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Clínica Médica II - Endocrinologia

Kálita Admiral Brison, 7º período

PRÉ DIABETES E SÍNDROME METABÓLICA máximo de 6 meses, inicia medicação (não é um padrão, mas
pode ser realizado com avaliação de cada caso)
● Pré diabetes: condição intimamente relacionada à ● pré diabetes aumenta risco de doença cardiovascular
resistência à insulina em 50% e também possui risco de complicações micro
● tendência dentro de 1 ano é que 10% evoluam para e macrovasculares
DM2 ● pré diabetes é muito subtratado (geralmente é dado
Critério de definição pré-diabetes: pouca importância e quando pacientes retornam já
- glicemia jejum 100-125 possuem glicemia muito alterada)
- glicada: 5,7-6,4 ● muitos pacientes pré diabéticos possuem medo de
● pacientes com SOP ou sobrepeso sem sintomas com ficarem dependentes da medicação, porém deve ser
pré-diabetes podem realizar TOTG para confirmação explicado que o benefício de usar metformina 500 mg
● condição clínica de alto risco de evolução para DM2 + manter nível < 100 mg/dl é muito maior do que os
● idosos, sobrepeso, SOP, HF = predispõe a maior malefícios de estar usando a medicação, ou seja, é
evolução DM2 melhor iniciar um Glifage e manter os níveis
● glicada < 5 = risco baixo de evoluir para DM (0,1% de controlados do que evoluir para DM2 e aumentar os
evoluir para DM2 em 6 anos) riscos cardiovasculares e outras complicações
● > 6 = risco até 50% de evoluir Fatores de risco:
obs: estudos mostram benefícios, além de MEV, em iniciar - HF de DM2
metformina nos pacientes com glicada > 6 e glicemia de - sobrepeso e obesidade
jejum > 110 - síndrome metabólica
obs: exames alterados devem ser repetidos com um mínimo - doença cardiovascular prévia
de 3 meses e máximo de 6 meses - HPP diabetes gestacional
**porém, se paciente com glicada 5,8 + SOP + sobrepeso
aconselha MEV e se não melhorar em 3 meses, até um prazo

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- uso crônico de drogas antipsicóticas que às vezes de auxiliar na redução de peso, o benefício maior é na
interfere na reabsorção de serotonina e aumentar redução a resistência à insulina
liberação de cortisol Metformina
- glicada > 6 e glicemia de jejum > 110 ● Posologia: 500, 750, 850 e 1000 mg
Melhor nível de evidência: mudança do estilo de vida ● Dose máxima: 2550 mg (3 comp/dia de 850 mg)
(MEV), mas a metformina pode ter benefício ● risco de acidose lática
Indicado: ● a apresentação da metformina na apresentação do
- atividade física 150 min/semana (3x/semana de 50 min Glifage é de absorção lenta (degradação e absorção é
ou 5x/semana de 30 min) lenta e gradativa), logo o paciente cursa com menos
- perda aproximada de 7% do peso total efeitos colaterais comparado ao uso da metformina
- reeducação alimentar clássica de 850 mg
obs: de acordo com estudos o MEV é o que mais possui TFG < 45 ml/min reduzir dose pela metade
benefício, mas com o passar dos anos (mais de 10 anos dessa TFG < 30 ml/min = suspender metformina
condição) o benefício se igualava ao de associar a metformina Indicações Clássica:
obs: estudos mostraram que pacientes mais jovens têm maior - < 60 anos
benefício na redução dos casos com uso de metformina e nos - IMC > 35 kg/m²
idosos a mudança de estilo de vida - mulheres com HPP de diabetes gestacional
A metformina pode interferir na absorção de B12 no Indicações SBD 2021:
estômago → pacientes podem evoluir com anemia - diagnóstico de síndrome metabólica (SOP cursam com
megaloblástica (cuidado ao usar em pacientes idosos, sempre aumento de resistência à insulina)
avaliar se os benefícios superam os riscos) - HAS
Em outro estudo, avaliaram com relação ao IMC do paciente e - Glicemia jejum > 110 mg/dl
nos IMC > 35 houve muito benefício com a metformina. Além Podem ser considerados no tratamento do pré diabéticos:
acarbose, liraglutida, pioglitazona e orlistate

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**Orlistate: não usar em anemias crônicas devido a - estudos mostraram redução de 75% na progressão do
interferência na absorção de vitaminas e doenças DM2 nos obesos submetidos à bariátrica
crônicas/inflamatórias intestinais Pacientes submetidos à bariátrica:
obs: Orlistate interfere na absorção de gordura no intestino → devem realizar exames de 6 em 6 meses
fazendo o paciente evacuar gordura, não sendo muito bem → deficiência vitamínica pro resto da vida
tolerado (porém, possui poucas contraindicações e deve ser → atrapalha absorção de ferro, tendo que ser resposto EV
orientado ao paciente a ter cuidado quando for soltar gases → cursam com anemia
pelo risco de sair gordura junto e sujar a roupa) SÍNDROME METABÓLICA (SM)
Análogo de GLP1 (Liraglutida): muito bom no auxílio de
perda de peso, porém alto custo entre R$ 600 até R$ 1100 Envolve: hiperglicemias, SOP, HAS, risco cardiovascular,
RECOMENDAÇÕES SBD 2021 dislipidemia etc…
Mecanismo fisiopatológico: resistência insulínica (aumento
de glicose sérica e hiperinsulinemia)
Critérios IDF (International Diabetes Federation):
● obesidade central (circunferência abdominal)
- mulheres > 80 cm
- homens > 90 cm
+ 2 dos 4 critérios abaixo
1. glicemia jejum > 100 mg/dl ou em uso de anti
Cirurgia Bariátrica ou Metabólica
hiperglicemiantes
- pode ser considerado para pacientes pré diabéticos
2. HDL < 40 homens e < 50 mulheres
com IMC > 35 que não responderam ao tratamento
3. triglicérides > 150 mg/dl ou em tratamento
conservador por 2 anos
4. HAS > 135 x 85 mmHg ou em uso de antihipertensivo

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Critérios OMS/NCEP/IDF: - pega o excesso de colesterol circulante levando
para o fígado metabolizar e eliminar esse
colesterol
- ação de metabolização do colesterol
● LDL: baixa densidade
- se liga ao colesterol e faz deposição dele em
toda periferia dos vasos causando lesão
obs: o critério mais preconizado atualmente é o da IDF endotelial que atrai citocinas inflamatórios,
A Síndrome Metabólica possui como principal fator originando um processo inflamatório →
resistência insulínica, mas sempre acompanhada com outras ateroma (placas de gordura) → aterosclerose
comorbidades (pacientes com poli comorbidades) como HAS, - ação de depósito do colesterol
DM, dislipidemia… ● VLDL: muito baixa densidade
3 classes dos lipídios: - pode ser produzido pelo fígado
Colesterol: auxilia na formação de membrana celular e - se junta ao colesterol e distribui pelo sangue
produção de hormônios (andrógenos), estimula a formação - sofre interferência dos triglicérides
de sais biliares ● Quilomícron
- não é hidrossolúvel (não consegue dissolver no - formado por triglicérides + colesterol
sangue) → precisa se ligar as lipoproteínas para serem Quando nos alimentamos, ingerimos triglicerídeos. No
transportados no organismo intestino junta um pouco de colesterol e muito triglicérides
Triglicerídeos: armazenamento de energia formando os quilomícrons que circulam pelos ductos
Lipoproteínas: se ligam ao colesterol para carreá-los no linfáticos e depois pelo ducto torácico, caindo na circulação
sangue sanguínea. Esses quilomícrons possuem muito triglicérides e
● HDL: lipoproteína de alta densidade pouco colesterol. Quando caem no sangue eles circulam e
liberam triglicérides.

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- Hipercolesterolemia Familiar
● doença genética autossômica dominante
● normalmente o paciente possui HF
● condição comum (acomete 4-5 pessoas a cada 100)
● LDL > 190 mg/dl de forma isolada ou acompanhada de
alto triglicérides
● normalmente se desenvolve desde a infância
● requer tratamento medicamentoso + MEV
● tendência de eventos cardiovasculares antes dos 40
anos de idade
obs: preferência de Estatinas no tratamento de dislipidemias
Pacientes podem apresentar xantelasmas: acúmulos de
= atorvastatina ou rosuvastatina; Sinvastatina possui menor
macrófagos de colesterol (acúmulos de gordura nas
interferência de redução do LDL (em torno de 30% no
pálpebras, às vezes cotovelos)
máximo) e pouco benefício para triglicérides
Pacientes dislipidêmicos:
- alto risco de doença cardiovascular (evento
cardioembólicos e doenças arterioscleróticas)
- muito comum esses pacientes terem associados DM,
NASH, HAS, Síndrome da apneia obstrutiva do sono Outra condição são os xantomas tendinosos (patognomônico
(SAOS), SOP, CA (mama, próstata, intestino e de hipercolesterolemia familiar)
hepático)
DISLIPIDEMIAS

Primárias: Condições genéticas

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obs: esses sinais precisam ser avaliados, embora 50% dos obs: estrogênio é cardioprotetor (mulheres na pós
pacientes não irão apresentar. Entretanto, não pode excluir a menopausa, por exemplo, por diminuir estrogênio, tendem a
condição do paciente só por ele não apresentar os xantomas terem mais riscos cardíacos)
e xantelasmas. Dislipidemia Metabólica
- Hiperlipidemia combinada familiar - extremamente aterogênica (consegue fazer um
- Hipercolesterolemia Poligênica depósito grande)
- Hipertrigliceridemia Familiar - HDL baixo
Secundárias: são as causas mais comuns - triglicérides e LDL mais altos
- relacionadas com dieta e estilo de vida inadequado - pode estar relacionado a obesidade, DM2, DRC (perda
- obesidade, DM2 de proteína na urina, assim o organismo entende que
- hipotireoidismo precisa liberar mais proteínas como LDL, VLDL que
- Cushing irão carregar mais colesterol, aumentando o depósito),
- Gravidez hipotireoidismo, insuficiência hepática (o fígado está
- Tabagismo relacionado com a sintetização e metabolização das
- Etilismo e hepatopatia lipoproteínas, logo se houver alteração hepática pode
- DRC, Síndrome Nefrótica haver acúmulo de colesterol)
- HIV Metas:
- Esteroide anabolizante ● LDL
Fatores que alteram HDL: < 100 mg/dl = ótimo
aumenta: medicamentos (fibratos e estatinas) e exercício < 130 = bom
físico, estrogênio > 160 = risco
diminui: androgênios, cigarro, progesterona, obesidade, dieta > 190 = alto risco
pobre em gordura boa e fatores genéticos em pacientes diabéticos ou de muito alto risco, a meta
é < 50 mg/dl

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● HDL cardiovascular”. Através dela é analisado com qual estatina
ideal > 60 mg/dl inicia no paciente.
< 40 = baixo
● colesterol
ideal < 200 mg/dl
> 240 = alto
● triglicérides
ideal < 150 mg/dl
200-500 = alto
> 501 = muito alto
Rastreio:

obs: Risco intermediário normalmente entra com estatina e


risco alto o paciente tem que entrar com estatina.

O tratamento depende da estratificação do risco do paciente Nos pacientes diabéticos considera fatores de risco como:

que é calculado via “calculadora para estratificação de risco

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Potência das Estatinas:
- Atorvastatina e Rosuvastatina são os de escolha
- se paciente não puder comprar, indicar sinvastatina
- atorvastatina genérica custa em torno de R$ 30 reais

Uma sinvastatina de 40 mg equivale a uma atorvastatina de


obs: Se o paciente tiver 1 estratificador de risco, ele já é
20 mg que equivale a uma rosuvastatina de 10 mg
considerado alto risco.
Uma sinvastatina de 20 mg = atorvastatina de 10 mg =
rosuvastatina de 5 mg
obs: pacientes com doses altas de estatina podem cursar
com mialgia
Metas Atingíveis:

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obs: ciprofibrato não tem muito benefício na redução de LDL obs: as estatinas inibem o HMG-CoA, tendo aumento dos
(benefício muito limitado), porém é de ótimo benefício na receptores de LDL, permitindo degradar mais os LDL, ou seja,
redução de triglicérides (estimula lipase pancreática a reduz expressão dessa lipoproteína no sangue
destruir triglicérides) obs: a ezetimiba inibe a absorção de colesterol no intestino,
Tratamento- Estatinas: gerando muito efeito colateral intestinal (mas é uma boa
● Grupo 1: classe e pode ser associada com estatina)
Eventos cardiovasculares decorrentes de Doença arterial obs: o ciprofibrato estimula a lipase que degrada o
aterosclerótica: triglicérides
- se < 75 anos = estatinas de alta intensidade obs: SEMPRE dosar CPK se paciente com dislipidemia em
- > 75 anos = avaliar custo-benefício/efeitos colaterais uso de estatina com queixa muscular/mialgia (principalmente
● Grupo 2: se houver associação de fibrato com estatina)
- idade > 21 anos + LDL > 190 mg/dl = estatinas de **as estatinas, no geral, podem causar mialgia podendo
alta/moderada intensidade chegar a casos de rabdomiólise
● Grupo 3: obs: é importante sempre avaliar as frações e não somente o
- adultos entre 40-75 com DM + LDL 70-189 mg/dl = colesterol total
estatinas de moderada intensidade MANEJO E TRATAMENTO DA OBESIDADE
obs: na teoria a indicação de tratamento de
hipertrigliceridemia é > 500 de triglicérides. Na prática, Obesidade: doença metabólica e inflamatória crônica
normalmente um paciente com triglicérides de > 300 já caracterizado por armazenamento excessivo de gordura
associa um fibrato. Porém, se apenas o triglicérides estiver corporal
elevado (ex: 350 mg/dl) e os níveis de colesterol normais não → doença cada vez mais prevalente no nosso meio
entrar com nenhum medicamento → cerca de 20% da população já se enquadra no diagnóstico
de obesidade
→ ingesta calórica > gasto energético

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→ envolve diversos fatores neuroendócrinos e metabólicos
→ doença multifatorial
→ múltiplos mecanismos regulatórios e complexos
Fatores que favorecem:
● componente genético (genes que atuam nos
receptores catecolaminérgicos mexendo na
termogênese, genes que interferem na saciedade e
apetite)
● ambiental (sedentarismo, alimentação irregular,
etilismo)
● multifatorial
Definição:
- IMC > 30 kg/m² obs: uma noite bem dormida (entre 8-10h) pode fazer perder
obs: embora seja o critério de definição, o IMC não distingue até 300 cal
massa gordurosa de massa magra, ou seja, não reflete a obs: existem substâncias que a medida que o paciente vai
distribuição da gordura corporal engordando, o tecido adiposo vai aumentando (tanto na
outros critérios: circunferência abdominal e relação questão das células que ficam mais dilatadas, quanto em
cintura-quadril quantidade). Isso interfere diretamente no aumento de
obs: uma série de pacientes obesos possuem fatores quadros de HAS, DM, risco aumentado de trombose,
emocionais/psicológicos importantes associados aumento de citocinas inflamatórias liberadas (as citocinas
obs: embora o IMC não seja fidedigno e existam outros têm interferência direta na multiplicação celular sendo
critérios, ele ainda é o mais usado devido a praticidade de ser consequência para vários tipos de CA)
realizado (é simples, prático e sem custo)

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obs: pacientes obesos apresentam muitas limitações: físicas, mais insulina). A leptina é um hormônio da saciedade
respiratórias (cansam andando pequenas distâncias), retorno produzido pelos adipócitos (no início a leptina fica alta devido
venoso prejudicado favorecendo trombose e depósito de a alta ingestão de alimentos com finalidade de promover a
gordura nas artérias predispondo AVC e IAM saciedade, mas o paciente continua comendo e liberando
obs: Adiponectina é anti-inflamatório e anti-aterogênica, leptina, com o tempo vai saturando os receptores e a leptina
melhorando a sensibilidade à insulina não consegue mais exercer sua ação. Com isso, o paciente
passa a ter predomínio dos hormônios que aumentam a fome
(orexígenos).
obs: a grelina é produzida no estômago e liberada com
finalidade de aumentar a apetite. Já a leptina e insulina atuam
inibindo a fome, aumentando a sensação de saciedade.

obs: é considerado compulsão alimentar quando ocorre


1x/semana por 3 meses
Pacientes com compulsão geralmente preferem fazer as
refeições sozinhos, alimenta grandes quantidades e não tem
percepção do que comeu acompanhado do sentimento de
culpa/constrangimento/vergonha
obs: no início do quadro de DM 2 o paciente produz muita
No hipotálamo existe uma área chamada de núcleo arqueado
insulina (resistência insulínica acaba aumentando glicose no
onde existem neurônios que são liberados por duas vias de
sangue e isso sinaliza para células beta-pancreáticas a liberar

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acordo com a necessidade do organismo. Se o indivíduo está
muito tempo sem se alimentar, precisa sinalizar a via
orexígena por meio da sinalização do NPY E AGRP. Do
contrário, quando o indivíduo está comendo muito ocorre
ativação da via anorexígena sinalizando o POMC e o CART.

No eixo hormonal do paciente obeso, a leptina e outros


hormônios responsáveis pela saciedade fazem feedback no
hipotálamo ocorrendo redução de GH e aumento do TSH. O
IGF1 vai ser normal (é um fator de crescimento semelhante à
insulina. Nos pacientes obesos, fica normal justamente
porque já tem aumento de insulina). Normalmente o cortisol
é normal e o IMC tem relação íntima com o aumento do TSH.

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Eixos Hormonais ➔ educação alimentar com restrição calórica (indicado:
homem 1500-2000 cal/dia; mulher 1200-1500
cal/dia)
➔ prática de boas escolhas alimentares
➔ abandono do sedentarismo
➔ atividade física regular
➔ suporte psicológico
➔ paciente + tempo
Perda de peso = redução da ingesta calórica (restrição) +
Importante avaliar: aumento do gasto energético
● alimentação - é recomendado treinos combinados (aeróbico +
● exercício físico musculação)
● efeito térmico dos alimentos (quanto de energia é obs: se o paciente tiver condição para atividade de ganho de
gasto para quebrar o alimento) massa magra indicar a combinada
● metabolismo basal - se não puder fazer a combinada, preferir atividade
obs: Peso corporal = ingestão de alimento total - gasto aeróbica (maior perda de peso que a musculação)
calórico total - recomenda-se realizar no mínimo 150 min/semana (5x
→ proteína gasta mais energia para ser quebrado (demanda de 30 min ou 3x de 50 min), mas o ideal para perda
maior energia = gasta mais calorias) de peso importante = atividade física > 300
Tratamento: min/semana
● principalmente MEV obs: sempre lembrar que paciente obeso possui associado
uma série de distúrbios, principalmente psicológicos que
interferem no processo de emagrecimento, precisando de um
maior acolhimento

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Tratamento Medicamento: ● perda de peso significativa superior ao estudo (-4,2 kg)
Objetivo: estimular as vias anorexígenas, antagonizar as vias ● precisa de termo toda vez que o paciente for comprar
orexígenas, aumentar o gasto energético e/ou inibir a (receita azul B2)
absorção de certos nutrientes ● dose 10-15 mg VO, 1x/dia
obs: on label = prescrição reconhecida em bula ● Indicação: 18 a 65 anos, IMC > 30 ou 27 com fatores
off label = não está em bula, mas que é usado e está sendo de risco/comorbidades
estudado ● Efeito colateral: cefaléia, insônia, boca seca,
Liberados pela ANVISA (on label): constipação intestinal, aumento de PA e FC,
● Liraglutida (Saxenda) irritabilidade, piora da depressão
● Orlistate (não tem absorção sistêmica) obs: é um medicamento barato mas com muita
● Sibutramina contraindicação (pacientes hipertensos mal controlados,
● Contrave (Bupropiona + naltrexona) com idade > 65 anos, histórico de AVC, Doença arterial
● **Wegov (Semaglutida/Ozempic) → aprovado coronariana, IC, IAM, angina, arritmia) **geralmente
recentemente pacientes com mais de 50-55 anos já não é muito bem
obs: naltrexona é um antídoto/antagonista de opióides (ex: recomendado
paciente que chega com intoxicação por uso de opióides é **uso mais indicado para pacientes jovens, sem
feito o Narcan (naltrexona) para reverter. Em associação com comorbidades
a bupropiona, ele potencializa o efeito da bupro Orlistate
Proibidos pela ANVISA: ● Inibidor da Lipase Pancreática, atua no intestino
● Anfepramona, Femproporex, Mazindol e Lorcaserina inibindo a absorção de gordura (não tem ação central)
● Multi Chás, seca barriga, fórmulas de multi ervas ● dose 120 mg após refeições VO (receita comum)
Sibutramina ● efeito local (poucos efeitos sistêmicos)
● Inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina ● efeito colateral: muita flatulências e diarréia,
→ aumenta e prolonga a saciedade evacuações oleosas, elimina cerca de 30% dos

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triglicerídeos ingeridos na dieta, perda de peso sutil obs: a perda de peso rápida pode formar cálculos de gordura
(1,8 a 4,1 kg com melhora da PA e redução de LDL, dentro da vesícula, assim uma vesícula já com cálculo ou
controle metabólico do DM2), interagem com colecistite pode inflamar mais
vitaminas A, D, E, K e cumarínicos ● efeitos adversos gastrointestinais (empachamento,
obs: as vitaminas A, D, E, K são lipossolúveis e se misturam arrotos, vômitos, náuseas, pode dar diarreia…)
na gordura, assim, o paciente em uso desse medicamento obs: a diferença da Saxenda para Ozempic é a quebra de
pode ter perda dessas vitaminas nas fezes molécula. A ligação da Ozempic é mais longa, levando mais
● contraindicação: doenças inflamatórias intestinais, uso dias para ser quebrada
de cumarínicos e ciclosporinas Semaglutida SC
Liraglutida (Saxenda) ● Agonista de GLP1
● Agonista de GLP1 (ação central) ● perda de 5% de peso em 3 meses
● dose 0,6 a 3 mg via SC, diária ● Ozempic 0,25 mg a 1,5 mg SC semanal (tratamento
● Indicação: maiores de 12 anos (receita comum) da DM)
● inibe o centro da fome ● Wegov 2,4 mg SC semanal (tratamento da obesidade)
● aumento da saciedade por redução do esvaziamento Semaglutida VO
gástrico ● Agonista de GLP1
● reduz glicose hepática e glicemia, melhora da PA e ● Rybelsus 3-7-14 mg (aprovado em março de 2022
lipídeos, da Síndrome Metabólica e progressão para para o tratamento de DM2)
DM2, além da redução de morte cardiovascular Cirurgia Bariátrica
● Não usar em CA medular da tireóide, condições ● Indicação: maiores de 16/18 anos até 65 anos (mais
inflamatórias abdominais recentes, pacientes com especificamente 18 anos) com IMC > 40 ou > 35 com
colelitíase, colecistite, pancreatite aguda comorbidades após tratamento conservador por 2
anos sem resultados

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obs: esse segmento exige uma condição social muito obs: Condições que falam a favor de cirurgia metabólica
importante, geralmente ineficiente pelo SUS e muito oneroso (bariátrica): DM2, SAOS, HAS, DLP, doença venosa crônica,
a nível particular doença arterial coronariana, IAM, angina, ICC, AVC, fibrilação
● Benefícios comprovados: redução de mortalidade por atrial, cardiomiopatia dilatada, Cor pulmonale, asma grave
todas as causas, DCV, CA e controle do DM não controlada, hérnias discais, osteoartroses, DRGE grave,
● possíveis efeitos de melhora glicêmica independentes colecistopatia calculosa, pancreatites agudas, incontinência
do peso urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e
Cirurgia Metabólica feminina, disfunção erétil, SOP, veias varicosas e doença
● paciente DM2 com IMC > 30-34,9 que não teve perda hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática, estigma
de peso após tratamento/acompanhamento por 2 anos social e depressão.
**as principais indicações de ambas as cirurgias é a Y de Contraindicações:
Roux ou Gastrectomia ● ausência de tratamento clínico
**o balão gástrico pode ser usado como coadjuvante para ● doenças psiquiátricas não controladas (tendência é de
perda de peso antes da cirurgia bariátrica piorar)
● dependência química de álcool e drogas
● doenças crônicas de longo prazo (ex: câncer)
● falhas no suporte familiar e social (ex: paciente que vai
muito na consulta sozinho, sem suporte familiar…)
Existe a necessidade de acompanhamento pré e pós
bariátrica com nutricionista, psicólogo, endocrinologista,
cirurgião e outros profissionais

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SOP Complicações: potencial causa de sub-infertilidade,
infertilidade e disfunção metabólica
● endocrinopatia mais comum em mulheres com idade obs: na ausência de menstruação, sempre desconfiar de
reprodutiva (afeta cerca de 5-10%) gravidez primeiro
● disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-ovários Fisiopatologia
● estado crônico de anovulação com excesso de
androgênio e discretas alterações de gonadotrofinas e
estrógenos (dificuldade de engravidar)
● o mecanismo da SOP ainda não é muito bem elucidado
● muito relacionada com resistência insulínica
● tem relação muito íntima com DM, distúrbios
metabólicos, NASH, dislipidemia, HAS…
● não tem cura, mas tem controle
● hiperandrogenismo = obesidade central, alopecia,
hirsutismo
obs: a mulher produz pequenas quantidades de andrógenos
(ex: testosterona) pela zona reticular da suprarrenal, já os
homens possuem maior produção devido aos testículos obs: Resistência insulínica possui alteração direta nos ovários
Etiologia: traço genético heterogêneo; etiologia incerta e que vai estimular também a produção de andrógenos.
provavelmente múltipla No primeiro momento da SOP é produzida muita insulina,
Clínica: oligo ou amenorréia (anovulação), mas ela não consegue exercer sua ação de forma eficaz, ou
hiperandrogenismo (aumento da testosterona) e/ou alteração seja, não consegue sinalizar para o Glut-4 para captação de
morfológica ao USG glicose. Essa condição faz o organismo entender que tem

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pouca glicose dentro da célula estimulando o pâncreas a obs: o hiperandrogenismo é uma das causas de maior
liberar mais insulina, aumentando cada vez mais. Com o repercussão clínica para a mulher. O estrogênio (hormônio
aumento da insulina ocorre a Acantose Nigricans pela feminino) possui efeito cardioprotetor
proliferação dos queratinócitos. A insulina vai estimular no
ovário, nas células teca, a produção de andrógenos que vão
ficar mais disponíveis no sangue, dando as características
androgênicas na paciente (hirsutismo, alopecia, acne)
obs: o aumento dessa glicose sérica aumenta as chances da
paciente desenvolver DM2 (costumam desenvolver numa
idade nova entre 40-45 anos de idade)
obs: No fígado ocorre redução de SHBG que é a globulina
ligadora dos hormônios esteróides sexuais. Para carrear os
andrógenos é preciso da globulina, logo com a redução de
SHBG vai ter mais andrógenos disponíveis no sangue.
obs: no hipotálamo vai ocorrer aumento da pulsatilidade da
liberação de GnRH que atua na hipófise liberando LH e
diminuindo o FSH. O LH atua nas células da teca,
aumentando a produção de andrógenos. Com a redução de
FSH não ocorre maturação dos folículos, ocorrendo
estagnação em estágio intermediário conferindo no ovário o
aspecto de cistos. Em contrapartida, ocorre redução da Associado a 2 mecanismos fisiopatológicos:
aromatase, convertendo menos androgênio em estrogênio 1. resistência insulínica
prevalecendo andrógenos. 2. aumento da pulsatilidade do GnRH

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Diagnóstico
1º: Diagnóstico de exclusão
Classificação Fenotípica
Tipo A: presença dos 3 critérios: oligomenorreia/amenorreia,
sinais de hiperandrogenismo, cistos no ovário (maiores riscos
cardiovasculares e metabólicas)
Tipo B: oligomenorreia + sinais de hiperandrogenismo +
ausência de cistos na USG
Tipo C: ciclo normal + sinais de hiperandrogenismo + cistos
(menor riscos cardiovasculares e metabólicas)
Tipo D: menstruação normal + ausência de sinais de
hiperandrogenismo + cistos no ovário (sem risco
2º: Critérios de Rotterdam: (para diagnóstico precisa de pelo cardiovascular e metabólico)
menos 2 dos 3 critérios presentes) Oligomenorreia
- oligo/amenorréia
- hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial
- alteração morfológica na USG
**para dar diagnóstico morfológico de certeza para SOP, tem
que considerar que a paciente tenha no mínimo 8 anos de
pós menarca
obs: é preciso, primeiramente, descartar outras causas antes
de ir para os critérios, como por exemplo, tumores
androgênicos (aumento de testosterona total e redução de
SHBG) e gravidez (solicitar 𝛽-HCG)

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obs: No laboratorial dosar testosterona, SHBG, LH
(normalmente dosar em fase folicular)
Hiperandrogenismo

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obs: pode dosar a testosterona total ou livre. A testosterona Se tiver cistos em um único ovário e o outro normal também
livre pode sofrer interferência porque fica mais entra no critério
disponibilizada nos tecidos, logo o ideal era dosar salivar.

Para realizar as dosagens é preciso que a paciente esteja


pelo menos 3 meses sem uso de anticoncepcional
Ovário Policístico ao USG

Hirsutismo - Escala de Ferriman-Gallwey

obs: muitas vezes não tem folículo mas tem aumento de


volume ovariano

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obs: hipertricose também se refere ao aumento de pêlos,
porém em áreas onde a mulher já teria pêlos. Já o hirsutismo
ocorre aumento de pêlos em regiões tipicamente masculinas
Diagnósticos diferenciais de hirsutismo:
● tumor androgênico
→ grave e de rápida progressão
→ níveis de testosterona muito altos
→ sinais de virilização obs: TC de abdome para avaliar adrenal
● hirsutismo idiopático Sinais de hirsutismo:
→ leve a moderada e lenta progressão
→ níveis normais de andrógenos
→ sem critérios para SOP
● hiperandrogenismo idiopático
→ leve a moderada e lenta progressão
→ níveis altos de andrógenos
SOP NA ADOLESCÊNCIA
→ sem critérios para SOP
● imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário e
obs: o hirsutismo pode ser um sinal de virilização (paciente
hipotálamo-hipófise-adrenal
apresentando juntamente ao hirsutismo aumento/hipertrofia
● NÃO solicitar USG pélvica → preferir ressonância de
do clitólis, engrossamento da voz)
pelve
● o que é mais considerado como diagnóstico nesses
casos não é o critério ultrassonográfico e sim os
critérios clínicos/laboratoriais
→ avaliar irregularidades menstruais

22
→ hiperandrogenismo ou hiperandrogenemia ● prevenção de hiperplasia endometrial e carcinoma por
obs: é necessário acompanhar essa paciente a longo prazo causa da anovulação crônica
para analisar se essa paciente vai permanecer no quadro de ● analisar se paciente tem vontade ou não de engravidar
SOP para fechar diagnóstico Se a paciente deseja engravidar é indicado indutores de
Morfologia ovariana só passa a ser critério em meninas ovulação, do contrário é recomendado anticoncepcional
com mais de 8 anos de menarca combinado podendo associar ou não com antiandrogênico.
Grupos de maior risco:
● obesidade (IMC > 30)
● sinais de resistência insulínica (ex: acantose nigricans)
● diabetes (DM1, DM2 ou gestacional)
● pacientes que tiveram mães com exposição hormonal
durante gestação
O tratamento consiste em MEV para todas as pacientes (dieta
● histórico de adrenarca precoce
+ atividade física)
● parentes de 1º grau com SOP
- dieta (déficit calórico)
● uso crônico de anticonvulsivantes (ex: valproato)
- atividade física
SEMPRE SUSPEITAR qualquer mulher em idade
- controle dos fatores de risco (obesidade, esteatose,
reprodutiva que apresente OLIGOMENORREIA e
DM2)
SINAIS DE HIPERANDROGENISMO
Controle de fertilidade: Desejo de Engravidar
Tratamento
● melhoria das características hiperandrogênicas
(hirsutismo, acne, alopecia)
● manejo de anormalidades metabólicas (obesidade,
DM, doença cardiovascular)

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Metformina: andrógenos livres. Já o componente progestogênico vai atuar
na hipófise reduzindo a liberação de LH que estimularia as
células teca a produzirem andrógenos
Opções de contracepção:

Não deseja engravidar: Outras opções: transdérmico hormonal


Tratamento do Hirsutismo:

obs: pacientes com SOP podem cursar com retenção hídrica,


respondendo bem a espironolactona, podendo ser auxiliado
na questão da perda de peso (é um método off label)
obs: os mais usados são espironolactona e ciproterona
O componente estrogênico do anticoncepcional combinado
(Finasterida é usado com um pouco mais de cautela)
vai estimular o fígado a aumentar o SHBG que se liga aos
**a flutamida não está sendo muito mais utilizada devido alta
andrógenos livres, diminuindo a concentração desses
hepatotoxicidade

24
HIPOTIREOIDISMO O iodo vem na forma de iodeto e está presente em vários
alimentos (peixes, frutos do mar e padronizado por meio de
Tireóide: glândula localizada na região cervical abaixo do uma lei, no sal de cozinha)
ligamento/membrana cricotireóide. Localizada na altura de O iodeto é transformado em iodo, se ligando com a tirosina
C5-T1 da coluna vertebral (parte inferior cervical), possuindo na tireoide. O iodo com uma molécula de tirosina é formado a
um lobo direito e esquerdo e o istmo que liga as duas monoiodotirosina (MIT). Se o iodo liga-se a duas moléculas
porções da tireoide de tirosina é formado a diiodotirosina (DIT).
É importante saber a localização, uma vez que no ● T3 é a junção de um MIT + DIT
hipotireoidismo faz parte a palpação da tireoide na consulta. → T3 é a forma mais ativa e de maior afinidade com os
Não faz parte da rotina solicitar USG de tireóide, apenas se receptores
nódulos, bócio ou massas palpáveis. ● T4 é a junção de 2 DIT
Na tireóide tem-se a presença de folículos tireoidianos que → T4 é a forma mais liberada
produzem os hormônios. → T4 fica estocado sendo liberado à medida que
Células presentes na tireóide: surgem necessidades para ser convertido em T3
Células foliculares: possui material colóide em seu interior obs: As enzimas deiodinases convertem o T4 em T3.
onde ficam armazenadas hormônios, enzimas e algumas obs: todo nosso organismo tem receptores para hormônios
proteínas que são liberadas à medida que precisa. tireoidianos (cérebro, intestino, coração etc…)
Células parafoliculares ou células C: liberam calcitonina (não TRH (hipotálamo) → TSH (hipófise) → T3 [10-20%] e T4
tem muita relação com a funcionalidade tireoidiana e sim, [80-90%] (tireoide)
efeito na absorção de cálcio extra-tireoide, ou seja, em outros O feedback negativo para inibir o eixo ocorre principalmente
tecidos). pelo T4 disponível sinaliza para o hipotálamo e hipófise
Para produzir os hormônios tireoidianos precisa do iodo obs: o T3 é importante dosar no hipertireoidismo, mas no
proveniente da dieta hipotireoidismo a dosagem principal é TSH e T4
Valores de Referência para TSH = 5,5-5,8

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Hipotireoidismo Primário = TSH alto + T4 livre baixo (o ● DM1
problema é na tireoide, sendo a principal causa tireoidite ● Lúpus
autoimune - Hashimoto) ● Artrite Reumatoide
Hipotireoidismo Subclínico = TSH “alto” (aumento discreto, ● Esclerodermia
não costuma passar do valor de 10) + T4 livre no limite, as Fatores de risco:
vezes normal (problema na tireoide) ● amiodarona, lítio, interferon
Hipotireoidismo Central = TSH diminuído + T4 livre baixo ● doenças autoimunes
(problema no hipotálamo ou hipófise) ● sexo feminino 10x maior
90% dos casos vai ser lesão na própria tireóide e 5-10% ● idade > 65 anos
ocorre na hipotálamo ou hipófise [segunda principal causa] ● síndrome de turner e down
**Deficiência de iodo = hipotireoidismo por deficiência de ● radiação em região de cabeça e pescoço (câncer de
iodo laringe, faringe, linfoma etc…)
**Excesso de iodo = relacionado tanto com o hipotireoidismo ● etilismo e tabagismo
como hipertireoidismo ● doenças infiltrativas (sarcoidose…)
obs: geralmente pede Anti-TPO quando paciente tem
hipotireoidismo ou está tratando hipotireoidismo para
descartar Hashimoto (doença autoimune)
obs: Anti-TPO positiva geralmente quando > 60
TPO = tireoperoxidase → participa dos processos na
produção dos hormônios tireoidianos, estando presente
também nas células foliculares
Quando o paciente tem hipotireoidismo, o Anti-TPO é um dos
Doenças autoimunes podem aumentar risco do paciente exames que devem ser solicitados, para verificar se está
desenvolver hipotireoidismo: ocorrendo presença de anticorpos antitireoperoxidase,

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impedindo a ação do TPO e formação eficaz dos hormônios obs: levotiroxina não tem contraindicação com relação à
tireoidianos (a tireoide vai sendo destruída ao longo do idade ou gestante
tempo) Clínica:
obs: bócio é mais comum no hipertireoidismo, geralmente no ● fadiga intensa
hiptireoidismo, principalmente Hashimoto, ocorre atrofia da ● letargia (paciente sem disposição, deprimida)
tireóide (as vezes, no início da doença do hipotireoidismo ● demência
pode ocorrer aumento da tireóide, mas a tendência é reduzir ● parestesia
depois) ● hiperprolactinemia
Cretinismo: é o hipotireoidismo congênito (diagnóstico no ● ganho de peso em torno de 2kg
Teste do Pezinho). É a principal causa de retardo mental ● constipação
grave inevitável ● intolerância ao frio
Causa mais frequente = Disgenesia Tireoidiana (85%): ● bradicardia
agenesia, ectopia ou hipoplasia da glândula ● queda capilar
Teste do pezinho positivo → dosar TSH e T4 livre = ● HAS diastólica principalmente (aumento da resistência
benefícios iniciar tratamento antes dos 15 dias de vida vascular)
Dose: levotiroxina 10-15 mcg/kg/dia VO ● pele seca e descamativa
obs: é dosado T4 livre porque é a forma disponível que se ● podem cursar com dislipidemia secundária ao
encontra para conversão. O T4 é carreado pela globulina TBG hipotireoidismo (aumento principalmente de LDL)
(globulina transportadora dos hormônios tireoidianos). Reposição do Hormônio Tireoidiano:
Enquanto o T4 está ligado nessa globulina, ele se enquadra Dose inicial: Levotiroxina 0,5 a 1,8 mcg/kg
no T4 total, mas à medida que é liberado para ser utilizado, é Iniciar com doses menores e ajustar conforme o TSH a cada
considerado T4 livre (disponível) para sofrer conversão e ser 6-8 semanas (aumenta cerca de 25 mcg para devidos
usado nos tecidos ajustes)

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Objetivo da reposição: manter o TSH dentro do valor de obs: aumentar em torno de 12,5-25 mcg/dia do medicamento
referência para idade se necessário
obs: a absorção do medicamento pode ser afetada por Metas dos valores do TSH:
síndromes de má absorção, doença celíaca, doenças ● paciente < 60 anos = 2,5
inflamatórias, intolerância à lactose, uso de ferro, antiácidos ● 60-70 anos = 3-4
com alumínio, cálcio, quelantes de fosfato, sequestrantes dos ● > 70 = 4-6
ácidos biliares e IBP (omeprazol etc…) Hipotireoidismo Subclínico:
obs: calprotectina fecal = exame muito específico para ● TSH levemente aumentado (até 10) com T4 e T3
doenças inflamatórias intestinais (Crohn, retocolite…) normais
● ANTI-TPO comumente negativo
Aumento do TSH: ● é mais comum em idosos e obesos
● doença celíaca ● Repetir TSH após 3 a 6 meses
● intolerância à lactose Na prática, em exames de rotina, solicitamos TSH. Quando
Redução do TSH: vem alterado repete em 3 meses o TSH + solicita T4 livre.
● perda de massa magra Tratamento:
● uso de androgênios Dose inicial: 25 a 50 mcg/dia (ajustes de 12,5-25 mcg/dia a
● idade > 65 anos cada exame realizado)
Não há consenso no uso de T3 nem associação com o T4 no Objetivo do tratamento: TSH com valor de referência na
tratamento, oferecendo até riscos para cardiopatas e meta para idade
hipertensos não controlados com alguma taquiarritmia obs: 50% melhoram sozinho (TSH é um hormônio que sofre
Avaliação do TSH: muita interferência de fatores externos e 50% vão manter o
● avaliar 6-8 semanas após início do tratamento hipotireoidismo subclínico
● a cada 4 semanas nas gestantes Tratar quando:
● pacientes com 60-65 anos = tratar quando TSH > 10

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● pacientes < 65 anos ou relacionada com outras doenças de base (excesso de
→ TSH < 7-7,9 = tratar apenas o que tiverem muitos hormônios tireoidianos)
sintomas e risco de evolução da doença (comorbidades ● TSH baixo, T3 e T4 elevados
associadas, risco cardiovascular, doenças autoimunes ● Tireotoxicose: corresponde a pacientes que
etc…) apresentam sinais e sintomas clínicos. É uma síndrome
Hipotireoidismo na Gestação clínica por excesso de hormônios tireoidiano
obs: Nas gestantes a causa mais frequente é hipotireoidismo circulantes, secundários a hiperfunção da glândula
de Hashimoto tireóide ou não (taquicardia, hipertensão,
- risco de aborto, pré eclâmpsia, prematuridade hiperdefecação, perda de peso, tremores, irritabilidade,
- exames devem ser repetidos a cada 4 semanas para alterações do humor)
acompanhamento e ajustes de doses (não deixar ● Tireoidite: inflamação do tecido tireoidiano transitório
passar de 6 semanas) que nem sempre vai cursar com hipertireoidismo,
- gestantes com TSH > 2,5 U/L tem que pedir ANTI-TPO podendo ocorrer no hipotireoidismo (Tireoidite de
+ repetir TSH Hashimoto)
TSH > 2,5 = pedir ANTI-TPO Relembrando: fisiologicamente o hipotálamo vai liberar TRH
ANTI-TPO positivo + TSH entre 4-10 = tratar (hormônio estimulador da hipófise) → hipófise libera TSH →
ANTI-TPO negativo + TSH entre 4-10 = considerar estimula tireóide a liberar T3 e T4 que ficam armazenados
tratamento em forma de tireoglobulinas no interior dos colóides (a
Objetivo para gestante: TSH < 2,5 mUI/ml medida que têm necessidade, eles vão sendo liberados na
HIPERTIREOIDISMO E DOENÇA DE GRAVES corrente sanguínea e distribuídos pelos tecidos)
Tireotoxicose:
Definição de hipertireoidismo: aumento da síntese e com hipertireoidismo:
liberação de hormônios tireoidianos (tireoide extremamente ● Doença de Graves (principal causa)
estimulada), mas não necessariamente vai ter sintomatologia ● Bócio Multinodular

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● Adenoma tóxico (doença de Plummer → apenas um Elevação de:
nódulo produtor de hormônio) ● TRAB em mais de 90% das vezes
● Doença trofoblástica ● T3
sem hipertireoidismo: ● T4
● Iatrogênico Redução de:
● Ectópico (surgimento de tecidos tireoidianos em outros ● TSH
locais → ex: Struma ovarii) Esses pacientes podem ter ANTI-TPO positivo devido
● Tireotoxicose de hambúrguer (relacionado a produção sucessão de alterações genéticas em 40-50% das vezes,
de bifes de hambúrguer com uso de vários de tipos de porém não tem muita importância no hipertireoidismo. Na
carnes, incluindo a tireóide bovina, que incluía alguns Doença de Graves, TRAB é mais importante, enquanto no
hormônios gerando a tireotoxicose) hipotireoidismo o ANTI-TPO tem muita importância
Doença de Graves Paciente com sinais e sintomas de hipertireoidismo +
- mais prevalente (principal causa) elevação de TRAB = Doença de Graves
- doença autoimune Quadro clínico no hipertireoidismo:
- acomete mais mulheres ● taquicardia
- predisposição familiar ● hipertensão
- fatores de risco como tabagismo, estresse psicossocial, ● perda de peso
medicamentos ● ansiedade
Mecanismo fisiopatológico: na Doença de Graves o linfócito ● alterações de humor
B é estimulado a sintetizar a proteína TRAB que funciona ● fadiga
como anticorpo ● tremores
Na tireoide: O TRAB mimetiza a ação do TSH → afinidade ● taquipneia
pelo receptor (estimula liberação de T3 e T4) → inibindo o
TSH por feedback negativo (TSH fica suprimido)

30
obs: os hormônios tireoidianos possuem afinidade nos
receptores catecolaminérgicos, ou seja, o paciente vai ter
predomínio de atividade simpatomiméticas
Paciente queixa de taquicardia, desconforto, irritabilidade,
Geralmente o acometimento ocular é bilateral
geralmente apresentam bócio (pode aparecer de forma
Se a proptose for unilateral: pensar em tumores → solicitar
precoce ou tardia), edema tibial, orbitopatia (proptose →
ressonância (é obrigatório descartar tumores nesses casos)
exoftalmia)
Os pacientes com exoftalmia devem ter acompanhamento
com oftalmo
ESCORE CAS
● avalia atividade inflamatória, considerando alguns
aspectos principais:
1. dor atrás dos olhos ou com movimentação
2. eritema (vermelhidão na conjuntiva, pálpebra)
3. edema palpebral
Orbitopatia de Graves:
4. edema na carúncula
● condição grave (pode comprometer a visão do
5. edema na conjuntiva
paciente → pode perder a visão; podem necessitar de
pontuação < 3 = doença controlada
cirurgia)
pontuação > 3 = doença ativa (precisa tratar)
● produção exagerada de mucopolissacarídeos que
O tratamento, além dos medicamentos antitireoidianos, é
participam de processos inflamatórios → estimula
preciso usar glicocorticóides (altas doses/pulsoterapias) e/ou
deposição de líquido e gordura → acomete região
imunossupressores
retroorbitária causando hipertrofia muscular →
obs: por se tratar de uma doença autoimune, o corticóide vai
proptose ocular (“olho esbugalhado”)
atuar na supressão da resposta inflamatória

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Diagnóstico: Diagnóstico:
Depende uma boa anamnese: ➔ dosar TSH, T3, T4
- uso de medicamentos TSH baixo, T3 alto, T4 alto = hipertireoidismo primário
- tempo de início de sintomas (problema na tireoide)
- exposição ao iodo TSH baixo, T3 e T4 normais = hipertireoidismo subclínico
Ao exame físico: pesar o paciente, aferir pressão, FC TSH alto, T3 e T4 altos = hipertireoidismo central (pode ser
obs: taquicardia sinusal e HAS são comuns, fibrilação atrial tumor de hipófise produtor de TSH ou
pode estar presente principalmente em idosos iatrogenia/medicamentosa)
Palpação da Tireoide TSH alto, T3 e T4 normais = hipotireoidismo subclínico
● todos que possuem hipo ou hipertireoidismo devem TSH normal, T3 e T4 normais = tudo normal
ser realizados a palpação da tireoide Na suspeita clínica de hipertireoidismo:
● se TSH vier suprimido + T3, T4 altos = palpar tireoide
(se alguma anormalidade na palpação solicitar USG) +
dosar TRAB (principalmente em gestantes)
**cintilografia de tireoide em situações mais específicas = a
cintilografia sinaliza os nódulos hipercaptantes
Em casos de hipertireoidismo com presença de nódulos
pedir cintilografia da tireoide e não biópsia
● USG apenas se palpação anormal (presença de bócio
ou nódulos)
● Cintilografia da tireoide se nódulo com TSH suprimido
Se o paciente chegar com hipertireoidismo laboratorial (T3 e
T4 elevados + TSH suprimido), bócio e exoftalmia = configura

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a Doença de Graves mesmo sem o TRAB (porém, sempre Cintilografia:
solicitar esse exame) ● avalia radiomarcador na glândula
ex: Pacientes com hipertireoidismo submetido a tratamento → na Doença de Graves é difuso
por 2 anos com redução de bócio, sem sintomas → no Adenoma Tóxico = hipercaptação nodal
compressivos, mas que volta com sintomas (hipertireoidismo Tratamento:
refratário) → pode indicar iodo em altas doses para atrofiar 1. drogas antitireoidianas (metimazol e propiltiouracil)
as células foliculares (geralmente encaminhado para 2. iodo
medicina nuclear) 3. tireoidectomia total (atualmente quase não se faz mais
● Iodoterapia (RAIU - iodo radioativo 131): indicado nos a parcial, mesmo com nódulos muito pequenos)
casos hiper-refratário, pós operatório de alguns As drogas antitireoidianas vão inibir as reações de
carcinomas que respondem ao iodo (ex: carcinoma acoplamento que existe do iodo com a tirosina para formação
papilífero) dos hormônios tireoidianos. O problema é que os hormônios
**precisa da normalização dos sintomas e laboratorial circulantes, continuam circulando e para desbloquear esse
(paciente eutireoideo) para encaminhar para iodoterapia feedback leva um tempo, então normalmente com o
Evitar iodoterapia em gestantes e lactantes. Gestante com tratamento, primeiro reduz T3, T4 e depois ocorre melhora
hiper que não controla é melhor ser submetida a cirurgia do dos níveis de TSH (pode ficar suprimido ainda por uns 3
que fazer iodo meses)
USG de tireoide: obs: o metimazol costuma ser mais eficaz; o propiltiouracil
● distinguir bócio difuso, multi ou uninodular tem risco maior de hepatotoxicidade, geralmente reservado
● avaliar presença de nódulos suspeitos de malignidade para uso no 1º trimestre de gestação
Avaliar fluxo Doppler: Hipertireoidismo leve: 10-20 mg metimazol
● Doença de Graves tem fluxo aumentado Moderado: 20-40 mg
● Tireoidites tem fluxo diminuído Grave: 60-80 mg

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● Betabloqueadores: indicado nos pacientes Tireoidectomia total:
sintomáticos (FC > 90, doença cardíaca preexistente) ● bócios volumosos > 40 g
1ª escolha: propranolol ● nódulos suspeitos ou malignos
2ª escolha: atenolol ● pacientes com intolerância à droga tireoidiana ou que
Seguimento clínico: dosagem T3 total e T4 L após 4-6 recusam tratamento
semanas após início do tratamento + acompanhar o paciente ● gestantes porque não podem fazer iodoterapia
a cada 8 semanas até estabilização do quadro (normalmente **contudo, nas gestantes, de escolha: iniciar propiltiouracil no
esse paciente não fica mais de 3 a 4 meses sem realizar os 1º trimestre e depois tapazol
exames laboratoriais; é um paciente que exige um cuidado Crise Tireotóxica (Tempestade Tireoidiana):
mais rigoroso devido complicações cardiovasculares por ● complicação do hipertireoidismo potencialmente fatal
exemplo) ● elevação de hormônios tireoidianos por infecção,
Após 12-24 meses pode desmamar os antitireoidianos (se na estresse pós cirúrgico, uso irregular do medicamento,
retirada o paciente volta com TRAB positivo novamente e trauma (a elevação abrupta dos hormônios tireoidianos
sintomático → pensar em tireoidectomia ou iodoterapia) podendo causar taquicardia, hipertensão, alteração do
obs: com o tratamento é esperado redução do TRAB nível de consciência, alterações hepáticas)
Iodoterapia: ● emergência endócrina (taxa de mortalidade 20-25%)
● pacientes com necessidade de controle rápido de ● paciente precisa ser internado no CTI +
tireotoxicose acompanhamento rigoroso
● paciente com baixa probabilidade de remissão Nas crises tireotóxica, umas das características mais
● pacientes com contraindicações cirúrgicas (ex: marcantes é a presença de febre persistente por conta dos
cardiopatas graves) hormônios tireoidianos (muito importante verificar se existe
● EVITAR em mulheres gestantes, lactantes e mulheres ou não fatores precipitantes para tratar)
que desejam engravidar nos próximos 6 meses Escala de Burch-How Toxic
● avaliar probabilidade de evolução para crise tireotóxica

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→ pacientes com menos de 25: baixa 2º e 3º trimestre: tendem a normalização do TSH devido
→ 25-44: reforça suspeita redução do HCG
→ > 45: altamente suspeito Com o aumento do estrogênio na gestante ocorre também o
Tratamento: CTI + betabloqueador (inibir efeitos aparecimento da desiodase tipo 3 (produzida na placenta)
simpatomiméticos) + tratar fator precipitante + propil ou transformando T4 em T3 reverso (na gestante aparece em
metimazol em maiores doses + corticoide (inicialmente maior quantidade o T3 reverse)
hidrocortisona, com melhora pode ser feito prednisona) + TPO permite a agregação das moléculas DIT e MIT para
monitorar o paciente formulação dos hormônios tireoidianos
ALTERAÇÕES TIREOIDIANAS NA GRAVIDEZ No início da gestação, o embrião depende da produção
tireoidiana materna. A partir de 20 sem já começam produção
Gestação: série de alterações fisiológicas própria.
início da gestação: aumento do volume tireoidiano obs: TRH, TRAB, T3, T4, Anti-TPO, iodo atravessam a
Fisiologicamente no 1ºtrimestre: barreira placentária
● elevação de HCG (mimetiza ação do TSH → se liga obs: TSH não atravessa barreira placentária
nos receptores do TSH presentes na tireoide → Testes tireoidianos na gestante:
liberando T3 e T4 → feedback negativo na hipófise ● TSH no primeiro momento, se alterado (>2,5) →
reduzindo TSH) repete TSH + solicita ANTI-TPO + T4 e T3 total + T4
● aumento do estrogênio → estimula produção de TBG livre
(aumenta em torno de 50%) → T3 e T4 ligados → ● alguns polivitamínicos e a biotina pode interferir nas
reduzindo T3 e T4 livres dosagens laboratoriais do TSH
Logo na gestação: HCG alto, TSH reduzido, T3 e T4 total Gestantes com ANTI-TPO positivo tem chances 2x maior de
aumentados, TBG aumentado a custas do estrogênio, T3 e abortamento
T4 livres baixos

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Ideal: pacientes com ANTI-TPO positivo com desejo de ideal: TSH dosar antes de engravidar
engravidar deve ser orientado uma gravidez planejada para hipotireoidismo dosar TSH a cada 4 semanas
normalização do TSH principalmente hipertireoidismo a cada 2 semanas
ANTI-TPO positivo com TSH normalizado (<2,5) a paciente Rastreamento TSH:
pode engravidar ● mulheres gestantes de alto risco
Iodo e Gestação: Quando pedir Anti-TPO:
iodo = substrato para produção hormonal ● mulheres grávidas com TSH > 2,5
● normalmente não precisa de reposição de iodo devido Quando não tratar?
a suplementação de iodo presente no sal de cozinha e mulheres com Anti-TPO negativo e TSH < 4
polivitamínicos Após o parto: interromper medicamento ou reduzir 50% e
excesso de iodo → saturação dos folículos tireoidianos → dosar TSH a cada 6 semanas para ajustes de dose
falência tireoidiana → perda da funcionalidade → pode cursar Tireoidite pós parto:
com hipotireidismo 1ª fase:
Hipertireoidismo leve na maioria das vezes não tratar 2ª fase: paciente vai entrando em hipo
Tratamento de hipertireoidismo na gestação: Hipertireoidismo na Gravidez
1º trimestre: propiltiouracil ● causa mais comum é a Doença de Graves
2º e 3º trimestre: tapazol (manter dose mínima) ● pacientes não costuma cursar com bócio
obs: ambas as medicações atravessam a placenta ● não tratar hiper subclínico: casos leves e
Hipotireoidismo na Gravidez assintomáticos
● causa mais frequente é a Tireoidite de Hashimoto ● tratar pacientes com hiper moderado a severo devido
● recomendado dosar TSH em todas as mulheres que aumento dos riscos de complicações
procuram atendimento por infertilidade A melhor indicação é tratar antes de engravidar
Anti-TPO positivo com históricos de abortos = tratar com Dosar TRAB:
dose mínina de T4 ● grávidas com hipertireoidianos ativo

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NÓDULOS TIREOIDIANOS → se TSH suprimido pedir cintilografia (o exame define
nódulos quentes = produtor de hormônios e nódulos frios =
● acomete cerca de 5% nas mulheres e 1% nos homens não produz hormônios)
● associado a deficiência ao excesso de iodo, idade Nódulos frios = solicita punção aspirativa de agulha fina
avançada, radiação em região de cabeça e pescoço guiada por ultrassom no lóbulo afetado
Fatores de risco (preditores de malignidade): → se TSH normal = biópsia dos nódulos suspeitos
● sexo masculino 2. citológica (BETHESDA)
● idade < 20 anos ou > 70 anos → avaliação de celularidade pós punção
● histórico de exposição à radiação Tipo 1: insatisfatória (repetir)
● HPP de câncer Tipo 2: benigno
obs: 95% dos nódulos são benignos Tipo 3: atipias (repetir ou avaliar se tireoidectomia)
Sintomas: Tipo 4: suspeito de maligno
● dor cervical Tipo 5: altamente suspeito de malignidade
● queixas compressivas locais Tipo 6: maligno
● dispneia, disfagia (dificuldade de deglutição), Indicações de PAAF:
rouquidão hipoecoico: acima de 1 cm biopsiar
2 classificações: hiperecóico: acima de 1,5 cm biopsiar
1. ultrassonográfica REVISÃO
TI-RADS 2 = benigno Paciente com nódulo tireoidiano independente do tamanho:
TI-RADS 3 = mais provavelmente benigno 1º = dosar TSH
TI-RADS 4 = provável malignidade se vier TSH reduzido: cintilografia
TI-RAD 5 = muito provavelmente maligno DOENÇAS OSTEOMETABÓLICAS
obs: se nódulos TI-RADS 4, primeiro solicitar TSH:

37
Osteoporose → aumenta risco de fraturas → reduz sobrevida ● locomoção
(aumenta limitação, trombose, embolia, pacientes acamados) 3 tipos de células ósseas:
obs: a maioria dos pacientes só descobrem que têm ➢ osteoblasto: célula de formação óssea (célula de
osteoporose depois que fraturam (é uma doença muito depósito) → retira cálcio do sangue e deposita nos
subdiagnosticada) ossos
Definição da Osteoporose: doença metabólica caracterizada ➢ osteócito: 90-95% das células; possuem ramificações
pelo enfraquecimento ósseo dendríticas sinalizando para o organismo o que deve
É muito importante o fortalecimento muscular nos pacientes ser feito (onde ocorre as trocas, remodelamento…)
idosos para evitar perda de autonomia ➢ osteoclasto: são a minoria das células, atuando na
Tecido Ósseo reabsorção óssea (retira cálcio dos ossos para o
● é um tecido que sofre renovação (constante sangue). Entretanto, quando ativadas ou quando
reabsorção e deposição de cálcio) predominam em quantidades, podem trazer grandes
● tecido em constante modificação (constante processo problemas provocando redução de massa óssea e
dinâmico) consequente osteoporose
2 tipos: obs: quanto maior idade = menor atividade dos osteoblastos
1. Osso trabecular: porção mais esponjosa e mais ativa e maior atividade dos osteoclastos
metabolicamente presente no interior do osso Remodelamento Ósseo
(participação das trocas celulares e remodelamento 4 fases:
ósseo) 1. ativação dos osteoclastos (reabsorção de cálcio)
2. Osso cortical: parte mais dura, confere rigidez, força e 2. reabsorção
proteção 3. reversa (ação do osteoblasto)
Função óssea: 4. formação
● sustentação Fisiopatologia:
● proteção de órgãos

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Antes da menopausa: aumento do estrogênio → estimula a ● mais comum
produção da osteopegestinisa (OPG) + TNF beta ● adolescentes e jovens
obs: TNF-beta aumentando reduz osteoclastos disponíveis ● sem causa definida
No tecido ósseo existe um receptor RANK que se liga ao ● osteoporose juvenil
RANK-L aumentando a ação dos osteoclastos. Contudo, a Secundária:
OPG inibe essa ligação, inibindo a reabsorção óssea. ● endócrina
Na menopausa: reduz estrogênio → reduz OPG e TNF-beta, ● medicamentos (glicocorticóides/quinolonas)
permitindo a ligação do RANK-RANKL = aumento do número ● imunológicas
e ação dos osteoclastos e consequentemente a osteoporose ● doenças inflamatórias intestinais
Nas mulheres o grande fator causador da osteoporose é a Os pacientes são assintomáticos na maioria das vezes
redução do estrogênio após menopausa As fraturas vertebrais são as mais comuns, seguidas de
Paciente senil: quadril e colo de fêmur
● a partir da 6ª década de vida começa a perda de massa Diagnóstico:
óssea ● densitometria óssea (principal exame)
● o idoso tende a produzir mais paratormônio que induz ● TC quantitativa (distingue compartimento cortical e
a reabsorção trabecular)
Epidemiologia: ● RX convencional (baixa sensibilidade: 30%)
● atinge cerca de 10 milhões ● USG quantitativa
● aos 50 anos: 4% prevalência; 15% fratura vertebral ● marcadores de reabsorção óssea (cálcio sérico,
● aos 80 anos: prevalência 80%; 28% fratura vertebral magnésio)
● é uma doença muito negligenciada, sendo Lembrar SEMPRE de excluir causas secundárias
diagnosticada, na maioria, após fratura Quem deve realizar densitometria óssea?
Causas: ➢ mulheres > 65 anos e homens > 70 anos
Primária: ➢ mulheres que já entraram na menopausa

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➢ condições associadas a perda de massa óssea ● ressecação vaginal
➢ pacientes em tratamento de osteoporose ● distúrbios do sono
➢ fraturas de fragilidade: fraturas que ocorrem por ● alteração do humor
trauma inocente (traumas de baixa intensidade de ● irritabilidade
impacto que normalmente não causaria dano em ● hiperlipidemia
paciente hígido) PERIMENOPAUSA
A densitometria deve ser realizada a cada 1 ano e no máximo ● fase que antecede a menopausa
2 anos, dependendo das alterações ● período ideal para iniciar tratamento hormonal se for
**indicado realizar o exame sempre na mesma clínica indicado (mulheres com histórico de CA mama, útero,
Tratamento: vai depender do T score + fatores de risco para ovários, AVC, aterosclerose, trombose não pode usar)
fraturas **aumento do estrogênio pode aumentar risco de eventos
MENOPAUSA tromboembólicos e agregação plaquetária
● mudanças no padrão de sangramento
Definição: 12 meses de amenorréia sem qualquer outra causa ● ocorre em média aos 45-47 anos de idade
patológica ou fisiológica ● duração de 1 a 3 anos
● idade média 50 anos ● redução: inibina B, hormônio antimulleriano, estradiol
● < 40 anos: desconfiar falência ovariana primária ● aumento: FSH (baixa sensibilidade nessa fase)
(descartar outras causas) Consequências do hipoestrogenismo:
● depleção folicular do ovário → hipoestrogenemia + ● perda óssea
aumento de FSH ● doença cardiovascular
Inibina B → reduz FSH a nível de hipotálamo e hipófise ● demência/alterações cognitivas (estrogênio possui
na menopausa: redução da Inibina B → aumento do FSH vitalidade celular neuronal)
Manifestações clínicas: ● artrite degenerativa
● fogachos/ondas de calor ● composição corporal (perda de massa muscular)

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● alterações da pele (ressecamento) ● pode ocorrer em qualquer idade
Abordagem geral: ● proliferação glandular mamária no homem (aumento
Diagnóstico é Clínico!!! de gordura)
● anamnese (sintomatologia/duração) ● proliferação ductal em estroma fibroso
● sempre excluir gravidez (dependendo da faixa etária) ● bilateral é mais comum, assintomática e fisiológica
● excluir outras causas: hiperprolactinemia, alterações Fisiopatologia:
tireoidianas 2 possibilidades principais:
● FSH > 25 UI/L fecha diagnóstico 1. aumento da testosterona a níveis muito elevados:
● mulheres < 40 anos sintomática: descartar falência ● uso de anabolizantes
ovariana primária ● convertida em estrogênio pela enzima aromatase
Tratamento: ● com o predomínio do estrogênio → estimula
● reposição hormonal (terapia reposição hormonal- proliferação dos ductos mamários
TRH) 2. redução da testosterona importante:
→ estrogênio ou combinado com progesterona ● com a queda da testosterona, sobressai o efeito do
Antes de iniciar reposição hormonal SEMPRE solicitar estrogênio
mamografia, USG de mamas, USG transvaginal e preventivo Normalmente o que mais ocorre é redução de testosterona e
obs: estudos mostraram que uso por 4-5 anos não tiveram aumento do estrogênio
repercussões de CA ovariana, mama… mas sempre avaliar obs: uso de espironolactona → sensibiliza receptores de
histórico da paciente para análise de indicação ou não estrogênio aumentando seus níveis
Contraindicações: ● maioria assintomático, quando sintomático pode
GINECOMASTIA ocorrer galactorreia, dor
Achados histológicos:
● condição comum nos homens ● ductos dilatados com fibrose peridural
● presença de tecido mamário em homens ● hialinização do estroma

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● aumento da gordura subareolar obs: alguns fármacos com ação antiandrogênica podem
2 modalidades principais: contribuir
Fisiológica: Ginecomastia Idiopática: após descartar questão fisiológica
1. Neonatal: crianças que recebem muito estrogênio durante ou secundária
a gestação (atravessa barreira placentária), costuma Alteração dos Ftalatos: compostos químicos que podem ter
desaparecer entre 6 meses a 1 ano (mais comum desaparecer efeitos teratogênicos, aditivos de PVC, poliuretano e resinas
no primeiro mês de vida) celulósicas, aditivos alimentares
2. Puberal: mais comum (13-14 anos), regressão espontânea Diagnóstico diferencial:
(6 meses-3 anos) ● pseudoginecomastia (aumento de gordura =
3. Senil: pacientes mais idosos (50-80 anos) com redução lipomastia)
progressiva dos níveis de testosterona ou uso de ● CA de mama (na dúvida solicitar mamografia e USG
medicamentos (cetoconazol, espironolactona, omeprazol) da mama e de testículos)
Patológica: Anamnese: idade de início, progressão, dor, uso de
1. Deficiência na síntese ou ação das testosterona: medicamentos ou suplementos, HF, disfunção erétil
→ insuficiência testicular por síndromes genéticas (hipotrofia Exame físico: avaliar bilateral, diâmetro
testicular ex: síndrome de Klinefelter) Laboratório: testosterona total e livre, estradiol, TSH, T4L,
→ insuficiência testicular adquirida (orquite viral, AIDS) HCG e prolactina
→ hipogonadismo secundário (tumor) solicitar USG de testículo e mama + mamografia
2. aumento dos níveis de estrogênio: (principalmente se for unilateral)
→ tumores produtores de HCG (alguns CA de pulmão…) Tratamento:
→ tumores testiculares ➔ medicamentoso
→ excesso de aromatase → substâncias anti-estrogênicas:
3. aumento de substrato para aromatização: ● tamoxifeno (mais eficaz)
→ alteração dos hormônios tireoidianos ● raloxifeno

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● clomifeno Tireotoxicose na Gravidez
→ substâncias androgênicas: ● causada pela produção do beta-HCG –: interfere na
● danazol (resolução em 40% dos pacientes) produção hormonal → aumento hormônio tireoidiano
● anastrozol (inibidor potente de aromatase) ● comum em gestação gemelar
➔ cirúrgico: quando tratamento medicamentoso ineficaz ● principalmente no 1º trimestre
EMERGÊNCIAS ENDOCRINOLÓGICAS ● autolimitada
Diagnóstico:
Tireoidites TSH baixo e T4 e/ou T3 normais ou elevados
● processo inflamatório dos folículos tireoidianos → Crise Tireotóxica
quebra globulinas tireoidianos → quadro inicial ● tempestade tireoidiana (produção de muito hormônio
simulando hipertireoidismo tireoidiano)
● condições autolimitadas: infecção ou doença ● condição que pode ser fatal
autoimune ● paciente com Doença de Graves que podem evoluir
● perfil clássico trifásico: hiper/hipo/eutireoidismo desencadeado por infecção (condição aguda que
● elevação de tireoglobulina provocou um estímulo)
Diagnóstico essencialmente clínico ● hipertermia, agitação, diarreia, cefaleia, taquipneia,
→ TSH elevada, T4 baixos psicose, confusão mental, dispnéia
→ PCR, VHS elevados ● principalmente em pacientes que não estão em
→ elevação tireoglobulina tratamento para Doença de Graves
Tratamento: Fatores precipitantes:
● betabloqueadores (alívio dos sintomas) ● infecção
● antiinflamatórios se dor ● cirurgia, parto, trauma
● drogas antitireoidianas não possuem muito benefício ● iodoterapia
**tratar sintomas!! ● oferta excessiva de iodo

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Diagnóstico é clínico ● comum no hipotireoidismo definido
● descartar outras causas: dosar TSH, T3, T4 totais e ● paciente fica mais letárgico e pode entrar em contato
livres ● importante avaliação retrospectiva do paciente porque
1. Inibição da formação do hormônio tireoidiano pode confundir com sepse
(metimazol ou propiltiouracil) **mais vantajoso uso de Clínica:
propiltiouracil ● mixedema
2. Inibição da liberação do hormônio tireoidiano ● hipoventilação
→ Lugol (+ usado) ● bradicardia
→ Iodeto de potássio ● hipotermia
→ Iodeto de sódio ● hiponatremia
→ Carbonato de Lítio ● hipoglicemia
3. Bloqueio adrenérgico Diagnóstico é clínico
→ propranolol ● solicitar função tireoidiana, hemograma, função
4. Remoção dos hormônios tireoidianos hepática e renal, eletrólitos
→ Plasmaferese ● ECG: baixa voltagem, bradicardia, intervalo QT
5. Medidas de suporte aumentado
→ corticoides: hidrocortisona ou dexametasona Tratamento:
6. Tratamento da hipertermia ● encaminhar para UTI
7. Corrigir desidratação ● reposição de hormônios tireoidianos EV
8. Tratar o fator precipitante ● corticóide (hidrocortisona)
Coma Mixedematoso ● medidas gerais de suporte (IOT se necessário, acesso
● paciente com hipotireoidismo que não faz tratamento venoso central)
de forma adequada ou toma dose errada do ● diagnosticar e tratar fator precipitante
medicamento

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Crise Adrenal
● emergência causada pela deficiência súbita de cortisol
● identificar fatores precipitantes (trauma, cirurgia,
infecção, uso crônico de corticóide)
Conduta:
● na urgência coletar cortisol sérico e iniciar reposição
Escolha: hidrocortisona 100 mg EV (dose de ataque)
Manutenção: 50 a 100 mg 6/6h no 1º dia
50 a 100 mg 8/8h no 2º dia
desmame com metade da dose por 4-5 dias
Emergências Hiperglicêmicas
● Cetoacidose: quadro agudo, pacientes jovens com
DM1, dor abdominal, acidose metabólica, respiração
Kussmaul, cetonúria e cetonemia
● Estado hiperosmolar: paciente mais idoso, DM2,
alteração do nível de consciência
→ aumento de sódio + desidratação (ocorre pela água
perdida por meio da glicose)

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