. A sua colocação tem de ser feita por um ginecologista.

Sistema intrauterino (SIU)

O sistema intrauterino (SIU) é semelhante ao dispositivo intrauterino (DIU),


mas não tem cobre e liberta hormonas que impedem a nidação. Tal como o DIU, a
sua colocação tem de ser feita por um ginecologista.

Métodos contracetivos hormonais


Os contracetivos hormonais contêm variações sintéticas de hormonas
ováricas. Mesmo em reduzidas concentrações, exercem uma retroalimentação
negativa sobre o complexo hipotálamo-hipófise, inibindo a libertação de FSH e LH
e, consequentemente, impedindo o desenvolvimento folicular e a ovulação. A
concentração destas hormonas é suficiente para estimular o endométrio, porém
nunca suficientemente para suportar uma gravidez, ou seja, para atingir a sua
espessura máxima, essencial para que ocorra a nidação. Isto justifica o facto a
mulher menstruar, mesmo utilizando contracetivos hormonais.

Pílula

A pílula é um dos métodos contracetivos mais difundidos em todo o mundo.


Este contracetivo oral foi lançado no mercado em 1960. Contém um estrogénio,
uma progestina (composto sintético com efeitos semelhantes ao da
progesterona). Quando usado corretamente, a sua eficácia é da ordem dos 99%,
tendo sido essencial para emancipação sexual da mulher.

O regime de utilização mais frequente é o seu uso durante 21 dias, seguidos


de 7 dias de pausa. Atualmente, também, existem no mercado regimes de toma
contínua, nas quais as embalagens possuem 24 comprimidos com hormonas e 4
comprimidos de placebo, de modo a evitar esquecimentos. As pílulas combinadas
podem ser monofásicas, bifásicas ou trifásicas. No primeiro caso, a dose
permanece igual ao longo de todo o ciclo. Nas bifásicas e trifásicas, a dose varia,
respetivamente, 2 e 3 vezes ao longo do ciclo.

Minipílula

A minipílula é um contracetivo oral com quantidades reduzidas de progestina


e sem estrogénios. Esta composição, além de reduzir a maturação dos folículos,
torna o muco cervical mais espesso e viscoso, dificultando a passagem do
espermatozoides e impedindo a fecundação.

Além dos contracetivos orais que requerem a toma diária durante um


determinado período do ciclo menstrual, existem outros contracetivos hormonais
cuja aplicação atua ao longo de semanas ou anos, porque libertam quantidades
reduzidas e controladas de hormonas, que são absorvidas de forma lenta e
contínua para a corrente sanguínea.

Penso adesivo

O penso adesivo é constituído por hormonas (um estrogénio e uma


progestina), que são absorvidas através da pele; tem de ser substituído
semanalmente.

Implante

O implante, inserido sob a pele do braço (subcutâneo), corresponde a uma


pequena cápsula, com progestinas (não contém estrogénios), cuja ação pode
durar até cinco anos

Injeção

A injeção intramuscular de uma progestina e de um estrogénio tem um efeito


contracetivo de cerca de três meses.

Anel contracetivo

O anel contracetivo, de duração mensal, é inserido na vagina, onde liberta


reduzidas quantidades de hormonas (um estrogénio e uma progestina).

Métodos contracetivos cirúrgicos


Vasectomia

Este procedimento cirúrgico inicia-se com a execução de duas pequenas


incisões laterais no escoto. Posteriormente, os canais deferentes, par de ductos
responsáveis pelo transporte dos espermatozoides desde os epidídimos, onde são
armazenados e sofrem maturação até à uretra, ducto responsável pelo transporte
dos espermatozoides durante a ejaculação são seccionados e obstruídos
bilateralmente. No fim da cirurgia, as extremidades resultantes do corte dos
canais deferentes são suturadas e as incisões na pele são encerradas com suturas
adesivas ou pontos absorvíveis.

Através desta cirurgia, a via dos espermatozoides desde os epidídimos até à


uretra é bloqueada, impedindo o transporte dos gâmetas masculinos até ao
sistema reprodutor feminino e, consequentemente a fecundação, isto é, a união
de um espermatozoide com um oócito II. Os espermatozoides continuam a ser
produzidos nos túbulos seminíferos, mas não saem dos testículos, sendo
destruídos pelos glóbulos brancos.

Deste modo, podemos concluir que a vasectomia atua como um método de


contraceção, inviabilizando a ocorrência de uma gravidez, uma vez que o esperma
ejaculado não possui gâmetas.

O indivíduo não se torna logo estéril após a realização de uma vasectomia. São
necessárias, em média, 20 ejaculações para "eliminar" todos os espermatozoides
que ainda se encontram viáveis no restante trajeto seminal.

Aproximadamente 2-3 meses após a realização da vasectomia, deve ser


realizado um espermograma (exame complementar de diagnóstico que permite
avaliar a qualidade do esperma, incluindo parâmetros como a contagem, a
mobilidade e a morfologia dos espermatozoides), de modo a verificar se existe
azoospermia, isto é, a ausência total de espermatozoides na ejaculação.

Assim, como os espermatozoides presentes nas vesículas seminais podem


surgir nas ejaculações seguintes, é essencial adotar outro método contracetivo,
até ao espermograma confirmar a azoospermia. Embora seja possível, a reversão
da vasectomia não é um processo fácil, apresentando uma grande variedade de
complicações e uma menor taxa de sucesso.

Laqueação das trompas de Falópio ou esterilização tubária

A laqueação das trompas de Falópio ou esterilização tubária consiste na


oclusão dos ovidutos, através do seu corte, selagem ou bloqueio, impedindo o
transporte dos oócitos II libertados pelos ovários ao longo das trompas de Falópio
e dos espermatozoides que iriam ao seu encontro, ou seja, impedindo o contacto
dos gâmetas femininos com os espermatozoides provenientes do sistema
reprodutor masculino - fecundação. Este método contracetivo não afeta a
produção de hormonas nem a atividade sexual, pelo que os ciclos ovárico e
uterino continuam a ocorrer. Embora seja possível, a reversão da laqueação das
trompas de Falópio não é um processo fácil, apresentando uma grande variedade
de complicações e uma menor taxa de sucesso.

Método contracetivo de emergência


Pílula do dia seguinte

Um dos contracetivos mais polémicos tem sido a pílula do dia seguinte. É um


contracetivo de emergência, que pode ser usado após uma relação sexual em que
não foi utilizado método contracetivo ou quando houve falha de um método
contracetivo usado. Quando tomada de acordo com as recomendações, até 72
horas ou até 120 horas após o ato sexual (dependendo do tipo de pílula), reduz o
risco de gravidez.

Apesar de existirem diversos tipos de pílula do dia seguinte, todas são


constituídas por uma grande dose de hormonas (muito superior à da pílula),
normalmente um estrogénio e uma progesterona e, em algumas, levonorgestrel.
Estas hormonas sintéticas, que têm efeitos na produção de hormonas pela
mulher, alteram o muco vaginal, dificultando a passagem dos espermatozoides;
alteram o ciclo menstrual, atrasando e inibindo a ovulação; provocam alterações
no endométrio, impedindo a nidação, entre outros efeitos.

A pílula do dia seguinte só está indicada como emergência, pois apresenta


efeitos secundários, tais como: aumento do risco de infertilidade, cancro da mama
e do útero, trombose e embolia pulmonar. Como a pílula do dia seguinte altera
profundamente o ciclo ovárico, afeta o ciclo menstrual (adiantando-o ou
atrasando-o), o que dificulta o controlo sobre o período fértil posterior.

A eficácia da contraceção depende do método utilizado e da forma como é


utilizado. Por exemplo, a pílula e o implante de progestina, dois contracetivos
hormonais, têm mecanismos de atuação semelhante, contudo, a pílula tem de ser
administrada diariamente, ao contrário dos implantes, que têm uma duração de
vários meses. O esquecimento de uma ou mais tomas diárias pode ser
responsável pela diminuição da eficácia da pílula.

O método mais eficaz para prevenir uma gravidez é a abstinência sexual e o


único método que previne a maioria das infeções sexualmente transmissíveis é o
preservativo. Os contracetivos intrauterinos, ao impedirem a implantação do
blastocisto, têm sido considerados, por algumas pessoas, métodos abortivos.

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