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Hemoglobina

A hemoglobina é uma proteína globulosa formada por quatro cadeias


polipeptídicas associados a 4 anéis porfirinicos. Está composta por quatro
cadeias proteicas, que correspondem a duas cadeias alfa (com 141 resíduos
de aminoácidos) e duas cadeias beta (com 146 resíduos de aminoácidos).
Cada cadeia possui um grupo heme contendo um átomo de ferro. O oxigênio
se liga de forma reversível a estes átomos de ferro e é transportado através do
sangue. Na hemoglobina, ocorre um fenômeno denominado ligação
cooperativa, a qual significa que quando uma molécula de oxigênio se liga à
hemoglobina, fica mais fácil da próxima se ligar (Campbell, Farrell, 2017; Fermi,
Perutz, Shaanan, Fourme, 1984; Harvey, Ferrier, 2012; Kennelly, Rodwell,
2017; Marzzoco, Torres, 2017). Este fenômeno permite que a hemoglobina
capte uma maior quantidade de oxigênio nos pulmões e também favorece a
liberação da molécula de oxigênio nos tecidos (Kennelly, Rodwell, 2017). Vale
salientar que, existem vários tipos de hemoglobinas, pois a expressão das
cadeias globínicas variam conforme a idade. Desempenham papel importante
nos seguintes processos: transporte do oxigênio e função tampão no sangue.
As hemoglobinopatias formam um grupo de doença de origem genética, as
alterações nos genes que codificam a hemoglobinas podem ser divididas em
estruturais e de produção. A hemoglobinopatia mais frequente é a anemia
falciforme. Na hemoglobina S ou falciforme (HbS) ocorre a substituição da base
nitrogenada timina (T) por adenina (A) do 6º resíduo de aminoácido da cadeia
β. Esta mutação resulta na substituição do ácido glutâmico pela valina. A
alteração deste aminoácido leva à formação de uma região hidrofóbica
“adesiva”. que causa a polimerização da hemoglobina S e a formação de
polímeros fibrosos. O acúmulo destes polímeros resultam na mudança na
conformação das hemácias, que assumem um formato de foice, caracterizando
a anemia falciforme. (anemia, 2019).

Eritropoetina
A eritropoetina é o principal fator de crescimento que regula a produção de
hemácias. Trata-se de um hormônio glicoproteico constituído de 165
aminoácidos, com peso molecular de 34,4 kDa. A principal fonte de
eritropoetina no organismo é o tecido renal, provavelmente as células
intersticiais peritubulares renais, que produzem cerca de 90% do hormônio,
sendo os 10% restantes produzidos por hepatócitos que rodeiam as veias
centrais no fígado. A parcela produzida pelo rim é altamente sensível ao nível
de oxigenação do sangue renal ou a outros mecanismos que causam redução
da oxigenação dos tecidos renais, como a anemia. Nessas circunstâncias, a
produção de eritopoetina pode aumentar até mil vezes. O hormônio liga-se ao
Receptor de Eritropoetina (EpoR) expresso especificamente em precursores
eritroides, estimulando a sua proliferação e diferenciação, levando a um
aumento da massa eritrocitária.
A anemia normocítica, normocrômica e hipodegenerativa acomete um grande
número dos pacientes renais crônicos, motivo pelo qual serem os rins
responsáveis pela síntese do hormônio eritropoetina. Esta por sua vez estimula
a proliferação e diferenciação das células eritróides, atuando na eritropoiese.
Quando ocorre a insuficiência renal crônica (IRC), os rins são incapazes de
secretar a eritropoietina (EPO) e consequentemente não ocorrendo proliferação
e produção de eritrócitos.

Hemograma e leucograma
O hemograma é o nome dado ao exame laboratorial que avalia os
componentes sanguíneo, permite conclusões diagnósticas e prognósticas de
grande número de patologias. É dividido em três partes que incluem a serie
vermelhas, serie branca e serie plaquetária. A investigação da série vermelha
contempla a quantificação de eritrócitos, hematócrito, dosagem de
hemoglobina e índices hematimétricos. Esses conjuntos fornecem informações
para os diagnósticos de anemias, hemorragias e leucemias.
A morfologia eritrocitária tem objetivo de avaliar as alterações de formato dos
eritrócitos, de inclusões, do tamanho e coloração (modificações nas
propriedades tintoriais) para fornecer subsídios para o diagnóstico de doenças.
Existem vários tipos de alterações nos eritrócitos. As principais são:
Codocitos: Sinônimo de hemácias em alvo. A hemácia apresenta dupla
biconcavidade de tal maneira que, quando projetada em um plano, a
hemoglobina é visualizada em uma pequena faixa periférica e, geralmente, na
parte central, o que lhe dá o aspecto “em alvo”. Podem ser encontrados nas
hemoglobinopatias, talassemias, hepatopatias, em pacientes
esplenectomizados e na anemia ferropriva.

ovalócitos: apresentam formas ovaladas e eliptocíticas. As causas dessa


alteração são defeitos genéticos nas proteínas do citoesqueleto da célula ou
adquirido (anemias hipocrônicas, megaloblásticas e síndromes
mieloproliferativas).
Estomatócitos: São eritrócitos com o halo central semelhante a uma boca de
peixe. Pode ser um artefato da distensão sanguínea. Pode estar presente em
hepatopatias, sangue de recém-nascidos e na estomatocitose hereditária, uma
anemia hemolítica congênita muito rara.
Drepanócitos: hemácias em forma de foice. Os eritrócitos adquirem essa forma
devido a presença da Hemoglobina S, que polimeriza e se precipita na
membrana da célula, ocasionando a deformação. É encontrado nas doenças
falciformes.
Acantocitos: são eritrócitos com a membrana irregular, apresentando espículas
irregularmente distribuídas. Decorre de hepatopatias, diminuição da função do
baço e esplenectomia.
Equinocitos: São hemácias com a membrana irregular, apresentando espículas
regularmente distribuídas. Decorre de hiperuremia, tratamento com heparina
IV, hipotireoidismo e após transfusões sanguíneas.
A avaliação dos leucócitos ou leucograma realiza a interpretação dos
parâmetros desta serie, que engloba a contagem total de leucócitos, contagem
diferencial de leucócito, bem como a morfologia dos neutrófilos, basófilos,
linfócitos e monócitos. A contagem total de leucócitos pode estar acima
(leucocitose), dentro e abaixo (leucopenia) dos limites de referência.

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