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SISTEMAS REPRODUTORES

8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO


O sistema reprodutor masculino é formado por:
•Testículos ou gônadas
•Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, uretra.
•Pênis
•Escroto
•Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais.

Testículos: são as gônadas masculinas. Cada testículo é composto por um


emaranhado de tubos, os ductos seminíferos Esses ductos são formados pelas
células de Sértoli (ou de
sustento) e pelo epitélio
germinativo, onde
ocorrerá a formação dos
espermatozóides. Em
meio aos ductos
seminíferos, as células
intersticiais ou de Leydig
(nomenclatura antiga)
produzem os hormônios
sexuais masculinos,
sobretudo a testosterona,
responsáveis pelo
desenvolvimento dos
órgãos genitais
masculinos e dos
caracteres sexuais
secundários:

• Estimulam os
folículos pilosos para
que façam crescer a
barba masculina e o
pêlo pubiano.
• Estimulam o
crescimento das
glândulas sebáceas e
a elaboração do
sebo.
• Produzem o aumento
de massa muscular
nas crianças durante
a puberdade, pelo
aumento do tamanho
das fibras
musculares.
• Ampliam a laringe e
tornam mais grave a
voz.
• Fazem com que o
desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo contra a osteoporose.
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Epidídimos: são dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os
espermatozóides são armazenados.
Canais deferentes: são dois tubos que partem dos testículos, circundam a bexiga
urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais.
Vesículas seminais: responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado no
ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozóides, entrarão na
composição do sêmen. O líquido das vesículas seminais age como fonte de energia para os
espermatozóides e é constituído principalmente por frutose, apesar de conter fosfatos,
nitrogênio não protéico, cloretos, colina (álcool de cadeia aberta considerado como
integrante do complexo vitamínico B) e prostaglandinas (hormônios produzidos em
numerosos tecidos do corpo. Algumas prostaglandinas atuam na contração da musculatura
lisa do útero na dismenorréia – cólica menstrual, e no orgasmo; outras atuam promovendo
vasodilatação em artérias do cérebro, o que talvez justifique as cefaléias – dores de cabeça
– da enxaqueca. São formados a partir de ácidos graxos insaturados e podem ter a sua
síntese interrompida por analgésicos e antiinflamatórios).
Próstata: glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secreta substâncias alcalinas
que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozóides.
Glândulas Bulbo Uretrais ou de Cowper: sua secreção transparente é lançada
dentro da uretra para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozóides. Também tem
função na lubrificação do pênis durante o ato sexual.
Pênis: é considerado o principal
órgão do aparelho sexual masculino,
sendo formado por dois tipos de tecidos
cilíndricos: dois corpos cavernosos e um
corpo esponjoso (envolve e protege a
uretra). Na extremidade do pênis
encontra-se a glande - cabeça do
pênis, onde podemos visualizar a
abertura da uretra. Com a manipulação
da pele que a envolve - o prepúcio -
acompanhado de estímulo erótico,
ocorre a inundação dos corpos
cavernosos e esponjoso, com sangue,
tornando-se rijo, com considerável
aumento do tamanho (ereção). O
prepúcio deve ser puxado e higienizado a fim de se retirar dele o esmegma (uma secreção
sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que consiste principalmente em células
epiteliais descamadas que se acumulam debaixo do prepúcio). Quando a glande não
consegue ser exposta devido ao estreitamento do prepúcio, diz-se que a pessoa tem
fimose.
A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada
da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum
sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozóides não ejaculados são reabsorvidos pelo
corpo dentro de algum tempo.
Saco Escrotal ou Bolsa Escrotal ou Escroto: Um espermatozóide leva cerca de 70
dias para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na temperatura
normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na parte externa do corpo,
dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam os
testículos do corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3 °C
abaixo da corporal.

PUBERDADE: os testículos da criança permanecem inativos até que são estimulados


entre 10 e 14 anos pelos hormônios gonadotróficos da glândula hipófise (pituitária)
O hipotálamo libera FATORES LIBERADORES DOS HORMÔNIOS
GONADOTRÓFICOS que fazem a hipófise liberar FSH (hormônio folículo estimulante) e LH
(hormônio luteinizante).
FSH à estimula a espermatogênese pelas células dos túbulos seminíferos.
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LH à estimula a produção de testosterona pelas células intersticiais dos testículos à


características sexuais secundárias, elevação do desejo sexual.

TESTOSTERONA
Efeito na Espermatogênese. A testosterona faz com que os testículos cresçam. Ela
deve estar presente, também, junto com o folículo estimulante, antes que a
espermatogênese se complete.
Efeito nos caracteres sexuais masculinos. Depois que um feto começa a se
desenvolver no útero materno, seus testículos começam a secretar testosterona, quando
tem poucas semanas de vida apenas. Essa testosterona, então, auxilia o feto a desenvolver
órgãos sexuais masculinos e características secundárias masculinas. Isto é, acelera a
formação do pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das vesículas seminais, dos ductos
deferentes e dos outros órgãos sexuais masculinos. Além disso, a testosterona faz com que
os testículos desçam da cavidade abdominal para a bolsa escrotal; se a produção de
testosterona pelo feto é insuficiente, os testículos não conseguem descer; permanecem na
cavidade abdominal. A secreção da testosterona pelos testículos fetais é estimulada por um
hormônio chamado gonadotrofina coriônica, formado na placenta durante a gravidez.
Imediatamente após o nascimento da criança, a perda de conexão com a placenta remove
esse feito estimulador, de modo que os testículos deixam de secretar testosterona. Em
conseqüência, as características sexuais interrompem seu desenvolvimento desde o
nascimento até à puberdade. Na puberdade, o reaparecimento da secreção de testosterona
induz os órgãos sexuais masculinos a retomar o crescimento. Os testículos, a bolsa escrotal
e o pênis crescem, então, aproximadamente mais 10 vezes.
Efeito nos caracteres sexuais secundários. Além dos efeitos sobre os órgãos
genitais, a testosterona exerce outros efeitos gerais por todo o organismo para dar ao
homem adulto suas características distintivas. Faz com que os pêlos cresçam na face, ao
longo da linha média do abdome, no púbis e no tórax. Origina, porém, a calvície nos
homens que tenham predisposição hereditária para ela. Estimula o crescimento da laringe,
de maneira que o homem, após a puberdade fica com a voz mais grave. Estimula um
aumento na deposição de proteína nos músculos, pele, ossos e em outras partes do corpo,
de maneira que o adolescente do sexo masculino se torna geralmente maior e mais
musculoso do que a mulher, nessa fase. Algumas vezes, a testosterona também promove
uma secreção anormal das glândulas sebáceas da pele, fazendo com que se desenvolva a
acne pós-puberdade na face.
Na ausência de testosterona, as características sexuais secundárias não se
desenvolvem e o indivíduo mantém um aspecto sexualmente infantil.

‾Hormônios Sexuais Masculinos

Glândula Hormônio Órgão-alvo Principais ações

estimulam a produção de testosterona pelas


Hipófise FSH e LH testículos células de Leydig (intersticiais) e controlam a
produção de espermatozóides.

estimula o aparecimento dos caracteres


diversos
sexuais secundários.
Testículos Testosterona
induz o amadurecimento dos órgãos genitais,
Sistema Reprodutor promove o impulso sexual e controla a
produção de espermatozóides

9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas
(trompas de Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior da
cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função protetora.
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A vagina é um canal de 8 a 10 cm de
comprimento, de paredes elásticas, que liga o
colo do útero aos genitais externos. Contém
de cada lado de sua abertura, porém
internamente, duas glândulas denominadas
glândulas de Bartholin, que secretam um
muco lubrificante.
A entrada da vagina é protegida por uma
membrana circular - o hímen - que fecha
parcialmente o orifício vulvo-vaginal e é quase
sempre perfurado no centro, podendo ter
formas diversas. Geralmente, essa membrana
se rompe nas primeiras relações sexuais.
A vagina é o local onde o pênis deposita
os espermatozóides na relação sexual. Além
de possibilitar a penetração do pênis, possibilita a expulsão da menstruação e, na hora do
parto, a saída do bebê.
A genitália externa ou vulva é delimitada e protegida por duas pregas cutâneo-
mucosas intensamente irrigadas e inervadas - os grandes lábios. Na mulher
reprodutivamente madura, os grandes lábios são recobertos por pêlos pubianos. Mais
internamente, outra prega cutâneo-mucosa envolve a abertura da vagina - os pequenos
lábios - que protegem a abertura da uretra e da vagina. Na vulva também está o clitóris,
formado por tecido esponjoso erétil, homólogo ao pênis do homem.
Ovários: são as gônadas femininas.
Produzem estrógeno e progesterona,
hormônios sexuais femininos que serão
vistos mais adiante.

No final do desenvolvimento
embrionário de uma menina, ela já tem
todas as células que irão transformar-se
em gametas nos seus dois ovários. Estas
células - os ovócitos primários -
encontram-se dentro de estruturas
denominadas folículos de Graaf ou
folículos ovarianos. A partir da
adolescência, sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a
desenvolver. Os folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno.
Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a maturação,
rompendo-se e liberando o ovócito secundário (gaemta feminino): fenômeno conhecido
como ovulação. Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo
lúteo ou amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o
tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco, uma
pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário.
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O gameta feminino liberado na superfície de um dos ovários é recolhido por finas


terminações das tubas uterinas - as fímbrias.
Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de Falópio: são dois ductos que unem o
ovário ao útero. Seu epitélio de revestimento é formados por células ciliadas. Os batimentos
dos cílios microscópicos e os movimentos peristálticos das tubas uterinas impelem o
gameta feminino até o útero.

Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à


bexiga e posteriormente ao reto, de parede muscular espessa
(miométrio) e com formato de pêra invertida. É revestido
internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas - o
endométrio.

A pituitária (hipófise) anterior das meninas, como a dos


meninos, não secreta praticamente nenhum hormônio gonadotrópico
até à idade de 10 a 14 anos. Entretanto, por essa época, começa a
secretar dois hormônios gonadotrópicos. No inicio, secreta
principalmente o hormônio foliculo-estimulante (FSH), que inicia a vida sexual na menina em
crescimento; mais tarde, secreta o harmônio luteinizante (LH), que auxilia no controle do
ciclo menstrual.
Hormônio Folículo-Estimulante: causa a proliferação das células foliculares
ovarianas e estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a
desenvolverem-se e a crescer.
Hormônio Luteinizante: aumenta ainda mais a secreção das células foliculares,
estimulando a ovulação.

Hormônios Sexuais Femininos


Os dois hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona, são responsáveis pelo
desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual. Esses hormônios, como os
hormônios adrenocorticais e o hormônio masculino testosterona, são ambos compostos
esteróides, formados, principalmente, de um lipídio, o colesterol. Os estrogênios são,
realmente, vários hormônios diferentes chamados estradiol, estriol e estrona, mas que têm
funções idênticas e estruturas químicas muito semelhantes. Por esse motivo, são
considerados juntos, como um único hormônio.
Funções do Estrogênio: o estrogênio induz as células de muitos locais do organismo,
a proliferar, isto é, a aumentar em número. Por exemplo, a musculatura lisa do útero,
aumenta tanto que o órgão, após a puberdade, chega a duplicar ou, mesmo, a triplicar de
tamanho. O estrogênio também provoca o aumento da vagina e o desenvolvimento dos
lábios que a circundam, faz o púbis se cobrir de pêlos, os quadris se alargarem e o estreito
pélvico assumir a forma ovóide, em vez de afunilada como no homem; provoca o
desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus elementos glandulares, e,
finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na mulher, em áreas como os quadris e
coxas, dando-lhes o arredondamento típico do sexo. Em resumo, todas as características
que distinguem a mulher do homem são devido ao estrogênio e a razão básica para o
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desenvolvimento dessas características é o estímulo à proliferação dos elementos celulares


em certas regiões do corpo.
O estrogênio também estimula o crescimento de todos os ossos logo após a
puberdade, mas promove rápida calcificação óssea, fazendo com que as partes dos ossos
que crescem se "extingam" dentro de poucos anos, de forma que o crescimento, então,
pára. A mulher, nessa fase, cresce mais rapidamente que o homem, mas pára após os
primeiros anos da puberdade; já o homem tem um crescimento menos rápido, porém mais
prolongado, de modo que ele assume uma estatura maior que a da mulher, e, nesse ponto,
também se diferenciam os dois sexos.
O estrogênio tem, outrossim, efeitos muito importantes no revestimento interno do
útero, o endométrio, no ciclo menstrual.
Funções da Progesterona: a progesterona tem pouco a ver com o desenvolvimento
dos caracteres sexuais femininos; está principalmente relacionada com a preparação do
útero para a aceitação do embrião e à preparação das mamas para a secreção láctea. Em
geral, a progesterona aumenta o grau da atividade secretória das glândulas mamárias e,
também, das células que revestem a parede uterina, acentuando o espessamento do
endométrio e fazendo com que ele seja intensamente invadido por vasos sangüíneos;
determina, ainda, o surgimento de numerosas glândulas produtoras de glicogênio.
Finalmente, a progesterona inibe as contrações do útero e impede a expulsão do embrião
que se está implantando ou do feto em desenvolvimento.

CICLO MENSTRUAL
O ciclo menstrual na mulher é causado pela secreção alternada dos hormônios
folículo-estimulante e luteinizante, pela pituitária (hipófise) anterior (adenohipófise), e dos
estrogênios e progesterona, pelos ovários. O ciclo de fenômenos que induzem essa
alternância tem a seguinte explicação:
1. No começo do ciclo menstrual, isto é, quando a menstruação se inicia, a pituitária
anterior secreta maiores quantidades de hormônio folículo-estimulante juntamente com
pequenas quantidades de hormônio luteinizante. Juntos, esses hormônios promovem o
crescimento de diversos folículos nos ovários e acarretam uma secreção considerável de
estrogênio (estrógeno).
2. Acredita-se que o estrogênio tenha, então, dois efeitos seqüenciais sobre a
secreção da pituitária anterior. Primeiro, inibiria a secreção dos hormônios folículo-
estimulante e luteinizante, fazendo com que suas taxas declinassem a um mínimo por volta
do décimo dia do ciclo. Depois, subitamente a pituitária anterior começaria a secretar
quantidades muito elevadas de ambos os hormônios mas principalmente do hormônio
luteinizante. É essa fase de aumento súbito da secreção que provoca o rápido
desenvolvimento final de um dos folículos ovarianos e a sua ruptura dentro de cerca de dois
dias.
3. O processo de ovulação, que ocorre por volta do décimo quarto dia de um ciclo
normal de 28 dias, conduz ao desenvolvimento do corpo lúteo ou corpo amarelo, que
secreta quantidades elevadas de progesterona e quantidades consideráveis de estrogênio.
4. O estrogênio e a progesterona secretados pelo corpo lúteo inibem novamente a
pituitária anterior, diminuindo a taxa de secreção dos hormônios folículo-estimulante e
luteinizante. Sem esses hormônios para estimulá-lo, o corpo lúteo involui, de modo que a
secreção de estrogênio e progesterona cai para níveis muito baixos. É nesse momento que
a menstruação se inicia, provocada por esse súbito declínio na secreção de ambos os
hormônios.
5. Nessa ocasião, a pituitária anterior, que estava inibida pelo estrogênio e pela
progesterona, começa a secretar outra vez grandes quantidades de hormônio folículo-
estimulante, iniciando um novo ciclo. Esse processo continua durante toda a vida
reprodutiva da mulher.
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1º dia do ciclo  endométrio bem desenvolvido,


espesso e vascularizado começa a descamar 
menstruação

hipófise aumenta a produção de FSH, que atinge
a concentração máxima por volta do 7º dia do
ciclo.

amadurecimento dos folículos ovarianos

secreção de estrógeno pelo folículo em
desenvolvimento

concentração alta de estrógeno inibe secreção de
OBSERVAÇÃO: a ovulação ocorre aproximadamente FSH e estimula a secreção de LH pela hipófise /
entre 10-12 horas após o pico de LH. No ciclo regular, o concentração alta de estrógeno estimula
período de tempo a partir do pico de LH até a menstruação está ocrescimento do endométrio.
constantemente próximo de 14 dias. Dessa forma, da ovulação 
até a próxima menstruação decorrem 14 dias. concentração alta de LH estimula a ovulação (por
Apesar de em um ciclo de 28 dias a ovulação ocorrer volta do 14º dia de um ciclo de 28 dias)
aproximadamente na metade do ciclo, nas mulheres que têm 
ciclos regulares, não importa a sua duração, o dia da alta taxa de LH estimula a formação do corpo
ovulação pode ser calculado como sendo o 14º dia ANTES lúteo ou amarelo no folículo ovariano
do início da menstruação.

Generalizando, pode-se dizer que, se o ciclo menstrual
corpo lúteo inicia a produção de progesterona
tem uma duração de n dias, o possível dia da ovulação é n –
14, considerando n = dia da próxima menstruação. 
estimula as glândulas do endométrio a
secretarem seus produtos

aumento da progesterona inibe produção de LH e
FSH

corpo lúteo regride e reduz concentração de
progesterona

menstruação

Exemplo: determinada mulher, com ciclo menstrual


regular de 28 dias, resolveu iniciar um relacionamento íntimo
com seu namorado. Como não planejavam ter filhos, optaram
pelo método da tabelinha, onde a mulher calcula o período fértil
em relação ao dia da ovulação. Considerando que a mulher é
fértil durante aproximadamente nove dias por ciclo e que o
último ciclo dessa mulher iniciou-se no dia 22 de setembro de
2006, calcule seu período fértil.
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Resposta: Considerando o primeiro dia do ciclo como 22 e que seu ciclo é de 28 dias,
temos:
22 23 24 25 26 27 28 29 30
[01 02 03 04 05 06 07 08 09]
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Menstruará novamente no dia 19/10 (n). Ocorrendo a ovulação 14 dias ANTES da
menstruação, esta se dará no dia 05/10 (considerando a fórmula n - 14, teremos: 19 - 14 =
5, ou seja, dia 05 será seu provável dia de ovulação). Como seu período fértil aproximado
localiza-se 4 dias antes e 4 dias após a ovulação, então o início dos dias férteis será 01/10 e
o término, 09/10. Resposta: 45.
Como é comum em algumas mulheres uma pequena variação no tamanho do ciclo
menstrual, o cálculo para o período fértil deverá compreender o ciclo mais curto e o mais
longo. Neste caso, primeiramente a mulher deverá anotar o 1° dia da menstruação durante
vários meses e calcular a duração de seus ciclos (cada um deles contado do primeiro dia da
menstruação). A partir daí, deverá proceder da seguinte forma para calcular o período fértil:
1. subtrair 14 dias do ciclo mais curto (dia da ovulação);
2. subtrair 14 dias do ciclo mais longo (dia da ovulação);
3. subtrair pelo menos 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto e
somar 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo.
Exemplo: suponha que o ciclo mais curto da mulher exemplificada anteriormente
tenha sido de 26 dias e o mais longo, de 30 dias. O cálculo do período fértil será feito assim:
1. subtraindo 14 dias do ciclo mais curto: 26 a ovulação deverá
ter ocorrido no 12° dia do ciclo mais curto;
2. subtraindo 14 dias do ciclo mais longo: 30 a ovulação deverá
ter ocorrido no 16° dia do ciclo mais longo;
3. subtraindo 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto (12 e
somando 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo (16 + 3 = 19), o período fértil
ficará entre o 9° e o 19° dia de qualquer ciclo menstrual desta mulher. Os dias
restantes serão os dias não-férteis.
OBSERVAÇÃO: os cálculos acima só funcionam para mulheres com ciclos regulares
(ou que sofrem apenas pequenas variações nos ciclos).

Concluindo, o ciclo menstrual pode ser dividido em 4 fases:


1. Fase menstrual: corresponde aos dias de menstruação e dura cerca
de 3 a 7 dias, geralmente.
2. Fase proliferativa ou estrogênica: período de secreção de estrógeno
pelo folículo ovariano, que se encontra em maturação.
3. Fase secretora ou lútea: o final da fase proliferativa e o início da fase
secretora é marcado pela ovulação. Essa fase é caracterizada pela intensa ação do
corpo lúteo.
4. Fase pré-menstrual ou isquêmica: período de queda das
concentrações dos hormônios ovarianos, quando a camada superficial do
endométrio perde seu suprimento sangüíneo normal e a mulher está prestes a
menstruar. Dura cerca de dois dias, podendo ser acompanhada por dor de cabeça,
dor nas mamas, alterações psíquicas, como irritabilidade e insônia (TPM ou Tensão
Pré-Menstrual).

HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ

Gonadotrofina coriônica humana (HCG):


é um hormônio glicoproteíco, secretado desde o
início da formação da placenta pelas células
trofoblásticas, após nidação (implantação) do
blastocisto (*). A principal função fisiológica deste
hormônio é a de manter o corpo lúteo, de modo
que as taxas de progesterona e estrogênio não
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diminuam, garantindo, assim, a manutenção da gravidez (inibição da menstruação) e a


ausência de nova ovulação. Por volta da 15ª semana de gestação, com a placenta já
formada e madura produzindo estrógeno e progesterona, ocorre declínio acentuado na
concentração de HCG e involução do corpo lúteo.
O HCG também concede uma
imunossupressão à mulher, para que ela não
rejeite o embrião (inibe a produção de
anticorpos pelos linfócitos); tem atividade
tireotrófica e também estimula a produção de
testosterona pelo testículo fetal (estimula as
células de Leydig a produzirem maior
quantidade de androgênios), importante para
a diferenciação sexual do feto do sexo
masculino.

(*) O blastocisto é um estágio inicial do


desenvolvimento embrionário, formado por
uma camada de células denominada
trofoblasto ou células trofobláticas que
envolve o botão embrionário. Após a nidação
o trofoblasto forma projeções na mucosa
uterina chamadas vilosidades coriônicas,
principais responsáveis pela produção de
HCG.
Hormônio lactogênio placentário humano: é um hormônio protéico, de estrutura
química semelhante à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É encontrado no plasma
da gestante a partir da 4ª semana de gestação. Tem efeito lipolítico, aumenta a resistência
materna à ação da insulina e estimula o pâncreas na secreção de insulina, ajudando no
crescimento fetal, pois proporciona maior quantidade de glicose e de nutrientes para o feto
em desenvolvimento.
Hormônio melanotrófico: atua nos melanócitos para liberação de melanina,
aumentando a pigmentação da aréola, abdomên e face.
Aldosterona: mantém o equilíbrio de sódio, pois a progesterona estimula a eliminação
do mesmo, e a aldosterona promove sua reabsorção.
Progesterona: relaxa a musculatura lisa, o que diminui a contração uterina, para não
ter a expulsão do feto. Aumenta o endométrio, pois se o endométrio não estiver bem
desenvolvido, poderá ocorrer um aborto natural ou o blastocisto se implantar (nidação) além
do endométrio. Este hormônio é importante para o equilíbrio hidro-eletrolítico, além de
estimular o centro respiratório no cérebro, fazendo com que aumente a ventilação, e
conseqüentemente, fazendo com que a mãe mande mais oxigênio para o feto.
Complementa os efeitos do estrogênio nas mamas, promovendo o crescimento dos
elementos glandulares, o desenvolvimento do epitélio secretor e a deposição de nutrientes
nas células glandulares, de modo que, quando a produção de leite for solicitada a matéria-
prima já esteja presente.
Estrogênio: promove rápida proliferação da musculatura uterina; grande
desenvolvimento do sistema vascular do útero; aumento dos órgãos sexuais externos e da
abertura vaginal, proporcionando uma via mais ampla para o parto; rápido aumento das
mamas; contribui ainda para a manutenção hídrica e aumenta a circulação. Dividido em
estradiol e estrona - que estão na corrente materna; e estriol - que está na corrente fetal, é
medido para avaliar a função feto-placentária e o bem estar fetal.

HORMÔNIOS DO PARTO
A ocitocina é um hormônio que potencializa as contrações uterinas tornando-as fortes
e coordenadas, até completar-se o parto.
Quando inicia a gravidez, não existem receptores no útero para a ocitocina. Estes
receptores vão aparecendo gradativamente no decorrer da gravidez. Quando a ocitocina se
liga a eles, causa a contração do músculo liso uterino e também, estimulação da produção
de prostaglandinas, pelo útero, que ativará o músculo liso uterino.
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Imagens: www.embarazada.com

O parto depende tanto da secreção de ocitocina quanto da produção das


prostaglandinas, porque sem estas, não haverá a adequada dilatação do colo do útero e
conseqüentemente, o parto não irá progredir normalmente. Não são bem conhecidos os
fatores desencadeantes do trabalho de parto, mas sabe-se que, quando o hipotálamo do
feto alcança certo grau de maturação, estimula a hipófise fetal a liberar ACTH. Agindo sobre
a adrenal do feto, esse hormônio aumenta a secreção de cortisol e outros hormônios, que
estimulam a placenta a secretar prostaglandinas. Estas promovem contrações da
musculatura lisa do útero. Ainda não se sabe o que impede o parto prematuro, uma vez que
nas fases finais da gravidez, há uma elevação do nível de ocitocina e de seus receptores, o
que poderia ocasionar o início do trabalho de parto, antes do fim total da gravidez. Existem
possíveis fatores inibitórios do trabalho de parto, como a proporção estrogênio/progesterona
e o nível de relaxina, hormônio produzido pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta.
A progesterona mantém seus níveis elevados durante toda a gravidez, inibindo o
músculo liso uterino e bloqueando sua resposta a ocitocina e as prostaglandinas. O
estrogênio aumenta o grau de contratilidade uterina. Na última etapa da gestação, o
estrogênio tende a aumentar mais que a progesterona, o que faz com que o útero consiga
ter uma contratilidade maior.
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A relaxina aumenta o número de receptores para a ocitocina, além de produzir um


ligeiro amolecimento das articulações pélvicas (articulações da bacia) e das suas cápsulas
articulares, dando-lhes a flexibilidade necessária para o parto (por provocar remodelamento
do tecido conjuntivo, afrouxa a união entre os ossos da bacia e alarga o canal de passagem
do feto). Tem ação importante no útero para que ele se distenda, a medida em que o bebê
cresce. O nível de relaxina aumenta ao máximo antes do parto e depois cai rapidamente.
Ainda não se conhecem os fatores que realmente interferem no trabalho de parto, mas
uma vez que ele tenha iniciado, há um aumento no nível de ocitocina, elevando muito sua
secreção, o que continua até a expulsão do feto.

OS HORMÔNIOS E OS MECANISMOS DA LACTAÇÃO

O início da lactação se dá com a produção de leite,


que ocorre nos alvéolos das glândulas mamárias. O leite
sai dos alvéolos e caminha até o mamilo através dos
seios lactíferos.
O estrogênio, associado aos hormônios da tireóide,
aos corticosteróides adrenais e a insulina, promovem o
desenvolvimento das mamas. Este desenvolvimento vai
ser acentuado pela ação da progesterona, que também
estimula a proliferação dos dutos.

Durante a gravidez, há a necessidade de uma proliferação dos alvéolos e dos dutos


para a lactação. Isto ocorre devido à ação dos hormônios progesterona e estrogênio. O
lactogênio placentário e a prolactina também são muito importantes na preparação das
mamas.
A prolactina começa a ser produzida ainda na puberdade, mas em pequena
quantidade. O surto deste hormônio acontece em decorrência da gravidez, e é aumentado,
gradativamente, durante a amamentação. Tal hormônio é responsável pelo crescimento e
pela atividade secretora dos alvéolos mamários. O lactogênio placentário age como a
prolactina, desenvolvendo os alvéolos.
Estes dois hormônios estão presentes durante toda a gravidez, porém suas
quantidades não são aumentadas, devido a inibição causada pelos altos níveis de
progesterona e estrogênio. Ao final do trabalho de parto, há uma queda nos níveis destes
dois últimos hormônios, ocasionando um aumento nas quantidades de prolactina e
lactogênio placentário, o que possibilita o início da produção de leite. Enquanto houver a
sucção do mamilo pelo bebê, a prolactina continuará produzindo leite. Isto acontece porque
quando o bebê faz esta sucção nos mamilos, estimula o hipotálamo a secretar o fator
liberador da prolactina, mantendo seus níveis e, conseqüentemente, a produção de leite. A
produção de leite só irá diminuir ou cessar completamente se a mãe não amamentar seu
filho, pois neste caso, não haverá mais a estimulação decorrente da sucção do mamilo. A
sucção do mamilo também estimulará a hipófise posterior, que irá secretar ocitocina. Este
hormônio é o responsável pela ejeção do leite. Tal mecanismo ocorre porque a ocitocina
contrai os músculos ao redor dos alvéolos, fazendo com que o leite caminhe até o mamilo.
O leite só começa a ser produzido depois do primeiro dia do nascimento. Até este período,
haverá a secreção e liberação do colostro, que é um líquido aquoso, de cor amarelada, que
contém anticorpos maternos.
94

Glândula Hormônio Órgão-alvo Principais ações

estimula o desenvolvimento
FSH ovário do folículo, a secreção de
estrógeno e a ovulação

estimula a ovulação e o
LH ovário desenvolvimento do corpo
amarelo.

estimula a produção de
leite (após a estimulação
Prolactina mamas prévia das glândulas
Hipófise mamárias por estrógeno e
progesterona).

- secretado em quantidades
moderadas durante a última
fase da gravidez e em
grande quantidade durante
Ocitocina Útero e mamas o parto. Promove a
contração do útero para a
expulsão da criança.
- promove a ejeção do leite
durante a amamentação

crescimento do corpo e dos


órgãos sexuais; estimula o
diversos desenvolvimento das
características sexuais
secundárias.

Estrógeno
inibe a produção de FSH e
hipófise
estimula a produção de LH

estimula a maturação dos


órgãos reprodutores e do
Sistema Reprodutor
endométrio, preparando o
Ovário útero para a gravidez

hipófise inibe a produção de LH

completa a regeneração da
mucosa uterina, estimula a
secreção das glândulas
útero
Progesterona endometriais e mantém o
útero preparado para a
gravidez.

estimula o desenvolvimento
mamas das glândulas mamárias
para secreção láctea.

estimula a produção de
progesterona e estrógeno;
Placenta HGC corpo lúteo
inibe a menstruação e nova
ovulação.
95

10 - SISTEMA ENDÓCRINO
Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como
atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são
lançados na corrente sangüínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando ou
auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função controlada e/ou
regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.
Constituição dos órgãos do sistema endócrino

Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios glandulares


formam as glândulas, que podem ser uni ou pluricelulares. As
glândulas pluricelulares não são apenas aglomerados de
células que desempenham as mesmas funções básicas e têm
a mesma morfologia geral e origem embrionária - o que
caracteriza um tecido. São na verdade órgãos definidos com
arquitetura ordenada. Elas estão envolvidas por uma cápsula
conjuntiva que emite septos, dividindo-as em lobos. Vasos
sangüíneos e nervos penetram nas glândulas, fornecendo
alimento e estímulo nervoso para as suas funções.

Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas


corporais. Freqüentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando
mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino
a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino regula a resposta
interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema endócrino, juntamente com
o sistema nervoso, atuam na coordenação e regulação das funções corporais.

Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios


Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no homem são a hipófise, o
hipotálamo, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas.

10.1 - Hipófise ou pituitária

Situa-se na base do
encéfalo, em uma cavidade
do osso esfenóide chamada
tela túrcica. Nos seres
humanos tem o tamanho
aproximado de um grão de
ervilha e possui duas partes:
o lobo anterior (ou adeno-
hipófise) e o lobo posterior
(ou neuro-hipófise).
96

Além de exercerem efeitos sobre órgãos não-


endócrinos, alguns hormônios, produzidos pela hipófise
são denominados trópicos (ou tróficos) porque atuam
sobre outras glândulas endócrinas, comandando a
secreção de outros hormônios. São eles:

• Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina


tireóide.
• Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da
glândula endócrina adrenal (supra-renal)
• Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas
masculinas e femininas.
• Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo
o alongamento dos ossos e estimulando a síntese
de proteínas e o desenvolvimento da massa
muscular. Também aumenta a utilização de
gorduras e inibe a captação de glicose plasmática
pelas células, aumentando a concentração de
glicose no sangue (inibe a produção de insulina
pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).

Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002

10.2 - Hipotálamo

Localizado no cérebro diretamente


acima da hipófise, é conhecido por exercer
controle sobre ela por meios de conexões
neurais e substâncias semelhantes a
hormônios chamados fatores
desencadeadores (ou de liberação), o meio
pelo qual o sistema nervoso controla o
comportamento sexual via sistema
endócrino.
97

O hipotálamo estimula a glândula


hipófise a liberar os hormônios
gonadotróficos (FSH e LH), que atuam
sobre as gônadas, estimulando a liberação
de hormônios gonadais na corrente
sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do
hormônio gonadotrófico é o ovário; no
homem, são os testículos. Os hormônios
gonadais são detectados pela pituitária e
pelo hipotálamo, inibindo a liberação de
mais hormônio pituitário, por feed-back.
Como a hipófise secreta hormônios
que controlam outras glândulas e está
subordinada, por sua vez, ao sistema
nervoso, pode-se dizer que o sistema
endócrino é subordinado ao nervoso e que
o hipotálamo é o mediador entre esses dois
sistemas.
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed
Saraiva, 2002

O hipotálamo também produz outros


fatores de liberação que atuam sobre a
adeno-hipófise, estimulando ou inibindo
suas secreções. Produz também os
hormônios ocitocina e ADH (antidiurético),
armazenados e secretados pela neuro-
hipófise.

10.3 - Tireóide
Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe e da traquéia.
Seus dois hormônios, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), aumentam a velocidade dos
processos de oxidação e de liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa
metabólica e a geração de calor. Estimulam ainda a produção de RNA e a síntese de
proteínas, estando relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. A
calcitonina, outro hormônio secretado pela tireóide, participa do controle da concentração
sangüínea de cálcio, inibindo a remoção do cálcio dos ossos e a saída dele para o plasma
sangüíneo, estimulando sua incorporação pelos ossos.
98

10.4 - Paratireóides
São pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas na região
posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que estimula a remoção de cálcio da matriz
óssea (o qual passa para o plasma sangüíneo), a absorção de cálcio dos alimentos pelo
intestino e a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, aumentando a concentração de
cálcio no sangue. Neste contexto, o cálcio é importante na contração muscular, na
coagulação sangüínea e na excitabilidade das células nervosas.

10.5 - Adrenais ou supra-renais - São duas


glândulas localizadas sobre os rins, divididas em
duas partes independentes – medula e córtex -
secretoras de hormônios diferentes, comportando-
se como duas glândulas. O córtex secreta três
tipos de hormônios: os glicocorticóides, os
mineralocorticóides e os androgênicos.
99

10.6 - Pâncreas
É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta determinadas regiões endócrinas e
determinadas regiões exócrinas (da porção secretora partem dutos que lançam as
secreções para o interior da cavidade intestinal) ao mesmo tempo. As chamadas ilhotas de
Langerhans são a porção endócrina, onde estão as células que secretam os dois
hormônios: insulina e glucagon, que atuam no metabolismo da glicose.

11 – SISTEMA SENSORIAL

OS SENTIDOS: VISÃO, AUDIÇÃO, PALADAR, OLFATO E TATO


Os órgãos dos sentidos
Os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição, tato, gustação ou paladar
e olfato - constituem as funções que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente.
Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber muita coisa do que nos rodeia;
contribuindo para a nossa sobrevivência e integração com o ambiente em que vivemos.
Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar
estímulos diversos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por
células nervosas capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou
nervosos que serão processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso
central (SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e
o modo de funcionamento destes receptores nervosos especializados é diversa.
Tipos de receptores:
1) Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados fora do organismo.
2) Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no esqueleto e nas
inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando feixes nervosos que envolvem
as fibras musculares) ou no aparelho vestibular da orelha interna. Detectam a posição do
indivíduo no espaço, assim como o movimento, a tensaõ e o estiramento musculares.
3) Interoceptores: os receptores interoceptivos respondem a estímulos viscerais ou
outras sensações como sede e fome.
100

Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma ramificação nervosa;
mais complexos, formados por elementos nervosos interconectados ou órgãos complexos,
providos de sofisticados sistemas funcionais.
Dessa maneira:
è pelo tato -
sentimos o frio, o
calor, a pressão
atmosférica, etc;
è pela
gustação -
identificamos os
sabores;
è pelo olfato -
sentimos o odor ou
cheiro;
è pela audição
- captamos os sons;
è pela visão -
observamos as
cores, as formas, os
contornos, etc.
Portanto, em
nosso corpo os
órgãos dos sentidos
estão encarregados
de receber
estímulos externos.
Esses órgãos são:
è a pele - para o tato;
è a língua - para a gustação;
è as fossas nasais - para o olfato;
è os ouvidos - para a audição;
è os olhos - para a visão.

Imagem: AMABIS & MARTHO. Conceitos de Biologia Volume 2. São Paulo, Editora Moderna, 2001.

11.1 - VISÃO

ANATOMIA DO OLHO
101

Os globos oculares estão alojados


dentro de cavidades ósseas
denominadas órbitas, compostas de
partes dos ossos frontal, maxilar,
zigomático, esfenóide, etmóide, lacrimal
e palatino. Ao globo ocular encontram-se
associadas estruturas acessórias:
pálpebras, supercílios (sobrancelhas),
conjuntiva, músculos e aparelho lacrimal.

CRUZ, Daniel.O Corpo Humano. São Paulo, Ed. Ática, 2000.

Cada globo ocular compõe-se de três túnicas e de quatro meios transparentes:


Túnicas:
1- túnica fibrosa externa: esclerótica (branco do olho). Túnica resistente de tecido
fibroso e elástico que envolve externamente o olho (globo ocular) A maior parte da
esclerótica é opaca e chama-se esclera, onde estão inseridos os músculos extra-oculares
que movem os globos oculares, dirigindo-os a seu objetivo visual. A parte anterior da
esclerótica chama-se córnea. É transparente e atua como uma lente convergente.
2- túnica intermédia vascular pigmentada: úvea. Compreende a coróide, o corpo
ciliar e a íris. A coróide está situada abaixo da esclerótica e é intensamente pigmentada.
Esses pigmentos absorvem a luz que chega à retina, evitando sua reflexão. Acha-se
intensamente vascularizada e tem a função de nutrir a retina.
Possui uma estrutura muscular de cor variável – a íris, a qual é dotada de um orifício
central cujo diâmetro varia, de acordo com a iluminação do ambiente – a pupila.
A coróide une-se na parte anterior do olho ao corpo ciliar, estrutura formada por
musculatura lisa e que envolve o cristalino, modificando sua forma.

Em ambientes mal iluminados,


por ação do sistema nervoso
simpático, o diâmetro da pupila
aumenta e permite a entrada de
maior quantidade de luz. Em locais
muito claros, a ação do sistema
nervoso parassimpático acarreta
diminuição do diâmetro da pupila e
da entrada de luz. Esse
mecanismo evita o ofuscamento e
impede que a luz em excesso lese
as delicadas células fotossensíveis
da retina.

3- túnica interna nervosa: retina. É a membrana mais interna e está debaixo da


coróide. É composta por várias camadas celulares, designadas de acordo com sua relação
ao centro do globo ocular. A camada mais interna, denominada camada de células
ganglionares, contém os corpos celulares das células ganglionares, única fonte de sinais
de saída da retina, que projeta axônios através do nervo óptico. Na retina encontram-se dois
102

tipos de células fotossensíveis: os cones e os bastonetes. Quando excitados pela


energia luminosa, estimulam as células nervosas adjacentes, gerando um impulso nervoso
que se propaga pelo nervo óptico.
A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e mais rica em detalhes. Há três tipos de
cones: um que se excita com luz vermelha, outro com luz verde e o terceiro, com luz azul.
São os cones as células capazes de distinguir cores.
Os bastonetes não têm poder de resolução visual tão bom, mas são mais sensíveis à
luz que os cones. Em situações de pouca luminosidade, a visão passa a depender
exclusivamente dos bastonetes. É a chamada visão noturna ou visão de penumbra. Nos
bastonetes existe uma substância sensível à luz – a rodopsina – produzida a partir da
vitamina A. A deficiência alimentar dessa vitamina leva à cegueira noturna e à
xeroftalmia (provoca ressecamento da córnea, que fica opaca e espessa, podendo levar à
cegueira irreversível).
Há duas regiões especiais na retina: a fovea centralis (ou fóvea ou mancha amarela)
e o ponto cego. A fóvea está no eixo óptico do olho, em que se projeta a imagem do objeto
focalizado, e a imagem que nela se forma tem grande nitidez. É a região da retina mais
altamente especializada para a visão de alta resolução. A fóvea contém apenas cones e
permite que a luz atinja os fotorreceptores sem passar pelas demais camadas da retina,
maximizando a acuidade visual.

Acuidade visual

A capacidade do olho de distinguir entre dois pontos próximos é chamada


acuidade visual, a qual depende de diversos fatores, em especial do espaçamento
dos fotorreceptores na retina e da precisão da refração do olho.

Os cones são encontrados principalmente na retina central, em um raio de 10 graus a


partir da fóvea. Os bastonetes, ausentes na fóvea, são encontrados principalmente na retina
periférica, porém transmitem informação diretamente para as células ganglionares.
No fundo do olho está o ponto cego, insensível a luz. No ponto cego não há cones
nem bastonetes. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos sangüíneos da retina.

Meios transparentes:
- Córnea: porção transparente da túnica externa (esclerótica); é circular no seu
contorno e de espessura uniforme. Sua superfície é lubrificada pela lágrima, secretada
pelas glândulas lacrimais e drenada para a cavidade nasal através de um orifício existente
no canto interno do olho.
103

- humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo
a câmara anterior do olho.
- cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana transparente. Situa-se atrás
da pupila e e orienta a passagem da luz até a retina. Também divide o interior do olho em
dois compartimentos contendo fluidos ligeiramente diferentes: (1) a câmara anterior,
preenchida pelo humor aquoso e (2) a câmara posterior, preenchida pelo humor vítreo.
Pode ficar mais delgado ou mais espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que pode
torna-lo mais delgado ou mais curvo. Essas mudanças de forma ocorrem para desviar os
raios luminosos na direção da mancha amarela. O cristalino fica mais espesso para a visão
de objetos próximos e, mais delgado para a visão de objetos mais distantes, permitindo que
nossos olhos ajustem o foco para diferentes distâncias visuais. A essa propriedade do
cristalino dá-se o nome de acomodação visual. Com o envelhecimento, o cristalino pode
perder a transparência normal, tornando-se opaco, ao que chamamos catarata.
- humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa entre o cristalino e a
retina, preenchendo a câmara posterior do olho. Sua pressão mantém o globo ocular
esférico.
Como já mencionado anteriormente, o globo ocular apresenta, ainda, anexos: as
pálpebras, os cílios, as sobrancelhas ou supercílios, as glândulas lacrimais e os
músculos oculares.
As pálpebras são duas dobras de pele revestidas internamente por uma membrana
chamada conjuntiva. Servem para proteger os olhos e espalhar sobre eles o líquido que
conhecemos como lágrima. Os cílios ou pestanas impedem a entrada de poeira e de
excesso de luz nos olhos, e as sobrancelhas impedem que o suor da testa entre neles. As
glândulas lacrimais produzem lágrimas continuamente. Esse líquido, espalhado pelos
movimentos das pálpebras, lava e lubrifica o olho. Quando choramos, o excesso de líquido
desce pelo canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em direção ao exterior do nariz.
104

11.2 - AUDIÇÃO
11.2.1 - ANATOMIA DA ORELHA
O órgão responsável pela audição é
a orelha (antigamente denominado
ouvido), também chamada órgão
vestíbulo-coclear ou estato-acústico.
A maior parte da orelha fica no
osso temporal, que se localiza na caixa
craniana. Além da função de ouvir, o
ouvido também é responsável pelo
equilíbrio.
A orelha está dividida em três
partes: orelhas externa, média e interna
(antigamente denominadas ouvido
externo, ouvido médio e ouvido interno).

Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia. São


Paulo, Ed Saraiva, 2002

a) ORELHA EXTERNA
A orelha externa é formada pelo pavilhão auditivo
(antigamente denominado orelha) e pelo canal auditivo externo
ou meato auditivo.

Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é


constituído por tecido cartilaginoso recoberto por pele, tendo
como função captar e canalizar os sons para a orelha média.

O canal auditivo externo estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio


externo, tem cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso
temporal. É revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância
gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera.
Tanto os pêlos como o cerume retêm poeira e micróbios que normalmente existem no
ar e eventualmente entram nos ouvidos.
O canal auditivo externo termina numa delicada membrana - tímpano ou membrana
timpânica - firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de tecido fibroso,
chamado anel timpânico.

b) ORELHA MÉDIA
A orelha média começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um
espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dela estão três ossículos
articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma: martelo, bigorna e estribo. Esses
ossículos encontram-se suspensos na orelha média, através de ligamentos.
O cabo do martelo está encostado no tímpano; o estribo apóia-se na janela oval, um
dos orifícios dotados de membrana da orelha interna que estabelecem comunicação com a
orelha média. O outro orifício é a janela redonda. A orelha média comunica-se também
105

com a faringe, através de um canal denominado tuba auditiva (antigamente denominada


trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o ar penetre no ouvido médio. Dessa forma, de
um lado e de outro do tímpano, a pressão do ar atmosférico é igual. Quando essas pressões
ficam diferentes, não ouvimos bem, até que o equilíbrio seja reestabelecido.

c) ORELHA INTERNA
A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso temporal,
revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas
janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol -
relacionada com a audição, e uma parte posterior - relacionada com o equilíbrio e
constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares.

11.2.2 - O MECANISMO DA AUDIÇÃO


O som é produzido por ondas de compressão e descompressão alternadas do ar. As
ondas sonoras propagam-se através do ar exatamente da mesma forma que as ondas
propagam-se na superfície da água. Assim, a compressão do ar adjacente de uma corda de
violino cria uma pressão extra nessa região, e isso, por sua vez, faz com que o ar um pouco
mais afastado se torne pressionado também. A pressão nessa segunda região comprime o ar
106

ainda mais distante, e esse processo repete-se continuamente até que a onda finalmente
alcança a orelha.
A orelha humana é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e
interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de freqüências (16 a 20.000 Hz - Hertz
ou ondas por segundo).

A captação do som até sua percepção e interpretação é uma seqüência de


transformações de energia, iniciando pela sonora, passando pela mecânica, hidráulica e
finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam ao cérebro.

11.3 – A GUSTAÇÃO (PALADAR)


Os sentidos gustativo e olfativo são chamados sentidos químicos, porque seus
receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são excitados
por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto que os receptores olfativos são
excitados por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na
percepção dos sabores. O centro do olfato e do gosto no cérebro combina a informação
sensorial da língua e do nariz.

Imagem: www.msd.es/publicaciones/mmerck_hogar/seccion_06/seccion_06_072.html, com adaptações


107

O receptor sensorial do paladar é a


papila gustativa. É constituída por células
epiteliais localizadas em torno de um poro
central na membrana mucosa basal da
língua. Na superfície de cada uma das
células gustativas observam-se
prolongamentos finos como pêlos,
projetando-se em direção da cavidade
bucal; são chamados microvilosidades.
Essas estruturas fornecem a superfície
receptora para o paladar.
Observa-se entre as células
gustativas de uma papila uma rede com
duas ou três fibras nervosas gustativas, as
quais são estimuladas pelas próprias
células gustativas. Para que se possa
sentir o gosto de uma substância, ela deve
primeiramente ser dissolvida no líquido
bucal e difundida através do poro
gustativo em torno das microvilosidades.
Portanto substâncias altamente solúveis e
difusíveis, como sais ou outros compostos Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio
que têm moléculas pequenas, geralmente de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
fornecem graus gustativos mais altos do
que substâncias pouco solúveis difusíveis,
como proteínas e outras que possuam
moléculas maiores.

A gustação é primariamente uma função da língua, embora regiões da faringe, palato e


epiglote tenham alguma sensibilidade. Os aromas da comida passam pela faringe, onde
podem ser detectados pelos receptores olfativos.

As Quatro Sensações Gustativas-Primárias


Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais
percebem os quatro sabores primários, aos quais chamamos sensações gustativas primárias:
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam
centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na
superfície da língua, não é homogênea.
108

Até os
últimos anos
acreditava-se
que existiam
quatro tipos
inteiramente
diferentes de
papila gustativa,
cada qual
detectando uma
das sensações
gustativas
primárias
particular. Sabe-
se agora que
todas as papilas
gustativas
possuem alguns graus de sensibilidade para cada uma
1.Papilas circunvaladas das sensações gustativas primárias. Entretanto, cada
2.Papilas fungiformes papila normalmente tem maior grau de sensibilidade
3. Papilas filiformes para uma ou duas das sensações gustativas. O cérebro
detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de
Imagem:
estimulação entre as diferentes papilas gustativas. Isto
www.nib.unicamp.br/svol/sentidos.html é, se uma papila que detecta principalmente salinidade
/sentidos.html é estimulada com maior intensidade que as papilas que
respondem mais a outros gostos, o cérebro interpreta a
sensação como de salinidade, embora outras papilas
tenham sido estimuladas, em menor extensão, ao
mesmo tempo.

O sabor diferente das comidas


Cada comida ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torná-la
única. Muitas comidas têm um sabor distinto como resultado da soma de seu gosto e cheiro,
percebidos simultaneamente. Além disso, outras modalidades sensoriais também contribuem
com a experiência gustativa, como a textura e a temperatura dos alimentos. A sensação de
dor também é essencial para sentirmos o sabor picante e estimulante das comidas
apimentadas.

11.4 - O OLFATO
O olfato humano é pouco desenvolvido se comparado ao de outros mamíferos. O
epitélio olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada qual com
seis pêlos sensoriais (um cachorro tem mais de 100 milhões de células sensoriais, cada qual
com pelo menos 100 pêlos sensoriais). Os receptores olfativos são neurônios genuínos, com
receptores próprios que penetram no sistema nervoso central.
109

A cavidade nasal,
que começa a partir
das janelas do nariz,
está situada em cima
da boca e debaixo da
caixa craniana.
Contém os órgãos do
sentido do olfato, e é
forrada por um epitélio
secretor de muco. Ao
circular pela cavidade
nasal, o ar se purifica,
umedece e esquenta. O
órgão olfativo é a
mucosa que forra a
parte superior das
fossas nasais -
chamada mucosa
olfativa ou amarela, para distingui-la da vermelha - que cobre a parte inferior.
A mucosa vermelha é dessa cor por ser muito rica em vasos sangüíneos, e contém
glândulas que secretam muco, que mantém úmida a região. Se os capilares se dilatam e o
muco é secretado em excesso, o nariz fica obstruído, sintoma característico do resfriado.
A mucosa amarela é muito rica em terminações nervosas do nervo olfativo. Os
dendritos das células olfativas possuem prolongamentos sensíveis (pêlos olfativos), que
ficam mergulhados na camada de muco que recobre as cavidades nasais. Os produtos
voláteis ou de gases perfumados ou ainda de substâncias lipossolúveis que se desprendem
das diversas substâncias, ao serem inspirados, entram nas fossas nasais e se dissolvem no
muco que impregna a mucosa amarela, atingindo os prolongamentos sensoriais.
Dessa forma, geram impulsos nervosos, que são conduzidos até o corpo celular das
células olfativas, de onde atingem os axônios, que se comunicam com o bulbo olfativo. Os
axônios se agrupam de 10-100 e penetram no osso etmóide para chegar ao bulbo olfatório,
onde convergem para formar estruturas sinápticas chamadas glomérulos. Estas se conectam
em grupos que convergem para as células mitrais. Fisiologicamente essa convergência
aumenta a sensibilidade olfatória que é enviada ao Sistema Nervoso Central (SNC), onde o
processo de sinalização é interpretado e decodificado.

Aceita-se a hipótese de que


existem alguns tipos básicos de
células do olfato, cada uma com
receptores para um tipo de odor. Os
milhares de tipos diferentes de
cheiros que uma pessoa consegue
distinguir resultariam da integração
de impulsos gerados por uns
cinqüenta estímulos básicos, no
máximo. A integração desses
estímulos seria feita numa região
localizada em áreas laterais do córtex
cerebral, que constituem o centro
olfativo.
110

A mucosa olfativa é tão sensível que poucas moléculas são suficientes para estimula-la,
produzindo a sensação de odor. A sensação será tanto mais intensa quanto maior for a
quantidade de receptores estimulados, o que depende da concentração da substância
odorífera no ar.
O olfato tem importante papel na distinção dos alimentos. Enquanto mastigamos,
sentimos simultaneamente o paladar e o cheiro. Do ponto de vista adaptativo, o olfato tem
uma nítida vantagem em relação ao paladar: não necessita do contato direto com o objeto
percebido para que haja a excitação, conferindo maior segurança e menor exposição a
estímulos lesivos.
O olfato, como a visão, possui uma enorme capacidade adaptativa. No início da
exposição a um odor muito forte, a sensação olfativa pode ser bastante forte também, mas,
após um minuto, aproximadamente, o odor será quase imperceptível.
Porém, ao contrário da visão, capaz de perceber um grande número de cores ao mesmo
tempo, o sistema olfativo detecta a sensação de um único odor de cada vez. Contudo, um
odor percebido pode ser a combinação de vários outros diferentes. Se tanto um odor pútrido
quanto um aroma doce estão presentes no ar, o dominante será aquele que for mais intenso,
ou, se ambos forem da mesma intensidade, a sensação olfativa será entre doce e pútrida.

12 - SISTEMA TEGUMENTAR

Estrutura do tegumento (pele)


O tegumento humano, mais
conhecido como pele, é formado por
duas camadas distintas, firmemente
unidas entre si: a epiderme e a derme.

12.1 - Epiderme
A epiderme é um epitélio
multiestratificado, formado por várias
camadas (estratos) de células
achatadas (epitélio pavimentoso)
justapostas. A camada de células mais
interna, denominada epitélio
germinativo, é constituída por células
que se multiplicam continuamente;
dessa maneira, as novas células
geradas empurram as mais velhas para
111

cima, em direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células epidérmicas


tornam-se achatadas, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína resistente
e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem repletas de
queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente
impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea.
Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar
estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores
cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Não obstante, alguns
podem captar estímulos de natureza distinta. Porém na epiderme não existem vasos
sangüíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos
sangüíneos da derme.
Nas regiões da pele providas de pêlo, existem terminações nervosas específicas
nos folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As
primeiras, formadas por axônios que envolvem o folículo piloso, captam as forças
mecânicas aplicadas contra o pêlo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são
receptores térmicos de calor.
Na pele desprovida de pêlo e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda
três tipos de receptores comuns:
1) Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis.São
formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias
camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz
de captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos
centros nervosos correspondentes.
2) Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma
estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Estes discos
estão englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células
epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão
e tração sobre epiderme desencadeam o estímulo.
3) Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e
especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por células
de Schwann sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal.
Na pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos:
4) Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pêlos (como
nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas
ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias.
5) Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma
fibra nervosa cuja terminação possui forma de clava.Situam-se nas regiões limítrofes da
pele com as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais).
RECEPTORES DE SUPERFÍCIE SENSAÇÃO PERCEBIDA

Receptores de Krause Frio

Receptores de Ruffini Calor

Discos de Merkel Tato e pressão

Receptores de Vater-Pacini Pressão

Receptores de Meissner Tato

Terminações nervosas livres Principalmente dor


112

Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem


melanina, pigmento que determina a coloração da pele.
As glândulas anexas – sudoríparas e sebáceas – encontram-se mergulhadas na
derme, embora tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de
uréia) é drenado pelo duto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea
(secreção gordurosa que lubrifica a epiderme e os pêlos) sai pelos poros de onde emergem
os pêlos.
A transpiração ou sudorese tem por função refrescar o corpo quando há elevação da
temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, devido, por
exemplo, ao aumento da atividade física.

12.2 - Derme
A derme, localizada imediatamente
sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que
contém fibras protéicas, vasos sangüíneos,
terminações nervosas, órgãos sensoriais e
glândulas. As principais células da derme
são os fibroblastos, responsáveis pela
produção de fibras e de uma substância
gelatinosa, a substância amorfa, na qual
os elementos dérmicos estão mergulhados.
A epiderme penetra na derme e origina
os folículos pilosos, glândulas sebáceas e
glândulas sudoríparas. Na derme
encontramos ainda: músculo eretor de pêlo,
fibras elásticas (elasticidade), fibras
colágenas (resistência), vasos sangúíneos e
nervos.

12.3 - Tecido subcutâneo


Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em
fibras e em células que armazenam gordura (células adiposas ou adipócitos). A camada
113

subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contra


choques mecânicos e isolante térmico.

12.4 - Unhas e pêlos


Unhas e pêlos são constituídos por células epidérmicas queratinizadas, mortas e
compactadas. Na base da unha ou do pêlo há células que se multiplicam constantemente,
empurrando as células mais velhas para cima. Estas, ao acumular queratina, morrem e se
compactam, originando a unha ou o pêlo. Cada pêlo está ligado a um pequeno músculo
eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que se
encarregam de sua lubrificação.

BIBLIOGRAFIA
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02- AMABIS & MARTHO. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. São Paulo,
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16- CD O CORPO HUMANO 2.0. Globo Multimídia.
17- ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.
18- ENCICLOPÉDIA MULTIMÍDIA DO CORPO HUMANO - Planeta DeAgostini - Ed.
Planeta do Brasil Ltda.

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