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A hematopoese, também conhecida

como hemocitopoese ou hematopoiese é o processo de


renovação celular do sangue por meio de processos mitóticos,
pois estas células possuem vida muito curta. Esse processo
ocorre nos órgão hemocitopoéticos (ou hematopoéticos).

As primeiras células sanguíneas do embrião surgem muito


precocemente, no mesoderma do saco vitelínico.
Posteriormente, o fígado e o baço funcionam como órgãos
hemocitopoéticos temporários. Entretanto, no segundo mês
de vida intra-uterina, já é iniciado o processo de ossificação
da clavícula e tem início a formação da medula óssea, que se
torna cada vez mais importante como órgão hemocitopoético.

Na vida pós-natal,
os eritrócitos,
granulócitos, linfócitos, monócitos e plaquetas se originam a
partir de células-tronco da medula óssea vermelha. Conforme
o tipo de glóbulo formado, o processo recebe os seguintes
nomes: eritropoese, granulocitopoese, linfocitopoese, m
onocitopoese e megacariocitopoese. Muitos linfócitos são
formados na medula óssea, porém existe proliferação dessas
células nos órgãos linfáticos, a partir de linfócitos originados
na medula óssea. As células sanguíneas passam por muitos
estágios de diferenciação e maturação na medula óssea,
antes de passarem para o sangue.

Células-tronco
As células-tronco originam células filhas que seguem dois
destinos diferentes: uma permanece como células-tronco,
mantendo a população destas células, e outras se diferenciam
em outros tipos celulares com características específicas.
O pool de células-tronco se mantém constante porque as que
se diferenciam são substituídas por células filhas que se
mantêm nesse pool.

Acredita-se que todas as células sanguíneas derivam de um


único tipo celular da medula óssea, por isso recebe o nome
de célula-tronco pluripotente. Estas últimas proliferam e
originam duas linhagens: a das células linfóides, que vai dar
origem aos linfócitos, e a das células mielóides, que origina os
eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas. Durante sua
diferenciação, os linfócitos são transportados pelo sangue
para os linfonodos, timo, baço e outros órgãos linfáticos, onde
proliferam

Medula Óssea
A medula óssea é um órgão difuso, porém volumoso e muito
ativo. Num adulto normal, produz por dia, cerca de 2,5
bilhões de eritrócitos, 2,5 bilhões de plaquetas e 1,0 bilhão de
granulócitos por kg de peso corporal.

Esse órgão está localizado dentro do canal medular dos ossos


longos e nas cavidades dos ossos esponjosos. Existem três
tipos de medula óssea:

 Medula óssea vermelha: nos recém-nascidos, esta


medula é muito ativa na produção de células
sanguíneas. Com o avanço da idade, a maior parte
dessa medula transforma-se em medula óssea amarela,
sendo que no adulto, a vermelha é encontrada apenas
no esterno, vértebras, costelas, díploe dos ossos do
crânio e, no adulto jovem, nas epífises proximais do
fêmur e do úmero.
 Medula óssea hematógena: deve sua cor à presença
de diversos eritrócitos em diferentes estágios de
maturação.
 Medula óssea amarela: esta é rica em células
adiposas e não produz mais células sanguíneas, exceto
em casos de hemorragias, onde a medula óssea amarela
pode transformar-se em medula óssea vermelha e voltar
a produzir células do sangue.

Diferenciação Sanguínea
Antigamente, no século XIX e XX, os pesquisadores
classificavam as células sanguíneas em duas categorias, de
acordo com seu local de origem: medula óssea ou órgãos
linfóides (gânglios linfáticos, baço e timo). A hipótese aceita
atualmente é a de que todas derivam da medula óssea.

A “estirpe mielóide” diz respeitos aos eritrócitos,


plaquetas, leucócitos granulares
(neutrófilos, basófilos e eosinófilos) e monócitos-macrófagos.
O nome do desenvolvimento dessas células recebe o nome de
mielopoiese. A “estirpe linfóide” diz respeitos, unicamente,
aos linfócitos, que podem ser do tipo linfócito B e linfócito T,
sendo conhecido por linfopoiese o desenvolvimento dessas
células.

 Eritrocitopoiese: de acordo com o grau de maturação, as


células eritrocíticas são chamas de: proeritroblastos,
eritroblastos basófilos, eritroblastos policromáticos,
eritroblastos ortocromáticos (ou acidófilos), reticulócitos
e hemácias.
 Granulocitopoiese: o mieloblasto é a célula mais imatura
já determinada para formar exclusivamente os três tipos
de granulócitos. Quando surge nela granulações
citoplasmáticas específicas, ela passa a receber o nome
de promielócito neutrófilo, eusinófilo ou basófilo, de
acordo com o tipo de granulação presente. Os estágios
seguintes de maturação são o mileócito, o
metamielócito, o granulócito com núcleo em bastão e o
granulócito maduro (neutrófilo, eosinófilo e basófilo).
 Monopoiese: as plaquetas se originam na medula óssea
vermelha pela fragmentação de pedaços
do citoplasma dos megacariócitos. Este, por sua vez,
forma-se pela diferenciação dos megacarioblastos.
 Linfocitopoiese: processo de formação dos linfócitos. A
célula mais jovem da linhagem é o linfoblasto, que
forma o prolinfócito, formando este, por sua vez o
linfócito maduro. O linfócito B sai maduro da medula
óssea, enquanto que os linfócitos T migram para o timo
para completarem o processo de maturação.
A hemoglobina é uma proteína de estrutura quaternária.

Ela é composta por quatro cadeias de globina (parte proteica) e um grupo


heme (grupo prostético) ligado a cada uma delas.

Em adultos, as cadeias de globina são de dois tipos: duas do tipo α (alfa) e duas
do tipo β (beta).

O grupo heme contém um átomo de ferro central em seu interior, mantido no


estado ferroso. O ferro é o responsável pela captação do oxigênio, uma vez que
o mineral se liga ao oxigênio com facilidade.

A globina não serve apenas para a função estrutural, mas também torna
possível a reversibilidade da ligação entre o ferro e o oxigênio.

Tipos de Hemoglobina
As cadeias de globina podem ser dos tipos: alfa, beta, gama, delta, épsilon e
zeta. Elas são produzidas nas diferentes fases do desenvolvimento.

Assim temos diferentes diferentes de hemoglobina ao longo da vida:

 Hemoglobina embrionária
 Hemoglobina fetal
 Hemoglobina em adultos

As combinações entre os diversos tipos de cadeias resultam em moléculas de


hemoglobinas diferentes.
A hemoglobina anormal mais conhecida é a HbS – sickle (foice, em português,
devido ao seu formato), responsável pela anemia falciforme.

Existe ainda a hemoglobina glicosada ou glicada. Ela corresponde a união da


hemoglobina com a glicose presente no sangue. Uma vez ligadas, a glicose
permanece na hemoglobina durante todo o seu tempo de vida, entre dois a três
meses.

A hemoglobina glicosada é utilizada para o diagnóstico e monitoramento da


diabetes.

Quanto mais açúcar no sangue, maiores são as chances da hemoglobina ser


glicosada

ransporte de gases
Como vimos, a hemoglobina pode se ligar ao oxigênio e/ou dióxido de
carbono.

Transporte do oxigênio (O2)

1. A hemoglobina das hemácias que entram nos pulmões está ligada ao dióxido
de carbono;
2. Nos pulmões, a concentração de oxigênio é mais alta do que a de dióxido de
carbono. Aliado a isto, a hemoglobina possui afinidade com o oxigênio. Assim,
ela libera o dióxido de carbono e liga-se ao oxigênio.

Uma molécula de hemoglobina pode se combinar com quatro moléculas de gás


oxigênio. Quando a hemoglobina liga-se ao oxigênio recebe o nome
de oxiemoglobina.
Transporte do gás carbônico (CO2)
O transporte de gás carbônico é mais complexo. Isso porque ele pode ser
transportado por três formas: dissolvido no plasma sanguíneo (7%), ligado à
hemoglobina (23%) e na forma de íons bicarbonato dissolvidos no plasma
(70%).

1. A hemoglobina sai do coração e chega, através da corrente sanguínea, aos


músculos;
2. Devido ao metabolismo, a concentração de dióxido de carbono no músculo é
alta e a concentração de oxigênio é baixa;
3. A hemoglobina liga-se então ao dióxido de carbono e libera oxigênio.

Nessa reação forma-se a carbamino-hemoglobina.

Durante o exercício físico, o músculo produz ácidos (íons de hidrogênio e ácido


lático) que deixam o pH mais baixo que o normal.

Transporte do monóxido de carbono (CO)


A hemoglobina possui alta afinidade com o Monóxido de Carbono (CO).
Quando a hemoglobina liga-se ao monóxido de carbono é chamada
de carboxiemoglobina.

A afinidade por monóxido de carbono chega a ser 23 vez maior do que pelo
oxigênio. Porém, tal associação pode ser letal, o monóxido de carbono impede
o transporte de oxigênio aos tecidos do corpo.

Saiba mais sobre as Hemácias.

Doenças e hemoglobina
Os níveis de hemoglobina podem ser detectados por exames de sangue.

Os valores de referência para a hemoglobina são:

 Crianças de 2 a 6 anos: 11,5 a 13,5 g/dL;


 Crianças de 6 a 12 anos: 11,5 a 15,5 g/dL;
 Homens: 14 a 18 g/dL;
 Mulheres: 12 a 16 g/dL;
 Grávidas: 11 g/dL.

Diferenças nesses valores podem indicar problemas de saúde:

Hemoglobina baixa

 Anemia
 Linfoma
 Hipotiroidismo
 Hemorragia
 Insuficiência renal

Hemoglobina alta

 Desidratação
 Enfisema pulmonar
 Tumor nos rins

A hemoglobina na urina (hemoglobinúria) é detectada através de exame. Essa


condição pode está relacionada a problemas nos rins, como infecções,
pielonefrite ou câncer.
O hematócrito é a porcentagem do volume de glóbulos
vermelhos no sangue em relação ao plasma sanguíneo total expresso em
porcentagem (%).

Glóbulos vermelhos, glóbulos vermelhos ou eritrócitos; São as células


sanguíneas mais numerosas e as responsáveis por dar ao sangue sua cor
vermelha característica. Os valores normais de hematócrito sanguíneo variam
de acordo com a idade, sexo, tipo de amostra, dieta e região geográfica.

Valores normais

 Homens: 40 – 54%
 Mulheres: 36 – 48%
 Crianças com mais de 15 anos: 40 – 51%
 Meninas com mais de 15 anos: 36 – 45%
 12 a 14 anos: 36 – 47%
 5 a 12 anos: 35 – 44%
 6 meses a 5 anos: 33 – 44%
 2 semanas a 6 meses: 27 – 45%
 Recém-nascidos: 44 – 56%

Condições especiais com valores diminuídos normais

 Durante a gravidez , pode-se observar uma diminuição percentual dos


valores do hematócrito, devido à hemodiluição devido ao aumento do
volume plasmático durante a gravidez. Mais do que a contagem de
eritrócitos, os valores normais para uma mulher adulta são evidentes se
não houver patologia subjacente.
 A partir da terceira idade os valores tendem a diminuir.
 A localização geográfica acima do nível do mar, dependendo da altitude,
pode elevar os níveis em até 7%.

Cálculo e razão do hematócrito

O hematócrito é calculado com base no número total de glóbulos vermelhos ou


glóbulos vermelhos por volume (E) e o volume corpuscular médio (VCM) de
acordo com a seguinte fórmula:

Hematócrito = E x MCV
Razão hemoglobina /hematócrito

Existe uma estreita relação entre o hematócrito e a hemoglobina, que é a


proteína responsável pelo transporte de oxigênio para as células, já o
hematócrito é um fator dependente do número de glóbulos vermelhos e a
hemoglobina, sendo uma hemoproteína encontrada dentro dos glóbulos
vermelhos , depende também do número destes, e ambos são geralmente
elevados ou diminuídos simultaneamente.
Outras formas de calcular o hematócrito é através da fórmula MCHC , após
realizar uma apuração matemática:

MCHC = Hemoglobina ÷ hematócrito × 100

Hematócrito = Hemoglobina ÷ MCC × 100


O MCHC nos dá uma ideia completa da quantidade de hemoglobina contida
nos glóbulos vermelhos e é extremamente útil para saber se eles são
normocrômicos ou hipocrômicos. Este índice (que é avaliável com o
VCM, MCH e MCHC) é a chave para a classificação morfológica das anemias ,
portanto, quando a relação Hemoglobina/Hematócrito é forçada, a relação
MCHC também é forçada, e os valores obtidos são não é mais objetivo do
ponto de vista clínico.

Em consulta médica

O estudo deve ser feito em conjunto com outros índices hematológicos, como:

 Hemoglobina
 VCM
 HCM
 MCC
 RDW (ADE)
 contagem de eritrócitos
Um médico não solicitará um único laboratório para avaliar a condição de
saúde, pois ela é multifatorial e muitas funções estão inter-relacionadas,
portanto a avaliação médica deve ser abrangente e minuciosa para garantir
uma boa terapêutica.

Todos esses parâmetros são usados para propor diagnósticos diferenciais


diante de alterações do hematócrito, como poliglobulia no caso de aumento
desse parâmetro ou anemia, no caso de diminuição do mesmo, os mais
representativos são:
 Anemia:
o Deficiência de ferro : sendo a mais frequente, e sua origem se
deve a alguma falha nutricional ou falta de consumo de ferro, no
mecanismo de absorção, perda e/ou síntese.
o Hemolítico : causado por um distúrbio no qual ocorre uma
destruição acelerada das hemácias , evidenciando uma
diminuição do seu período de sobrevida (<120 dias)
o Sideroblástico : sua origem está baseada em uma alteração na
síntese do grupo heme com deposição de ferro (por sobrecarga)
no nível intracelular, formando sideroblastos em anel
o Megaloblásticos : são produzidos por um defeito na síntese de
DNA nos eritroblastos devido à deficiência de vitamina B12, ácido
fólico ou folato, ou por interferência no metabolismo de um
desses dois.
 Aplasia medular : decorre da insuficiência medular quantitativa, ou seja,
pela diminuição ou desaparecimento das células hematopoiéticas, sem
evidência de infiltrado neoplásico ou síndrome mieloproliferativa.
O estudo do hematócrito permite:
 Diagnosticar a presença e o grau de intensidade da anemia.
 Detectar possíveis problemas de desidratação.
 Suspeite da existência de policitemia vera.

O hemograma completo é um exame que descreve a quantidade, a forma e as


características das diferentes células que compõem o sangue. - PVM é o volume
médio de plaquetas. - MCHC é a concentração média de hemoglobina
corpuscular. - VCM é o volume corpuscular médio. - MCH é a hemoglobina
corpuscular média. - RDW é a largura de distribuição dos eritrócitos. Todas essas
características celulares -juntamente com dados como níveis de hemoglobina por
decilitro, número de eritrócitos e leucócitos- são úteis na prática médica para
orientar o caso específico e seu tratamento.

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